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Análise: Nobel lembra mundo do abismo nuclear que o cerca – 11/10/2024 – Mundo

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Análise: Nobel lembra mundo do abismo nuclear que o cerca - 11/10/2024 - Mundo

Nobel da Paz é como Oscar: sempre haverá alguém com um bom motivo para discutir a oportunidade ou o oportunismo de seu comitê, como o insólito diploma dado ao presidente americano Barack Obama em 2009 serve de testemunho.

O prêmio, afinal, é uma declaração política. De tempos em tempos, contudo, ele relembra o mundo acerca de causas essenciais. É o caso da láurea deste ano, para a organização japonesa de ativismo contra armas nucleares Nihon HidanPela kyo.

É a décima vez que o tema é objeto da premiação desde que a bomba nasceu em 1945: a primeira, em 1959, para o político britânico Philip Noel-Baker (1889-1982), e a mais recente antes da atual, para a Campanha Internacional pela Abolição de Armas Nucleares, em 2017.

É uma história em que o Brasil tem um honroso capítulo no trabalho do embaixador Sergio Duarte (1934-2024). De 2017 até sua morte, em julho passado, ele liderou as Conferências Pugwash —entidade premiada em 1995 pelo ativismo contra as armas nucleares.

Parece fixação, mas é apenas um lembrete de que o mundo está cercado por um abismo nuclear e que, recentemente, banalizou a prática de encará-lo com desassombro. Como escreveu o filósofo Friedrich Nietzsche em 1886, só para receber a mirada de volta.

Segundo a referencial FAS (Federação dos Cientistas Americanos, na sigla inglesa), há estimadas 12.121 ogivas nucleares no mundo, 90% delas em mãos dos rivais da Guerra Fria: os Estados Unidos e a Rússia, sucessora legal da União Soviética (1922-1991).

Dessas, 3.804 são do tipo estratégico, aquela cuja potência e missão visam acabar com as guerras, não tanto pelo seu uso que pode vaporizar cidades, mas pela lógica da dissuasão, o chamado equilíbrio do terror ou MAD, sigla inglesa para destruição mutuamente garantida que também forma a palavra “louco”.

Ela funcionou, aos trancos e barrancos, na Guerra Fria, que quase virou quente em 1962 e 1983. Também incentivou controles internacionais e esforços de não proliferação, sempre vistos por atores secundários como o Brasil como uma maneira de as potências seguirem impondo suas regras.

Não é mentira, mas a alternativa de um mundo com dezenas de regimes armados com a bomba sempre foi pior, tanto que os brasileiros acabaram por deixar os sonhos atômicos com o fim da ditadura em 1985.

Com isso, a previsão dos anos 1960 de que o mundo logo teria 25, talvez 30 países nucleares, não se cumpriu. Hoje, são nove, contando um Estado em plena guerra que não admite as 90 ogivas que opera, segundo a FAS.

Se o risco da proliferação fica evidente com o Irã, também engolfado nas chamas acesas pelo seu aliado Hamas no Oriente Médio, sempre a um passo de desenvolver a bomba, o prêmio aos japoneses remete à normalização das conversas sobre o emprego de armas nucleares pelas potências estabelecidas.

A atual tensão nuclear tem várias origens, sendo a ascensão da China como potência rival dos EUA na Guerra Fria 2.0 e a assertividade de Vladimir Putin ante o que considera ameaça ocidental às fronteiras de seu país o contexto de início do atual ciclo.

Foi Donald Trump, sempre ele, que chutou a bola primeiro, contudo: em seu governo (2017-2021), ele iniciou o desmonte do arcabouço de controles do fim da Guerra Fria que manteve o risco de uma guerra à distância.

Deixou dois dos três principais tratados sobre o tema, alegando uma correta obsolescência deles ao não incluir a China, mas sem oferecer opções. O último sobrevivente, o Novo Start, está em morte cerebral desde que Putin congelou a participação russa nele em 2023.

Trump também abriu a caixa de Pandora do uso de armas táticas, teoricamente de ação reduzida ao campo de batalha, o que qualquer teórico nuclear considera insano dada a provável escalada subsequente. Determinou a instalação de ogivas menores em mísseis lançados por submarino.

Tudo isso levou a uma nova corrida, que a guerra de Putin tornou especialmente perigosa, dado que desde os dias que a antecederam o russo já brandia a carta de seu mega-arsenal contra quem tentasse impedi-lo. De lá para cá, estimulou a ideia de que pode usar a bomba e até armou sua vizinha Belarus com algumas.

Isso é criticado como blefe, mas o fato de o Kremlin ter mudado sua doutrina de uso da bomba para empregá-la como retaliação a ações convencionais não deve ser ignorado. No mais, o Ocidente seguiu a dança, deixando toda ameaça russa com uma resposta, gerando um perigoso ciclo. E não é só Putin.

Os sempre cautelosos chineses, por exemplo, testaram recentemente pela primeira vez desde os anos 1980 um míssil intercontinental.

A Otan, aliança militar liderada pelos EUA, tem discutido abertamente aumentar seu arsenal de armas táticas na Europa, e na segunda (14) fará seu exercício anual de ataque nuclear em meio a um ambiente crispado. O Pentágono fala abertamente em cenários de confronto com russos e chineses.

Isso sem falar da nuclear aliada sino-russa Coreia do Norte, que há pouco declarou a vizinha do Sul um país hostil. Se a retórica de Kim Jong-un fala mais sobre sua sobrevivência no poder, é tolice ignorar os riscos, ainda mais com Seul e Washington dobrando a aposta com ameaças nucleares próprias.

Desta forma, o Nobel para os japoneses, moradores do único país a sentir o fogo nuclear, será lido como uma advertência apenas a Putin e seus amigos. Mas ela serve para todo o mundo: a leitura do best-seller “Guerra Nuclear: Um Cenário”, da americana Anne Jacobsen, lembra que em 72 minutos a existência humana na Terra pode estar comprometida.

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Cigarro e vape são riscos para a saúde dos pets – 03/02/2025 – Bom Pra Cachorro

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Cigarro e vape são riscos para a saúde dos pets - 03/02/2025 - Bom Pra Cachorro

Lívia Marra

Cães e gatos que convivem com tutores fumantes podem desenvolver problemas de saúde. Além do cigarro convencional, o vape também deve ser motivo de preocupação.

A exposição dos animais às toxinas pode levar a doenças respiratórias e alguns tipos de câncer, afirma Karin Botteon, médica-veterinária e gerente técnica da área de pets da Boehringer Ingelheim.

“É de conhecimento de literatura, que assim como seres humanos, os animais que convivem com fumantes também se tornam ‘fumantes passivos’”, diz a especialista. Os efeitos podem ocorrer mesmo que o tutor fume em ambientes abertos e longe dos animais, já que os resíduos do tabaco ficam sobre a pele, roupas, móveis e chão.

Embora proibidos pela Anvisa, os vapes são uma realidade no país. Para os pets, os riscos são também de ingestão acidental do equipamento ou de refil, o que pode causar intoxicação, envenenamento e até obstrução do trato digestivo.

Segundo a veterinária, um agravante no caso dos cigarros eletrônicos está no fato de o líquido contar com xilitol na composição, um adoçante artificial que pode causar alterações sanguíneas e danos ao fígado do animal.

Por isso, Karin alerta para a limpeza do equipamento e o descarte, assim como o armazenamento correto também de carregadores e baterias, para evitar que o pet tenha contato e consequentes problemas gastrointestinais.

Pet e cigarro

Como o blog já mostrou, cães com doenças respiratórias pré-existentes e que inalam fumaça de cigarros podem ter os seus sintomas agravados. E, segundo a veterinária, eles tendem a apresentar alterações pulmonares semelhantes às encontradas nos seres humanos fumantes.

Os problemas variam conforme a raça. Cachorros de focinho longo tendem a acumular mais partículas na narina, o que os coloca em um risco aumentado de câncer nasal; já os de focinho muito curto não filtram tanto as partículas que chegam mais facilmente aos pulmões, elevando a chance de câncer neste órgão.

Já os gatos que convivem com fumantes têm mais chance de desenvolver carcinoma de células escamosas na cavidade oral, um tipo agressivo de câncer.

Além disso, felinos ficam expostos a partículas nocivas dos cigarros pelo fato de se lamberem com frequência para manutenção da higiene.

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A loucura das quantidades dos estágios da Euro 2016, superdimensionados e “nunca realmente lucrativos”

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A loucura das quantidades dos estágios da Euro 2016, superdimensionados e "nunca realmente lucrativos"

Durante a partida nacional 2 entre os Girondins de Bordeaux e os Voltigeurs de Châteaubriant no Matmut Atlantique Stadium, 21 de setembro de 2024.

Apenas 10.500 espectadores, em um estádio cortado para acomodar quatro vezes mais. Sábado 1é Fevereiro, para a partida nacional 2, a quarta divisão de futebol, entre os Girondins de Bordeaux e o futebol de Vendée Les Herbiers, as multidões eram modestas no Atlantic Matmut. Deve -se dizer que os belos dias da marinha e do branco pertencem ao passado. Em falência, O clube foi relegado ao National 2, em agosto de 2024.

Esse rebaixamento não deixa de ter impacto na situação financeira do próprio estádio. Seu gerente, Stade Bordeaux Atlantique (SBA), uma subsidiária da Vinci concessões e grupos Fayat, já estruturalmente em déficit, acusou o anúncio, em dezembro de 2024, da perda de apoio financeiro de Matmut (2 milhões de euros por ano) e deve ser levado a uma falência.

Além dos elementos relacionados à situação esportiva dos Girondins, esse “caso” é sintomático do que aconteceu com alguns dos estágios construídos ou reformados por instigação do governo francês, após a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha e na perspectiva da perspectiva da O euro de futebol de 2016, em casa.

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Rubio recebe a decisão do Panamá para sair do plano de infraestrutura chinesa como ‘grande passo adiante’ | Panamá

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Rubio recebe a decisão do Panamá para sair do plano de infraestrutura chinesa como 'grande passo adiante' | Panamá

Reuters

Secretário de Estado dos EUA Marco Rubio Acolheu a decisão do Panamá de permitir que sua participação no plano de infraestrutura global da China expire, chamando a mudança de “um grande passo adiante” para seus laços com os Estados Unidos.

Qualquer movimento do Panamá para se distanciar do presidente chinês Xi Jinping’s Iniciativa de correia e estrada de assinatura (BRI) representa uma vitória para Washington, que argumentou que Pequim usa o esquema de “diplomacia de armadilhas para dívidas” para consolidar sua influência global.

Rubio esta semana fez o seu Primeira viagem ao exterior Como o principal diplomata dos EUA sob Donald Trump para o Panamá, um parceiro próximo dos EUA na América Latina, e pressione o país sobre seus laços com a China.

Depois de conversas com Rubio, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que o amplo acordo de seu país de contribuir com a iniciativa chinês não será renovado e poderá ser demitido mais cedo. Ele disse que o acordo estava programado para expirar em dois a três anos, mas não elaborou.

“O anúncio de ontem do Presidente @Joseraulmulino de que o Panamá permitirá sua participação na iniciativa de cinto e estrada do PCC para expirar é um grande passo à frente para as relações US-Panama, um canal gratuito do Panamá e outro exemplo de liderança @Potus para proteger nossa segurança nacional e entregar prosperidade para o povo americano ”, postou Rubio em X depois de partir do país.

A embaixada da China em Washington não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a iniciativa ou os problemas do canal.

O Panamá foi o primeiro país latino -americano a endossar oficialmente o BRI em novembro de 2017, cinco meses depois de trocar os laços diplomáticos de Taiwan para a China.

A China rejeita as críticas ocidentais à iniciativa, dizendo que mais de 100 países se juntaram a ela e que aumentou o desenvolvimento global com novos portos, pontes, ferrovias e outros projetos.

No entanto, enfrentou controvérsia, com algumas nações parceiras criticando o Alto custo dos projetos e lutando para reembolsar empréstimos. Itália retirou -se da iniciativa Em 2023, em meio à pressão dos EUA sobre as preocupações com o alcance econômico de Pequim.

Tais preocupações dos EUA há muito se estendem a operações de algumas empresas chinesas perto do Canal do Panamá, incluindo uma empresa de Hong Kong que opera dois portos, uma em cada extremidade da hidrovia que foi construída pelos EUA no início do século XX e depois entregue para o Panamá em 1999.

Duas empresas estatais chinesas estão construindo separadamente uma quarta ponte sobre uma das entradas do canal.

O Departamento de Estado dos EUA disse no domingo que Rubio transmitiu uma mensagem de Trump de que a presença da China havia uma ameaça ao canal e uma violação do tratado de Panama EUA.

Após conversas com Rubio, Mulino sinalizou uma disposição de revisar a concessão de 25 anos a CK Hutchison Holdings, com sede em Hong Kong, renovada em 2021 para a operação das duas portas de entrada, enquanto se aguarda os resultados de uma auditoria.

O contrato foi alvo dos legisladores dos EUA e pelo governo como um exemplo da expansão da China no Panamá, que, segundo eles, vai contra um tratado de neutralidade assinado por ambos os países em 1977.

Rubio, falando com repórteres depois de desembarcar em San Salvador na próxima etapa de sua viagem à América Latina, chamou Mulino de amigo dos EUA, e Panamá de um forte parceiro e aliado. Ele disse que sua visita alcançou “coisas potencialmente realmente boas”.

“Não queremos ter um relacionamento hostil ou negativo com o Panamá”, disse Rubio.

Ryan Berg, diretor do Américas O Programa no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, disse que a auditoria pode fornecer uma maneira de relaxar as concessões se mostrar que os acordos foram marcados pela corrupção.

“Isso fornece uma estrutura mais legal para o Panamá se afastar das concessões e para o Panamá reabrá -las, de modo que uma empresa americana ou uma empresa européia possa entrar e ganhar a oferta”, disse Berg.



Leia Mais: The Guardian

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