Procurados pela Folha por meio de suas assessorias, Lula, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e os chefes da PGR (Procuradoria-Geral da República), Paulo Gonet, e da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, não quiseram responder qual foi a razão do encontro nem o teor da conversa.
Bolsonaro já foi indiciado pela PF em alguns inquéritos, com provável repetição desse desfecho em relação às apurações dos crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro.
Nesse caso, caberá a Gonet oferecer ou não denúncia ao STF.
O encontro das autoridades na quarta não teve relação com o atentado em Brasília naquela noite, mas o ataque reforçou a pressão sobre Bolsonaro diante da investigação sobre golpe.
Logo no dia seguinte, o ministro do STF Alexandre de Moraes buscou descartar a hipótese de ato isolado nas explosões na praça dos Três Poderes e a relacionar o caso ao contexto que “se iniciou lá atrás, quando o ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, principalmente contra a autonomia do Judiciário”.
“Gabinete do ódio” é o nome dado ao núcleo de auxiliares próximos de Bolsonaro que, segundo as investigações da PF, teria o objetivo de espalhar notícias falsas e ataques a adversários durante a gestão do ex-presidente.
Dos ministros do Supremo, estiveram na quarta no Alvorada Gilmar Mendes e Cristiano Zanin, além de Moraes, que é justamente o relator na corte das investigações sobre os atos golpistas.
Segundo auxiliares de Lula, ele já tinha conversa marcada com integrantes do Judiciário para uma reunião de “avaliação de cenário” —algo que, por esses relatos, vem acontecendo com frequência.
Em resumo, o encontro no Alvorada teve como anfitrião o principal adversário político de Bolsonaro na atualidade (Lula) e contou com as presenças do chefe da corporação que comanda as investigações policiais contra ele (Andrei), o responsável por analisar a conclusão dessas investigações e decidir se as arquiva ou se oferece denúncia à Justiça (Gonet) e, por fim, o juiz responsável pela sentença (Moraes).
Apesar da ausência quase total de transparência e do potencial risco de contaminação da necessária imparcialidade e separação de funções em um processo penal, encontros informais e a portas fechadas entre integrantes da cúpula do STF, do Ministério Público e de outros Poderes têm sido comuns nos últimos anos, em diferentes mandatos presidenciais.
Em agosto de 2017, por exemplo, o então presidente Michel Temer (MDB) se deslocou na tarde de um sábado para uma reunião não registrada em sua agenda oficial na casa do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia. No encontro, também estava presente Gilmar Mendes.
Temer e Gilmar já haviam se encontrado outras vezes sem registro oficial em suas agendas.
Em agosto de 2020, o ministro do STF Dias Toffoli recebeu o então presidente Bolsonaro em sua casa, em um sábado à noite, além do então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP). Na ocasião, disse que havia convidado o mandatário para assistir a um jogo do Palmeiras contra o Ceará.
Em março de 2021, Gilmar esteve na residência de Bolsonaro em um domingo. O encontro também não foi colocado na agenda do presidente e o assunto da conversa não foi divulgado.
Bolsonaro também manteve em sua gestão vários encontros com o então chefe da PGR, Augusto Aras.
Na última quarta, Gilmar estava no Alvorada já antes das explosões em Brasília. Zanin deixou o Supremo após o final da sessão, pouco depois do ocorrido. Não havia informação precisa sobre o horário da chegada de Moraes ao encontro.
Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, Bolsonaro foi indiciado em 2024 pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid.
As investigações que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito serão concluídas ainda neste mês de novembro, segundo o diretor-geral da PF.
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Nos Estados Unidos, Michael Waltz, nomeado por Donald Trump como conselheiro de segurança nacional da Casa Branca na sua futura administração, prometeu “uma resposta forte aos preconceitos anti-semitas do TPI e da ONU em Janeiro”.
Apenas cerca de metade Índiaos graduados do país são considerados empregáveis, de acordo com uma pesquisa recente que destaca a desconexão entre o rápido desenvolvimento da Índia, sua enorme população joveme as necessidades do seu mercado de trabalho em rápida evolução.
O Relatório de Competências da Índia de 2024 entrevistou centenas de milhares de estudantes finalistas e pós-graduados, avaliando as suas competências com base num teste de empregabilidade e nos dados recolhidos de cerca de 150 organizações de vários setores. Em última análise, apenas 51,25% foram considerados competentes o suficiente para serem contratados.
Para alguns, esta é uma razão para serem optimistas – os números mais recentes mostram um enorme salto em relação à empregabilidade inferior a 34% em 2014. Mas muitos economistas dizem que é claro que um grande número de universidades indianas ainda não equipam os seus estudantes com recursos reais. -habilidades mundiais.
“Meros diplomas não são suficientes para conseguir empregos, porque a preparação para o trabalho está intimamente relacionada ao desenvolvimento de habilidades e à aprendizagem. Além disso, muitos graduados em engenharia não estão preparados para a indústria”, Lekha Chakraborty, professor e presidente do Instituto Nacional de Educação Pública. Finanças e Política à DW.
Ainda não há médicos e enfermeiros suficientes
Chakraborty, que estudou a questão de perto, aponta para o sector da saúde da Índia, especialmente quando se trata de preencher vagas para médicos e enfermeiros. Apesar de contar com um grande número de pessoas formadas, ainda faltam médicos especialistas nos centros de saúde rurais e a crise agravou-se ao longo dos anos.
Por que os estudantes indianos estão migrando para as universidades alemãs
Em Março de 2023, apenas 4.413 médicos especialistas estavam disponíveis para centros de saúde comunitários, quando eram necessários quase 22.000, mostrou um inquérito.
“Os actuais programas de formação muitas vezes não preparam adequadamente os formandos para as realidades do sistema de saúde nem se alinham com as necessidades das populações locais. Isto leva a inadequações na alocação de recursos e na distribuição da força de trabalho”, disse Chakraborty.
À espera de um emprego de ‘colarinho branco’
O Relatório de Emprego da Índia deste ano também mostra que quase 83% da força de trabalho desempregada do país está formado por jovens de 15 a 29 anos. Surpreendentemente, quase duas em cada três pessoas desempregadas na Índia em 2022 eram jovens e instruídas – o que significa que tinham ensino secundário ou superior.
Chakraborty acredita que isto pode ser parcialmente explicado pelo facto de jovens altamente qualificados que procuram um emprego de elevado estatuto.
“As aspirações pelos empregos de colarinho branco desejados impedem que os jovens instruídos entrem mais rapidamente nos mercados de trabalho”, acrescentou Chakraborty.
Sistema educacional ‘precisa ser corrigido’
Arun Kumar, professor reformado de economia na Universidade Jawaharlal Nehru, disse à DW que o governo não fez investimentos suficientes nos sectores da saúde e da educação e ainda não reconheceu o seu papel crítico na melhoria dos resultados nacionais.
“O sistema educativo é falho e isso precisa de ser corrigido primeiro. Produzimos 50.000 estudantes de classe mundial e a maioria deles vai para o estrangeiro enquanto o resto fica para trás enquanto o que precisamos são milhões. Se quisermos ser uma potência de competências e tecnologia, então devemos analisar seriamente o porquê”, disse Kumar.
As preocupações de Kumar sobre o futuro da Índia parecem particularmente relevantes à luz do último Relatório Anual sobre a Situação da Educação (ASER), que avalia as tendências críticas na educação, concentrando-se particularmente nas matrículas, nos resultados da aprendizagem e nas taxas de abandono escolar.
Ao entrevistar jovens entre os 14 e os 18 anos, o relatório revelou que 42% não conseguem ler frases simples em inglês e mais de metade enfrenta problemas básicos de divisão.
Revelou também que mais de 96% dos jovens de 14 anos frequentam a escola, mas apenas 67,4% permanecem lá até aos 18 anos, o que demonstra uma enorme taxa de abandono entre os adolescentes.
“O primeiro-ministro Narendra Modi falou sobre a Índia assumir um papel de liderança nos assuntos globais como ‘Vishwa guru’ (professor do mundo) dada a sua população e escala da economia, mas isso não pode acontecer a menos que mudemos as coisas”, acrescentou Kumar.
À espera do “dividendo demográfico”
Milhões de jovens entram no mercado de trabalho todos os anos no país mais populoso do mundo. E sendo a idade média na Índia de 28 anos, o país está a aproximar-se da fase do “dividendo demográfico” – uma era na história de uma sociedade em que a proporção da população activa jovem é elevada e o número de dependentes – incluindo crianças, idosos e desempregados — é relativamente baixo, conduzindo a um impulso económico.
Mas o desafio reside não apenas em resolver os actuais desfasamentos, mas também em preparar-se para futuras mudanças no mercado de trabalho devido aos avanços tecnológicos e às necessidades económicas em mudança.
Milhões se inscrevem, apenas 100.000 são aceitos na faculdade de medicina
Maheshwer Peri, presidente e fundador da plataforma Careers360, que fornece aconselhamento profissional e informações sobre faculdades, disse à DW que milhões de estudantes que se formaram estão subempregados, especialmente nos setores de saúde e engenharia, e, portanto, incapazes de maximizar o seu potencial.
“Temos 2,5 milhões de estudantes se candidatando a 100 mil vagas médicas na Índia em um exame competitivo. Veja a pressão. E o que acontece com os demais que não passam na seleção?” Peri disse à DW.
“Tem que haver um acompanhamento em tempo real dos resultados da formação para colmatar eficazmente a lacuna entre a disponibilidade de emprego e as competências da força de trabalho”, acrescentou.
A programação cinematográfica da semana destaca dois lançamentos amplos: a superprodução musical “Wicked”, com Cynthia Erivo e Ariana Grande, e o aclamado terror “Herege”, com Hugh Grant, que atingiu 92% de aprovação da crítica norte-americana na média do Rotten Tomatoes. Mas o total de lançamentos é muito maior, somando 12 títulos novos – a maioria em circuito limitado, num punhado de capitais. Confira a seguir tudo o que entra em cartaz nesta quinta (21/11).
WICKED
A adaptação do famoso musical da Broadway, em cartaz desde 2003, conta a história de “O Mágico de Oz” pela ótica de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, que nesta versão acaba se revelando menos cruel que a fama alardeada por seu apelido maldoso. A trama revela como Elphaba sofre bullying por ser verde, inclusive de sua colega de quarto na universidade, Glinda. Entretanto, depois de muitas maldades, a bruxa boa começa a ver o sofrimento daquela que será conhecida como bruxa má, e decide se tornar sua amiga de verdade.
A produção tem diversos números musicais e cenas repletas de efeitos visuais, que materializam a cidade de Oz, além de um encontro das protagonistas com o Mágico e o início da rivalidade do farsante com Elphaba. O elenco destaca Cynthia Erivo e Ariana Grande, respectivamente nos papéis de Elphaba e Glinda, além de Jeff Goldblum (“Jurassic World: Domínio”) como o Mágico de Oz, Michelle Yeoh (“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”) e Jonathan Bailey (“Bridgerton”).
A produção cinematográfica tem direção de Jon M. Chu, que filma seu segundo musical, após assinar “Em um Bairro de Nova York” (2021), e está sendo lançada em duas partes, com a segunda prevista para daqui a um ano, em novembro de 2025.
HEREGE
O novo terror da produtora indie A24 traz o ex-galã Hugh Grant no papel de um homem recluso que submete duas jovens missionárias mórmons a uma série de jogos psicológicos intensos. Ao baterem em sua casa em busca de conversão, as duas são manipuladas para escolher entre duas portas, marcadas como “Crença” e “Descrença”, baseando-se em suas fés, o que as leva a um labirinto que parece crescer e se expandir, conforme avançam em seu interior.
Nos últimos anos, Hugh Grant tem se destacado em papéis de vilões, como em “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, “Esquema de Risco: Operação Fortune”, “Magnatas do Crime” e “Paddington 2”. No entanto, “Herege” é seu primeiro terror em décadas, desde que estrelou “A Maldição da Serpente” (1988) de Ken Russell. O elenco ainda destaca Chloe East (“Os Fabelmans”) e Sophie Thatcher (“Yellowjackets”) como suas vítimas.
Roteiro e direção são assinados pela dupla Scott Beck e Bryan Woods, que escreveram “Um Lugar Silencioso” (2018), dirigido por John Krasinski, e dirigiram a sci-fi “65 – A Ameaça Pré-Histórica”, estrelada por Adam Driver. Além disso, Beck e Woods colaboraram no roteiro da adaptação de Stephen King “Boogeyman: Seu Medo É Real” – que também foi estrelado por Thatcher.
A LINHA DA EXTINÇÃO
Anthony Mackie, o novo Capitão América da Marvel, enfrenta monstros nessa sci-fi de ação, que se passa após criaturas alienígenas dominarem a superfície da Terra. Em clima pós-apocalíptico, os poucos sobreviventes se abrigaram em montanhas, onde os monstros não conseguem sobreviver. Mas o personagem de Mackie precisa descer para a cidade mais próxima em busca de medicamentos. Ele interpreta um pai solteiro que viaja com duas mulheres com o objetivo de salvar a vida de seu filho, enfrentando várias criaturas pelo caminho.
A produção, orçada em apenas US$ 18 milhões, tem direção de George Nolfi (“Os Agentes do Destino”) e possui evidentes semelhanças com “Um Lugar Silencioso”, o que lhe rendeu comparações negativas e uma média de 58% de aprovação no Rotten Tomatoes. As coadjuvantes são Morena Baccarin (“Gotham”) e Maddie Hasson (“Maligno”).
NAYOLA, EM BUSCA DE MINHA ANCESTRALIDADE
A animação adulta portuguesa acompanha três gerações de mulheres angolanas afetadas pela guerra civil que durou 25 anos: Lelena (a avó), Nayola (a filha) e Yara (a neta). A trama alterna entre passado e presente, mostrando Nayola em busca de seu marido desaparecido durante o conflito e, décadas depois, Yara como uma jovem rapper e ativista política. A trama aborda temas como amor, esperança e os impactos duradouros da guerra, e foi inspirada na peça “A Caixa Preta”, de José Eduardo Agualusa e Mia Couto. Primeiro longa de José Miguel Ribeiro, conhecido por curtas de animação premiados, “Nayola” conquistou reconhecimento de diversos festivais internacionais, de Guadalajara no México à Mostra de São Paulo, passando pela consagração no troféu de Melhor Animação da Academia Portuguesa.
TODAS AS ESTRADAS DE TERRA TÊM GOSTO DE SAL
Estreia na direção da poeta, fotógrafa e roteirista Raven Jackson (escritora da série “Superfície”), o drama oferece uma exploração lírica que abrange décadas na vida de Mack, uma mulher negra no Mississippi, desde a infância até a vida adulta. A narrativa destaca momentos de amor, perda e conexão humana, enfatizando gestos e silêncios que comunicam profundos sentimentos.
Produzido por Barry Jenkins, diretor de “Moonlight”, o filme teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Sundance, onde foi saudado pela beleza de sua fotografia em 35mm. Os elogios da crítica renderam 90% de aprovação no Rotten Tomatoes e indicação como uma das 10 melhores produções independentes de 2023 pelo National Board of Review. O elenco destaca a estreante Charleen McClure no papel principal, além de Moses Ingram (“Obi-Wan Kenobi”), Sheila Ati (“A Mulher Rei”), Chris Chalk (“Gotham”) e o cantor Reginald Helms Jr.
TESOURO
A comédia dramática acompanha Ruth, uma jornalista americana que viaja à Polônia com seu pai Edek, um sobrevivente do Holocausto, para visitar locais de sua infância. Enquanto Ruth busca compreender as raízes familiares, Edek reluta em reviver traumas passados, resultando em situações involuntariamente cômicas. Os papéis principais são vividos por Lena Dunham (“Girls”) e Stephen Fry (“Vermelho, Branco e Sangue Azul”).
Com direção da alemã Julia von Heinz, reconhecida pelo drama premiado “E Amanhã… O Mundo Todo” (2020), o filme estreou no Festival de Berlim deste ano, mas dividiu a crítica com sua abordagem cômica sobre traumas históricos. Teve só 41% de aprovação no Rotten Tomatoes.
VENCER OU MORRER
O épico histórico é um caso raro no cinema francês de obra dedicada à figura contrária à Revolução Francesa. Em 1793, quando o país enfrentava profundas divisões políticas e sociais, muitos camponeses e nobres se opuseram às medidas impostas pelo governo revolucionário. Essa insatisfação resultou na eclosão de uma violenta insurreição conhecida como Guerra da Vendeia, na qual os habitantes locais se armaram contra a nascente República. Nesse cenário, François-Athanase Charette de La Contrie, um ex-oficial da Marinha Real, foi chamado pelos camponeses para liderar a resistência, transformando-se em uma figura central do conflito. O filme conta a história deste líder, que ficou conhecido como Charette, retratando sua transformação de um oficial aposentado em um líder carismático e estrategista astuto, que reúne camponeses, desertores, mulheres, idosos e crianças em um exército formidável.
Codirigido pelos estreantes Paul Mignot e Vincent Motte, o longa traz Hugo Becker (“The New Look”) no papel de Charette e, como não poderia deixar de ser pelo tema, dividiu opiniões na França.
A HERANÇA
O terror queer nacional acompanha Thomas (Diego Montez), que retorna ao Brasil após a morte de sua mãe e descobre ser o único herdeiro de uma casa colonial que pertenceu a uma avó que nunca conheceu. Acompanhado de seu namorado alemão, Beni (Yohan Levy), Thomas decide visitar a propriedade e é recebido por duas tias idosas que o tratam como um filho há muito perdido. Conforme Thomas se encanta pelo lugar e pela história familiar, Beni começa a suspeitar que algo sinistro se esconde sob a fachada tranquila da vida no campo. Estranhos ruídos à noite, portas que se trancam sozinhas e o comportamento obsessivo das tias aumentam a tensão.
O primeiro filme dirigido por João Cândido Zacharias (roteirista de “A Jaula”) foi premiado no Festival Macabro, do México, e no Terror Córdoba, na Argentina, além de ter sido destaque no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo deste ano.
AVENIDA BEIRA-MAR
O drama brasileiro narra a história de Rebeca, uma menina de 13 anos que se muda com a mãe para a praia de Piratininga, em Niterói. Lá, ela conhece Mika, uma garota trans da mesma idade, e juntas desenvolvem uma amizade que desafia preconceitos e normas sociais. Exibido no Festival do Rio, a obra dos estreantes Maju de Paiva e Bernardo Florim recebeu o Prêmio Félix de melhor filme LGBTQIAP+. Além disso, foi premiado no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, no México, com o troféu de Melhor Direção.
A trama de diversidade e inclusão traz em seu elenco Andréa Beltrão (“Hebe”), Isabel Teixeira (“Pantanal”), as meninas Milena Pinheiro e Milena Gerassi, e marcou a despedida do ator Emiliano de Queiroz (“Alma Gêmea”), que morreu em outubro passado aos 88 anos.
RETRATO DE UM CERTO ORIENTE
O novo drama de Marcelo Gomes (“Joaquim”) é baseado no romance homônimo de Milton Hatoum, que acompanha a saga de imigrantes libaneses no Brasil. Rodado em preto e branco, o longa começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie e Emir decidem emigrar para o Brasil em busca de uma vida melhor. Durante a jornada, Emilie se apaixona por Omar, um comerciante muçulmano, o que desperta o ciúme de Emir e desencadeia uma série de eventos com consequências trágicas. O filme estreou no Festival de Roterdã e foi exibido em vários outros festivais antes de sua estreia comercial.
RAZÕES AFRICANAS
O documentário de Jefferson Mello (“Samba & Jazz”) aborda a influência da diáspora africana na formação de três importantes ritmos musicais: blues, rumba e jongo. Três personagens, em seis países, revelam as origens africanas comuns a esses estilos musicais que se espalharam pelo mundo. A narrativa começa em Angola e percorre o caminho dos congoleses, abrangendo Brasil, EUA, Cuba, Congo e Mali, e oferece um retrato da identidade cultural comum entre esses diferentes gêneros musicais.
171
Uma equipe de documentaristas sob comando de Rodrigo Siqueira (“Terra Deu, Terra Come”) acompanha seis pessoas encarceradas em presídios de São Paulo, condenadas sob o artigo 171, número do artigo do código penal brasileiro que tipifica os crimes de estelionato. Atores natos, os 171 se revelam narradores que usam da habilidade com as palavras para aplicar golpes ou apenas manipular as pessoas pelo prazer de enganar.
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