POLÍTICA
A promessa da picanha barata atormenta Lula
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Daniel Pereira
Apresentada na campanha passada como símbolo do compromisso do PT com o combate à inflação, a promessa de Lula de baratear o preço da picanha e do churrasco no fim de semana continua a assombrar o presidente. No período de doze meses encerrado em novembro, a inflação oficial atingiu 4,87%, acima do teto da meta fixada para este ano pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%.
O resultado contribuiu, junto com a escalada do dólar e o descontrole das contas públicas, para que o Banco Central (BC) anunciasse na última quarta-feira, 11, um aumento de um ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, a fim de conter a onda inflacionária. Em novembro, o aumento dos preços foi puxado pelas passagens aéreas e — aí está o desafio de Lula — pelo grupo alimentos e bebidas, que registrou alta de 1,55%. No caso específico das carnes, o encarecimento foi de 8%.
Fatura salgada
Pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira, horas antes da decisão do BC sobre juros, revelou o grau de insatisfação com a carestia. Do total de entrevistados, 68% disseram que o poder de compra dos brasileiros hoje é menor do que há um ano. Em outubro, eram 61%. Já 78% afirmaram que o preço dos alimentos nos mercados subiu, ante 65% em outubro.
A inflação é tão preocupante que o BC já anunciou que aumentará a taxa básica de juros em um ponto percentual em cada uma das próximas duas reuniões em que tratar do tema. Apesar de o PT sempre minimizar o problema, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dá a ele a dimensão correta, por entender que, se não for debelado, pode neutralizar os efeitos positivos decorrentes do aumento do emprego e da renda do trabalhador.
Perguntados sobre o desempenho da economia nos últimos doze meses, só 27% responderam que melhorou, ante 33% em outubro. Esse sentimento de reprovação é substituído por um tanto de otimismo sobre o futuro, já que subiu de 45% para 51% o total dos que apostam que a economia melhorará no próximos doze meses. O desafio do governo é não frustrar promessas e expectativas. Não será fácil se a conta do supermercado — e do churrasquinho — continuar salgada.
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De senador a Lula: ‘Flávio Dino é mesmo seu amigo?’
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14 de dezembro de 2024Marcela Mattos
O presidente Lula teve de convocar às pressas uma reunião com os principais caciques do Congresso na última segunda-feira, 9, para tentar aplacar a crise com o Congresso envolvendo as emendas parlamentares. O impasse foi gerado após uma série de decisões do ministro Flávio Dino, cuja atuação à frente do Supremo Tribunal Federal (STF) discutida durante o encontro.
Na reunião, Lula já não se sentia bem. O presidente dava sinais de abatimento e relatava sentir dor de cabeça, mas precisava resolver o problema com os congressistas. Ele saiu do encontro um pouco mais cedo e foi direto ao hospital. Ao ser constatada uma hemorragia, decorrente de um acidente doméstico que teve em outubro, ele foi levado para São Paulo e passou por uma cirurgia no crânio na mesma madrugada.
A urgência do encontro com os parlamentares foi motivada pela negativa do ministro Flávio Dino a uma ação da Advocacia-Geral da União (AGU), o braço de defesa do governo. O órgão pedia a reconsideração de decisão que liberou o pagamento das emendas parlamentares, bloqueadas por ordem do ministro desde agosto, mas que trazia uma série de exigências para a aplicação dos recursos, dificultando a liberação das verbas ainda neste ano.
A posição de Dino gerou irritação entre parlamentares e respingou no governo justamente no momento em que o Planalto precisa aprovar num prazo exíguo o pacote de ajuste fiscal, medida que encontra resistência inclusive entre os aliados. Deputados e senadores entram em recesso já no fim da próxima semana, com previsão de retomarem os trabalhos apenas em fevereiro.
Congresso vê tabelinha Dino-Lula
Na conversa com Lula, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) levaram ao presidente a mensagem de que, no Congresso, é grande a suspeita de que Dino e Planalto fazem um jogo combinado. Lula, como se sabe, já questionou algumas vezes o tamanho da verba destinada a deputados e senadores – neste ano, o montante chegou à cifra de 50 bilhões de reais.
Governistas, então, rebateram dizendo que seria um grande erro do governo tomar qualquer iniciativa que sabidamente incomodaria num momento em que eles mais precisam do Congresso. Foi aí que a atuação de Dino foi questionada. O senador Otto Alencar (PSD-BA) tentou desanuviar o ambiente fazendo uma piada. “Presidente, o Flávio Dino é mesmo seu amigo?”, questionou, indicando que, apesar da relação antiga, Dino estaria atrapalhando. Lula apenas esboçou um sorriso e não levou o assunto adiante.
Interlocutores do governo afirmam que o presidente chegou a procurar Flávio Dino para dizer que precisava de ajuda e que a boa relação com o Congresso dependia disso. O ministro, porém, rejeitou o pedido da AGU, sob o argumento de que os pactos políticos “não são superiores à Constituição”.
Houve duas interpretações ao parecer. Do lado político, o caldo entornou de vez e, na sequência, uma manobra impediu a leitura do relatório que regulamenta a reforma tributária. Mas, no encontro com Lira e Pacheco, o ministro Rui Costa explicou que a decisão de Dino não era tão dura assim e que ela inclusive criava condições para a liberação imediata das emendas ainda neste ano.
O chefe da Casa Civil também prometeu a edição de uma portaria que abrisse o caminho para o despejo de cerca de 7 bilhões de reais ainda neste ano – o documento, como prometido, foi tornado público em menos de 24 horas. Dino não teve nenhuma objeção ao parecer do governo, que já começou a depositar o dinheiro e, assim, conseguiu melhorar o ânimo do Congresso.
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Presidente do PT e ministros comemoram prisão de B…
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14 de dezembro de 2024Ludmilla de Lima
Ministros do governo Lula, como o de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), reagiram com comemoração à prisão do general Walter Braga Netto, na manhã deste sábado, no Rio. “Grande dia”, escreveu Padinha nas redes. “Mais um passo foi dado pela Justiça brasileira e pela Polícia Federal para mostrar que seremos firmes com a punição contra aqueles que organizaram a tentativa de golpe no país que assassinaria pessoas como o presidente eleito, o vice-presidente eleito e ministro do Supremo Tribunal Federal”, falou o ministro num vídeo nas redes.
Ele defendeu que não haja anistia para os envolvidos na trama da tentativa de golpe de Estado em 2022, que, segundo as investigações, pretendia manter Jair Bolsonaro no poder. Braga Netto foi ministro de Bolsonaro e seu candidato a vice na última eleição presidencial.
Já Gleisi citou o caso do dinheiro que teria sido entregue numa caixa de vinho pelo general da reserva para financiar o plano de assassinato de autoridades. “Braga Netto foi preso preventivamente porque tentou atrapalhar as investigações da polícia, isso depois de todos saberem que entregou dinheiro vivo em caixas de vinho, participando de plano pra matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Queriam se manter no Governo a qualquer custo, para continuar a venda do país”, escreveu a dirigente petista.
Braga Netto foi preso pela Polícia Federal por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele teria atuado para obter informações sigilosas da delação do ex-ajudante de ordem Mauro Cid e atrapalhar as investigações. Gleisi termina o texto publicado nas redes tratando de Bolsonaro, dizendo que “com essa gente não pode haver impunidade. Punição para todos, a começar pelo chefe inelegível. Sem anistia”.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lembrou que sua irmã Marielle Franco era contra a intervenção federal na segurança do Rio liderada por Braga Netto. A ex-vereadora havia assumido, poucos dias antes de ser assassinada, em março de 2018, a relatoria de uma comissão criada na Câmara para acompanhar a a ação dos militares. “Em 2018, Marielle se levantava contra a intervenção no Rio e seu interventor General Braga Netto. Buscando a defesa da vida e proteção da democracia”, escreveu Anielle, completando. “Quase 7 anos depois, o mesmo general agora é réu e foi preso por uma tentativa de golpe contra nosso país”.
Chefe da Secom, Paulo Pimenta também se manifestou: “O dia amanheceu com Braga Netto preso. Que todos os golpistas sejam investigados, julgados e responsabilizados por atentarem contra a contra a nossa democracia!”, postou o ministro.
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Mourão defende Braga Netto e diz que prisão é ‘atr…
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14 de dezembro de 2024 Ludmilla de Lima
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice de Jair Bolsonaro (PL) na presidência, chamou neste sábado a prisão do general Walter Braga Netto de “atropelo das normais legais”. O político e general da reserva usou as redes para tratar brevemente do caso, que, até o começo desta tarde, não contou com manifestações da família Bolsonaro.
Para Mourão, “o general Braga Netto não representa nenhum risco para a ordem pública”. Na postagem, ele concluiu que “a sua prisão nada mais é do que uma nova página no atropelo das normais legais a que o Brasil está submetido”.
De acordo com a Polícia Federal, o ex-ministro chefe da Casa Civil e da Defesa de Bolsonaro foi preso preventivamente porque estaria atuando para atrapalhar as investigações sobre a trama golpista que tinha o objetivo de manter Bolsonaro no poder. O general da reserva, envolvido na tentativa de golpe, era vice na chapa do ex-presidente na eleição de 2022.
Bolsonaro e alguns dos seus filhos seguem ativos nas redes sociais, mas em silêncio sobre Braga Netto neste sábado. O ex-presidente se limitou a postagens criticando o presidente Lula no campo econômico e falando sobre iniciativas da sua gestão.
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