Boletim de Ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal identifica a vítima da explosão desta quarta-feira (13) como Francisco Wanderley Luiz, que é o proprietário do carro que explodiu no estacionamento próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados.
O boletim diz que houve explosão e auto lesão fatal, ocorrida nas imediações do Supremo Tribunal Federal, por volta das 19h30.
Segundo o documento, um explosivo que estava em sua mochila foi detonado junto ao seu corpo.
“A segunda explosão, segundo informações do momento, ocorreu no local onde um veículo estava estacionado, em uma via auxiliar, desconhecida”, diz o boletim.
“Outros dados a respeito da vítima foram obtidos, tendo sido possível identificar uma possível motivação,
tendo em vista o conteúdo político de postagens no perfil de Francisco em suas redes sociais.”
“Em mensagens aparentemente compartilhadas por meio do aplicativo de mensageria Whatsapp, é possível notar que algumas delas tem conteúdo que antecipavam o ocorrido no dia de hoje, manifestando previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições”, aponta o boletim.
O documento diz que a equipe da polícia civil apurou que Francisco se aproximou da sede do STF, abriu a jaqueta e mostrou a um segurança que carregava explosivos.
Em seguida, lançou alguns deles em direção ao prédio, que não atingiram devido à distância. Depois, “deitou-se e posicionou o último por debaixo de sua cabeça, até que houve a explosão fatal”.
Em depoimento, o segurança disse que “o indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua”.
“O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem”, afirmou o segurança à polícia.
O segurança, então, viu um objeto “semelhante a um relógio digital”. Francisco “saiu com os artefatos para a lateral e lançou dois ou três artefatos, que estouraram”. Depois disso, o segurança solicitou apoio imediato.
Por fim, segundo o relato, Francisco “deitou no chão acendeu o ultimo artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”.
Francisco foi candidato a vereador em 2020 pelo PL em Santa Catarina. Ele é chaveiro e disputou a eleição com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), mas não foi eleito.
A tentativa de se eleger ao Legislativo municipal em 2020 foi a única de Francisco. Ele gastou apenas R$ 500 em sua campanha, com serviços contábeis, e teve 98 votos.
Em sua página no Facebook, agora removida, se dizia empreendedor, investidor e desenvolvedor. Não constam crimes nem condenações contra ele em nenhuma instância.
Além do carro detonado, estacionado ao lado do anexo da Câmara dos Deputados, constam outros quatro no sistema de candidaturas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), três deles antigos. Constam, ainda, uma série de multas vencidas e pendentes, uma de recusa a teste de bafômetro, vinculadas ao carro agora destruído.
Antes desta quarta-feira (13), ele esteve nas dependências do STF em 24 de agosto.
Ao morrer, Francisco usava roupas com possível alusão à fantasia do personagem Coringa, vilão de histórias de quadrinhos.
Ele vestia uma calça e um terno de mesma estampa com os naipes de cartas de baralho, com o fundo de cor verde-escuro e, ao lado do corpo, foi encontrado um chapéu branco.
Nas redes sociais, Francisco fez postagens em tom ameaçador. Ele publicou no início da noite referências a bombas e explosões e disse que a Polícia Federal iria ter que desarmar o equipamento.
“Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda”, disse, em prints de telas de celular que postou em sua página no Facebook.
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