Malu Cursino
BBC News
Segundo o documento judicial, Lively acusa Baldoni e sua equipe de atacar sua imagem pública após uma reunião para tratar de “assédio sexual recorrente” e outros comportamentos desconcertantes de Baldoni e de um produtor do filme.
A queixa é um passo anterior à formalização de uma ação judicial.
A equipe jurídica de Baldoni disse à BBC que as alegações são “absolutamente falsas” e afirmou que contrataram um gestor de crises porque Lively teria ameaçado prejudicar o filme caso suas demandas não fossem atendidas.
No drama romântico, Lively interpreta uma mulher que se envolve em um relacionamento com um namorado encantador, mas abusivo, vivido por Baldoni.
A reunião entre Lively, Baldoni e outros membros da produção do filme ocorreu em 4 de janeiro deste ano, com o objetivo de abordar “o ambiente de trabalho hostil” no set, conforme descrito no documento legal.
O marido de Lively, Ryan Reynolds, estrela do filme “Deadpool”, que não está envolvido em “É Assim Que Acaba”, participou do encontro.
Baldoni participou da reunião em sua posição de copresidente e cofundador da empresa responsável pela produção do filme, a Wayfarer Studios. Ele também dirigiu o longa.
Na queixa, os advogados de Lively alegam que Baldoni e o CEO da Wayfarer, Jamey Heath, se envolveram em “comportamentos inadequados e indesejados em relação a Lively e outros no set de ‘É Assim Que Acaba'”.
No documento enviado ao Departamento de Direitos Civis da Califórnia, uma lista de 30 exigências relacionadas à suposta má conduta dos dois foi apresentada durante a reunião, com o objetivo de permitir a continuidade da produção do filme.
Entre as demandas, Lively solicitou que Baldoni e Heath parassem de mencionar suas supostas “dependências de pornografia” a ela ou a outros membros da equipe, que cessassem as descrições de suas genitálias direcionadas a ela e que não adicionassem cenas de sexo, sexo oral ou clímax em câmera para BL (Blake Lively) fora do escopo do roteiro aprovado por ela ao aceitar o projeto, conforme consta na queixa.
Lively também exigiu que Baldoni parasse de afirmar que podia conversar com seu pai falecido.
A equipe jurídica de Lively também acusa Baldoni e a Wayfarer Studios de liderarem um “plano multi-nível” para arruinar sua reputação.
Ela afirma que isso foi “o resultado pretendido de um esquema de retaliação cuidadosamente elaborado, coordenado e financiado para silenciá-la, assim como a outros que falaram sobre o ambiente hostil criado por Baldoni e Heath”.
Em resposta à queixa, o advogado de Baldoni, Bryan Freedman, afirmou no sábado: “É vergonhoso que Lively e seus representantes façam acusações tão graves e categoricamente falsas contra Baldoni, a Wayfarer Studios e seus representantes”.
Freedman acusou Lively de fazer inúmeras exigências e ameaças, incluindo “ameaçar não comparecer ao set, ameaçar não promover o filme”, o que acabaria “levando ao seu fracasso durante o lançamento, caso suas demandas não fossem atendidas”.
Ele alegou que as acusações de Lively eram “intencionalmente sensacionalistas, com o objetivo de prejudicar publicamente e reavivar uma narrativa na mídia”.
Em uma declaração via seus advogados à BBC, Lively disse: “Espero que minha ação legal ajude a revelar essas táticas sinistras de retaliação para prejudicar pessoas que denunciam má conduta e proteja outras que possam ser alvo”.
Ela também negou que ela e seus representantes tenha plantado ou espalhado informações negativas sobre Baldoni e a Wayfarer.
FILME ABORDA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
O filme foi um sucesso de bilheteria, embora alguns críticos tenham dito que ele romantiza a violência doméstica.
Logo após o lançamento, em agosto, outro colega de elenco, Brandon Sklenar, sugeriu em um post no Instagram rumores de um desentendimento entre Blake Lively e Justin Baldoni.
A especulação sobre uma possível rixa aumentou quando eles não apareceram juntos no tapete vermelho.
“É Assim Que Acaba” conta a história de Lily Bloom, uma florista de Boston interpretada por Blake Lively, enquanto ela lida com um triângulo amoroso entre seu namorado encantador, mas abusivo, Ryle Kincaid, vivido por Justin Baldoni, e seu primeiro amor compassivo, Atlas Corrigan, interpretado por Brandon Sklenar.
O filme é baseado no best-seller de Colleen Hoover. A autora, de 45 anos, revelou anteriormente que sua inspiração veio da violência doméstica que sua mãe sofreu.
Em uma entrevista à BBC durante a estreia do filme em agosto, Blake Lively afirmou ter sentido a “responsabilidade de atender às expectativas das pessoas que se importam tanto com o material original”.
“Eu realmente sinto que entregamos uma história que é emocionante e divertida, mas também engraçada, dolorosa, assustadora, trágica e inspiradora. E isso é a vida: cada uma dessas cores”, disse a atriz.
Blake Lively, que também é creditada como produtora, disse à BBC que acredita que o filme foi feito “com muita empatia”.
“Lily é uma sobrevivente e uma vítima, e embora esses sejam rótulos grandes, eles não definem quem ela é”, afirmou Lively. “Ela se define, e acho profundamente empoderador que ninguém mais possa fazer isso por você.”
Este texto foi publicado originalmente aqui.