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Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

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O antigo presidente do Chile, Augusto Pinochet
50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes.
No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de chilenos marcharam para relembrar as mais de 40.000 de vítimas presas, desaparecidas, torturadas e executadas durante os 17 anos da ditadura de Augusto Pinochet, na qual se colocou em prática, no Chile, uma política de Estado repressiva recorrendo às violações de direitos humanos por meio de órgãos estatais já existentes e outros que foram criados para tal fim.
O que havia se iniciado como um protesto pacífico culminou, no entanto, em alguns enfrentamentos entre os manifestantes e a força pública da capital, Santiago. Ali vários indivíduos atiraram pedras contra o Palacio de la Moneda, sede do governo chileno, quebraram as barreiras de segurança e destruíram o acesso a um centro cultural localizado no edifício. As tensões são evidentes em um país que muitos especialistas descrevem como fracionado, dividido, polarizado.
O sucedido ao longo dessa comemoração inevitavelmente se assemelha a outro lamentável episódio na história do país: a onda de protestos de 2019 conhecida como protesto social de 2019, que revelou os profundos problemas sociopolíticos que persistem no Chile. Em 14 de outubro daquele ano, dia em que tudo começou, estudantes secundários e universitários se reuniram para invadir o metrô de Santiago em forma de protesto contra o aumento do preço das passagens em um dos países com o custo de vida mais alto da região. Mas isso foi só a ponta do iceberg.
Como indica o jornalista chinelo Nicolás Lazo Jerez:
“Com o decorrer das horas, ficou claro que o movimento respondia a outros fatores além dessa medida pontual, porque apareceram outra série de demandas que refletiam um sentimento de descontentamento mais profundo diante das políticas do governo dos últimos trinta anos. Parte do que motivou os protestos tem a ver com a contradição de fatos pelos governos de centro esquerda em 1990 para resolver dívidas históricas a respeito das desigualdade com o que realmente ocorreu ao longo dos anos. Ainda que algumas promessas tenham sido cumpridas, principalmente em matéria de cobertura, os altos índices de desigualdade não só não foram resolvidos, como se aprofundaram.”
Todo esse fato desencadeou uma série de protestos em massa, que provocou uma onda de desentendimentos de ordem pública e violência pelo país, obrigando o então presidente Sebastián Piñera a declarar Estado de Emergência e depois toque de recolher.
O protesto social de 2019 se caracterizou, ainda, pela graves violações contra os direitos humanos cometidas contra os manifestantes, incluindo abusos por parte das autoridades, prisões arbitrárias e diversos casos de violência policial, que incluíram traumas oculares e mutilações; como documentou a Anistia Internacional, estima-se que o número de vítimas pelo uso excessivo da força estatal atinge 8.000.
Um dos casos mais emblemáticos é o da atual senadora Fabiola Campillai, rosto representativo dos protestos, que perdeu a visão e o olfato devido ao uso de balas de chumbo por parte dos atiradores. Mesmo que o autor desses atos tenha sido condenado, como indica Lazo Jerez, “existem muitos outros casos que continuam impunes”.
Atualmente, 46% das causas abertas por esses atos foram arquivados por falta de provas. Por outro lado, e apesar dos compromissos feitos pelo governo de Gabriel Boric para resolver os problemas estruturais do sistema socioeconômico e avançar em direção à igualdade social, além do chamado urgente de vários setores para realizar uma reforma policial, a situação não melhorou nos anos seguintes. A título de exemplo, um Estudo Nacional de Opinião Pública realizado em novembro de 2022 indicou que 64% dos entrevistados percebem que a situação política está mal/muito mal e 55% indicam que atualmente, o Chile está “estagnado”. Da mesma forma, outra série de protestos tem tomado as diferentes cidades do país, como o “mochilaço estudantil” de março de 2023 para exigir melhores condições educacionais.
Contudo, os eventos passados e atuais do país sulista parecem ter algo em comum: a impunidade que permeia as sistemáticas violações aos direitos humanos cometidos em cada um deles e a falta de garantias das vítimas, principalmente no que se refere à justiça transitória, como o esclarecimento dos abusos cometidos durante a ditadura e o protesto social, e as medidas de reparação por essas graves atrocidades. A investigação da justiça e verdade continua sendo um tema bastante sensível para o país, na qual, inclusive, alguns setores têm começado a justificar há alguns anos a repressão ocorrida durante o regime militar.
Para avançar na reparação às vítimas depois dos protestos de 2019 criou-se uma Agenda Integral de Verdade, Justiça e Reparação às vítimas que sofreram violações aos direitos humanos. Por outro lado, também existe um plano atual para determinar o paradeiro de muitas pessoas desaparecidas durante o golpe militar, no qual tem tido avanços, apesar de que, segundo várias organizações de direitos humanos que representam as vítimas, não tem sido suficientemente eficaz em alcançar seu mandato.
O Chile ainda tem importantes dívidas para quitar com o passado, ainda deve focar-se em resolver as crescentes demandas sociais. Nesse ponto, é necessário perguntar-se: se o passado da ditadura não foi resolvido, como se pode assegurar que o processo das vítimas do protesto social não terá o mesmo destino? Embora as respostas não sejam simples, para alguns chilenos as oportunidades para refletir sobre as lições aprendidas e as propostas para o futuro parecem distantes.
Conclui Nicolás:
“Os esforços para executar um plano de responsabilização pelo ocorrido durante o protesto social são bem recentes; se não podem estar de acordo sobre algumas verdades em relação a ditadura de 50 anos atrás, o que se pode esperar em relação aos protestos? Não existe vontade política, entre outras razões, há um panorama com um forte refluxo conservador. Todas essas causas estão muito postergadas e isso também permeia o assunto relativo à ditadura”
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Último pedido do Papa Francisco, horas antes de partir

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21 de abril de 2025
O último pedido, do Papa Francisco, poucas horas antes de partir, foi um recado ao mundo e aos governantes. Francisco apelou pela paz, pelo fim das guerras, por clemência aos que passam fome e pela liberdade dos reféns.
O pontífice mencionou a situação de Gaza, mas citou os demais conflitos que ocorrem pelo mundo e a necessidade de um cessar-fogo permanente. A mensagem, no Domingo de Páscoa na Praça de São Pedro, no Vaticano, diante de milhares de fiéis, foi lida por Dom Diego Ravelli, Mestre das Cerimônias Litúrgicas Pontifícias.
Porém, o papa, mesmo debilitado estava presente e, inclusive, circulou entre os fiéis. Segundo o santo padre, é preciso recuperar a esperança e acredita que a paz é possível. “Gostaria”, insistiu Francisco. “Que recuperássemos a esperança de que a paz é possível”, acrescentou. Ele lamentou o aumento de animosidades entre os povos irmãos. “Há um crescente clima de antissemitismo que está se espalhando pelo mundo”, lembrou.
Conflitos em Gaza
O papa Francisco morreu aos 88 anos, nesta segunda-feira (21). A morte do papa foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano: “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja”, informou.
Antes de partir Francisco pediu orações para os cristãos que vivem no Líbano, na Síria e no Iêmen que estão em situação de guerra prolongada. De acordo com ele, tudo passa pela “busca de soluções por meio do diálogo construtivo”.
A guerra em Gaza completa dois anos em outubro, a estimativa é que mais de 48 mil pessoas morreram nesse período, incluindo crianças, mulheres e idosos. Os palestinos que permaneceram na região estão sem as condições mínimas de sobrevivência por ausência de infraestrutura básica.
“Em Gaza há um terrível conflito continua a trazer morte e destruição e a provocar uma crise humanitária dramática e indigna”, destacou o papa. Ele apelou para a libertação dos reféns e ajuda à população palestina “que está faminta e anseia por um futuro de paz”.
Leia mais sobre o Papa
Paz, algo a ser perseguido
Francisco reiterou que diante de uma situação de guerra pessoas são não seres inanimados. “Não podemos nos dar ao luxo de esquecer que o que está em nossa mira não é um mero alvo, mas pessoas com alma e dignidade”, recordou. “Que a Páscoa seja também uma ocasião propícia para libertar os prisioneiros de guerra e os presos políticos.”
Prevendo o acirramento dos conflitos armados, Francisco reiterou que cada nação deve cuidar de si, sem interferências externas. “Há a necessidade de cada nação prover sua própria defesa não pode se transformar em uma corrida geral ao rearmamento”, disse.
Para o papa, a lição da Páscoa é o ensinamento da solidariedade e da generosidade. “Rezemos pelas vítimas e seus entes queridos”, disse ele. “Agradeçamos sinceramente a todos os generosos voluntários que estão realizando os esforços de socorro.”
Páscoa, tempo de esperança
Na celebração de domingo, o papa lembrou que a ressurreição de Jesus é o fundamento da esperança e que, depois deste acontecimento, a esperança já não é uma ilusão, segundo o Vatican News.
“Quanta força de vontade vemos todos os dias nos muitos conflitos que afetam diferentes partes do mundo. Quanta violência vemos muitas vezes até mesmo nas famílias, contra mulheres e crianças. Quanto desprezo, às vezes, pelos mais fracos, pelos marginalizados e pelos migrantes.”
Surpreendendo aos presentes, Francisco deixou o papamóvel e circulou entre os fiéis. Ele parou, especialmente, para conversar com com Dona Carmela, a “senhora das flores amarelas”. Ela que, durante a internação dele, levou flores todos os dias ao hospital.
No Domingo de Páscoa, o papa Francisco conversou com fiéis, como Dona Carmela, a “senhora das flores amarelas”, que foi ao hospital todos os dias quando ele estava internado, levando um buquê. Foto: Vatican News
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Zeca Pagodinho distribui ovos de Páscoa na comunidade do Rio com ajuda de Fábio Jr; vídeo

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21 de abril de 2025
Todo ano, a meninada de Xerém, em Caxias, no Rio de Janeiro, já espera. É que Zeca Pagodinho distribui ovos de Páscoa para as crianças da região com apoio dos netos, filhos e amigos. É uma tradição de anos. O sambista sempre comemora a Semana Santa dessa forma e este ano contou com uma ajuda extra. O cantor Fábio Jr. enviou um carregamento de ovos de Páscoa para contribuir com as doações.
E ele agradeceu nas redes: “Páscoa em Xerém! Dia de distribuir ovos e amor para as crianças da região , mantendo uma tradução que existe há décadas na família do Zeca Pagodinho. E esse ano, o amigo FábioJr, enviou também um carregamento de ovos para a doação na comunidade. Valeu grandão”.
A generosidade de Zeca é conhecida na região, quando se veste de Papai Noel, no Natal, e também faz farta distribuição só que de brinquedos. E ele deixou uma mensagem de Páscoa a todos: “Que hoje seja um dia de renovar a fé no amor, espalhar carinho e lembrar que, juntos, a gente é mais forte. Feliz Páscoa, família do samba”.
Aplausos nas redes
Zeca Pagodinho ganhou muitos aplausos, elogios e comentários positivos a respeito da forma como encara a fama e lida com dinheiro.
“Minha religião é a das pessoas que praticam o amor, empatia, carinho e fraternidade. São pessoas diferenciadas e evoluídas, como o Zeca”, afirmou uma seguidora.
Outra complementou: “Que lindo a humanidade e a humildade dele.”
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Instituto Zeca Pagodinho
O sambista mantém um instituto, sem fins lucrativos, que tem o nome dele.
A organização mantém escola e horta comunitária. É um local para o desenvolvimento artístico, mas também de capacitação e educação cidadã.
O trabalho é desenvolvido em Xerém, sempre lá, o bairro do coração e da vida de Zeca Pagodinho, que não abandona por nada o local onde vive.
Que cara incrível!
No fim do ano, no Natal, Zeca Pagodinho põe a toca do Papai Noel e distribui presentes para as crianças de Xerém, outra tradição. Foto: @zecapagodinho
Zeca Pagodinho reúne familiares e amigos para a distribuição dos ovos de Páscoa em Xerém, no Rio:
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Homem com câncer terminal decide viajar o país para ajudar pessoas pobres; “morrer feliz”

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21 de abril de 2025
“Morrer feliz”. É o que quer esse homem, após o diagnóstico de câncer terminal. Ele largou o emprego e vai usar os dias que lhe restam para viajar o país e fazer a diferença na vida de pessoas que precisam: Doug decidiu fazer voluntariado.
Diante da perspectiva de ter apenas mais um ano de vida, o norte-americano Doug Ruch, de 55 anos abriu mão do tratamento e começou a missão de levar esperança. Ele vai viajar os 50 estados e por Washington, D.C, nos Estados Unidos, e ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade.
Ao todo, o homem já dirigiu mais de 6.400 quilômetros e dorme em hotéis e Airbnbs. Para manter o sonho de pé, conta com doações. Ele já conseguiu arrecadar mais de US$ 64 mil, equivalente a 370 mil reais. “Se eu puder inspirar centenas ou milhares de pessoas em todo o país a se voluntariar, mesmo que sejam três ou quatro horas por mês, então poderei morrer feliz”, disse ele em entrevista ao Washington Post.
Como teve a ideia
A ideia do projeto “Dying to Serve” (Morrendo para servir) surgiu após dias de reflexão solitária.
Em um caderno, ele começou a fazer várias anotações sobre o que queria no fim da vida. Sem recursos, precisou criar uma vaquinha online para custear as viagens, hospedagens e necessidades básicas.
Recentemente, Doug ajudou no Banco de alimentos de Idaho.
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Virada após diagnóstico
Em janeiro deste ano, Doug foi informado de que o câncer que enfrentava desde 2021 havia se espalhado para o fígado e os ossos.
O prognóstico de vida é de 12 a 18 meses. Como os efeitos colaterais do tratamento são fortes, ele decidiu parar, num ato corajoso.
Doug quer passar o resto dos dias que lhe sobram servindo ao próximo, em especial aqueles que mais precisam.
Mala cheia
Desde então, Doug se jogou nas estradas dos Estados Unidos.
O único companheiro é o Chevrolet Malibu 2017 dele, além de um saco repleto de roupas, remédios e até uma impressora.
A rota começou em San Antonio e o homem já passou por Dallas, Phoenix, Las Vegas, Seattle e Santa Fé. Em todas elas procurava serviço de voluntário.
Apoio de estranhos
Ao longo do caminho, ele recebe ajuda de desconhecidos: descontos em hotéis, refeições gratuitas e até dinheiro doado por quem conhece a história.
Mesmo assim, ele reforça que essa não é a missão principal dele.
“Eu não quero ser uma pseudo celebridade, porque não sou. Sou apenas um cara que precisava equilibrar a balança e fazer algo bom na vida.”
Olha o sorriso dele:
. – Foto: Doug Ruch
Leia Mais: Só Notícias Boas
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