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Caixa da Prefeitura de SP teve ações de Haddad e Nunes – 18/10/2024 – Poder

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Fernanda Brigatti

Negociações encabeçadas por Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo de 2013 a 2016, e por Ricardo Nunes (MDB), que assumiu em 2021 (ele era vice de Bruno Covas, do PSDB), são os principais pesos na virada de sinal das contas públicas da capital paulista.

Outros fatores turbinaram o aumento das receitas, como mudanças no IPTU, a reforma da previdência municipal e mesmo a dinamicidade da economia da cidade, que afeta o recolhimento do ISS (Imposto Sobre Serviços), mas nenhum deles teve o peso da renegociação da dívida com a União e do acordo do Campo de Marte.

Esse último, mais recente, encerrou uma disputa judicial de décadas e fez com que o saldo devedor de R$ 23,9 bilhões que a Prefeitura de São Paulo ainda tinha com a União fosse quitado.

O município brigava na Justiça desde o fim dos anos 1950 para retomar a área do Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, que havia sido ocupada pelo governo federal após a derrota de São Paulo na Revolução Constitucionalista, em 1932.

Em 2021, Nunes levou ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é aliado, a proposta de acerto de contas. A conversa andou e, em março do ano seguinte, o acordo foi assinado. A indenização cobrada pelo município na Justiça estava estimada entre R$ 26 bilhões e R$ 49 bilhões.

Com a liquidação do valor, a prefeitura deixou de desembolsar cerca de R$ 3 bilhões anuais para pagar a dívida. Essa economia passou, a partir de 2022, a ser destinada a investimentos —a alocação foi prevista na lei orçamentária.

Antes do acordo que deu fim à dívida com a União, outra negociação já havia dado novo fôlego às contas da prefeitura, com a redução dos gastos com o serviço da dívida, que viria a se tornar insustentável.

Assim que assumiu em 2013, Haddad tentou mexer no indexador do saldo devedor. O então prefeito defendia que, com isso, melhoraria o grau de investimento da prefeitura. Na época, o endividamento do município impedia a contratação de novos empréstimos.

A dívida era, até 2016, corrigida pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), mais 9% ao ano. Com a renegociação costurada por Haddad, a correção passou a considerar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é a inflação oficial, mais 4% ao ano, limitada à variação da Selic (taxa básica de juros).

A substituição fez o saldo cair R$ 46 bilhões em valores de 2016, cerca de R$ 67 bilhões atualmente.

Luis Felipe Arellano, secretário da Fazenda na atual gestão, era subsecretário do Tesouro à época e diz que, apesar de bastante importante, essa primeira negociação não teve efeito sobre o fluxo de pagamentos.

A troca no índice fez cair o estoque da dívida, mas as parcelas seguiram mais ou menos as mesmas (os cerca de R$ 3 bilhões ao ano). A diferença é que, antes da renegociação, a maior parte desses pagamentos se referia a juros. Depois, passou a ser amortização de fato —até a quitação final, em 2022.

A reforma da previdência municipal também reduziu quanto o Tesouro precisava cobrir anualmente para aplacar o déficit. Quando assumiu a prefeitura em abril de 2018 (depois que João Doria se licenciou para concorrer ao governo do estado), Bruno Covas havia definido a reforma como uma prioridade de sua gestão.

Os servidores da ativa passaram a contribuir com uma alíquota de 14% (era 11%). Dos inativos que recebem acima do teto do INSS (R$ 7.786,02.em 2024), essa alíquota passou a ser cobrada na parcela de aposentadorias e pensões que ultrapassa o salário mínimo.

Em 2021, a gestão Nunes aprovou a segunda parte da reforma, que previu manter os descontos a aposentados e pensionistas e estendeu a cobrança a todos que recebem mais que o salário mínimo enquanto houver déficit. A partir de 2024, a cobrança ficou sobre o que excede o teto do INSS.

As mudanças também incluíram novas regras para aposentadoria, como idade mínima. Segundo a prefeitura, o passivo atuarial diminuiu R$ 100 bilhões com as novas regras, e o déficit anual caiu pela metade.

Outras mudanças legislativas já haviam melhorado a entrada de recursos via IPTU, o imposto dos imóveis. A atualização da PGV (Planta Genérica de Valores) no primeiro ano da gestão Haddad elevou a importância desse imposto no orçamento.

A medida chegou a ser suspensa por decisão judicial provisória, mas entrou em vigor em 2014. Em 2016, o IPTU passou a ser a segunda receita mais importante do município (atrás apenas do ISS, o imposto de serviços) e perdeu força somente em 2020, durante a pandemia de Covid. Ainda assim, chegou a 20% da receita corrente líquida.

Nos anos 1990, o imposto dos imóveis respondia por cerca de 10% dessas receitas. Os cálculos são dos pesquisadores Ursula Peres, Guilherme Minarelli, Diego Strobel, Jéssica Alves, Fábio Pereira e Rony Cardoso, divulgados em nota técnica do Centro de Estudos da Metrópole.

Em outro artigo sobre a melhoria das condições financeiras de São Paulo, a pesquisadora Ursula Peres aponta também que, até o início dos anos 2000, o ICMS (imposto estadual) era importante fonte de receita. Nessa época, ele começa a perder espaço o ISS.

A troca reproduziu a mudança na vocação econômica da cidade, de um centro industrial para uma capital de serviços. Essa última também foi beneficiada pelo que a pesquisadora chama de a “modernização do controle tributário”, que inclui as notas fiscais eletrônicas e o investimento na estrutura burocrática da receita municipal, reduzindo sonegação, erros e elisão fiscal.

Outro respiro para as contas da prefeitura veio em 2021, com o socorro do governo federal a estados e municípios em decorrência da pandemia. Além da transferência de dinheiro, os entes ficaram proibidos de conceder reajuste salarial e de fazer contratações.

No período de crise sanitária, ainda houve o pagamento do auxílio emergencial, que manteve o consumo aquecido.

Essa combinação de fatores fez com que a capital paulista passasse a ter um espaço fiscal inédito, mesmo com o aumento de gastos e investimentos.

Segundo os balanços financeiros da prefeitura de São Paulo, de R$ 7,9 bilhões ao fim de 2016 (valores atualizados pela inflação), o saldo em caixa passou para R$ 33 bilhões ao fim do ano passado.

Ao analisar as contas da capital paulista até 2022, a pesquisadora Ursula Peres, do Centro de Estudos da Metrópole, nota que “apesar de parte desses recursos serem vinculados a alguma área de gasto, como educação e saúde”, o saldo mais do que dobrou em dez anos.



Leia Mais: Folha

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Método inspirador de professora incentiva alunos com deficiência a lerem com prazer; vídeo

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No estudo, publicado na revista científica Icarus, o cientista brasileiro Rafael Ribeiro de Sousa, em colaboração com cientistas dos EUA e França, aponta influência do eventual Planeta-9 na formação de cometas. - Foto: Unesp

Com o quadro repleto de palavras e doces ao lado delas, essa professora de Goiás criou um método de leitura inspirador para incentivar alunos com deficiência: quem lê corretamente a palavra indicada ganha o doce correspondente. Eles aprendem e se divertem ao mesmo tempo.

A cena, compartilhada pela psicopedagoga Gisele, de Goiás, já foi vista por mais de 200 mil pessoas, desde que foi postada, em fevereiro. O método criativo e com muito afeto é simples e deu super certo.

“Escolhe uma palavra pra você ler”, pede ela a um dos alunos da turma. “C-O-P-O”, responde o garoto. Com a resposta certa, ele pega o doce colado ao lado da palavra, no quadro, e sai feliz da vida. Esse é o poder do conhecimento, né?

Incentivar a leitura

Segundo a professora e psicopedagoga, o método não é sobre doces, é algo maior.

“A proposta dessa atividade é incentivar o gosto pela leitura. Os alunos leem e ganham um brinde. Eles amam essas atividades”, disse.

E o resultado é incrível. Todos que foram ao quadro conseguiram acertar as respectivas palavras. Um dos mais animados era Lucas, que queria acertar tudo! Depois de acertar uma delas, o jovem chegou até a fazer uma dancinha. O conhecimento abre portas!

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Atividade para Páscoa

Para esta Páscoa, Gisele preparou uma aula especial para os estudantes.

No quadro ela projetou várias imagens tradicionais da data como a uva, o pão, o sino e a cruz.

Os jovens tinham que pegar, em uma mesa em frente ao quadro, as palavras escritas em um papel e colá-las no quadro.

“André, procure onde está a palavra pão e cola lá no quadro”, pede a professora.

Quando André acerta, ela comemora. “Isso, parabéns Dedé!”.

Inclusão de verdade

Para os seguidores da professora, isso é inclusão de verdade.

“Se todas as escolas fizessem a inclusão de verdade as crianças com necessidade especiais teriam oportunidade na vida”, disse uma seguidora da professora.

Outro destacou o significado do trabalho de Gisele:

“Trabalhar com essas pessoas tem que ter muito amor e carinho, eles são pessoas maravilhosas.”

Veja a professora e seu método de leitura para alunos com deficiência:



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Cientista brasileiro pode ter descoberto nono planeta do sistema solar

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A professora Gisele, de Goiás, criou um método incrível para incentivar a leitura de alunos com deficiência. Quem acerta ganha um doce. - Foto: @cantinhodainclusao/Instagram

Uma pesquisa conduzida por um cientista brasileiro reacendeu a esperança de confirmar a existência do misterioso nono planeta. Rafael Ribeiro de Sousa, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Guaratinguetá, utilizou simulações que reproduziram a história do Sistema Solar ao longo de 4,5 bilhões de anos para a descoberta.

Com isso, a equipe chegou ao resultado de que a presença do Planeta 9 faz sentido e ajuda a explicar a forma e o comportamento das regiões onde nascem os cometas. “Descobrimos que houve um match, uma coincidência. Nossas simulações foram consistentes com as observações das órbitas dos cometas”, disse ele em entrevista à Universidade.

No estudo, publicado na revista científica Icarus, Rafael, em colaboração com cientistas dos Estados Unidos e França, aponta influência do eventual Planeta-9 na formação de cometas.

Enigma do 9

A ideia de um nono planeta surgiu ainda no século 19. Na época, astrônomos queriam entender perturbações nas órbitas de Urano e Netuno.

Com a descoberta de Plutão em 1930, cientistas acharam que o mistério havia sido resolvido. Mas, logo ficou claro que o planeta era pequeno demais para causar grande influência gravitacional.

Desde então, os cientistas voltaram a pensar na existência de um planeta muito maior, localizado em uma órbita de 600 vezes mais distante do que a Terra em relação ao Sol.

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A novidade

A pesquisa da Unesp focou no comportamento dos cometas que saem da região do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort.

Ao simular o Sistema Solar com a presença do Planeta 9, Rafael observou como o astro afetaria as órbitas dos cometas.

O modelo bateu com a realidade: as simulações produziram com precisão a órbita de quatro cometas reais, todas com mais de 10 km de diâmetro e trajetória definidas.

Quase lá

O Planeta 9, segundo estudos, seria escuro, gelado e bem distante. O fato dele refletir pouca luz acaba o tornando invisível aos telescópios atuais.

A notícia boa é que a simulação indicou características mais específicas, como a massa (7,5 vezes a da Terra) e a região exata onde ele pode estar.

O próximo passo é estudar os cometas de longo período, que levam milhares de anos para completar uma volta ao Sol.

Um grande aliado na busca vai ser o novo Observatório Vera Rubin, no Chile.

O mistério do Planeta-9, com a publicação da pesquisa da Unesp, ganha novos contornos. - Foto: Unesp O mistério do Planeta-9, com a publicação da pesquisa da Unesp, ganha novos contornos. – Foto: Unesp



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Paul Watson: Interpol suspende Alerta Vermelho contra ativista de baleias após pressão

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O empresário Tonny Robbins, dos EUA, lançou um desafio mundial para doar 100 bilhões de refeições para quem sente fome. Já conseguiu 30 bilhões. Veja como. - Foto:100billionmeals.org

Após intensa luta, o ativista Paul Watson teve o Alerta Vermelho, emitido pelo Japão, suspenso da lista da Interpol. Sim, ele está livre! Essa é uma vitória do meio-ambiente e em defesa das baleias, que ele tenta proteger há anos.

Paul é fundador da organização Sea Shepherd, reconhecida mundialmente por lutar pela preservação dos oceanos e da vida marinha. A decisão da Interpol foi publicada no dia 8 de abril e representa uma reviravolta. Até pouco tempo, Paul estava preso na Groenlândia e ameaçava ser extraditado.

Com a suspensão do alerta, o ativista volta a ter liberdade de circulação e já tem palestra confirmada na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre os Oceanos, em junho, na França. “A suspensão é uma mensagem clara: a justiça internacional não deve ser usada como ferramenta política contra defensores do meio ambiente”, disse Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil.

Liberdade chegou

Após a emissão do mandado japonês, Watson foi preso em julho do ano passado. Aqui no Brasil, artistas fizeram campanha pela libertação de Watson, como mostrou o Só Notícia Boa.

Em dezembro, depois de cinco meses preso, foi libertado quando a Dinamarca recusou a extradição ao apontar falhas no pedido dos asiáticos. A suspensão do Alerta não foi à toa.

A Comissão de Controle dos Arquivos da Interpol apontou várias Inconsciências, entre elas a desproporcionalidade das acusações e o risco à integridade física de Paul. A decisão também reconheceu que o caso tem contornos políticos, o que contraria as regras da Instituição internacional.

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Mobilização internacional

A campanha pela libertação de Paul Watson contou com grande participação da Sea Shepherd Brasil e ganhou força nas redes sociais e imprensa.

Na época, o Palácio do Planalto se envolveu e o presidente Lula (PT) enviou uma carta oficial à primeira-ministra da Dinamarca pedindo que a extradição fosse negada.

A resposta do governo dinamarquês veio. Paul foi libertado pouco antes da audiência final que decidiria o destino dele.

Símbolo da luta

Paul não é apenas um ativista. O homem já se tornou um símbolo quando se trata da defesa do meio-ambiente.

Fundador da Sea, o canadense se tornou referência na luta contra a caça ilegal de baleias e outras práticas que ameaçam os ecossistemas marinhos.

Justiça feita!

Paul foi preso em 21 de julho de 2024 na Groelândia. - Foto: Sea Shepherd Paul foi preso em 21 de julho de 2024 na Groelândia e libertado em dezembro do ano passado, mas estava na lista da Interpol. – Foto: Sea Shepherd



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