Depois de uma série de debates com foco quase total no tema de enchentes, o primeiro encontro entre Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT) na TV no segundo turno das eleições municipais de Porto Alegre, na noite desta segunda-feira (14) trouxe discussões nacionalizadas.
Logo na primeira pergunta, que tinha como tema o transporte público, Maria do Rosário criticou o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu grupo político a Melo. O tom é diferente do adotado no primeiro turno, quando a deputada federal evitou falar sobre o ex-mandatário.
Já Melo voltou a fazer críticas ao governo federal e ao presidente Lula (PT) pelas falhas no sistema de proteção contra enchentes em Porto Alegre. Segundo o prefeito, a Constituição deixa claro que o tema é responsabilidade da União.
O candidato à reeleição estendeu às críticas a Rosário, deputada federal em sexto mandato, e disse que o PT pouco fez para apontar e corrigir as falhas.
“O senhor é sempre injusto com o governo Lula”, respondeu Rosário. “Se fosse o governo Bolsonaro, que não fez nada por Porto Alegre, você estaria aplaudindo como sempre.”
Segundo ela, cabe ao governo federal “colocar em pé” o sistema de proteção. “Como é que pode o presidente da República, lá em Brasília, ser responsável pela casa de bombas, pelo bueiro entupido?”
Rosário relacionou denúncias de corrupção nas áreas da saúde e educação do governo Melo ao apoio de Bolsonaro. “Onde está essa turma Bolsonaro, sempre a gestão acaba virando caso de polícia, e é o que está acontecendo agora em Porto Alegre.”
Bolsonaro também foi citado em meio a críticas feitas por Maria do Rosário à condução da gestão Melo durante a pandemia de Covid-19.
O prefeito rebateu dizendo que Porto Alegre foi a cidade que mais vacinou e que a reabertura de negócios foi fundamental para não quebrar a cidade. “Não mantive a cidade fechada como a senhora queria manter”, disse.
Maria do Rosário citou a prisão da secretária municipal de educação Sônia da Rosa, em uma operação que investiga o desvio de verbas na compra de livros escolares, e uma denúncia de corrupção no hospital da Restinga.
“De corrupção entende o PT”, rebateu Melo. “Por acaso alguém do seu partido foi preso nesse país ou não? Então, vamos parar com isso, deputada.”
Segundo o prefeito, ele age diferente do PT por ter mandado investigar as denúncias. Disse que Rosário não tem autoridade para falar sobre corrupção. “Considero uma pessoa séria, no entanto, todo mundo diz que a senhora estava na lista da Odebrecht”, disse Melo.
Melo disse ainda notar uma mudança na postura da candidata: “Nos debates no primeiro turno tinha a ‘Maria paz e amor’, agora tem a Maria do Rosário raivosa que o Brasil inteiro conhece e a cidade conhece. Acho que para ser prefeito tem que ter equilíbrio, não pode ficar alterada desse jeito”.
Em busca de um milagre político para derrotar Melo, Maria do Rosário busca atrair quem votou em branco ou nulo e os porto-alegrenses que não foram votar.
O candidato à reeleição ficou muito perto de uma vitória em primeiro turno no último dia 6, alcançando 49,72% dos votos válidos. A petista ficou em segundo lugar com 26,28%, seguida de Juliana Brizola (PDT) com 19,7%
Entretanto, numericamente, a abstenção superou Maria do Rosário. Foram 345,5 mil eleitores ausentes, contra 345,4 mil votos para Melo e 182,5 mil para a petista.
Brizola declarou apoio a Rosário, enquanto o candidato Felipe Camozzato (Novo), que fez 3,83% dos votos, passou a apoiar Melo.
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