Matheus Leitão
Graças aos esforços do governo Lula, sobretudo na área ambiental, Mercosul e União Europeia concluíram, na semana passada, as negociações para firmar um acordo de livre comércio. Essa é mais uma prova de que o Estado Democrático de Direito difere das ditaduras por proteger minorias e adversários. O acordo beneficia diretamente os produtores rurais e o mercado financeiro brasileiros, dois setores que atuam como verdadeiro partido de oposição ao governo Lula.
Setores do agro e do mercado organizam eventos e prestam homenagens a autoridades do atual governo para manter portas abertas, influenciar decisões e obter informações. Na eleição, no entanto, eles se mobilizam em prol do campo mais à direita –que, nos últimos pleitos, foi encabeçado por Bolsonaro e sua agenda golpista. O campo democrático, portanto, não deixa de atuar em favor do país, ainda que isso também beneficie quem tenta boicotá-lo. Não é altruísmo, mas pragmatismo.
Contudo, há outras situações que ilustram essa diferença. Em 2023, já sob o governo Lula, a Polícia Federal impediu uma facção criminosa de levar adiante um plano para matar o senador oposicionista Sergio Moro e sua família. Como seria caso a PF ainda estivesse sob o controle de Bolsonaro, também desafeto de Moro?
Outros exemplos já haviam sido dados em mandatos anteriores. Apesar da grande apreensão em alguns setores da elite nacional, Lula nunca tentou nenhum tipo de golpe ou projeto que permitisse sua permanência no poder, nem mesmo quando desfrutava de quase 90% de popularidade. Depois, quando Dilma Rousseff foi alvo de impeachment, o PT entregou a presidência ao vice Michel Temer e fez oposição pela via institucional.
É certo que Lula e o PT não são perfeitos, como esta coluna tem demonstrado em diversos textos. Tanto o presidente quanto seu partido devem ao país uma retratação por escândalos de corrupção e projetos ineficientes de seus governos. Nunca, no entanto, tentaram um golpe de Estado como seus atuais adversários fizeram.