Quem nunca se pegou pensando em como “vencer” o mercado? Com o crescimento das redes sociais e das plataformas de investimentos, muitos têm dedicado horas a estudar ações, balanços, e estratégias para investir como profissionais. Mas será que essa é realmente a essência da educação financeira? A resposta pode surpreender: a verdadeira educação financeira não está em aprender a investir melhor, e sim em saber lidar com o dinheiro de forma mais prática e realista no dia a dia.
Não tenho essa estatística precisa, mas sou capaz de apostar que para obter um desempenho superior a 90% do mercado, você só precisaria de um CDB ou fundo DI que renda 115% do CDI ou CDB a IPCA +7% ao ano. Digo isso, pois poucos conseguem superar o CDI. Observe os gestores de fundos multimercados. Nos últimos 5 anos perdem do CDI. Nos últimos 15 anos, entregam retorno médio anual equivalente a 108,6% do CDI. E estes possuem equipes experientes e muita informação.
Os CDBs mencionados acima são produtos simples e acessíveis. Eles também oferecem retornos que o mercado de ações brasileiro, com toda sua complexidade, raramente supera. O índice de dividendos da B3, por exemplo, considerado um dos melhores do mercado, pois nos seus 15 anos ganhou do índice de small caps e do Ibovespa, não gerou um retorno médio anual superior a 106% do CDI nos últimos 15 anos. Isso mesmo somando dividendos e ganhos de capital. Além disso, sabemos que a maioria dos gestores profissionais de ações, com décadas de experiência, não consegue bater os próprios índices de referência.
Deixa eu te contar um segredo: a grande maioria destes gestores de fundos multimercados e de ações ganhou mais trabalhando do que investindo seu próprio dinheiro. Você realmente acha que vai ser diferente para você?
Enquanto isso, muitos investidores amadores gastam horas estudando estratégias sofisticadas, tentando ler balanços de empresas, análise fundamentalista, análise de múltiplos e derivativos, mas continuam perdendo a batalha nas escolhas simples de consumo do dia a dia. Compram mais do que precisam, parcelam quando poderiam pagar à vista e não conhecem as taxas reais dos financiamentos.
O que falta a essas pessoas não é a habilidade de escolher ações “vencedoras”, mas sim o conhecimento básico para saber onde e como gastar, poupar e investir com segurança. Educação financeira significa, antes de tudo, ter o entendimento necessário para evitar dívidas desnecessárias, controlar o consumo e fazer escolhas inteligentes.
Vejo investidores se debruçando e gastando meses e pagando cursos para aprender análise técnica. Perdem um tempo enorme na frente de gráficos. Mas, não sabem o básico de matemática financeira. Imagine o impacto que o conhecimento básico de matemática financeira poderia ter no seu bolso. Aprender a diferenciar boas de más taxas de juros, saber decidir entre pagar à vista ou parcelado, e entender o peso de um financiamento no orçamento são decisões que, no longo prazo, fazem muito mais diferença do que tentar vencer o mercado. Esses conhecimentos podem transformar a maneira como você lida com o dinheiro, evitando prejuízos e decisões impulsivas. São mais relevantes que entender de suporte, resistência, candlestick, MACD, OBV, Bandas de Bollinger, IFR médias móveis e outras estratégias de análise gráfica que no fim podem trazer mais perdas que ganhos.
Os maiores ganhos financeiros na vida de uma pessoa geralmente não vêm dos investimentos financeiros. Eles vêm do seu próprio desenvolvimento pessoal e da capacidade de aumentar a renda na sua área de atuação. É óbvio que um médico vai ganhar mais aprendendo uma nova técnica de cirurgia do que estudando para fazer day trade. Ao invés de gastar muito tempo tentando dominar o mercado financeiro, por que não investir em sua carreira, onde você pode fazer a diferença e alcançar novos patamares? Com um aumento na renda e disciplina para poupar, você já estará à frente de grande parte dos investidores que buscam retornos impossíveis.
No fim das contas, a verdadeira educação financeira não está em complicar os investimentos, mas em simplificar as decisões do dia a dia. Comece pelo básico e cuide bem do que você já possui. O controle sobre suas finanças, o domínio de conceitos como juros compostos e a capacidade de evitar dívidas são os primeiros passos para garantir estabilidade financeira.
Para a maioria das pessoas, entender e aplicar o básico da educação financeira vale muito mais do que tentar superar o mercado. Com foco na disciplina, poupança e crescimento profissional, é possível alcançar uma tranquilidade financeira duradoura.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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