Com a proximidade das eleições nos EUA, o dólar abriu em alta nesta quarta-feira (23) com o mercado na expectativa do que ocorrerá na disputa presidencial entre Donald Trump e Kamala Harris.
Além disso, os investidores aguardam novos dados da economia no país para saber o tamanho do corte nos juros na próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), marcada para 6 e 7 de novembro.
Com este panorama, a moeda norte-americana abriu com valorização de 0,5%, cotada a R$ 5,7250, às 9h05. Na terça-feira (22), o dólar oscilou em margens estreitas até encerrar a sessão praticamente estável no Brasil. A moeda fechou com variação de 0,07%, a R$ 5,696, com investidores repercutindo o anúncio de arrecadação recorde para o mês de setembro no Brasil.
Já a Bolsa caiu 0,31%, aos 129.951 pontos, refletindo o viés negativo dos mercados acionários globais, com Bolsas da Europa em queda. Esse foi o menor patamar de fechamento desde 8 de agosto, após marcar 129.094 pontos na mínima e 130.345,51 pontos na máxima do dia.
A arrecadação do governo federal atingiu R$ 203,17 bilhões em setembro, um aumento real de 11,61% em comparação ao mesmo período de 2023. Esse resultado representa um novo recorde para o mês, superando as expectativas do mercado.
O impacto positivo foi limitado em grande parte devido a preocupações persistentes com o cenário fiscal e as expectativas de aumento da dívida pública.
O mercado doméstico segue preocupado com a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas. Planos de corte de gastos, anunciados na semana passada pela ministra Simone Tebet (Planejamento) e pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), devem ser detalhados após o segundo turno das eleições presidenciais, em 27 de outubro.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos, explicou que a arrecadação recorde, por si só, não foi suficiente para animar os mercados. Segundo ele, o mercado está mais preocupado com cortes de custos e o equilíbrio fiscal.
“A arrecadação é boa até certo ponto, mas acontece por causa de benefícios do governo que aquecem a economia no curto prazo, enquanto podem prejudicá-la no médio e longo prazo, aumentando a inflação. Com isso, os juros podem subir, e o mercado já está ciente disso, o que limita a reação positiva”, afirma.
Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos, destacou que o cenário fiscal foi a principal pressão sobre os mercados, com a expectativa de elevação da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto).
“Embora o resultado da arrecadação tenha sido acima do esperado, o mercado está sob pressão do risco fiscal. A forte arrecadação não é suficiente para reverter a trajetória de aumento da dívida pública e dos gastos. Com a previsão de desaceleração econômica, a arrecadação futura pode ser impactada, o que preocupa os investidores”, explica.
No contexto internacional, os investidores permaneceram cautelosos, enquanto aguardavam novos dados econômicos dos Estados Unidos e a divulgação do Livro Bege (relatório sobre as atuais condições econômicas dos EUA), previsto para esta quarta.
A proximidade das eleições americanas está no radar. As apostas do mercado em uma vitória do Partido Republicano no início de novembro têm aumentado de forma significativa na plataforma Polymarket, ferramenta utilizada pelos investidores para observar a dinâmica do pleito.
As propostas de aumento tarifário de Trump e corte de impostos são consideradas inflacionárias, o que, na política monetária, significa juros altos por mais tempo —algo positivo para o dólar.
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