Patrícia Pasquini
Ao decretar a prisão temporária de Maicol Antonio Sales dos Santos, por suspeita de participação na morte da jovem Vitória Regina de Sousa, 17, a Justiça citou haver “indícios fortíssimos” de envolvimento dele com o caso investigado em Cajamar, na Grande São Paulo.
Maicol foi preso na tarde deste sábado (8). Ele é dono do Toyota Corolla prata que foi visto nas imediações do ponto de ônibus que a adolescente costumava descer.
A Folha obteve a decisão da juíza Juliana Franca Bassetto Diniz Junqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo – Comarca de Jundiaí, plantonista que acatou o pedido de prisão feito pela Polícia Civil.
A polícia viu inconsistências no depoimento de Maicol. Ele disse que na noite do desaparecimento da jovem estava com a companheira, mas a mulher contou outra versão. Ela disse que dormiu na casa da mãe e ficou até lá o dia seguinte, quando viu uma mensagem de “boa noite”, encaminhada por Santos, por volta das 23h30 da noite anterior.
No dia 26 de fevereiro, por volta de meia-noite, vizinhos disseram ter notado uma movimentação atípica na casa de Maicol, como diversas entradas e saídas do carro e o fato de o veículo dele. Além disso, o suspeito costumava deixar o automóvel estacionado na rua. Naquela noite, o veículo foi guardado na garagem.
“Como se percebe e apesar de, de fato, estarem pendentes numerosos e importantes atos investigativos, não há um único caminho investigativo que não aponte o envolvimento de Maicol com os fatos investigados”, escreve a magistrada.
De acordo com a decisão, “as versões contraditórias acerca de seu paradeiro na data dos fatos e especialmente na noite de 26/02, sugerem tentativa de obstruir a persecução criminal e torna flagrante a possibilidade de influenciar futuros depoimentos com os quais os investigadores certamente buscarão eliminar os pontos ainda não esclarecidos e sanar as diversas contradições.”
Por isso, escreve a juíza, sua prisão é imprescindível para o desfecho das investigações.
A polícia agora busca identificar qual a participação dele no crime e o motivos das inconsistências no depoimento.
OS ÚLTIMOS PASSOS DE VITÓRIA, SEGUNDO A INVESTIGAÇÃO
26.fev (quarta)
Às 23h Vitória sai do trabalho num shopping em Cajamar
Encontra uma amiga num ponto esperando o primeiro ônibus para voltar para casa. Ela afirma à investigação que Vitória agia de forma estranha e ríspida
Vitória desce e espera num ponto o outro ônibus, quando percebe a presença de dois homens. Com medo, ela avisa outra amiga por mensagem.
27.fev (quinta)
Por volta da 0h, ela e um dos homens entram juntos no coletivo. Ela tenta pedir uma carona para seu ex-namorado, dizendo que o carro de seu pai estava quebrado. Mensagem não é respondida
Vitória desce em seu ponto e toma uma estrada de barro, sem luz, para sua casa. O homem continua no ônibus
Perto de casa, no bairro de Ponunduva, testemunhas afirmam que viram outros dois homens seguindo Vitória num Toyota Yaris; por volta do mesmo horário, um carro que estava em posse de Gustavo é visto na vizinhança
5.mar (quarta)
Corpo de Vitória é encontrado. Ela estava com a cabeça raspada e sem as roupas