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Áudios sobre esquema de venda de decisões no STJ r…

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Áudios sobre esquema de venda de decisões no STJ r...

Laryssa Borges

A reportagem de capa da nova edição de VEJA mostra o avanço da quadrilha formada por advogados, lobistas e servidores que atuam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo os gabinetes de quatro ministros da Corte. Embora por ora não haja evidências cabais de envolvimento de nenhum dos magistrados, o escândalo mudou de patamar depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) fechou o cerco sobre movimentações bancárias de personagens-chave do caso e detectou repasses suspeitos do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves para um intermediário, que, na sequência, envia os valores para o ministro Paulo Moura Ribeiro.

O simples fato de o Coaf ter detectado uma movimentação de recursos fora do padrão não significa que o ministro tenha cometido crime ou recebido propina do esquema de corrupção, mas por precaução a polícia paralisou a análise dos documentos que rastreavam o caminho do dinheiro e decidiu remeter o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), instância responsável pelo foro privilegiado de ministros do STJ.

A investigação, guardada sob o máximo sigilo na Polícia Federal, em Brasília, partiu de mais de 3.500 arquivos armazenados no telefone do advogado Roberto Zampieri, assassinado em Cuiabá em uma embocada no final do ano passado. O acervo revelou em detalhes o apetite de corruptos e corruptores, além de sucessivos áudios em que o lobista Andreson relata suposta pressão dos servidores do STJ para receber dinheiro pelas sentenças encomendadas.

Ouça os áudios:

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As cobranças de valores de Andreson a Zampieri tomam grande parte do acervo de áudio encontrado no telefone celular do advogado assassinado. Ainda em 2020, em 3 de julho, o defensor recebe um pedido para que dívidas em aberto alegadamente por decisões judiciais compradas fossem enfim quitadas. Em seguida, escreve ao comparsa: “Falô que eu tô furando”. Zampieri só responde um dia depois, com a promessa de que na segunda-feira seguinte o dinheiro estaria na conta. O lobista então encerra a conversa, por escrito: “O amigo lá não pode falhar”.

Pouco depois das nove horas da noite do dia 16 de outubro de 2020, Andreson envia mais um áudio a Zampieri em que relata novas reclamações de assessores do STJ com a demora no pagamento pelas decisões vendidas e diz que não se pode brincar com esses funcionários, sob pena de colocar o esquema de venda de veredictos no STJ em risco.

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Na sequência, Zampieri tenta de justificar e, ainda de madrugada, escreve ao lobista: “Anderson (sic) não é fácil arrumar 1.000.000,00”, sugerindo que os valores a descoberto chegavam à casa do milhão. “Estou atrás disso. Dá 15 dia (sic). Será que nem por você esse cara pode ter um pouco de calma? Você passa p o cara milhões por ano, não pode esperar um pouco p receber 500 mil?”, completa.



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Uma surpresa positiva para Lula em meio a tantas d…

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Uma surpresa positiva para Lula em meio a tantas d...

Daniel Pereira

Logo após o primeiro turno, o presidente Lula lamentou, numa reunião no Palácio do Planalto, o desempenho do PT na eleição municipal e listou derrotas que o incomodaram, sobretudo no Estado de São Paulo, o berço do partido. Os fracassos citados envolviam nomes históricos da sigla. Ex-comandante do PT-SP e amigo de Lula há décadas, Emídio de Souza perdeu por larga vantagem a corrida pela prefeitura de Osasco. Já o prefeito Edinho Silva, ex-ministro de Dilma Rousseff, não conseguiu eleger a sucessora, derrotada por um bolsonarista.

Nesse cenário de frustração, Lula e ministros conseguiram listar pelo menos uma surpresa positiva na eleição: o vereador Vinicius Castello, de 29 anos, que passou em primeiro lugar para o segundo turno na disputa pela prefeitura de Olinda (PE), deixando para trás a até então favorita Mirella Almeida (PSD), apoiada pelo prefeito da cidade, Lupércio (PSD).

Negro, homossexual e criado na periferia, Castello conta com o apoio do prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), um campeão de votos no primeiro turno, e tem enfrentado ataques homofóbicos e discursos de ódio nas redes sociais.  Lula também resolveu ajudar o correligionário e gravou um vídeo ao lado dele. “Eu tenho certeza de que como você já foi um invisível, que as pessoas políticas não te enxergavam, por favor, não deixe de enxergar as pessoas que serão a razão da sua eleição para a prefeitura de Olinda”, diz o presidente na gravação.

Renovação emperrada

No balanço preliminar sobre a eleição municipal, chamou a atenção de petistas o fato de quadros jovens terem vencido disputas para vereador em municípios de São Paulo. Junto com o caso de Olinda, esses resultados fizeram reacender o debate sobre a necessidade de renovação no PT. O próprio Lula abordou o assunto com seus ministros.

“O presidente fez um balanço da necessidade eventual de renovação, mas eu acho que ainda está muito no calor das emoções para termos uma análise mais aprofundada”, disse a VEJA o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). A renovação é um desafio monumental, dificultado pelo principal líder do partido. Desde a redemocratização, Lula participou de seis das nove eleições presidenciais. Em outras duas, não concorreu porque não podia — uma por vedação constitucional, outra por estar preso. Desde então, a fila não anda. 





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Ouro, pix e futebol, as conversas do advogado mort…

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Ouro, pix e futebol, as conversas do advogado mort...

Laryssa Borges

O botafoguense Sebastião de Moraes Filho discutia com o palmeirense Roberto Zampieri o desenrolar de campeonatos de futebol. O turista Sebastião de Moraes Filho reclamava com o mato-grossense Roberto Zampieri do calor da cidade de Roma nas férias, comparável somente às temperaturas escaldantes de Cuiabá, onde o primeiro atuava como desembargador e o último como advogado.

Vistas no atacado, as conversas sobre amenidades de duas pessoas que se conheciam há 25 anos, armazenadas no celular de Zampieri e analisadas pela Polícia Federal como peça-chave para desvendar as circunstâncias do assassinato do defensor, poderiam mostrar uma relação de quase subserviência em relação a Moraes Filho, a quem visitava frequentemente.

Sob o viés criminal, porém, certos diálogos evidenciam pedidos para votar ou deixar de votar em processos de interesse do advogado, comunicados de transferências de valores via PIX para parentes do magistrado e até a discussão sobre barras de ouro que investigadores não têm dúvida se tratar de propina para o juiz. VEJA teve acesso ao conteúdo explosivo do telefone do advogado Roberto Zampieri.

Em 15 de setembro do ano passado, por exemplo, ele reporta que o PIX supostamente informado pelo desembargador estaria “errado” e que o valor seria estornado pela instituição financeira. Cinco dias depois, relata ao magistrado que enfim a transação foi consolidada e “o pgto da sobrinha foi feito”. Ambos evitam transparecer, mas o clima nas semanas seguintes indicava certa apreensão.

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Um informante do juiz havia relatado que um desafeto estaria produzindo provas contra os dois e que Zampieri teria sido filmado na casa do desembargador. Os dois não tinham dúvidas de que o cuidado deveria ser redobrado. Em agosto deste ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou Sebastião de Moraes Filho do cargo após concluir haver evidências de que ele recebia presentes do advogado e integrava um esquema de venda de decisões judiciais.

Menos de duas semanas antes de ser assassinado, o advogado repassou ao desembargador uma foto com duas barras de ouro que valeriam de 120.000 a 150.000 reais. Moraes parece se certificar do peso do conjunto: “500 [gramas]?”, pergunta. “400”, diz Zampieri.

Horas depois do crime, uma última mensagem que hoje intriga os investigadores: “ZAMPIERI Convivemos em harmonia e respeito por mais de 25 anos. Ganhava e perdia nos meus votos e sempre mostrava ser um advogado consciente. Deus o tenha. Que o receba de braços abertos”, escreveu na madrugada de 6 de dezembro do ano passado. A notícia já tinha se espalhado por todo Mato Grosso. Horas antes, pego em uma emboscada, o advogado havia sido executado a 12 tiros.





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A cobrança do cacique de um partido da frente ampl…

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A cobrança do cacique de um partido da frente ampl...

Robson Bonin

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A desilusão de ministros de Lula com o próprio governo se estende a seus partidos, em alguns casos. “Lula abandonou a frente democrática. Precisa voltar a dialogar”, diz um cacique.

O petista venceu Jair Bolsonaro com votos vitais que vieram, por exemplo, do apoio de Simone Tebet no segundo turno. O casamento com Geraldo Alckmin também serviu para pavimentar um espaço importante junto ao eleitorado de São Paulo.

Apesar disso, o petista não costuma abordar questões políticas com Alckmin e Tebet, que são ministros preparados para atuarem em suas áreas e políticos experientes que se encontram, na visão desses caciques, subutilizados por Lula, que só escuta o petismo.



Em 2026, Lula vai querer resgatar o apoio dessa frente que o elegeu, mas pode ser tarde, já que o centro saiu fortalecido das urnas e pode optar por outros rumos.



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