POLÍTICA
A inédita exposição do maior fotojornalista do Brasil

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Matheus Leitão
Com suas lentes sempre a postos, Orlando Brito (1950–2022) registrou como poucos os bastidores do poder em Brasília. Acompanhou de perto a rotina de 13 presidentes da República, de Castello Branco a Jair Bolsonaro. Mas foi longe do Planalto, no coração do Alto Xingu, que o maior fotojornalista da cobertura de poder do país também construiu um dos capítulos mais sensíveis e pouco conhecidos de sua obra. Agora, esse registro é revelado em “Réquiem”, sua primeira exposição póstuma, em cartaz até o dia 05 de junho no JK Espaço Arte, em Brasília.
Sob curadoria de sua filha, Carolina Brito, a mostra apresenta 25 imagens inéditas que retratam o Quarup: ritual fúnebre e de celebração da memória dos mortos, um dos pilares espirituais dos povos indígenas do Alto Xingu. Brito foi um dos poucos a se aproximar dessas comunidades com respeito e profundidade, estabelecendo uma relação de confiança que atravessou décadas.
Em agosto de 2012, Orlando Brito partiu para o Quarup acompanhado de seus grandes amigos e também fotógrafos Igo Estrela, Rogério Reis e o já falecido Evandro Teixeira. A bordo de um pequeno bimotor fretado pelo grupo e após obterem a autorização da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), seguiram rumo à aldeia Yawalapiti, a convite do cacique Aritana, líder local e uma das maiores referências do movimento indígena brasileiro.
Era uma viagem comovente. Brito, o único entre eles que já havia participado da cerimônia, sentia-se imensamente orgulhoso por apresentar aos amigos aquele que ele chamava de “um verdadeiro manancial de imagens”. Mais do que fotógrafos, eram testemunhas de um Brasil profundo, que resiste ao tempo com beleza, coragem e dignidade.
“Meu pai sempre acreditou que a fotografia tinha o poder de imortalizar não só os momentos, mas também as culturas. Ele dizia que o Quarup não era só um ritual, era um grito ancestral. Fotografar aquilo era como registrar um Brasil que insistem em apagar”, conta Carolina.
A relação de Brito com os povos do Xingu começou nos anos 1980, quando cobriu a trajetória de Mário Juruna, o primeiro deputado federal indígena do país. Desde então, retornou diversas vezes ao território indígena, onde retratou cerimônias, ritos e o cotidiano das aldeias com o mesmo compromisso ético e estético que marcou toda a sua carreira.
Orlando Brito foi o maior fotojornalista do país e também um dos mais premiados internacionalmente. Recebeu, entre outros reconhecimentos, o World Press Photo, o Prêmio Esso de Jornalismo, o Prêmio Abril de Jornalismo, além de distinções do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Unesco, pelo conjunto de sua obra. Foi autor de livros icônicos como Ilusões Perdidas, Luz e Sombra e Senhoras e Senhores.
Entre seus cliques históricos estão o fechamento do Congresso Nacional em 1977, os bastidores do regime militar com Figueiredo, Golbery, Delfim Netto e Newton Cruz, e o emblemático retrato de Ulysses Guimarães na rampa do Congresso, feito dias antes de sua morte, em 1992. Também documentou as Diretas Já, Copas do Mundo, Olimpíadas, festas populares e manifestações religiosas por todo o Brasil.
Seu acervo, com mais de 400 mil fotografias, além de equipamentos, documentos, prêmios e publicações, foi recentemente incorporado ao Instituto Moreira Salles. Lá, será digitalizado e preservado, somando-se à obra de nomes como Evandro Teixeira, José Medeiros e Januário Garcia.
Réquiem é mais do que uma exposição. É um abraço entre pai e filha. Um elo entre memória e resistência. Um mergulho na alma de um fotógrafo que via com o coração e que deixou como herança um Brasil revelado por camadas — do poder à ancestralidade.
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Bíblia e malhação: o dia a dia de Braga Netto na p…

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15 de abril de 2025
Matheus Leitão
O general Braga Netto, candidato a vice presidente na chapa derrotada em 2022, emagreceu cerca de 5 quilos após 123 dias de prisão. Ao contrário do que conseguia fazer enquanto estava na agenda política do Partido Liberal, agora o militar de alta patente consegue malhar diariamente.
Faz três refeições do quartel onde foi encarcerado acusado de participação ativa na trama golpista investigada pela Polícia Federal e o Ministério Público, sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Quem conta os detalhes do dia a dia do general à coluna é o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, que esteve com Braga Netto nesta terça 15, após autorização da Justiça para que o suspeito recebesse visitas.
Ao parlamentar que está à frente da mobilização pelo projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, Braga Netto contou que já leu a Bíblia inteira nesse período de mais de quatro meses.
O general se encontra numa sala da 1º Divisão do Exército na Vila Militar, no Rio de Janeiro, não muito ampla, com uma cama, mesa para leitura, banheiro privativo e uma TV onde passam somente os canais da TV aberta.
O ex-ministro de Bolsonaro recebeu de presente o livro Uma Vida de Propósitos, de Rick Warren, e prometeu a Sóstenes que vai ler o mais rápido possível. Ele acredita que seus advogados vão reverter a prisão preventiva que já ultrapassa os 90 dias, como manda a lei.
Ocorre que, também como afirma a legislação, após esse período o juiz competente obrigatoriamente reexamina o caso para avaliar se persistem ou não os motivos determinantes da prisão.
RECLAMAÇÕES
De acordo com Sóstenes, Braga Netto reclamou da manutenção da prisão preventiva, que poderia, depois de tanto tempo, ser substituída por alguma outra medida cautelar.
O general também afirmou que jamais ouviu a palavra golpe ser mencionada ou mesmo qualquer detalhe do plano Punhal Verde e Amarelo para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. Definiu, também segundo o deputado, essa organização homicida como um “absurdo”.
Até mesmo o motivo da prisão preventiva — a ligação para o pai de Mauro Cid, também general — foi motivo de reclamação do militar. Braga Netto diz que nunca fez a ligação. Apenas recebeu uma chamada do colega de generalato dizendo que o filho Mauro Cid havia sido esquecido pelo grupo político.
Ainda de acordo com o relato à coluna, Braga Netto parecia muito bem equilibrado emocionalmente. Não chorou em nenhum momento, mesmo sendo essa a primeira visita recebida pelo general fora do seu núcleo familiar.
Ao fim do encontro, que durou cerca de 40 minutos, Sóstenes Cavalcante, que é evangélico, fez uma oração pedindo justiça ao general, militar que é católico. Por isso, os dois ainda rezaram um pai-nosso.
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A resposta do governo à crise de produtores rurais…

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15 de abril de 2025
Pedro Pupulim
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) se reuniu nesta terça-feira com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, para discutir a situação dos produtores rurais gaúchos atingidos pelas recentes crises climáticas, como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no início de 2024. A proposta do senador visava a prorrogação das dívidas contraídas por esses trabalhadores.
Inicialmente, a reunião deveria acontecer entre Heinze e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O chefe da pasta, no entanto, adiou o encontro para a próxima semana para poder comparecer a agendas com o presidente Lula nesta terça.
Durante o encontro, segundo o senador, Guilherme Mello sinalizou que a suspensão das cobranças será limitada e condicionada à elaboração de um diagnóstico detalhado sobre as perdas.
O secretário teria informado a Heinze que o governo atuará em duas frentes: uma voltada à análise da prorrogação de dívidas de longo prazo e outra com foco em investimentos preventivos para o enfrentamento de eventos climáticos extremos.
A reunião também contou com a presença dos presidentes de entidades como a Cotrijal, Farsul, Fetag-RS, Aprojosa-RS, e do produtor Lucas Scheffer.
De acordo com Heinze, eles cobraram a pasta por medidas urgentes contra a crise e alertaram que, em caso contrário, há a possibilidade de uma paralisação do setor a partir do dia 15 de maio.
A promessa é da realização de um novo encontro com — desta vez com a participação de representantes dos bancos — com o objetivo de produzir um diagnóstico preciso sobre as perdas. A expectativa é de que aconteça antes da reunião com o ministro Fernando Haddad, marcada para o dia 23 de abril.
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Valentina Rocha
A Câmara dos Vereadores do Rio aprovou, nesta terça-feira, 15, por 43 votos a 7, em segunda discussão, a proposta de mudança na Lei Orgânica do município que autoriza o uso de armas pela Guarda Municipal. O projeto agora segue para promulgação pelo presidente da Câmara, Carlo Caiado (PSD). Todos os votos contrários foram de vereadores do PT e PSOL.
A sessão foi tumultuada, com as galerias divididas entre os movimentos de camelôs e e de guardas municipais. Ambulantes e vereadores do campo da direita trocaram insultos. A proposta prevê que a Guarda Municipal armada atue no combate a pequenos delitos e também em eventos e áreas turísticas da cidade, sem conflito de atribuições com as polícias Militar e Civil. A iniciativa também será integrada ao projeto Civitas, de videomonitoramento urbano, que dará suporte às ações da GM.
O presidente da Casa, Carlo Caiado (PSD), diz que os vereadores já preparam emendas ao Projeto de Lei Complementar (PLC) do prefeito Eduardo Paes (PSD). O chefe do Executivo defende a criação de uma divisão de elite dentro da Guarda Municipal com agentes da instituição e também temporários. Ele chegou a mandar dois projetos de mudança da lei orgânica que, no entanto, acabaram sendo substituídos por um texto dos próprios vereadores.
“Busquei um concesso da Casa. Não houve recuo do prefeito, mas um entendimento com os vereadores”, diz Carlo Caiado sobre a aprovação desta terça-feira.
Para a vereadora Maíra do MST, do PT, contrária à medida, o debate sobre a segurança pública não pode ficar limitado a armamento. A petista disse que temas como plano de cargos e salários da Guarda Municipal e uso de inteligência pelos agentes deveriam ter prioridade.
Vereadores do PL, que fazem oposição a Eduardo Paes, votaram a favor, mas tentaram dissociar a aprovação à ação do prefeito. “Isso aqui não é mérito da prefeitura. Esse Pelom é de anos atrás”, disse o vereador Rafael Satiê, do PL.
Guardas presentes aplaudiam quando vereadores defendiam a integração dos próprios agentes à proposta de armar uma força municipal.
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