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A maldição do camundongo-mamute nas manchetes – 08/03/2025 – Reinaldo José Lopes

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A maldição do camundongo-mamute nas manchetes - 08/03/2025 - Reinaldo José Lopes

Na semana que passou, circulou por tudo quanto é lugar, inclusive pelo site desta Folha, uma imagem que, à primeira vista, parecia irresistível. Bolinhas de pelo ruivo-louro (ou louro-ruivo, sei lá), espesso e “armado” feito permanente de atriz dos anos 1980, equilibravam-se nas mãos com luvas de alguém paramentado como cientista. Eram camundongos geneticamente modificados para que sua pelagem imitasse algumas das características dos mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius), os bichos mais famosos da Era do Gelo.

Vem agora a pergunta que fará alguns dos leitores duvidarem da sanidade do colunista: você não acha que deveria estar fulo da vida com essa imagem, e não encantado?

Bem, se minha reação inicial não foi de empolgação, ela foi se transformando em algo bem mais próximo do desprezo pelo truquezinho biotecnológico ao ler o que escreveu a respeito dele o geneticista britânico Adam Rutherford, em artigo no jornal The Guardian.

Rutherford, autor de excelentes livros que recomendo vivamente, ajudou a explicitar de forma racional a catinga de picaretagem e crueldade que meu inconsciente tinha farejado naquelas fotos. Inspirado em seu texto, tento explicar aqui por que há algo de profundamente escroto no marketing do camundongo-mamute.

Primeiro, vale lembrar por que a empresa de biotecnologia responsável por produzir os roedores felpudos fez esse auê todo: o plano de longo prazo dos sujeitos é, em tese “clonar mamutes”.

Caprichemos nas aspas, porque a clonagem propriamente dita exige o acesso a MUITOS núcleos intactos de células vivas, com DNA em excelentes condições, bem como a óvulos igualmente saudáveis com seus núcleos removidos, para que, depois de centenas de gestações, talvez um filhote saudável nasça e sobreviva mais do que algumas horas. Ênfase no “talvez”, por gentileza.

Ocorre que nem o frio mais glacial e sempiterno da Sibéria seria capaz de fornecer aos aprendizes de feiticeiro da biotecnologia tamanha abundância de núcleos celulares. Os óvulos, é verdade, poderiam ser obtidos de parentes modernos dos mamutes –os mais próximos são os elefantes-asiáticos.

Mas, como bem lembra Rutherford, o tempo de separação evolutiva entre as duas espécies é de uns 6 milhões de anos. Ou seja, mais ou menos o mesmo que separa o Homo sapiens dos chimpanzés. Boa sorte para quem acha que seria mamão com açúcar usar óvulos de chimpanzé para clonar seres humanos, ou vice-versa –lembremos que pequenas moléculas fora do núcleo dos óvulos também são muito importantes para o desenvolvimento embrionário.

Tudo isso indica que, no máximo, o que dá para fazer é modificar os genes de um embrião de elefante-asiático, usando os dados do genoma da espécie extinta, para que o bebê SE PAREÇA com um mamute-lanoso. E, é claro, isso seria feito com pouco ou nenhum conhecimento sobre detalhes do desenvolvimento embrionário, necessidades alimentares e comportamentais etc. da espécie extinta.

A cereja do bolo: fazer tudo isso pondo em risco indivíduos de uma espécie inteligente, de vida longa e gestação delicada como os elefantes modernos. Em suma, uma enganação dispendiosa e escrota de gente que não tem mais onde enfiar dinheiro. É preciso uma combinação especial de vaidade e ignorância para cair nesse golpe.


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Trump se recusa a descartar a recessão dos EUA como tarifas Spook Investors | Donald Trump News

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Trump se recusa a descartar a recessão dos EUA como tarifas Spook Investors | Donald Trump News

O presidente dos EUA diz que a economia está em um “período de transição” em meio à incerteza sobre suas políticas comerciais.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se recusou a descartar a possibilidade de que a maior economia do mundo esteja indo para uma recessão em meio a preocupações do mercado sobre sua agenda econômica “America First”.

Em uma entrevista à Fox News que foi ao ar no domingo, Trump se desmembrou quando perguntado se ele esperava uma recessão este ano.

“Eu odeio prever coisas assim. Há um período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande. Estamos trazendo riqueza de volta para a América. Isso é uma grande coisa ”, disse Trump durante uma entrevista ao Sunday Morning Futures.

“Demora um pouco, mas acho que deve ser ótimo para nós.”

Os comentários de Trump surgem em meio a presas do mercado sobre seus anúncios de entrada e sinais de uma desaceleração na economia dos EUA.

Na semana passada, Trump deu um tapa em 25 % de tarifas sobre as importações do México e do Canadá e dobrou a taxa de tarefas sobre bens chineses para 20 %.

Mas apenas 48 horas depois, ele anunciou que adiaria algumas das tarifas nos bens mexicanos e canadenses até 2 de abril.

O índice de referência S & P500 caiu mais de 3 % da segunda -feira a sexta -feira, acumulando seu pior desempenho semanal desde setembro.

Na quinta-feira, o rastreador de produto bruto (PIB) do Atlanta Federal Reserve (PIB) rebaixou sua estimativa para o período de janeiro a março para uma contração de 2,4 %, abaixo de uma expansão de 2,3 % no mês passado.

Na sexta -feira, o Goldman Sachs levantou as chances de uma recessão nos próximos 12 meses de 15 % para 20 %.

Em um sinal mais positivo para as perspectivas econômicas, o Bureau of Labor Statistics dos EUA relatou na sexta -feira a adição de 151.000 empregos em janeiro – ligeiramente abaixo das previsões dos economistas, mas aproximadamente de acordo com a média de 2024.

Em uma entrevista à NBC no final do domingo, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, descartou a conversa sobre uma possível recessão.

“Donald Trump é um vencedor. Ele vai ganhar para o povo americano. É assim que vai ser ”, disse Lutnick durante uma entrevista ao Meet the Press.

“Não haverá recessão na América.”

“Eu nunca apostaria na recessão”, acrescentou Lutnick. “Sem chance.”



Leia Mais: Aljazeera

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Em Lyon, um homem morto por um tiro durante uma solução de contas

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Em Lyon, um homem morto por um tiro durante uma solução de contas

Um homem de 31 anos foi morto no domingo, 9 de março, no final da tarde, em Lyon, durante uma solução de contas, a agência France-Presse (AFP) aprendeu com fontes concordantes. O atirador está em fuga.

Os fatos ocorreram no dia 9e Arrondissement, Distrito do Duchère, por volta das 17h45, e os bombeiros no local não conseguiram reviver a vítima, de acordo com uma fonte próxima ao arquivo para a AFP, confirmando informações de Progresso. O homem foi alcançado por duas bolas no peito, de acordo com a vida cotidiana local.

O Ministério Público de Lyon abriu uma investigação e a presença da polícia foi reforçada no bairro, disse a prefeitura à AFP.

« Mobilizamos agora, juntamente com a prefeitura e a polícia nacional, nossas forças policiais municipais para encontrar o autor e garantir a segurança dos moradores do bairro »Assim, Um prefeito comunicado Grégory Doucet Sur Bluesky. “A cidade de Lyon fornecerá suas imagens de vigilância por vídeo”ele acrescentou, acrescentando que a vítima foi morta durante um “Liquidação de contas”.

No sábado, um homem de vinte anos foi um pouco ferido por bola nos 3e Lyon Arrondissement, distrito de Guillotière, dando origem a uma prisão.

O mundo com AFP

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Cientista política Lara Mesquita estreia coluna na Folha – 09/03/2025 – Poder

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Cientista política Lara Mesquita estreia coluna na Folha - 09/03/2025 - Poder

A pesquisadora Lara Mesquita é a nova colunista da Folha. Os textos dela serão publicados a cada duas semanas, com edições aos domingos no site do jornal e às segundas-feiras na versão impressa. A estreia será nesta segunda-feira (10).

Graduada em ciências sociais pela USP, Lara concluiu o mestrado em ciência política pela mesma universidade. Posteriormente, obteve o título de doutora na área pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

Capixaba nascida em Vitória, ela atualmente é professora na Escola de Economia de São Paulo da FGV (Fundação Getulio Vargas), onde desenvolve pesquisas sobre os sistemas político e eleitoral, e já vinha publicando artigos na Folha.

Entre os temas estudados por Lara, estão eleições, partidos, reformas eleitorais e emendas orçamentárias.

Ela afirma que, na coluna, pretende abordar temas relevantes da política na atualidade, trazendo análises embasadas em artigos científicos, pesquisas acadêmicas e bases de dados. “Contribuir com o debate menos com base na minha opinião e mais com base no ferramental da disciplina”, diz.

Segundo ela, “um pouco de distanciamento, trazendo experiências anteriores e o conhecimento acumulado na disciplina, pode trazer um olhar menos instantâneo e, nesse sentido, ajudar a enxergar as coisas a partir de outro ângulo”.

Com a nova coluna, Lara Mesquita revezará o espaço às segundas-feiras com Camila Rocha, doutora em ciência política pela USP e pesquisadora do Cebrap. Cada uma publicará um texto a cada duas semanas.

Colunistas de Política (*)

  • Segunda-feira: Camila Rocha/Lara Mesquita

  • Terça-feira: Joel Pinheiro da Fonseca

  • Quarta-feira: Elio Gaspari

  • Quinta-feira: Conrado Hübner Mendes

  • Sexta-feira: Marcos Augusto Gonçalves

  • Sábado: Demétrio Magnoli 

  • Domingo: Elio Gaspari e Celso Rocha de Barros 

(*) Dias de publicação na versão impressa; no site, ela costuma ocorrer no dia anterior.



Leia Mais: Folha

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