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Com mais de 5 mil autuações em 2018, multas por uso de celular no trânsito sobem 54% no Acre

A velocidade e o consumo de álcool sempre foram os principais problemas relacionados a acidentes de trânsito. Porém, com o avanço da tecnologia, o aparelho celular aparece como um novo vilão neste cenário.

Um balanço feito a pedido do G1 mostra que, em um ano, o número de multas pelo uso de celular na direção aumentou em 54% em todo o Acre.



Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que abrange as vias estaduais, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC). Ao todo, foram 3.403 multas em 2017 e, no ano seguinte, esse número saltou para 5.257.

Deste total de 3.403 multas dadas em 2017, 70 foram em rodovias federais. Já em 2018, quando foram registradas 5.257 autuações, 64 foram em rodovias de responsabilidade da PRF.

De Janeiro até junho deste ano, o Detran já notificou 722 motoristas pelo uso do aparelho e a PRF mais 27 condutores.

Punição

Desde 2016, uma mudança no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) alterou as autuações pelo uso do celular, enquadrando o manuseio do aparelho na direção em infração gravíssima. Já o uso do telefone sem usar as mãos, ou seja, com o fone de ouvido, é infração média.

Pra quem for pego manuseando o celular a multa é de R$ 293,47 e a perda de sete pontos na carteira de habilitação. Já se for pego usando o fone, por exemplo, mesmo sem o celular nas mãos, esse condutor deve pagar R$ 130,16 de multa e perde ainda quatro pontos na carteira.

Fiscalização

Mesmo com a lei mais rígida há mais de três anos, os números preocupam os órgãos fiscalizadores. Até porque em uma pesquisa, divulgada pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), Rio Branco aparece entre uma das capitais em que mais os motoristas assumem que usam o celular enquanto dirigem.

Como o estudo leva em consideração a autodeclaração, o Detran- AC diz que está em alerta e deve pensar em ações educativas para tentar mudar o mau hábito que, segundo o órgão, aparece como algo comportamental.

“De 2017 para 2018, tivemos um avanço significativo nas infrações. Neste ano de 2019, a gente teve uma redução drástica, não está de acordo com o que a pesquisa vem falando pra gente, porque fala que a maioria das pessoas declarou falar ao telefone. A declaração das pessoas causa um espanto, já que estão declarando que dirigem usando telefone e isso mostra que é um comportamento da sociedade”, destaca o coordenador de Fiscalização de Trânsito (Ciftran), Francisco Neto.

Ele destaca ainda que o uso do celular na direção já aparece como a terceira causa mais recorrente de acidentes de trânsito e que o órgão vai tentar trabalhar de maneira mais educativa para tentar conscientizar os condutores do estado.

“A gente tem que mostrar de forma educativa e repressiva. É uma vida, então você, às vezes, está ali respondendo a uma mensagem e não está atento para o que pode acontecer e ao que está acontecendo a cada segundo e a pessoa não se atenta que aquilo ali pode ocasionar uma morte”, pontua Neto.

Aplicativos

Outra mudança no trânsito em Rio Branco, foi a chegada dos aplicativos de transporte de passageiros em 2017. Questionado sobre os motoristas que usam a plataforma, Neto diz que o ideal é que o motorista sempre utilize o suporte, que pode ser fixado no painel ou para-brisa do veículo.

“A gente aconselha não manusear na hora do tráfego porque acaba tirando a atenção. Mas, se está no suporte, e, ao entender que não causa desatenção ao condutor, não há problema”, explica.

Neto diz ainda que, independente de números, o órgão deve se atentar ainda mais na questão do uso do aparelho pelos motoristas do estado. Segundo ele, é necessário que haja uma mudança comportamental desse público.

“Então com essas novas tecnologias, muitas pessoas não percebem que estão nesse ciclo vicioso que acabam levando para dentro do veículo e isso tem ocasionado muitas mortes de trânsito”, alerta.

Rodovias federais

Diferente do Detran, a PRF registrou uma queda nessas autuações. Wilse Filho, assessor, diz que as campanhas educativas acabam surtindo mais efeito. Entre 2017 e 2018, as multas dessa natureza nas rodovias federais caíram de 70 para 64 – uma redução de 9%, que parece pequena, mas é considerada positiva para a PRF.

“A Polícia Rodoviária Federal trabalha de duas formas: preventivamente, através de palestras e campanhas educativas, exatamente tentando conscientizar a sociedade que dirigir manuseando aparelhos eletrônicos vai tirar atenção e ocasionar acidentes”, diz.

Neste ano, até 25 de junho, foram 27 multas. Mas, nem sempre as ações educativas surtem o efeito necessário, então é preciso punir.

“Da mesma forma trabalhamos de forma ostensiva com fiscalizações e abordagens durante as rondas. Exatamente para evitar acidentes, então esse é o foco, o código de trânsito. Quando ele exige ou proíbe o uso é porque pode ocasionar acidentes com lesões graves e, pior, pode ocasionar até mortes”, alerta Filho

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