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Acordo Mercosul-UE: os destaques das negociações 2023-2024
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Agência Brasil
O anúncio nesta sexta-feira (6) do acordo de livre comércio para redução das tarifas de exportação entre o Mercosul e a União Europeia marca a conclusão das negociações, que se arrastavam há 25 anos.
Segundo o Palácio do Planalto, a etapa negociadora iniciada em 2023 ocorreu em um contexto político e econômico distinto, marcado pela experiência da pandemia, pelo agravamento da crise climática e pelo acirramento de tensões geopolíticas, elementos que ofereceram um novo pano de fundo para as negociações.
“Além disso, o governo do presidente Lula entendeu necessário realizar ajustes específicos aos termos negociados em 2019 a fim de tornar o acordo mais favorável aos interesses brasileiros”, diz comunicado do Palácio do Planalto.
As negociações retomadas em 2023 dedicaram-se a elaborar novos textos para temas que os dois lados aceitaram incorporar ao acordo, especialmente nas áreas de comércio e desenvolvimento sustentável; mecanismo de reequilíbrio de concessões; cooperação e revisão do acordo.
A retomada das negociações, ainda segundo o Planalto, também serviram para adaptar termos que haviam sido pactuados anteriormente, a fim de tornar o documento mais adequado ao quadro político e econômico atual, especificamente nas áreas de compras governamentais, comércio de veículos, exportação de minerais críticos e direitos autorais; e para concluir a negociação de temas que permaneciam em aberto desde 2019, especificamente nas áreas de indicações geográficas e regras sobre a implementação do acordo.
Desenvolvimento sustentável
Entre os pontos acordados na etapa negociadora iniciada em 2023, está o novo anexo ao capítulo sobre Comércio e Desenvolvimento Sustentável, reforçando o compromisso dos dois lados com a agenda ambiental, social e econômica.
O Mercosul e a UE acordaram uma série de compromissos de proteção ao meio ambiente e de promoção do trabalho decente e também se comprometeram a adotar ações para a promoção de produtos sustentáveis no comércio birregional, promovendo oportunidades para pequenos produtores, cooperativas, povos indígenas e comunidades locais.
O novo anexo também conta com seção dedicada à promoção de cadeias de valor sustentáveis para a transição energética.
Pela primeira vez, um acordo comercial do bloco sul-americano contará com dispositivos sobre comércio e empoderamento feminino, para favorecer a cooperação e troca de melhores práticas em políticas que promovam a participação das mulheres no comércio internacional.
Também houve compromisso com abordagem cooperativa a respeito de medidas sustentáveis domésticas que impactam o comércio.
No novo anexo de Comércio e Desenvolvimento Sustentável, a UE se comprometeu a utilizar os dados de autoridades do Mercosul na avaliação da compatibilidade das importações provenientes do bloco sul-americano com requisitos de conformidade estabelecidos por legislações do bloco europeu. Esse compromisso é um reconhecimento da qualidade dos dados produzidos por instituições dos países do Mercosul para a implementação de legislações europeias.
As partes também reconheceram que as medidas ambientais que impactam o comércio devem ser consistentes com os acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), não devem constituir restrição disfarçada ao comércio e devem ser baseadas em informações técnicas e científicas. As partes acordaram que o novo anexo negociado não implica endosso das exigências ambientais adotadas por um lado e outro, reservando-se, nesse contexto, seus direitos no âmbito da OMC.
Outro destaque do acordo foi com relação a compras governamentais como instrumento de política industrial e desenvolvimento econômico. “Diante do reconhecimento da importância de compras governamentais como instrumento para o desenvolvimento econômico e industrial, o capítulo de Compras Governamentais foi objeto de renegociação entre Mercosul e UE na etapa negociadora iniciada em 2023. O Brasil propôs ajustes nos termos que haviam sido tratados no passado, com vistas a preservar o uso do poder de compra do Estado como ferramenta da nova política industrial brasileira. Dentre os ajustes promovidos, merece destaque a completa exclusão das compras realizadas pelo Sistema Único de Saúde; a preservação da possibilidade de encomendas tecnológicas, importante política de fomento à inovação; a eliminação de restrições temporais ao uso de offsets tecnológicos e comerciais; a manutenção de espaço para políticas de incentivo a micro e pequenas empresas e agricultura familiar; e a preservação de margens de preferências para produtos e serviços nacionais”, diz o comunicado.
Setor automotivo
Outra negociação foi no setor automotivo com eliminação tarifária em período mais longo. Segundo o Planalto, com novas rotas tecnológicas para viabilizar a transição energética, o setor automotivo passa por transformação importante mundo afora. Nesse cenário, e diante da importância do setor para o Brasil, o Mercosul negociou condições mais flexíveis para a redução tarifária para veículos eletrificados e para veículos de novas tecnologias, mesmo as ainda não disponíveis comercialmente. Nessa etapa negociadora, o bloco sul-americano destacou certos veículos do cronograma aplicável a veículos a combustão, anteriormente definido com eliminação de tarifas em 15 anos.
“Para veículos eletrificados, a desgravação passará a se dar em 18 anos. Para veículos a hidrogênio, o período será de 25 anos, com 6 anos de carência. Para novas tecnologias, 30 anos, com 6 anos de carência. Até esta etapa negociadora, nenhum cronograma de desgravação era superior a 15 anos”, explica o comunicado do Palácio do Planalto.
“Foi estabelecido um mecanismo inédito de salvaguardas com vistas a preservar e ampliar investimentos automotivos. Caso venha a haver um aumento de importações europeias que causem dano à indústria, o Brasil pode suspender o cronograma de desgravação de todo o setor ou retomar a alíquota aplicável às demais origens [hoje, de 35%] por um período de 3 anos, renovável por mais 2 anos, sem necessidade de oferecer compensação à União Europeia. A avaliação levará em conta parâmetros como o nível de emprego, volumes de venda e produção, capacidade instalada e grau de ocupação da capacidade do setor automotivo. Esta salvaguarda de investimentos automotivos é mais facilmente acionável do que a salvaguarda geral prevista no Acordo”, diz o Planalto.
Segundo o comunicado, de forma inédita, foi agora estabelecido um mecanismo para evitar que medidas unilaterais das partes prejudiquem o equilíbrio estabelecido no acordo, uma vez que tais medidas têm o potencial de comprometer concessões comerciais negociadas e desequilibrar o resultado acordado. Após o “acordo político” de 2019, a União Europeia adotou legislações que, a depender da forma como sejam implementadas, poderão romper o equilíbrio refletido no entendimento de 2019 naqueles temas que não foram renegociados na etapa iniciada em 2023. É o caso, por exemplo, das cotas oferecidas pela UE para a exportação de carnes do Mercosul, que não foram reabertas na etapa de 2023.
Estabeleceu-se que uma arbitragem definirá se houve esvaziamento dos compromissos assumidos e em que montante, independentemente de ter havido violação ou não do acordo. Se for o caso, a parte que restringiu o comércio deve oferecer compensações comerciais (abertura de mercado) ao outro lado. Se não houver acordo quanto à compensação, há direito a “retaliação” (suspensão de benefícios previstos no acordo), no montante definido em arbitragem, com vistas a restabelecer o equilíbrio do pacto.
Com base no pacote negociado em 2023-2024, o processo de revisão da implementação do acordo passa a ser mais inclusivo. A revisão, que tem como objetivo avaliar os impactos do pacto no emprego, investimento e comércio entre as partes, deverá considerar opiniões e recomendações de atores da sociedade civil, como ONGs, organizações empresariais e de empregadores, movimentos sociais e sindicatos. O exercício periódico de revisão dos impactos do acordo poderá levar os governos das partes a negociar emendas ao texto.
Junto com a conclusão do acordo, a UE oferecerá pacote para apoiar países do Mercosul na implementação do pacto, em particular em seus aspectos comerciais, tendo em conta a importância em particular de apoiar setores mais vulneráveis. Esse compromisso está associado à conclusão de um Protocolo de Cooperação, sob o qual Mercosul e União Europeia colaborarão para definir as prioridades dos programas a serem apoiados.
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De uma varanda, uma vista panorâmica da rue Lepic e dos corredores
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27 de dezembro de 2024Na escala da falta de profissionalismo, subi bastante no sábado, 3 de agosto de 2024, e devemos torcer pela ofensa prescrita. Era preciso contar, naquele dia, a conivência de duas provas muito diferentes, os Jogos Olímpicos e o Tour de France, num local que nunca acolheu nem um nem outro: a colina de Montmartre.
Dizia-se que teríamos que chegar cedo, por razões aritméticas: menos de dois metros de calçada na rue Lepic, apenas 800 metros de subida, apenas oitenta e dois minutos de TGV de Bruxelas, e uma vida inteira de espera antes da próxima rodada do evento olímpico de ciclismo em Paris. Às 10h, os cautelosos holandeses já haviam pendurado a bandeira tricolor nas barreiras no final da rua.
Não é uma competição, mas já cobri algumas vezes o Tour de France. Um pouco mais que Albert Londres (edição da qual tirou uma história que fez o seu caminho) e muito menos que Antoine Blondin (26, ou seja, 530 flashes de genialidade para A equipe). Passamos pelos jatos de cerveja na janela do carro, vimos eslovacos vestidos de dinossauros, passamos pelos caras que subiam o desfiladeiro em bicicletas dobráveis, contornamos os tanques da caravana publicitária com seus motores fumegantes.
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Avião da Embraer que caiu é usado por gigantes do setor – 27/12/2024 – Mercado
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27 de dezembro de 2024O E190, jato comercial da Embraer, faz parte da família dos E-Jets e é utilizado para voos de distâncias mais curtas, entre países vizinhos, por exemplo. Uma aeronave desse modelo, operado pela Azerbaijan Airlines, pode ter sido atingida por míssil da Rússia e caiu no Cazaquistão na última quarta-feira (25), deixando 38 mortos.
Com capacidade para até 114 passageiros, o avião começou a ser produzido em 2004, de acordo com a Embraer. O modelo é fabricado até hoje.
O alcance do E190 chega a 4.537 km, distância mais que suficiente para voos regionais. É possível fazer o trajeto entre Brasília e Buenos Aires ou entre Dallas (EUA) e Nova York, por exemplo.
Além da Azerbaijan Airlines, o modelo é utilizado por grandes companhias aéreas ao redor do mundo, como a Aerolíneas Argentinas, a Air France e a americana JetBlue.
Em seu site, a holandesa KLM diz que o E190 é ideal para voos mais curtos entre destinos dentro da Europa. A companhia utiliza a aeronave para voos com destino a Florença (Itália), Bilbao (Espanha) e Dublin, a depender da temporada.
Na década passada, a Embraer lançou o E190-E2, uma versão mais moderna do jato comercial. Também com capacidade de até 114 passageiros, a aeronave consome menos combustível e produz menos ruídos.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (26), a Azerbaijan Airlines disse que investigações preliminares apontam que o avião que caiu no Azerbaijão sofreu interferência externa, física e técnica. A companhia suspendeu vários voos para a Rússia.
Uma das hipóteses é de que a aeronave pode ter sido vítima da defesa antiaérea da Rússia. Relatos de investigadores do Azerbaijão indicam que o avião foi abatido acidentalmente por um míssil.
O voo J2-8243 havia saído de Baku, capital do Arzebaijão, com destino a Grozni, capital da república da Tchetchênia, na Rússia.
O avião foi forçado a fazer um pouso de emergência a 3 km de Aktau, cidade que fica na margem oposta do mar Cáspio em relação ao Azerbaijão e à Rússia.
Em comunicado, a Embraer afirmou que está acompanhando de perto a situação e disse estar totalmente empenhada em apoiar as autoridades competentes.
Com Reuters.
Folha Mercado
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Planos de Hogmanay estão em risco com a emissão de alerta de mau tempo para a Escócia | Escócia
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27 de dezembro de 2024 Robyn Vinter
Um alerta de mau tempo ameaça prejudicar os planos do Hogmanay em todo o país. Escócia enquanto o país se prepara para 48 horas de fortes chuvas.
O Met Office emitiu um alerta meteorológico amarelo para chuva cobrindo toda a Escócia, exceto Orkney e Shetland, nos dias 30 e 31 de dezembro, com “perturbações significativas” esperadas a partir das primeiras horas de segunda-feira.
As chuvas podem provocar cortes de energia e inundações na preparação para os eventos de ano novo, disse o meteorologista, embora as celebrações do Hogmanay em alguns lugares possam ser poupadas devido à incerteza sobre quais áreas serão as mais afetadas.
É provável que outros avisos meteorológicos sejam implementados mais perto da hora, disse o Met Office.
Enquanto isso, restrições de tráfego aéreo foram implementadas em vários aeroportos do Reino Unido por causa do nevoeiro, disse o principal provedor de controle de tráfego aéreo do país, Nats, na sexta-feira. Gatwick, o segundo aeroporto mais movimentado do Reino Unido, está entre os afetados, assim como Manchester, com longos atrasos para quem pretende viajar.
Um porta-voz do Nats disse: “Devido ao nevoeiro generalizado, restrições temporárias ao tráfego aéreo estão em vigor em vários aeroportos do Reino Unido hoje. Restrições deste tipo só são aplicadas para manter a segurança. Continuamos monitorando a situação e temos um especialista do Met Office integrado em nossa operação para garantir que tenhamos as informações mais recentes disponíveis.”
Partes do Welsh Grand National em Chepstow na sexta-feira também foram totalmente obscurecidas pelos telespectadores pela densa neblina, assim como a partida de futebol do Stoke City contra o Leeds United no dia anterior.
A neblina deverá permanecer sobre a Inglaterra e o País de Gales até o ano novo, disseram os meteorologistas.
Na maior parte da Escócia, é possível chover até 70 mm e até 140 mm em alguns lugares, como o oeste da Escócia. A neve também é uma possibilidade no norte e em terrenos mais elevados, e os ventos fortes podem trazer mais perturbações, especialmente na terça-feira.
Neil Armstrong, meteorologista-chefe do Met Office, disse: “A partir de domingo começaremos a ver fortes chuvas afetando partes do noroeste da Escócia.
“Depois de uma breve pausa, mais chuvas e ventos fortes ocorrerão na segunda e terça-feira em toda a Escócia, à medida que outra área de baixa pressão se aproxima. Isto pode ser acompanhado por fortes nevascas nas montanhas e talvez em altitudes mais baixas.”
A partir do dia de Ano Novo, as condições instáveis e o vento, a chuva e a neve potencialmente perturbadores poderão dirigir-se para sul, para Inglaterra e País de Gales.
Muitas vilas e cidades escocesas realizam eventos públicos ao ar livre para o Hogmanay, a celebração escocesa do final do ano, apesar da possibilidade de serem traídas pelo clima.
Ao lado do famoso Edimburgo festa de rua, a banda Texas fará um grande concerto ao ar livre no Princes Street Gardens da cidade na véspera de Ano Novo, com um musical em cada lado dos fogos de artifício à meia-noite.
Em 2003, o Hogmanay de Edimburgo, o maior do mundo, foi cancelado no último minuto devido a ventos fortes, neve e chuva, decepcionando 100 mil foliões, muitos dos quais já estavam reunidos lá.
Pouco mais de uma hora antes da meia-noite, todo o evento foi cancelado, assim como o show de Ano Novo do Erasure, porque os fortes ventos tornaram o palco inseguro.
Os relatórios da época diziam que o conselho da cidade de Edimburgo não conseguiu obter uma previsão do tempo precisa com antecedência, que poderia ter sido comprada por £ 17 no Met Office. No ano seguinte, ansioso para não repetir o erro, o conselho empregou o seu próprio previsor, e Hogmanay seguiu em frente conforme planejado.
No entanto, em 2007, as celebrações foram novamente canceladas em Edimburgo, Glasgow e Stirling, quando a segurança pública não pôde ser garantida devido a outra grande tempestade.
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Leia Mais: The Guardian
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