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breves resenhas de “Mundo dos Livros”

breves resenhas de “Mundo dos Livros”

Três romances, os contos de Pedro Almodóvar, um ensaio e as memórias de François Guizot… Aqui estão breves resenhas de seis obras notáveis ​​nesta quadragésima segunda semana do ano.

Histórias. “O Último Sonho”, de Pedro Almodóvar

Impetuosos, loucos, extravagantes, comoventes… Os doze – desiguais – textos do Último sonhoo primeiro livro de contos de Pedro Almodóvar, são uma imagem perfeita do seu autor. Através disso “autobiografia fragmentada”como chama esse conjunto de escritos escritos entre 1967 e 2023, o diretor se abre e se disfarça. Em “A Visita”, que deu origem ao filme Má educação (2004), uma mulher vestida de prostituta regressa à escola onde o seu irmão mais novo foi molestado pelo pai-diretor: um eco direto da infância de Almodóvar passada num “escola-prisão” Salesiano. Em “O Último Sonho”, o autor narra de forma comovente os últimos momentos de sua mãe: por que ela sonhou com uma tempestade antes de falecer pacificamente? Guiadas por uma imaginação fantasiosa, certas histórias fazem ressoar ruidosamente a Madrid da movida dos anos pós-Franco. É o caso de “Confissões de um Símbolo Sexual” que traz uma estrela de fotonovelas pornôs acostumada a todos os excessos. Almodóvar, que diz escrever desde criança, revela um verdadeiro talento literário como contador de histórias, como no comovente “Vida e Morte de Miguel”, onde conta a história inversa da existência de um jovem que morreu com a idade de 25. E é uma pena de elegância insuspeitada que revela ao retratar a solidão dos dias de Natal e Páscoa passados ​​numa Madrid deserta. Risos e lágrimas, extravagância e modéstia. Uma gama da paleta muito rica de um aspirante a escritor? Ar. S.

“O Último Sonho” (El ultimo sueño), de Pedro Almodóvar, traduzido do espanhol por Anne Plantagenet, Flammarion, 238 p., 21€, digital 15€.

Ensaio. “La Flèche & la Bêche”, de Benjamin Iapara Batista, François Renoux e Stéphen Rostain

Dizimados pelo miasma que os exploradores e colonos carregavam consigo, os nativos americanos sofreram então o«invisibilização» do discurso indígena ao longo de quase quinhentos anos. Porque a história da Guiana só nos chegou através do prisma ocidental, de certa forma “parcial e parcial”. Esta é a observação clara do indígena especialista na língua Palikur Benjamin Iapara Batista, do antropólogo François Renoux e do arqueólogo Stéphen Rostain. No entanto, as crónicas coloniais baseiam-se frequentemente em “boato não confiável”. Os mitos nativos americanos, as escavações arqueológicas e a observação de paisagens têm, por outro lado, muito a dizer sobre o passado dos povos estabelecidos neste território. A tradição oral evoca assim os ameríndios guerreiros, munidos de armaduras e armas. Ao longo da estrada entre Caiena e Kourou encontramos canaviais plantados que seguem o percurso de uma antiga “caminho de guerra” tendo-se oposto a Palikur e Kali’na – um conflito ausente das crónicas europeias.

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