NOSSAS REDES

MUNDO

A esquerda está diante de um momento de mudança inadiável – 12/10/2024 – Bruno Boghossian

PUBLICADO

em

A esquerda está diante de um momento de mudança inadiável - 12/10/2024 - Bruno Boghossian

Lula nem tentou disfarçar a decepção com o resultado das eleições municipais. Reunido com aliados já no início da semana, o presidente repetiu uma avaliação que assombra o PT há tempos: a esquerda perdeu conexão com grupos sociais importantes. A elite do governo saiu da conversa com a velha ordem de que é preciso melhorar a comunicação com o povo.

A noção de que a recauchutagem do discurso é a grande solução para os problemas da esquerda é um presente para a direita. Ela parte do princípio de que falta apenas explicar melhor as ideias e ações desse campo político. Pode até ser verdade, mas é também uma bela maneira de ignorar as transformações sociais que estão na raiz do distanciamento.

A esquerda brasileira está diante de um momento aparentemente inadiável de revisão de suas plataformas. Não se trata de abandonar princípios ou de imitar um programa político de direita para atender a um eleitorado conservador. É preciso adaptar o conteúdo, mais do que a forma, para evitar que o processo de alienação se aprofunde.

Essa é uma exigência conhecida pelo PT e adiada há mais de uma década. Os protestos de 2013, o raio-x do eleitor da periferia feito pela fundação do partido em 2017 e o famoso discurso de Mano Brown em 2018 (“deixou de entender o povão, já era”) apontavam na mesma direção.

A esquerda não precisa se desfazer de suas convicções sobre a proteção dos trabalhadores nem imitar farsas do tipo “ganhe dinheiro fácil enganando otários”. Pode buscar maneiras de enfrentar a penetração dos ideais do liberalismo econômico nos segmentos de baixa renda e oferecer alternativas, sem ficar amarrada de forma dogmática a modelos clássicos de regulação estatal.

Nas últimas décadas, a esquerda cumpriu um papel determinante na defesa dos direitos humanos e das minorias. A superioridade moral que acompanhou os partidos desse campo, no entanto, levou à negligência total em temas como a segurança pública e a uma cegueira em relação aos valores de seu próprio eleitorado.

Não se trata de uma rendição ao conservadorismo e ao liberalismo, mas da oferta de um novo cardápio, com menos conflitos com essa nova visão de mundo da população. Enquanto partidos acreditarem que é preciso mudar a comunicação para convencer o eleitor a pensar como os líderes políticos, o fracasso estará dado.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

ONU pede investigação após ataques paquistaneses no Afeganistão

PUBLICADO

em

ONU pede investigação após ataques paquistaneses no Afeganistão

As forças de segurança afegãs patrulham a fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, em Torkham, província de Nangarhar, em fevereiro de 2023. SHAFIULLAH KAKAR/AFP

A ONU apelou, quinta-feira, 26 de dezembro, à abertura de uma investigação sobre os ataques paquistaneses perpetrados terça-feira no sul do Afeganistão, que deixaram 46 mortos, incluindo civis, segundo Cabul. A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Manua) disse que tinha “recebemos relatos credíveis de que dezenas de civis foram mortos por ataques aéreos das forças militares paquistanesas na província de Paktika, Afeganistão, em 24 de dezembro”.

“O direito internacional exige que as forças militares tomem as precauções necessárias para evitar danos aos civis, incluindo a distinção entre civis e combatentes”acrescentou ela em um comunicado à imprensa, afirmando que uma investigação estava ” necessário “. Segundo o governo talibã, os ataques paquistaneses deixaram 46 mortos, a maioria deles crianças e mulheres. Islamabad não confirmou a realização dos ataques.

Na quinta-feira, o porta-voz da diplomacia paquistanesa afirmou que “operações” foram realizados em “áreas fronteiriças” derramar “Proteger os paquistaneses de grupos terroristas, incluindo o TTP (Tehrik-e-Taliban Paquistão, talibãs paquistaneses) ». Essas operações “são baseados em informações reais e concretas”garantiu Mumtaz Zahra Baloch, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, afirmando que “a proteção dos civis é uma grande preocupação”.

Leia também | Artigo reservado para nossos assinantes Paquistão, confrontado com um ressurgimento sem precedentes da violência talibã

Borda porosa

O Paquistão afirma que grupos armados, como os talibãs paquistaneses, realizam ataques planeados em solo afegão, através de uma fronteira muito porosa, o que as autoridades talibãs negam. Uma autoridade paquistanesa disse à Agence France-Presse (AFP) na quarta-feira que direcionamento de ataques “esconderijos terroristas” matou pelo menos vinte combatentes do TTP.

Durante uma visita de imprensa organizada pelo governo talibã na quinta-feira no distrito de Barmal, a cerca de trinta quilómetros da fronteira com o Paquistão, jornalistas da AFP viram casas de tijolos e uma madrasa (escola corânica) destruídas, em três locais distintos.

Vários moradores relataram retirar corpos dos escombros depois que os ataques atingiram casas, matando vários membros da mesma família. “Uma intrusão tão brutal e arrogante é inaceitável e não pode ficar sem resposta”disse Noorullah Noori, Ministro das Fronteiras e Assuntos Tribais, no local. Na quarta-feira, num hospital de Sharan, capital de Paktika, um correspondente da AFP viu várias crianças feridas, incluindo uma com soro e outra com ligadura na cabeça.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU de julho, cerca de 6.500 combatentes do TTP estão baseados no Afeganistão, onde são tolerados e apoiados pelos talibãs afegãos, que lhes fornecem armas e lhes permitem treinar.

O mundo

Reutilize este conteúdo



Leia Mais: Le Monde

Continue lendo

MUNDO

Diminuir ainda mais o número de partos na adolescência – 26/12/2024 – Opinião

PUBLICADO

em

Diminuir ainda mais o número de partos na adolescência - 26/12/2024 - Opinião

No primeiro semestre deste 2024, 141 mil jovens de 10 a 19 anos deram à luz no Brasil, ante 286 mil durante o mesmo período de 2014. Tal queda, de cerca de 50% é bem-vinda, já que pela primeira vez o país pode vir a concluir um ano com taxa abaixo da média global.

Mas ainda há grandes desafios, como as discrepâncias regionais e o acesso ao aborto legal no caso do estrato entre 10 e 14 anos, dado que, segundo a nossa legislação, manter relação sexual com meninas nessa faixa etária é considerado estupro de vulnerável.

O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos mostra queda a partir de 2000 no número total de partos em adolescentes brasileiras —pelo critério da Organização Mundial da Saúde, a adolescência vai dos 10 aos 19 anos.

De 2010 a 2014, houve estagnação, e a partir daí observa-se redução ininterrupta, de 562.608 para 303.025 no ano passado. Na população de 10 a 14 anos, foram 13.934 partos em 2023, ante 28.244 em 2014. Diminuição importante, de fato, mas que esconde desigualdades.

Segundo levantamento da Folha com base em dados da OMS, a taxa média global de partos em meninas nessa faixa etária a cada 1.000 mulheres no ano passado foi de 1,5. No Brasil, ela ficou acima (2,14), sendo que na região Norte do país chegou a 4,72, superior à média da África subsaariana (4,4), a pior do planeta. Na Europa e na América do Norte, o índice é de apenas 0,1.

Mesmo desenvolvidas, nações de dimensões continentais e com vastas áreas de natureza selvagem enfrentam problemas de logística para prover serviços de forma igualitária, mas isso não pode servir como desculpa para a taxa vexatória na amazônia.

Governos nas três esferas precisam conter a gravidez na adolescência alocando recursos com base em evidências para beneficiar os cidadãos mais vulneráveis.

Além de facilitar o acesso a contraceptivos pelo SUS, deve-se integrar o setor de educação como indutor de conhecimento sobre sexualidade e reprodução —assim indicam organismos internacionais como a Unicef. O moralismo da oposição conservadora sobre essas ações não pode ter vez em políticas públicas.

Ademais, é papel do Estado garantir que jovens de até 15 anos possam realizar abortos seguros. Trata-se de um direito estabelecido por lei, ao qual estados, municípios e até mesmo o sistema judicial têm colocado obstáculos.

É o mínimo que o poder público deve fazer para que as meninas brasileiras desenvolvam suas potencialidades sem as limitações impostas pela maternidade.

editoriais@grupofolha.com.br



Leia Mais: Folha

Continue lendo

MUNDO

‘Nada para falar’: Presidente do Panamá rejeita ameaças de Trump sobre canal | Panamá

PUBLICADO

em

'Nada para falar': Presidente do Panamá rejeita ameaças de Trump sobre canal | Panamá

Agence-France Presse

O presidente panamenho, José Raúl Mulino, descartou na quinta-feira negociações com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sobre o controle do Panamá Canal, negando que a China estivesse interferindo no seu funcionamento.

Mulino também rejeitou a possibilidade de reduzir as portagens para os navios dos EUA em resposta à A ameaça de Trump exigir que o controle da hidrovia vital que liga os oceanos Atlântico e Pacífico seja devolvido a Washington.

“Não há nada para falar”, disse Mulino em entrevista coletiva.

“O canal é panamenho e pertence aos panamenhos. Não há possibilidade de abertura de qualquer tipo de conversa em torno desta realidade, que tem custado ao país sangue, suor e lágrimas”, acrescentou.

O canal, inaugurado em 1914, foi construído pelos Estados Unidos, mas entregue ao Panamá em 31 de dezembro de 1999, ao abrigo de tratados assinados duas décadas antes pelo então presidente dos EUA, Jimmy Carter, e pelo líder nacionalista panamenho Omar Torrijos.

Trump criticou no sábado o que chamou de taxas “ridículas” para os navios norte-americanos que passam pelo canal e insinuou a crescente influência da China.

“Cabe apenas ao Panamá gerir, não à China, ou a qualquer outra pessoa”, disse Trump numa publicação na sua plataforma Truth Social. “Nós deixaríamos e NUNCA deixaremos isso cair em mãos erradas!”

Se o Panamá não conseguir garantir “a operação segura, eficiente e confiável” do canal, “então exigiremos que o Canal do Panamá nos seja devolvido, na íntegra e sem questionamentos”, disse ele.

Trunfo na quarta-feira nomeou o comissário do condado de Miami-Dade, Kevin Marino Cabrera para servir como embaixador no Panamá.

Trump descreveu Cabrera como “um lutador feroz pelos princípios America First”, que ele disse ter sido fundamental para impulsionar o crescimento económico e promover parcerias internacionais.

Estima-se que 5% do tráfego marítimo global passe pelo Canal do Panamá, o que permite que os navios que viajam entre a Ásia e a costa leste dos EUA evitem a longa e perigosa rota que contorna o extremo sul da América do Sul.

Os Estados Unidos são o seu principal usuário, respondendo por 74% da carga, seguidos pela China com 21%.

Mulino disse que as taxas de utilização do canal “não foram definidas por capricho do presidente ou do administrador” da hidrovia interoceânica, mas sob um “processo público e aberto” há muito estabelecido.

“Não há absolutamente nenhuma interferência ou participação chinesa em nada relacionado ao Canal do Panamá”, disse Mulino.

Na quarta-feira, Trump escreveu no Truth Social, sem provas, que os soldados chineses estavam “operando amorosamente, mas ilegalmente, o Canal do Panamá”.

Mulino também negou essa alegação.

“Não há soldados chineses no canal, pelo amor de Deus”, acrescentou.

O Panamá estabeleceu relações diplomáticas com a China em 2017, após romper relações com Taiwan – uma decisão criticada pela primeira administração de Trump. Na terça-feira, dezenas de manifestantes reuniram-se em frente à embaixada dos EUA na Cidade do Panamá gritando “Trump, animal, deixe o canal em paz” e queimando uma imagem do novo presidente dos EUA.



Leia Mais: The Guardian



Continue lendo

MAIS LIDAS