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Chefe tupiniquim deixou uma vasta descendência – 06/11/2024 – Andanças na metrópole

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Chefe tupiniquim deixou uma vasta descendência - 06/11/2024 - Andanças na metrópole

Vicente Vilardaga

Não existiu um homem mais poderoso no planalto de Piratininga em meados do século 16 do que o cacique Tibiriçá. Foi graças a ele que os jesuítas conseguiram se instalar no Pátio do Colégio, que daria origem à vila de São Paulo, e desenvolver seu trabalho de catequese.

Tibiriçá, um líder indígena tupiniquim, apoiou os jesuítas e garantiu proteção e mão de obra para colocar de pé o marco fundador da cidade em 1554. Também foi um hábil negociador que aceitou a conversão para o catolicismo e foi batizado pelos padres José de Anchieta e Leonardo Nunes.

No batismo recebeu o nome de Martim Afonso Tibiriçá, uma homenagem a Martim Afonso de Sousa, fundador da capitania de São Vicente. Passou a ser um guerreiro dedicado aos padres e a proteger os colonizadores dos ataques indígenas a partir de sua aldeia, chamada de Inhampuambuçu, situada onde é hoje o largo São Bento.

Foi um aliado de primeira hora dos portugueses e ajudou a viabilizar a sociedade colonial. Com uma vasta prole, estabeleceu laços de parentesco que reforçaram seu poder local. Só com a índia Potira deixou sete descendentes: Ítalo, Ará, Pirijá, Aratá, Toruí, Bartira e Maria da Grã.

Sua filha mais conhecida era Bartira que se casou com o português João Ramalho, lendário personagem colonial, a quem os padres da Companhia de Jesus atribuíam inicialmente “mil crimes infames”, mas depois o acolheram como um importante aliado.

Outra das filhas de Tibiriçá, Teberê, cujo nome cristão era Maria da Graça, se casou com o português Pedro Dias, que participou da instalação do colégio de São Paulo. Entre suas descendentes também estava Susana Dias, fundadora do povoado que deu origem ao município de Santana do Parnaíba.

Prova do apoio que Tibiriçá dava aos colonizadores e de sua fidelidade é uma carta escrita por Anchieta em 1563, citada por Paulo Prado no seu livro “Paulística etc.”.

A carta se refere a uma expedição para se defender de índios inimigos guarulhos, guaianás e carijós que moravam nos arredores de Piratininga e eram chefiados por Jaguaranho, filho de Piquerobi, irmão de Tibiriçá. Ele tinha outro irmão, Caiubi, aliado dos jesuítas.

Diz Anchieta que Tibiriça “juntou logo sua gente, que estava repartida por três aldeias pequenas, desmanchando suas casas e deixando todas suas lavouras para serem destruídas pelos seus inimigos”. A vila de São Paulo ficou cercada por dois dias e só depois de um combate sanguinário os atacantes foram rechaçados e vencidos.

No chamado “Cerco de Piratininga”, segundo o jornalista Eduardo Bueno, Tibiriçá teria levantado uma bandeira e uma espada de pau com diversas cores para repelir o ataque com bravura. Durante o combate, matou Piquerobi e seu sobrinho Jaguaranho.

Existem várias referências toponímicas a ele na Grande São Paulo. A principal delas é a rodovia Índio Tibiriçá, que liga os municípios de Suzano e Ribeirão Pires. Também há duas ruas na capital que levam seu nome, uma no bairro da Luz e outra no Brooklin.

Tibiriçá morreu em 5 de dezembro de 1562. Seus restos mortais estão depositados num túmulo na cripta da catedral de Sé. Tramita desde 2019 na Câmara Federal um projeto de lei que inscreve os chefes Tibiriçá e Arariboia no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.


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François Bayrou confrontado com o regresso da desindustrialização em França

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François Bayrou confrontado com o regresso da desindustrialização em França

Piquete na entrada do local de produção da fábrica da Michelin em Cholet (Maine-et-Loire), 23 de novembro de 2024.

Este é o fim de um parêntese? Estará a dinâmica de reindustrialização, em vigor na França há vários anos, prestes a terminar? Vários indicadores sugerem isso, que ficam vermelhos, enquanto o novo primeiro-ministro François Bayrou toma posse e deve compor seu governo. Os investimentos industriais caíram 10% em volume no país em 2024, algo que não se via desde 2019. E pela primeira vez desde 2015, os fechamentos de fábricas serão mais numerosos este ano do que as inaugurações. O saldo negativo deverá ser de quinze, segundo contagem da empresa Trendeo, especialista em emprego e investimento industrial.

Até agora, o poder macronista orgulhou-se do regresso das fábricas e dos investimentos em França, cada vez mais marcados, como símbolos do despertar industrial desde a chegada ao Eliseu de Emmanuel Macron. Mas o fim da bola económica parece ter chegado. As taxas de juro estão a subir e os mercados financeiros estão tensos – sexta-feira à noite, François Bayrou mal foi nomeado para Matignon, a agência de classificação americana Moody’s baixou a classificação da França.

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Água e saneamento: público ou privado? – 15/12/2024 – Opinião

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Água e saneamento: público ou privado? - 15/12/2024 - Opinião

Benedito Braga

Para contextualizar o debate proposto no título deste artigo, voltemos 50 anos no tempo, quando tínhamos cobertura de água potável para 60% da população e somente 10% do esgoto coletado era tratado.

Com o advento do Plano Nacional de Saneamento (Planasa), em 1971, passamos a ter cobertura de água de 86% e tratamento de 40% do esgoto coletado. Esse feito acontece em função da criação das companhias estaduais de saneamento, que passaram a atender um conjunto grande de municípios, trazendo economia de escala na prestação dos serviços. A alavancagem dessas companhias para realizarem tal propósito foi provida pelo Sistema de Financiamento do Saneamento, do governo federal, através do BNH (Banco Nacional da Habitação) e dos Fundos Estaduais de Financiamento.

Com a extinção do BNH, em 1986, tivemos a estagnação do setor até meados da década de 1990. O advento da lei 11.445, em 2007, organiza o setor definindo claramente os componentes do saneamento básico, traz segurança jurídica e os preceitos da regulação independente.

Após a promulgação do Marco Legal do Saneamento Básico (lei 14.026), em 2020, os chamados contratos de programa da lei 11.445, que permitiam a contratação direta de empresas públicas estaduais para prestação de serviços de abastecimento de água e saneamento em municípios, foram extintos. Agora o município que quiser conceder a prestação desses serviços tem que abrir um processo de licitação pública para selecionar uma empresa, seja ela pública ou privada.

Hoje o setor privado finalmente entra fortemente no saneamento para ajudar a resolver de vez a situação de 35 milhões de brasileiros sem acesso à água e 100 milhões sem acesso à coleta e ao tratamento de esgotos.

De fato, a participação do setor privado passou de perto de 5% no período anterior à promulgação da referida lei para 23% do total de prestadores de serviços de água e saneamento. São 1.158 municípios atendidos, com uma população de 65 milhões de pessoas, e investimentos até 2033 na ordem de R$ 206 bilhões.

A perspectiva é muito boa para o setor, mas ainda restam 4.412 municípios, a maioria deles de pequeno porte com déficits operacionais importantes. Existem também companhias estaduais de economia mista que não foram privatizadas e que são bem administradas, provêm serviços de qualidade e são superavitárias. Existem companhias municipais públicas operando da mesma forma que as companhias estaduais acima mencionadas.

Portanto, hoje vivemos um falso dilema perguntando se o serviço deve ser prestado por ente público ou privado. O que de fato interessa é que o prestador de serviço atenda o consumidor com qualidade e que a agência reguladora independente proporcione a tarifa mais módica possível —porém suficiente para que o serviço seja prestado com qualidade e o investimento necessário seja empenhado para a universalização do atendimento até o prazo do marco legal (2033).

TENDÊNCIAS / DEBATES

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.





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A comentarista de críquete Isa Guha pede desculpas pelo comentário de Jasprit Bumrah sobre ‘primata’ | Grilo

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A comentarista de críquete Isa Guha pede desculpas pelo comentário de Jasprit Bumrah sobre ‘primata’ | Grilo

Guardian sport

A respeitada comentarista de críquete Isa Guha pediu desculpas depois de se referir ao lançador rápido indiano Jasprit Bumrah como um “primata” durante o terceiro teste contra a Austrália.

Guha estava comentando para a Fox Sports durante a primeira sessão de jogo no segundo dia da partida em Brisbane, quando ela fez o comentário.

Bumrah se destacou novamente no domingo ao levar a Índia com um arremesso de cinco postigos em outro período emocionante de boliche rápido.

“Bem, ele é o MVP, não é?” Guha disse. “Primata mais valioso, Jasprit Bumrah. É ele quem vai falar pela Índia, e por que tanto foco estava nele na preparação para esta partida de teste, e se ele estaria apto.

Na segunda-feira, Guha emitiu um pedido de desculpas no ar antes do início do jogo no Gabba.

“Ontem, nos comentários, usei uma palavra que pode ser interpretada de várias maneiras diferentes”, disse ela.

“Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas por qualquer ofensa causada. Eu estabeleci padrões realmente elevados quando se trata de empatia e respeito pelos outros e se você ouvir a transcrição completa, eu apenas quis dizer os maiores elogios a um dos maiores jogadores da Índia e a alguém que admiro muito também.

“Sou um defensor da igualdade e alguém que passou a carreira pensando na inclusão e na compreensão do jogo. Estou tentando enquadrar a enormidade de suas conquistas e escolhi a palavra errada e lamento profundamente por isso.

“Como alguém que também é… de herança do Sul da Ásia, espero que as pessoas reconheçam que não houve outra intenção ou malícia ali. Espero que isso não ofusque o que tem sido uma ótima partida de teste até agora e estou ansioso para ver como ela progride. Mais uma vez, sinto muito, muito mesmo.”

O colega de Guha e grande jogador de críquete indiano, Ravi Shastri, elogiou-a por abordar o assunto e disse que a Índia estava feliz em seguir em frente.

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“Mulher corajosa, fazer isso ao vivo na televisão e pedir desculpas”, disse Shastri. “É preciso um pouco de aço. Você ouviu isso da boca do cavalo.

“No que me diz respeito, o jogo acabou. As pessoas têm o direito de cometer erros. Somos todos humanos. Confessar e dizer: ‘Sinto muito’… é preciso coragem. Ela conseguiu. Vamos em frente.

“No que diz respeito à seleção indiana, há um Teste e eles querem focar no jogo.”



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