![Jean-François Kahn, então editor-chefe da “News Literary”, em Paris, em novembro de 1979.](https://img.lemde.fr/2025/01/23/0/0/5160/3416/664/0/75/0/6f9a692_sirius-fs-upload-1-lqqf5iroqeze-1737666533670-choix-gamma-ga141391-02.jpg)
Nas noites de encerramento, Jean-François Kahn trazia um pianista ou um acordeonista. O cara chegou em meio à fumaça e ao estresse do último trabalho escrito e sentou-se diante do instrumento. E aí, relendo praticamente todo o jornal – Notícias Literárias, Evento de quinta-feira (EDJ) ou Marianadependendo da época – “JFK”, como era comumente chamado, levava a redação a cantar um repertório improvável misturando grandes árias de ópera ou peças de opereta e hinos revolucionários russos ou canções esquecidas do IIIe República que só ele sabia de cor. “O leitor sente alegria quando um jornal é produzido”ele professou, com uma risada que era ao mesmo tempo infantil e estrondosa. Jornalista e chefe de imprensa, fundador da Evento de quinta-feira então MarianaJean-François Kahn morreu na quarta-feira, 22 de janeiro, aos 86 anos.
Os leitores eram sua obsessão. Até poucos anos atrás, Jean-François Kahn era obrigado a percorrer toda a França para realizar conferências em salas de eventos da subprefeitura diante de um público que envelheceu com ele, mas permaneceu fiel à sua verve, à sua erudição e ao seu humor. Isso às vezes lhe dava uma certa presciência sobre os acontecimentos no país, em meio às tiradas da mais má-fé que esse grande devorador de ideias saboreava como gourmet, como aqueles pratos ao molho que sempre adorou.
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