Presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciado que ele “pausaria imediatamente” as tarifas no México e no Canadá por 30 dias depois de falar com seus líderes na segunda -feira.

No entanto, uma tarifa de 10 % em todas as exportações da China entra em vigor na terça -feira.

Então, o que levou a essa decisão e por que a pausa foi anunciada?

O que aconteceu entre os EUA, Canadá, México e China?

Em 1º de fevereiro, Trump assinou ordens executivas que impõem tarifas de 25 % no México e no Canadá, com uma isenção parcial para as exportações de energia e petróleo canadense e uma tarifa de 10 % na China.

Trump também falou contra o alto déficit comercial de mercadorias com os três países que juntos estão em mais de US $ 480 bilhões. China, México e Canadá representaram coletivamente mais de 40 % das importações americanas de mercadorias no ano passado, com US $ 1,2 trilhão.

Ele disse que essas tarifas permaneceriam em vigor até que os países tomassem medidas para conter o fluxo de migrantes e drogas, particularmente fentanil, nos EUA. As tarifas arriscaram aumentar o custo dos bens on -line e levaram a incerteza global do mercado sobre o risco de uma nítida desaceleração no crescimento global.

No entanto, na segunda-feira, os líderes do México e do Canadá fizeram acordos de última hora, fazendo uma pausa nas tarifas iminentes.

O presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou a implantação de 10.000 oficiais da Guarda Nacional na fronteira para conter o tráfico de drogas e os migrantes nos EUA depois de falar com Trump.

O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau também recebeu duas ligações com Trump, após o que anunciou uma pausa de 30 dias nas tarifas dos EUA. Em troca, o Canadá concordou em enviar forças para a fronteira para combater o tráfico de drogas e a migração sem documentos, conforme exigido pelo novo governo dos EUA.

Enquanto isso, a tarifa de 10 % que Trump imposta à China entrou em vigor às 12h01 EST (05:01 GMT) na terça -feira.

A China impôs tarifas de retaliação a uma variedade de produtos e produtos dos EUA, incluindo uma cobrança de 15 % sobre as importações de carvão e gás natural liquefeito (GNL). Pequim também deu um tapa em 10 % de tarifas sobre importações de petróleo e equipamentos agrícolas.

Em meio à guerra tarifária, Trump disse que pretende falar com o presidente chinês Xi Jinping nos próximos dias.

Acabei de receber uma boa ligação com o presidente Trump. O Canadá está implementando nosso plano de fronteira de US $ 1,3 bilhão – reforçando a fronteira com novos helicópteros, tecnologia e pessoal, coordenação aprimorada com nossos parceiros americanos e aumentou recursos para interromper o fluxo de fentanil. Aproximadamente…

– Justin Trudeau (@justintrudeau) 3 de fevereiro de 2025

Por que Trump decidiu pausar as tarifas?

Segundo especialistas, o objetivo principal das tarifas era “atingir estrategicamente os objetivos da política externa e da política doméstica de Trump, e isso era parar o fluxo da droga ilegal fentanil Nos Estados Unidos ”, Kymberly Halkett, da Al Jazeera, relatou na Casa Branca.

“Você precisa se lembrar de fentanil é responsável por aproximadamente 70.000 mortes por overdose nos EUA a cada ano. Embora muita atenção tenha sido focada no México e na fronteira sul, as autoridades dos EUA também identificaram o Canadá e a fronteira norte como pontos -chave de entrada para a droga ”, acrescentou Halkett.

De acordo com um relatório do The New York Times, em 2024, agentes alfandegários e de proteção de fronteiras dos EUA apreenderam aproximadamente 19 kg (42 libras) de fentanil na fronteira norte, um forte contraste com os quase 9.600 kg (21.164 libras) interceptados nos EUA- Fronteira do México, onde os cartéis produzem em massa a droga.

O professor de economia da Universidade McGill do Canadá, Julian Karaguesian, sugere que essa disputa pode não terminar.

“É possível que o presidente Trump esteja apenas tentando não apenas fazer um show, mas também cumprir uma promessa de campanha e criar uma enxurrada de atividade para mostrar sua base e mostrar ao público americano em geral que ele não está apenas cumprindo suas promessas de campanha, mas ele é fazendo isso com preconceito extremo ”, disse Karaguesian.

O que vem a seguir para a China?

Trump criticou repetidamente a China por permitir que o fentanil inundasse nos EUA, acusando Pequim de não fazer o suficiente para conter o suprimento de fentanil falsificado e real.

A China chamou a crise de fentanil de “problema da América”.

“A China é um dos países mais difíceis do mundo em contra-narcóticos, tanto em termos de política quanto sua implementação. Fentanil é um problema para os EUA. No espírito da humanidade e da boa vontade, a China apoiou a resposta dos EUA a esse problema ”, disse um porta -voz do Ministério das Relações Exteriores chinês em um comunicado na terça -feira.

“É importante lembrar que a RPC (República Popular da China) já estava enfrentando tarifas impostas pelo governo Trump durante seu primeiro mandato, e o governo Biden nunca os removeu. Essas novas tarifas chegam ao topo dessas medidas existentes ”, disse Ja Ian Chong, da Universidade Nacional de Cingapura, à Al Jazeera.

“Até agora, a China respondeu relativamente calmamente, sugerindo que uma tarifa de 10 % é algo que eles podem suportar. Enquanto a economia da RPC diminuiu, eles estão trabalhando para diversificar em outros mercados e aumentar o consumo doméstico. Teremos que ver como essa estratégia se desenrola ”, acrescentou.

Durante seu primeiro mandato em 2018, Trump lançou uma feroz guerra comercial de dois anos com a China, impondo tarifas de tit-for-tat a cerca de US $ 50 bilhões em importações chinesas.

“Temos um tremendo problema de roubo de propriedade intelectual”, disse Trump em 2018. “Isso nos tornará uma nação muito mais forte e muito mais rica”.

Para encerrar essa guerra comercial, A China concordou em 2020 Para aumentar suas compras anuais de mercadorias americanas em US $ 200 bilhões, mas o plano foi interrompido pela pandemia Covid-19, e o déficit comercial anual de Washington com a China permaneceu acima de US $ 300 bilhões, de acordo com dados alfandegários chineses divulgados no mês passado.

A China, a segunda maior economia do mundo, diz que a “caminhada tarifária unilateral” dos EUA “viola seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio”. Também lançou uma investigação anti-monopólio no Google e impôs controles sobre as exportações de terras raras cruciais para a fabricação de semicondutores.

O que acontece nos próximos 30 dias?

Ainda não está bem claro. Mas analistas dizem que o governo Trump provavelmente realizaria negociações com o México nos próximos 30 dias.

“A grande preocupação com Donald Trump é o fluxo de fentanil de substância ilegal, bem como a imigração ilegal para os Estados Unidos, algo que o presidente dos EUA já abordou por meio de uma ordem executiva”, disse Halkett da Al Jazeera.

O correspondente da Al Jazeera disse que as autoridades americanas negociarão o déficit comercial com o México no próximo mês. O déficit comercial dos EUA com o México é de mais de US $ 100 bilhões.

Na fronteira norte, Trump disse que ficou muito satisfeito com o resultado das negociações, mas também estava procurando um “acordo econômico final”.

“Estou muito satisfeito com esse resultado inicial, e as tarifas anunciadas no sábado serão interrompidas por um período de 30 dias para verificar se um acordo econômico final com o Canadá pode ou não ser estruturado”, postou Trump nas mídias sociais. “Justiça para todos!”

Trump também manifestou interesse em o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA, uma noção de que Trudeau rejeitou.

Na segunda -feira, o Canadá também fez anúncios importantes.

“O Canadá concordou em nomear cartéis de drogas mexicanos como organizações terroristas. Vamos nomear um czar de fentanil como resultado da conversa entre o primeiro -ministro Trudeau e o presidente Trump. Há a criação de uma força-tarefa de greve conjunta do Canadá-EUA para combater o crime organizado ”, disse o professor de economia da Universidade McGill do Canadá, Julian Karaguesian.

“Embora esses compromissos do Canadá tenham conseguido obter um atraso de um mês na imposição de tarifas”, disse Karaguesian, “eu pessoalmente não acredito que este seja o fim da história”.

Ávidas por um dos maiores mercados de smartphones do mundo, as fabricantes chinesas desembarcam de vez no Brasil. Das 5 principais marcas do país asiático, 3 montaram operação comercial aqui e uma tem previsão de chegada nos próximos meses.

A mais recente estreante foi a Honor, antiga subsidiária da Huawei, que lançou seus produtos no final de janeiro. Ela se junta à Oppo, que chegou em 2022, e à Xiaomi, cuja operação se iniciou em 2015, foi desativada, e retornou de vez em 2019.

A próxima na lista será a Vivo, não a operadora, mas a fabricante de smartphones, que deve lançar seus aparelhos no país também neste ano. Dona de cerca de 17% do gigante mercado chinês, ela estuda há pelo menos quatro anos a chegada ao Brasil. O desembarque foi adiado, entre outros motivos, por causa da disputa pelo uso da marca com a operadora de mesmo nome.

A Vivo chinesa se internacionalizou nos últimos anos com alto investimento, que incluiu o patrocínio às Copas do Mundo de 2018 e 2022, e das Eurocopas de 2020 e 2024.

A Folha apurou que a fabricante tentou um acordo com a operadora de mesmo nome para conseguir registrar a sua marca global no país, mas não obteve um aceno positivo. Questionada pela reportagem, a Telefónica informou que “a empresa de telecomunicações Vivo é a marca do Grupo Telefónica no Brasil e única detentora dos direitos de uso comerciais no país”.

Por isso, a empresa chinesa lançará seus aparelhos com outro nome. Uma alternativa é usar Jovi, uma das linhas de produtos da empresa. Além dessa, a companhia registrou no Inpi, órgão do governo federal para registro de propriedade intelectual, as marcas iQOO e Nex, que batizam outras linhas de telefones do grupo.

Das principais marcas chinesas, só a Huawei ainda não comercializa seus celulares no país. O grupo disse à Folha estar “avaliando a questão”. Por enquanto, vende no país smartwatches, fones de ouvido e roteadores.

Na disputa pelo mercado local, os chineses têm planos de fabricar no Brasil. É o caso da Oppo, que anunciou parceria com a Multi em 2024. Já a Positivo fechou um acordo em 2021 para produzir a linha Infinix, da marca Transsion, também da China e maior vendedora de smartphones na África.

A Xiaomi, por enquanto, só importa e distribui os aparelhos por meio da distribuidora DL, embora tenha sinalizado o interesse de produzir no país. A Honor informou que, por enquanto, só trabalhará com importados.

“O movimento costuma ser o de chegar, testar o tamanho do mercado e depois, se for interessante, fabricar localmente”, afirma o consultor e especialista em tecnologia In Hsieh.

Segundo a plataforma de dados Statista, o mercado brasileiro está entre os cinco maiores do mundo. É também um dos mais concentrados, com quatro empresas dominando as vendas —Samsung (cerca de 38%), Motorola (23,6%), Xiaomi (19,2%) e Apple (10%), segundo informações da StatCounter.

No mundo, segundo dados da IDC (International Data Group), que analisa mercados de tecnologia e telecomunicações, as líderes globais em vendas no quarto trimestre de 2024 foram Apple (23,2%), Samsung (15,6%), Xiaomi (12,9%), Transsion (8,2%) e Vivo (8,2%).

Na China, exista uma grande disputa pela liderança nas vendas, com divisão equilibrada entre Apple (17,4%), Vivo (17,2%), Huawei (16,2%), Xiaomi (16%), Honor (13,7%) e Oppo (13,7%).

Há uma tendência dessas empresas tentarem replicar em outros mercados essa competição acirrada, analisa Daniel Lau, executivo especializado em China e conselheiro de empresas do país. “Há pelo menos cinco anos, as principais fabricantes têm aumentado a presença na América Latina”, relata.

A Xiaomi e a Oppo são conhecidas no mercado brasileiro por modelos de entrada, menos potentes e mais acessíveis, embora a primeira tenha arriscado mais com alguns lançamentos recentes, como o Xiaomi 14T, que compete com a linha Galaxy S da Samsung.

Já a Honor veio com uma proposta entre o intermediário e o premium. Lançou o topo de linha Magic6 Lite e o dobrável ultrafino Magic V3. A Vivo é conhecida por oferecer dispositivos sofisticados.

“As marcas chinesas têm preço acessíveis e produtos de tecnologia muito avançada, com alto acabamento, design e câmera potente”, afirma In Hsieh.

A primeira das grandes fabricantes a montar operação comercial no Brasil foi a Xiaomi, em 2015. Associada à B2W Digital, que fazia parte do grupo da Lojas Americanas, ela ficou pouco mais de um ano no país, e só voltou em 2019.

A entrada de concorrentes irá beneficiar o consumidor final, segundo Luciano Barbosa, head de operações da DL, responsável pela Xiaomi no Brasil. “Chegar é uma coisa, mas entender o Brasil é completamente diferente. Este ano e 2026 serão muito importantes para validar a estratégia de cada uma dessas marcas no país”, disse.

O responsável pela operação da Honor no Brasil, Eduardo Garcia, afirma que o mercado local é concentrado, com quase 80% das vendas concentradas em dois fabricantes. Ele vê espaço para novas marcas competirem.

“Vai ficar mais parecido com o resto do mundo”, analisa. “Lá fora, na Europa, Ásia e outras regiões, cada um tem 20%, 21%”.