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China deve olhar para governança interna e dívidas em 2025 – 13/12/2024 – Igor Patrick
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Entre mortos e feridos, salvaram-se (quase) todos, e 2024 está quase no fim. Por aqui nos restam apenas duas colunas, esta e a da semana que vem, e gosto de encerrar dezembro com um prognóstico da agenda para o ano seguinte e do que o leitor interessado em China poderá esperar de mais relevante.
O ano de 2025, porém, será desafiador em várias frentes para Pequim, e talvez nos seja mais proveitoso dividir a discussão. Nesta semana então falaremos dos três principais temas da política doméstica, para na próxima coluna tratarmos dos pontos contenciosos das relações internacionais.
A começar pelas mudanças na governança interna. É muito comum que veículos de imprensa tendam a focar a cobertura na figura de Xi Jinping e seus asseclas na política nacional chinesa, mas uma transformação tão silenciosa quanto significativa se avizinha no ano que vem.
No sistema tecnocrático sob a égide do Partido Comunista, ninguém chega ao palco nacional sem antes ser colocado à prova no comando das províncias. E em 2025 esperam-se promoções em várias regiões-chave do país para substituir secretários provinciais, governadores e secretários-adjuntos, além de postos militares que estão se aposentando.
Como mapeou Guoguang Wu, um dos principais observadores da área na Asia Society, serão nada mais, nada menos que um quinto dos líderes da província a serem substituídos por idade. Os escolhidos para os cargos se tornam candidatos automáticos a posições de destaque no Congresso do Partido de 2027, quando se espera a renovação dos quadros no Politburo, o coração político do país.
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Será também uma oportunidade para analisar quão efetiva será a internalização do poder de Xi além da capital. Priorizarão os leais? Ou veremos uma reorganização lenta, porém sólida, de novas facções dentro da estrutura partidária? A ver.
E por falar em províncias, o endividamento local segue como um dos principais pontos de preocupação quando o assunto é economia. Pequim ensaiou alguns pacotes de estímulo neste ano, mas vai precisar expandir ou rever vários pontos.
Do jeito que estão, governos locais seguem com capacidade de implementação de políticas públicas bastante reduzida. Estes novos líderes provinciais certamente precisarão tratar o tema como prioridade máxima e quem conseguir equilibrar crescimento de curto prazo, evitando estímulos significativos como emissão de títulos ou isenções fiscais, torna-se forte candidato a postos de destaque.
Por fim, Xi tentou como pôde adiar reformas fiscais, mas isso não será mais possível diante de um mercado consumidor conservador e avesso à gastança. O Rhodium Group e o Macro Polo, dois think tanks que observam a saúde econômica chinesa, preveem ajustes no imposto de renda e a alíquota do imposto sobre valor agregado. O objetivo é ampliar a arrecadação sem prejudicar ainda mais a classe média, exausta após anos de aperto durante a Covid zero.
Implementar toda esta agenda não é tarefa simples, sobretudo em um cenário desafiador com Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos. Mas na tentativa de projetar como a China se comporta internacionalmente, a partir de agora será ainda mais vital acompanhar o que mobiliza a classe política em casa.
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José Carlos Dias, gigante dos direitos humanos – 14/12/2024 – Oscar Vilhena Vieira
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13 de dezembro de 2024Ingressar no centro de tortura do DOI-Codi ou no prédio do Dops para atender perseguidos políticos, em plena vigência do ato institucional número 5, exigia muita coragem e ousadia de um advogado. Defender mais de 500 presos políticos durante o regime de exceção, muitos deles gratuitamente, demandava também enorme competência e determinação. O fato é que essas virtudes nunca faltaram a José Carlos Dias.
A trajetória de José Carlos Dias indica que ele jamais gostou de andar sozinho. Em 1970, aceitou o convite de dom Paulo Evaristo Arns para formar, ao lado de Margarida Genevois, Dalmo Dallari, José Gregori, Fabio Comparato e outros militantes dos direitos humanos, a Comissão de Justiça e Paz. Organização que foi fundamental na luta contra a tortura durante o regime militar.
Em 1977, José Carlos Dias voltou parte de sua interminável energia para o processo de abertura, sendo um dos redatores e articuladores da famosa Carta aos Brasileiros, que viria a se transformar num dos marcos fundamentais da redemocratização, participando ativamente da mobilização das Diretas e da convocação constituinte, ao lado de Miguel Reale Jr. e de outros amigos de geração.
Desde cedo, José Carlos teve clareza de que as violações de direitos humanos não terminariam com o fim da ditadura, especialmente em relação a presos comuns e aos grupos vulneráveis que habitam as periferias sociais brasileiras. Por isso aceitou o desafio de assumir a Secretaria de Justiça, no governo Montoro em São Paulo, e o Ministério da Justiça, na Presidência de Fernando Henrique Cardoso.
Em ambas oportunidades colocou em curso projetos inovadores de reforma do sistema carcerário e da segurança pública. A falta de compromisso de sucessivos governos de direita, centro e esquerda com essas reformas nos levaram a uma dramática deterioração das condições de segurança no Brasil, como estamos testemunhando hoje em São Paulo.
Quando parecia animado com a ideia de reduzir o passo, foi convocado mais uma vez a defender a democracia. Sua contribuição para a Comissão Arns, idealizada por Paulo Sérgio Pinheiro, foi essencial para reconstruir o tecido da sociedade civil brasileira. A escolha unânime de José Carlos Dias para ler o Manifesto de Defesa do Estado de Direito, em 11 de agosto de 2022, em nome de centenas de entidades —do Movimento Negro à Fiesp, da CUT à Febraban—, foi o reconhecimento de sua rica trajetória.
O percurso de José Carlos Dias tem sido marcado por enorme coerência política, correção moral e competência profissional, além de um forte compromisso com o pluralismo, a tolerância e, sobretudo, com a defesa dos direitos humanos.
José Carlos Dias tornou-se ao longo das últimas décadas uma espécie de âncora moral para as novas gerações de advogadas e advogados, assim como para todos aqueles que militam pela dignidade humana.
Como se não bastasse, em José Carlos Dias todas essas virtudes republicanas convivem de forma mais que harmoniosa com uma aguda sensibilidade poética, um humor brejeiríssimo e uma despretensão militante.
A trajetória desse brasileiro gigante, como cravou Juca Kfouri, nos chega agora por meio de um conjunto de relatos cuidadosamente organizados por Ricardo Carvalho e Otávio Dias. “Democracia e Liberdade”, uma inspiradora leitura para este final de ano.
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Mike Bowers: uma década de ótimas imagens no Guardian Australia – em fotos | Arte e design
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13 de dezembro de 2024 Guardian Staff
Bowers, que está deixando o Guardian Australia após 11 anos, tirou algumas das fotos mais memoráveis do Parlamento em Canberra, além de cobrir incêndios florestais, secas e inundações em todo o país. Aqui estão alguns destaques
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Médico de Nova York processado pelo Texas por teleprescrever pílula abortiva
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13 de dezembro de 2024Texas, onde o aborto é proibido, exceto raramente “exceções médicas”anunciou na sexta-feira, 13 de dezembro, que iniciou um processo contra um médico nova-iorquino por ter prescrito e enviado pílulas abortivas a uma paciente neste estado conservador do sul dos Estados Unidos. Estes processos, lançados quinta-feira nos tribunais do Texas pelo seu procurador-geral, Ken Paxton, correm o risco de desencadear um conflito de jurisdição com o Estado de Nova Iorque, que adotou leis que protegem os atos acusados da praticante, Margaret Daley Carpenter.
Este médico de Nova Iorque, fundador da Coligação para o Aborto por Telemedicina, “drogas abortivas fornecidas ilegalmente” para um paciente do Texas, diz Ken Paxton em um comunicado à imprensa. Estas drogas têm “acabou com a vida de um nascituro e causou graves complicações à mãe, que necessitou de intervenção médica”acrescentou.
“O Dr. Carpenter tratou conscientemente residentes do Texas, apesar de não ter licença médica lá e não estar autorizado a praticar telemedicina lá”denunciou o procurador-geral. Ele pede aos tribunais que a condenem a « 100 000 dólares (95 000 euros) multar “ para cada violação da lei. O paciente, de 20 anos, recebeu a medicação pelo médico em maio e foi internado em julho por causa de uma hemorragia, conforme texto da denúncia.
“Diante de ataques de outros Estados contra aqueles que permitem o acesso à interrupção voluntária da gravidez (IVG)Nova York tem orgulho de ser um santuário nesta áreareagiu num comunicado de imprensa a sua homóloga no Estado de Nova Iorque, a procuradora-geral Letitia James. Protegeremos os nossos prestadores de cuidados de saúde de tentativas injustas de os punir por fazerem o seu trabalho e nunca cederemos a intimidações ou ameaças. »
Aborto proibido em cerca de vinte estados americanos
Através do seu acórdão histórico de Junho de 2022, que anulou a garantia federal do direito ao aborto, o Supremo Tribunal Americano, com uma maioria conservadora, deu aos estados plena liberdade para legislar nesta área. Desde então, cerca de vinte estados proibiram o aborto, seja ele realizado por medicação ou cirurgia, ou regulamentaram-no estritamente. O Texas proíbe todos os abortos, inclusive em casos de incesto ou estupro. As únicas exceções: se houver risco de morte ou invalidez grave para a mãe.
Cerca de vinte outros estados, incluindo Nova Iorque, promulgaram leis que protegem os profissionais que fornecem pílulas abortivas a pacientes em estados onde o aborto é proibido.
O mundo com AFP
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