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A história do zagueiro que deixou o Chelsea para ser 10 do Arsenal

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A história do zagueiro que deixou o Chelsea para ser 10 do Arsenal

É dia de clássico na Inglaterra! Neste domingo (10), a partir das 13h30 (de Brasília), Chelsea e Arsenal se enfrentam pela 11ª rodada da Premier League, em Stamford Bridge, com transmissão ao vivo pelo Disney+. E tem um ex-zagueiro que conhece bem essa rivalidade: William Gallas.

O francês, hoje com 47 anos, atuou boa parte da carreira no futebol inglês. Revelado pelo Caen e com passagem pelo Olympique de Marseille, da França, chegou ao Chelsea em 2001, quando tinha 24 anos. Pelos Blues, esteve no elenco que conquistou a Premier League em 2004/05 e 2005/06, além de ter sido campeão da Copa da Liga Inglesa (2004/05) e Supercopa da Inglaterra (2005).

Depois de cinco temporadas pela equipe, viu a oportunidade de mudar de ares em Londres após desentendimentos com a diretoria: o defensor, que por um bom tempo usou a camisa 13, foi envolvido em uma troca pelo lateral-esquerdo Ashley Cole e foi para o Arsenal.

Ao chegar nos Gunners, no meio de 2006, Gallas se viu obrigado a tomar uma decisão: escolher qual número de camisa usaria. O defensor queria a camisa 13, a qual já estava acostumado e gostava, mas ela pertencia ao meio-campista Aleksandr Hleb.

Ele tinha uma boa alternativa para um zagueiro: o número 3, vago com a saída de Ashley Cole. A escolha, porém, foi ousada: a camisa 10. O número histórico, de Pelé, Maradona e outros gênios, estava disponível havia poucos dias após a aposentadoria do meia Dennis Bergkamp.

O holandês, então com 36 anos, havia pendurado as chuteiras depois de mais de uma década defendendo a equipe, pela qual virou um dos maiores ídolos de todos os tempos.

Havia muito peso na camisa 10, mas isso não intimidou Gallas. Em entrevista à FourFourTwo, em 2017, o francês explicou a escolha. “Vi isso como uma grande oportunidade, pois já tinha usado esse número no início da minha carreira e minha filha nasceu em 10 de novembro”, disse.

“Ao mesmo tempo, foi bom para o Arsenal que eu usasse esse número. Se um jogador jovem recebesse a camisa 10, seria muita pressão sobre suas ombros. Mas para mim não fez diferença alguma”, completou a justificativa.

O ex-zagueiro chegou a ser capitão dos Gunners e, mesmo sem conquistar títulos, foi bem no clube, ficando por quatro temporadas. Em 2010, foi para o Tottenham. A aposentadoria aconteceu em 2014, pelo Perth Glory, da Austrália.

Agora, de fora dos gramados, deve acompanhar mais um grande clássico que conheceu tão bem.

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Tênis, futebol europeu, NFL e mais!

Tem muito evento bom para os fãs de esportes neste domingo (10) no Disney+. Todos os horários a seguir são de Brasília.

A partir das 7h30, começam as disputas de tênis, com a fase de grupos de duplas do Nitto ATP Finals, em Turim, na Itália. A competição no torneio segue durante toda a manhã.

A bola também começa a rolar cedo para o futebol europeu e os grandes jogos acontecem ao longo do dia todo. Tem Campeonato Italiano às 8h30, com Atalanta x Udinese; às 11h, com Fiorentina x Hellas Verona e Roma x Bologna; às 14h, com Monza x Lazio; e às 16h45, com Inter de Milão x Napoli.

Os duelos de LALIGA começam às 10h, com Betis x Celta; e tem Mallorca x Atlético de Madrid às 12h15; Getafe x Girona às 14h30; Real Valladolid x Athletic Bilbao no mesmo horário; e Real Sociedad x Barcelona às 17h.

A Premier League também chega com tudo. Às 11h, são três jogos: Manchester United x Leicester City; Nottingham Forest x Newcastle United; e Tottenham x Ipswich Town. Além do clássico entre Chelsea e Arsenal às 13h30.

O dia ainda tem Benfica x Porto, pelo Campeonato Português, às 17h45; na América do Sul, confrontos pelo Campeonato Argentino: River Plate x Barracas Central, às 17h15, e Sarmiento x Boca Juniors, às 21h30; e no futebol feminino, pela manhã, às 9h30, com Liverpool x Chelsea, e à tarde, às 15h45, com Manchester United x Aston Villa, ambos pela WSL.

Os fãs de NFL também vão acompanhar jogos da liga de futebol americano a partir das 15h, com Denver Broncos x Kansas City Chiefs e Pittsburgh Steelers x Washington Commanders. No início da noite, tem mais, a partir das 18h25, com Philadelphia Eagles x Dallas Cowboys e New York Jets x Arizona Cardinals. Para encerrar o dia, às 22h20, tem Detroit Lions x Houston Texans.

A NHL, do hóquei, começa às 21h, com San Jose Sharks x New Jersey Devils e Minnesota Wild x Chicago Blackhawks, e encerra com Columbus Blue Jackets x Anaheim Ducks a partir das 22h.

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O OTAN ex-Boss Stoltenberg nomeou o ministro das Finanças da Noruega-DW-02/02/2025

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O OTAN ex-Boss Stoltenberg nomeou o ministro das Finanças da Noruega-DW-02/02/2025

Jens Stoltenberg, o ex-secretário-geral de OTANfoi nomeado como ministro das Finanças de Noruegao governo anunciou na terça -feira.

Stoltenberg lidera a OTAN por uma década, inclusive durante o primeiro mandato do presidente dos EUA, Donald Trump, antes Descendo e entregando as rédeas ao atual secretário-geral Mark Rutte.

Na OTAN, Stoltenberg foi apelidado de “Trump Whisperer” por convencer Trump a manter a aliança depois que o presidente dos EUA reclamou durante seu primeiro mandato que os aliados gastavam muito pouco na defesa e ameaçaram se retirar.

Reputação como um pragmatista

Visto como um pragmatista com boa intuição política, o termo de Stoltenberg na OTAN foi estendido seguindo Invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em 2022.

Antes de liderar a OTAN, o homem de 65 anos já havia sido o primeiro-ministro da Noruega e o ministro das Finanças.

Stoltenberg, um membro do Partido Trabalhista da Norueguesa, está retornando ao governo após a divisão da coalizão que governa a Noruega na semana passada com o parceiro júnior, a festa do centro, saindo da coalizão.

Stoltenberg assume o papel principal, pois o governo trabalhista fica nas pesquisas antes das eleições de setembro e como uma possível guerra comercial transatlântica aparece no horizonte.

Conferência de Segurança de Munique sem Stoltenberg

Stoltenberg deveria assumir o cargo de chefe da Conferência de Segurança de Munique Na Alemanha, um fórum líder em discussões sobre a política de segurança internacional.

A Conferência de Segurança de Munique disse em um cargo em X que Stoltenberg “retornaria à sua posição pró-boma no comando do MSC quando ele deixar cargo público quando seu mandato como ministro das Finanças terminou”.

Editado por: Roshni Majumdar



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Revelações de Esperança, autobiografia do papa Francisco – 04/02/2025 – Cotidiano

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Revelações de Esperança, autobiografia do papa Francisco - 04/02/2025 - Cotidiano

Edison Veiga

Primeira autobiografia publicada por um papa, Esperança, livro de Francisco que chega às livrarias brasileiras nesta terça (4), não foi planejado para ser lançado agora. Escrita a partir de depoimentos dados pelo sumo pontífice ao editor Carlo Musso de 2019 a 2024–ele assina como coautor–, a ideia era que a obra fosse publicada somente após a morte do religioso.

Musso esclarece, em nota ao fim do livro, que “em um primeiro momento sua autobiobrafia deveria ser publicada como legado após sua morte”. E o que fez Francisco mudar de ideia teria sido o Jubileu de 2025, ano especial para os católicos que costuma ocorrer, tradicionalmente, a cada 25 anos. Segundo o editor, tanto o evento como “as exigências do tempo” convenceram o papa “a difundir agora esta preciosa herança”.

Mas o que conta Esperança e por que a obra é tão importante? Além do ineditismo de ser uma autobiografia de um papa, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil concordam que o maior valor do livro está no fato de consolidar de forma simples e acessível as principais mensagens expressadas pelo religioso em documentos institucionais da Igreja, como encíclicas, exortações e outros textos.

Consultor do Vaticano, o padre jesuíta norte-americano James Martin diz à reportagem que o livro mostra “Francisco em sua forma mais pessoal”. “É um lembrete de que temos um papa aberto, acolhedor e transparente. Foi assim que o encontrei em meus poucos encontros pessoais com ele. E acho suas histórias e sua escrita muito convidativas. Nada pomposo, nem excessivamente formal e, certamente, nada que exija um diploma avançado para ser compreendido. Isso é algo positivo para o público leitor. É um livro encantador”, elogia.

“Esse livro é um pouco para dizer: vamos recolher aqui os pontos principais do pontificado e vamos colocar a própria vida do papa Francisco como símbolo de esperança, símbolo de alguém que teve uma vida normal até certo ponto e que conseguiu transmitir sua mensagem de esperança, conseguir ser uma mensagem de esperança”, avalia à BBC News Brasil o vaticanista Filipe Domingues, professor na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e diretor do Lay Centre, também em Roma.

“Sem dúvida o papa pensa sua autobiografia como um testemunho importante, que corrobora suas ideias e mostra que elas não nasceram de uma reflexão abstrata, mas de uma vida como a de todos os demais cristãos. Um traço característico de Bergoglio é sua humildade”, diz à reportagem o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ex-coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e editor do jornal O São Paulo, da Arquidiocese de São Paulo.

Para o historiador e teólogo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a ideia da autobiografia é a oportunidade que Francisco tem para deixar para a história “sua visão sobre si mesmo”, como fonte primária. “É a tentativa de ocupar um lugar de fala, deste momento e para a posteridade”, analisa ele, em conversa com a reportagem.

Ele vê o livro como um “reforço sobre as causas defendidas por Francisco ao longo do pontificado”. Ao contrário de celebridades que usam o recurso da autobiografia para lançar holofotes sobre suas personalidades, “ele tenta dar à Igreja uma relevância em tempos tão difíceis como os que estamos vivendo”, argumenta o professor.

No livro, portanto, ao contar sua história desde a infância em Buenos Aires até o conclave que fez dele o primeiro papa latino-americano – bem como momentos que viveu no comando da Igreja -, ele promove reflexões sobre temas que lhe são caros, como a importância da preservação do meio ambiente, o acolhimento das minorias, a inserção dos imigrantes e a simplificação da hierarquia da Igreja, com redução de privilégios dos que gravitam na sua esfera de poder.

Para quem acompanha a história da Igreja e conhece a trajetória de Francisco, não há muita coisa nova. Contudo, é saboroso conferir a narração dessas histórias pela voz do próprio papa.

O ecletismo do argentino também está evidente na obra. Ao longo de sua narração, ele cita autores que vão do seu conterrâneo escritor Jorge Luis Borges (1899-1986) ao sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), passando pelo russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), pelo uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) e pelo alemão Bertold Brecht (1898-1956), entre tantos outros. Em diversas passagens demonstra seu gosto pela música, mencionando explicitamente o Samba da Bênção, de Baden Powel (1937-2000) e Vinícius de Moraes (1913-1980), La Tradotta, de Riccardo Bizzarro, e outras oito canções. Filmes também são lembrados, dentre eles La Strada, de Federico Fellini (1920-1993).

A seguir, cinco histórias que estão em Esperança.

A notória sensibilidade de Francisco junto aos marginalizados tem raízes em sua biografia. “Quando alguém me acusa de ser um papa ‘villero’, apenas rogo para que seja sempre digno disso”, escreve.

Na história urbanística de Buenos Aires, as villas são assentamentos precários, de ocupação informal com submoradias, semelhantes às favelas brasileiras. Ao longo de sua trajetória religiosa, como padre e, depois, bispo, o então Jorge Bergoglio sempre foi próximo a essas comunidades.

A postura acolhedora daqueles considerados excluídos vem de antes. Bergoglio foi criado no bairro de Flores, no centro de Buenos. Ele conta que, na sua infância, a região era “um caleidoscópio de etnias, religiões e profissões”, um “microcosmo complexo, multiétnico, multirreligioso e multicultural”.

Convivia com amigos muçulmanos e sabia da existência de um periódico em árabe em Buenos Aires. No bairro, coexistiam imigrantes de diversas nacionalidades.

Pelo menos quatro de suas vizinhas eram prostitutas. Uma delas, conhecida como Porota, procurou-o quando ele já era bispo auxiliar de Buenos Aires. “‘Ei, você não se lembra? Eu soube que virou bispo, quero te ver!’. Continuava um rio transbordante. Venha, respondi, e a recebi no bispado. Ainda vivia em Flores, era por volta de 1993. ‘Sabe’, ela me confidenciou, ‘fui prostituta por tudo que é canto, até nos Estados Unidos. Ganhei bem, depois me apaixonei por um homem mais velho, que acabou se tornando meu amante. Quando ele morreu, mudei de vida. Agora estou aposentada. Vou dar banho nos velhinhos e nas velhinhas das casas de repouso que não têm ninguém que cuide deles. Não frequento muito a missa e com meu corpo fiz de tudo, mas agora quero cuidar dos corpos que não interessam a ninguém'”, relata.

Francisco conta ainda que, anos mais tarde, quando ele já era cardeal, Porota a procurou novamente, pedindo que ele fosse rezar uma missa para ela e suas amigas. “Digo que sim, claro, perguntando-me quem seriam aquelas amigas”, recorda-se.

Eram todas ex-prostitutas e atuais prostitutas. “E queriam se confessar. Foi uma celebração lindíssima. Porota estava contente, quase comovida”, conta.

O então cardeal Bergoglio seria próximo dela até o fim da vida. Foi ele quem foi dar a unção dos enfermos a ela, quando estava hospitalizada, poucos dias antes de morrer. “E muito bem eu lhe quis. Até hoje não esqueço de rezar por ela no dia da sua morte”, afirma.

Quando cursava química na Escuela Técnica Especializada en Industrias Químicas Nº 12, nos anos 1950, um de seus 13 colegas acabou sendo preso. Filho de um policial, ele pegou a arma do pai e matou um jovem do bairro. Porque “a mente do ser humano às vezes é um mistério insondável”, reflete o papa.

“Ele foi detido na seção penal de um manicômio, e eu quis visitá-lo. Foi a minha primeira experiência em uma prisão”, relembra. “Pude cumprimentar meu amigo apenas de uma janelinha minúscula, do tamanho de um selo, cortada em quatro por uma grade e emoldurada por uma pesada porta de ferro. Foi terrível, fiquei profundamente abalado.”

O amigo acabaria se matando tempos depois, aos 24 anos.

Ataque cardíaco em jogo do San Lorenzo

A paixão pelo futebol, em especial pelo seu time San Lorenzo, é uma característica visível no papa Francisco. No livro ele conta que gostava de jogar bola mas era um completo perna de pau – na expressão argentina, um “pata dura”. “Algo como ter dois pés esquerdos. Mas jogava”, comenta.

Mas o futebol não lhe deu só alegrias. Em 24 de setembro de 1961, seu pai morreu. Tinha 53 anos e não sobreviveu a um infarto sofrido no estádio, quando assistia a uma partida do seu time, o San Lorenzo.

Francisco conta que o ataque cardíaco ocorreu quando o pai estava “exultando com um gol” do time. “Eu estava com os jesuítas em San Miguel: fui avisado e voltei às pressas”, relata. Foram 20 dias no hospital.

Apesar de seguir acompanhando futebol, Francisco não assiste à televisão desde 1990, por conta de uma promessa que fez a Nossa Senhora. “Mas me informo, naturalmente. Sobre assuntos diversos e também sobre o San Lorenzo. Um dos guardas suíços me deixa na mesa, todas as semanas, os resultados e a classificação”, explica ele.

Coincidência divina, no ano em que Francisco se tornou papa, em 2013, o seu time se sagrou campeão argentino. Em seguida, “pela primeira vez em sua história”, o San Lorenzo levantou a taça da Copa Libertadores, o mais importante torneiro latino-americano.

Ele também sente remorso

Atire a primeira pedra quem nunca sentiu uma parcela de culpa no dia a dia. Pois até o papa cultiva essas sensações. No livro ele narra algumas situações de muita humanidade.

Por exemplo quando, 20 anos depois da última vez que haviam se visto, uma antiga empregada doméstica da família foi procurá-lo no Colégio de San Miguel, instituição jesuíta que ele então dirigia. “Mas eu estava muito atarefado naquele dia e, com uma ligeireza pela qual não me perdoei, mandei dizer que não estava”, lembra. “Quando me dei conta do que havia feito, chorei.”

Situação parecida ele vivenciou com padre Enrico Pozzoli. Em duas ocasiões. O religioso era amigo da família e foi o primeiro ali naquela comunidade a ter uma máquina fotográfica.

Segundo Francisco, esses “dois episódios dolorosos” ele gostaria de “poder viver outra vez, para agir de modo diferente”. “Um está ligado å morte de meu pai, em 24 de setembro de 1961, quando eu ainda não completara 25 anos. O padre Enrico vem à câmara ardente, quer tirar uma foto de papai com seus cinco filhos… Mas eu me envergonho e, com a presunção dos jovens, faço com que não consiga. Creio que ele percebeu minha atitude, mesmo não dizendo nada”, narra.

“O segundo ocorreu meros vinte dias depois, quando ele mesmo estava para morrer. Fui visitá-lo poucos dias antes no Hospital Italiano. Ele está dormindo. Não deixo que o acordem. Saio do quarto e fico conversando com um padre que está ali. Pouco depois, outro sacerdote sai e diz que o padre Pozzoli acordou; avisaram-no da minha visita e ele pergunta se ainda estou lá. Mas digo que lhe respondam que já fui embora. Não sei o que me deu, se era timidez, incapacidade ou dor, a dor pela morte de meu pai que se juntava a essa nova ocasião de luto ou o quê”, diz.

O remorso persiste. “Muitas vezes senti profunda dor e pesar por essa mentira. Como gostaria de poder refazer aquela cena…”, admite.

Seu primeiro emprego foi como faxineiro

Foi com desapontamento que a mãe de Jorge Bergoglio recebeu a notícia de que ele queria se tornar padre. Isso ocorreu no fim de 1955, quando ele concluiu o curso técnico em química.

“O momento de decidir veio junto com o verão, e eu não sabia muito bem como abordar a questão com meus pais. Principalmente com minha mãe, que tinha certeza de que eu iria à universidade e me tornaria médico”, conta ele.

A vontade de se tornar médico havia sido expressa por ele quando adolescente. Na infância, sonhava em se tornar açougueiro – era fascinado pelo trabalho de um funcionário do açougue que frequentava com a avó.

A essa altura, portanto, a mãe entendia que o curso técnico em química era uma espécie de preparativo para a medicina. Certo dia, ela subiu ao sótão onde ele havia montado uma improvisada sala de estudos, “longe do caos do quarto que dividia com meus irmãos”. “Foi guiada por uma intuição, curiosa, com a suspeita de alguma coisa que não conseguia compreender completamente, que lhe escapava e que talvez aquele sótão pudesse nomear. Encontrou um cômodo cheio de livros, e muitos deles não eram o que esperava: textos de teologia, principalmente, alguns em latim”.

Quando o garoto chegou em casa, ela estava esperando. “Você não dizia que queria ser médico?”, indagou a ele. “Respondi que estava pensando também em outra coisa. Que ainda considerava ser médico, mas de almas. Essa resposta tampouco a deixou satisfeita.”

A mãe sugeriu que ele cursasse medicina e depois decidisse se queria mesmo ingressar no seminário. Ele não aceitou. Sua mãe não mudou de ideia, “a ponto de não me acompanhar ao seminário diocesano, nem de estar presente no dia da minha investidura de seminarista”, recorda.

Alguns anos antes, seu primeiro emprego não tinha nada a ver nem com medicina nem com religião. Nas férias de verão de quando ele tinha 14 anos, seu pai o chamou designando-o para um trabalho em uma fábrica de meias de um “judeu grego que se chamava Mose Nahmias, um bom homem que mais tarde compareceria à minha investidura de seminarista”. “Trabalhei durante as férias nessa fábrica, por três anos, fazendo faxina: com um grupo de mulheres e de rapazes limpava o chão e os banheiros […]”, conta.

Mais tarde, quando já cursava a escola técnica, conseguiu um trabalho em um laboratório especializado em indústria alimentícia. “Fazíamos análises bromatológicas para determinar o valor nutricional dos alimentos, exames organolépticos; uma vez tive de fazer uma análise de chocolates e, entre um experimento e outro, confesso que comi muitos pedaços.”

A médica bioquímica que o chefiava teve um papel importante em sua formação. “Essa mulher magnífica foi além: me ensinou a pensar. A pensar sobre política, a bem dizer”, revela o papa. Chamava-se Esther Ballestrino de Careaga e era ativista de esquerda, marxista. “Ela me recomendou livros, me incentivava a ampliar meu conhecimento com outras leituras”, diz.

Por influência da médica, Bergoglio passou a frequentar um comitê socialista e ler periódicos de esquerda, como a revista La Vanguardia e o jornal Nuestra Palabra. “Não concordava com tudo mas conversava com ela e me punha a pensar”, comenta.

Jamais imaginava que seria eleito papa

Mas sem dúvida as páginas mais saborosas do livro são aquelas em que o papa relata os dias de sua eleição para suceder Bento 16 (1927-2022), o papa que havia renunciado ao comando do Vaticano em 2013.

Ele conta que chegou a Roma para o conclave acompanhando as notícias que traziam como papáveis nomes como o do cardeal arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, e o de Milão, Angelo Scola. Ninguém mencionava o cardeal Jorge Bergoglio como favorito.

No domingo que antecedeu o conclave, em 10 de março daquele ano, descumpriu a tradição e não celebrou na igreja que lhe cabia em Roma – por regra, cada cardeal “tem a sua”. “[…] Me dei conta de que não me agradava muito [a ideia], então celebrei, de manhã cedo, na capela da Casa do Clero Paulo 6º, onde estava hospedado”, conta. Talvez tenha sido aí sua primeira quebra de protocolo no pontificado que se seguiria.

Na segunda-feira, sua fala improvisada na reunião de cardeais chamou a atenção. Ele falava que a Igreja precisava olhar para as periferias e este seria o desafio do próximo papa.

Francisco conta que deixou em Buenos Aires até o livro que estava lendo. Comprou passagem para retornar no sábado, dia 23, porque imaginava que celebraria a missa de Domingo de Ramos – até a homilia tinha deixado pronta.

Na entrada do conclave, na terça-feira, dia 12, notou já que havia um clima diferente ao seu redor. Religiosos faziam comentários citando seu nome. Nas votações, ele diz que se comportou como havia feito nas eleições anteriores, que haviam feito o cardeal alemão Joseph Ratzinger se tornar Bento 16: em vez de anotar os resultados na folha que cada religioso recebe para acompanhar a apuração, preferia rezar o terço. Ele conta que acha esse processo entediante. “O escrutínio é uma coisa um pouco chata de acompanhar; parece um canto gregoriano, só que com menos harmonia”, compara.

De qualquer forma, ele reconhece que a cada rodada ouvia mais e mais a repetição de seu sobrenome. E quem o avisou, com “um leve tapa no ombro”, que sua hora parecia estar chegando, foi o seu amigo brasileiro que se sentava ao lado, o cardeal Claudio Hummes (1934-2022).

O nome Francisco foi culpa do brasileiro, aliás. Quando Bergoglio foi eleito, este recomendou a ele que não se esquecesse “dos pobres”. Isto fez com que o argentino se lembrasse da história de São Francisco de Assis (1181-1226).

As quebras de protocolo se tornaram praxe já no momento da investidura. O novo papa negou-se a usar um novo anel–”estava com o anel da ordenação episcopal no bolso e o pus no dedo -, a empunhar uma cruz de ouro– “tenho essa de alpaca” – e a usar os simbólicos sapatos vermelhos – “os meus são ortopédicos”, “meus pés são um pouco chatos”.

Ele diz que nada disso foi premeditado, “era simplesmente o que eu sentia, com espontaneidade”. “Dois dias depois me disseram que precisaria trocar de calça, usar uma branca. Sorri. Expliquei: não gosto de me fantasiar de sorveteiro. E fiquei com a minha”, comenta.

Francisco conta que não imaginava ter um pontificado longo. “Eu tinha a sensação de que ele seria breve: pensava em três ou quatro anos, não mais que isso”, diz. “Era um sentimento indistinto, mas bastante forte. […] Não acreditava que escreveria quatro encíclicas nem tantas cartas, documentos e exortações apostólicas, tampouco que faria todas aquelas viagens para mais de sessenta países. A primeira, ao Brasil, já havia sido maravilhosa. No entanto, realizei isso tudo e sobrevivi.”

Em março, vai fazer 12 anos que Francisco, o argentino Jorge Mario Bergoglio, comanda a poderosa e tradicional Igreja Católica Apostólica Romana.

Este texto foi publicado originalmente aqui.



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Psicanalista de 97 anos monta grupo de idosos para troca de experiências; juntos são mais de 10 séculos

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A menina surda ficou encantada quando ganhou os óculos de presente. Eles transcrevem a fala! - Foto: SWNS

Inquieto e determinado, Alberto Chab é do tipo que busca sempre algo novo para fazer. Aos 97 anos, o psicanalista não para: aproveitou a onda das redes sociais e criou um grupo de idosos para que troquem experiências.

Claro que a ideia desse cubano, naturalizado argentino, viralizou em pouco tempo. O médico ainda estabeleceu uma ordem: só entra 90+. O grupo “Noventa e contando”, cuja base é Buenos Aires, na Argentina, tem página nas redes sociais e cada vez mais adesões.

Incentivado pelos filhos e netos, Alberto observou que a maior queixa dos 90+ era a solidão. Assim, ele decidiu que, além dos encontros virtuais, também haveria reuniões presenciais. A iniciativa é um sucesso. As histórias são ótimas: pessoas que reencontraram o amor aos 80 e 90 anos, outras que seguem trabalhando, e há aquelas que optaram por viajar o mundo.

Cada vez mais vida

Nas redes sociais, Alberto Chab tem mais de 256 mil seguidores. É considerado um influenciador na Argentina. Constantemente, é convidado a dar entrevistas e falar sobre o projeto “Noventa e contando”.

“Tudo começou quando comentei na minha família que queria reunir gente da minha faixa etária para explicar como todos chegaram tão bem à nossa idade. Foi aí que minha neta Zoe disse: ‘Simples, vovô, vamos fazer um vídeo e o senhor faz o convite’”, contou o psicanalista.

A partir daí, Alberto recebeu mais de 2,5 mil e-mails de idosos interessados em participar do grupo. Às gargalhadas, ele conta que quando se reúnem ultrapassam dez séculos. “Quando estamos juntos somos mais de 1000 anos”, afirmou.

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Experiência pessoal

Alberto conta que se sentiu muito sozinho quando sua mulher morreu. Mas, há cinco anos, reencontrou o amor ao lado de uma grande amiga, Mary, que também estava viúva. Um exemplo de como o amor renova e de que sempre é tempo de viver.

Com base em sua experiência, o psicanalista incentiva o grupo de idosos, que chama de “movimento”. De acordo com ele, é um espaço para troca de experiências, escuta mútua e novas conexões.

O projeto cresceu tanto que o médico recebeu ofertas para realizar as reuniões em um teatro, para que mais pessoas possam participar. O objetivo dele agora é criar um programa de televisão para entrevistar pessoas que superaram a solidão e compartilhar suas histórias inspiradoras com o público.

O próprio psicanalista Alberto Chab, de 97 anos, reencontrou o amor após os 90, ele criou o grupo de idosos para que compartilhem suas experiências e mostrem ao mundo que a vida não para. Foto: La Nación O próprio psicanalista Alberto Chab, de 97 anos, reencontrou o amor após os 90, ele criou o grupo de idosos para que compartilhem suas experiências e mostrem ao mundo que a vida não para. Foto: La Nación//www.instagram.com/embed.js



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