NOSSAS REDES

MUNDO

Comida escassa e casas sufocantes: rede crepitante leva Cuba à beira do colapso | Cuba

PUBLICADO

em

Comida escassa e casas sufocantes: rede crepitante leva Cuba à beira do colapso | Cuba

Ruaridh Nicoll in Havana

O crepúsculo tornou-se um momento particularmente frenético em Havana, pois Cuba preparado para uma terceira noite potencialmente sem eletricidade após repetidas tentativas fracassadas de reiniciar a rede nacional.

Longas filas se formaram para comprar pão na capital no início do dia. Na noite anterior, pessoas haviam saído de casas úmidas em busca de comida, bebida, notícias. “Qual é o sentido de ficar em casa?” perguntou Alejandro Hernandez do lado de fora de um bar no bairro de Vedado.

Ao longo do domingo, grande parte da ilha voltou a receber eletricidade, embora ninguém saiba se a noite poderá trazer outro colapso de energia, já que tinha feito todas as noites durante o fim de semana.

As piadas, um elemento básico na vida cada vez mais difícil dos cubanos, estão cada vez mais ácidas. “Ligue novamente o Morro”, dizem as pessoas sobre o farol de Havana. A ilha perdeu mais de 10% da sua população nos últimos dois anos devido à emigração, bem mais de 1 milhão de pessoas.

Tornou-se perigoso andar pelas ruas à noite, mas não por causa da violência, mas sim por causa das calçadas em ruínas e dos esgotos abertos.

Noite em Havana. Fotografia: Norlys Perez/Reuters

O problema é que o governo cubano ficou sem dinheiro. Isto tornou os cortes de energia de até 20 horas por dia uma experiência regular em toda a ilha, à medida que o estado luta para comprar combustível suficiente nos mercados globais para as suas cinco principais centrais termoeléctricas.

A falta de dinheiro levou à escassez de água, à medida que as bombas e canos falham, ao acúmulo de lixo nas esquinas, à medida que as coletas são cortadas, e à fome, à medida que os preços dos alimentos disparam.

Cuba culpa o embargo de seis décadas imposto pelos EUA pelo seu estado miserável. Na sexta-feira, Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, referiu-se ao “bloqueio mais cruel”. Outros, como o respeitado economista Pedro Monreal, contestam isto, afirmando que um dos últimos estados comunistas centralmente planeados do mundo passou de esclerosado a moribundo. “É uma falência causada por decisões internas”, escreveu ele online.

Mas foi um apelo feito pelo governo na quinta-feira para que todos os trabalhadores não essenciais da sua vasta burocracia voltassem para casa e poupassem energia que anunciou esta última crise, uma crise sem precedentes, excepto em tempos em que a ilha é atingida directamente por furacões.

A medida não salvou a rede elétrica, que entrou em colapso pouco depois das 11h de sexta-feira. A principal central geradora, em Matanzas, ficou offline. Somente aqueles que tinham geradores pessoais tinham luz.

Uma mulher e seu papagaio sentam-se do lado de fora de sua casa para escapar do calor lá dentro. Fotografia: Norlys Perez/Reuters

Desde então, repetidas tentativas da Union Electrica de Cuba para colocar a rede em funcionamento falharam. A luz aparecia em certos bairros, muitas vezes em torno dos hospitais. Mas então, no sábado às 6h e novamente às 22h, a eletricidade caiu em partes do país com um baque enervante.

Enquanto os engenheiros tentam restaurar o sistema, a área mais atingida tem sido o oeste de Cuba, incluindo Havana. Isto foi um choque para os residentes, uma vez que a cidade tem sido tradicionalmente salva do pior, com o governo a temer protestos. Em julho de 2021, Cuba sofreu os piores protestos de que há memória à medida que se espalhava uma manifestação contra os cortes de energia numa cidade a oeste de Havana.

Num país das Caraíbas que luta para se alimentar, os cortes de energia podem ser particularmente terríveis. Sem ventiladores, as temperaturas noturnas podem impedir as pessoas de dormir, e a falta de eletricidade significa que os alimentos estragam nos frigoríficos. As pessoas telefonam para familiares e amigos para perguntar se têm algum lugar para armazenar as pequenas rações de carne que o Estado dá aos mais vulneráveis.

Durante esta última crise, o governo tem tentado manter a população informada. Figuras importantes do governo anunciaram o colapso inicial do sistema eléctrico em X. Isso gerou manchetes em todo o mundo, confundindo uma indústria do turismo já em dificuldades, uma das principais fontes de fundos estrangeiros do estado.

Uma fotografia foi divulgada em um canal de mídia governamental mostrando Díaz Canel e sua equipe atrás de dois técnicos no escritório da Diretoria Nacional de Eletricidade. De um lado estava Ramiro Valdés, ex-vice-presidente, hoje com 92 anos.

Pessoas constroem um bloqueio improvisado com lixo para protestar contra os apagões em Havana. Fotografia: Norlys Perez/Reuters

Todas as cinco principais fábricas do país têm quase meio século de existência. De acordo com Jorge Piñon, especialista em sistema energético de Cuba na Universidade do Texas, eles estão muito além da expectativa de vida planejada.

Manuel Marrero, o primeiro-ministro de Cuba, apelou a uma mudança para as energias renováveis ​​e a que o crescente sector privado do país pague mais pela energia que utiliza.

Apesar das mensagens do governo de que os seus técnicos estão a trabalhar “incessantemente”, os comentários em artigos do CubaDebate, um meio de comunicação estatal, mostram a raiva das pessoas. “Isso não deveria acontecer”, escreveu um morador do Plaza, o bairro de Havana que leva o nome da Plaza de la Revolucion. “Milhões de pessoas sem eletricidade ou água. Quanto valem todas as explicações?

Na noite de sábado, muito depois do anoitecer, as ruas do bairro de Vedado, em Havana, estavam praticamente vazias. As poucas pessoas que saíam corriam para casa, apenas dois membros de uma patrulha do exército passeavam lentamente.



Leia Mais: The Guardian



Advertisement
Comentários

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Blue Origin funga no cangote da SpaceX – 15/12/2024 – Mensageiro Sideral

PUBLICADO

em

Blue Origin funga no cangote da SpaceX - 15/12/2024 - Mensageiro Sideral

Fique esperta, SpaceX, a concorrência vem aí. A empresa americana Blue Origin, do bilionário Jeff Bezos, está correndo para lançar ainda neste ano seu foguete New Glenn –sério candidato a ser o segundo veículo de grande porte com primeiro estágio reutilizável, a exemplo dos lançadores Falcon 9 e Falcon Heavy, da SpaceX.

O voo inaugural está em fase final de preparação, no Complexo de Lançamento 36 da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, e aguarda autorização da FAA (agência que regula aviação civil e foguetes comerciais nos EUA) no que será essencialmente um lançamento de certificação. A bordo, uma carga útil da própria empresa, chamada Blue Ring, um veículo de transferência para colocar satélites em diferentes órbitas, capaz de comportar até três toneladas deles.

Contudo, o principal teste é mesmo do foguete em si. Seu desenvolvimento foi anunciado em 2016, e então a Blue Origin esperava o primeiro voo para 2020. Já são quatro anos de atraso, mas agora parece que vai. E a confiança é tão grande que a empresa pretende tentar recuperar o primeiro estágio em uma plataforma marítima no oceano Atlântico –uma balsa similar às usadas pela SpaceX.

Não se espante se não der certo na primeira tentativa —basta lembrar que também foi assim com a empresa de Elon Musk, nas primeiras tentativas de pousar o estágio inicial do Falcon 9. Mas, desta feita, já sabemos que é possível, de modo que é só uma questão de tempo até que o evento de recuperação se torne corriqueiro também para a Blue Origin.

Diz a empresa que cada primeiro estágio do New Glenn terá capacidade de realizar ao menos 25 reutilizações. O do Falcon 9 que teve mais voos até agora realizou seu 24º pouso no último dia 4. A SpaceX tem como meta reutilizar seus estágios até 40 vezes. São claramente competidores nesse quesito.

As duas empresas também disputarão mercado pelos mesmos lançamentos, já que o New Glenn tem uma capacidade intermediária entre o Falcon 9 e o Falcon Heavy; o da Blue Origin pode levar até 45 toneladas à órbita terrestre baixa; já os dois lançadores da SpaceX transportam 23 e 64 toneladas, respectivamente. Voos do New Glenn e do Falcon 9 saem pelo mesmo preço, cerca de US$ 69 milhões.

Mesmo sem ter realizado um voo sequer, o novo lançador da Blue Origin já tem contratos com a Nasa, a empresa de telecomunicações Telesat e com o Projeto Kuiper, constelação de satélites de internet da Amazon, outra empresa de Bezos. No ano que vem, o New Glenn também deverá lançar uma missão lunar robótica da Blue Origin, com o módulo Blue Moon Mark 2.

Moral da história: a recuperação e reutilização de foguetes de grande porte tem data para deixar de ser exclusividade da SpaceX. É um caminho sem volta para o futuro da exploração espacial, que promete reduzir ainda mais o custo de futuras missões e abrir novas oportunidades. É nessa hora que temos de admitir que isso é muito mais do que uma disputa fútil entre bilionários apaixonados pelo espaço. É uma nova realidade econômica que se descortina diante dos nossos olhos. Quem viver, verá.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, em Ciência.

Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

//platform.twitter.com/widgets.js//www.instagram.com/embed.js



Leia Mais: Folha

Continue lendo

MUNDO

Prazo para repatriar recursos no exterior acaba neste domingo

PUBLICADO

em

Prazo para repatriar recursos no exterior acaba neste domingo

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

Termina neste domingo (15) o prazo para pessoas físicas e empresas repatriarem bens mantidos no exterior e regularizarem rendimentos não declarados no Brasil até 31 de dezembro de 2023. O imposto e a multa devem ser pagos até esta segunda-feira (16).

Sancionada em setembro, a Lei 14.973 reabriu o prazo para a adesão ao Regime Especial de Regularização Geral de Bens Cambial e Tributária (RERCT-Geral). Essa é a terceira edição do programa de repatriação de recursos, que regularizou recursos mantidos no exterior em 2016 e 2017, em troca da anistia criminal.

A nova edição do RERCT ampliou o programa e permitiu a regularização de rendimentos não declarados no Brasil. Quem aderir ao programa pagará 15% de Imposto de Renda (IR) e multa de 15%. Em condições normais, o contribuinte paga 27,5% de IR e multa de 75%, após a autuação, com a possibilidade de responder criminalmente.

Na primeira edição, em 2016, a repatriação arrecadou R$ 45,8 bilhões com o programa. Nesta edição, a Receita não forneceu estimativas de arrecadação. No entanto, o programa foi ampliado para incluir não apenas bens no exterior, mas rendimentos não declarados no Brasil, o que poderá resultar em receitas expressivas.

Apesar da possibilidade de adesão de políticos e de parentes ao programa, o governo conta com as receitas para cumprir a meta de déficit primário (resultado negativo nas contas sem os juros da dívida pública) de R$ 28,75 bilhões para este ano. Essa meta considera apenas os gastos dentro do arcabouço fiscal.

Com as despesas fora do marco fiscal, como os créditos extraordinários para a reconstrução do Rio Grande do Sul, para combate a incêndios florestais e o pagamento de precatórios, o déficit para este ano está estimado em R$ 64,426 bilhões.

Procedimento

Para aderir ao programa, a pessoa física ou empresa deverá entregar a Declaração de Regularização Cambial e Tributária (Dercat) e pagar os 15% de Imposto de Renda e a multa de 15%.

A declaração pode ser feita online, por meio do Centro Virtual de Atendimento (e-CAC), acessível no site da Receita Federal. Ao acessar o e-CAC, o contribuinte deve clicar em “Declarações e Demonstrativos” e, em seguida, escolher a opção “Apresentar Dercat”.

Após o preenchimento da declaração, o contribuinte terá um dia para pagar o imposto devido e a multa. Mesmo quem declarou a RERCT de forma incompleta poderá regularizar a situação. Nesse caso, o devedor recolherá os mesmos percentuais (15% de IR e 15% de multa) sobre o valor da complementação.

A Receita Federal elaborou um guia de perguntas e de respostas para o RERCT.



Leia Mais: Agência Brasil



Continue lendo

MUNDO

Fernanda Torres é elogiada no ‘The New York Times’; destaca esperança do Oscar

PUBLICADO

em

O cachorro ensinou o bebê a brincar com a bolinha e ele nunca mais ficou sem ninguém para gastar energia! - Foto: @lorena.roberta.be/TikTok

Fernanda Torres, que brilhou em ‘Ainda Estou Aqui’, agora foi destaque em uma matéria do prestigiado jornal norte-americano, ‘The New York Times’. A publicação elogiou a atuação da atriz brasileira e alimentou, ainda mais, as esperanças do Oscar para o país!

O jornal relembrou que, há 25 anos, Fernanda Montenegro, mãe de Torres, fazia história ao ser a primeira atriz brasileira indicada à estatueta.



Agora, mais de duas décadas depois, Fernanda Torres seguiu o caminho brilhante da genitora e tem sido bem cotada, pela crítica internacional, para ganhar na categoria de ‘Melhor Atriz’. Imagina que cenário perfeito seria?

Simbolismo familiar

Segundo o Times, a possível indicação ao Oscar coloca Fernanda em um caminho repleto de simbolismo familiar. Em 1999, Montenegro foi indicada pela sua atuação em ‘Central do Brasil’.

A perda para Gwyneth Paltrow foi como uma injustiça e os fãs brasileiros tiveram que engolir a amarga derrota. Ou não engolir, né?

Para a filha, “seria uma grande vitória”. Seria uma história incrível se eu chegasse lá, seguindo minha mãe. Agora, ganhar – considero impossível”, destacou.

“Ainda Estamos Aqui”

Sobrou tempo até para brincadeiras. Descontraídas, mãe e filha mostraram uma forte conexão e comemoraram a atuação em conjunto.

“Minha mãe ainda está viva; está tudo bem com ela”, disse Fernanda Torres.

“Por acaso, ainda estou aqui”, respondeu Montenegro. “Ainda Estamos Aqui”, finalizou a filha, enquanto dá um largo sorriso para a mãe.

Leia mais notícia boa

Diálogos com o presente

A matéria também exaltou o sucesso de bilheteria de ‘Ainda Estou Aqui’, que ultrapassou a marca de 2,5 milhões de ingressos vendidos.

O filme conta a história da família Paiva, durante a ditadura militar no Brasil dos anos 1970, e o jornal fez paralelos com a realidade atual.

“A história pessoal da família Paiva é a história coletiva de um país”, disse Walter Salles, cineasta responsável pelo longa.

Já para Marcelo Rubens Paiva, o momento do filme foi perfeito.

“Foi, infelizmente, perfeito, porque mostrou que essa história não está apenas no nosso passado”, disse ao The New York Times.

'Ainda Estou Aqui' é um verdadeiro de sucesso de bilheteria no mundo todo. - Foto: María Magdalena Arréllaga ‘Ainda Estou Aqui’ é um verdadeiro de sucesso de bilheteria no mundo todo. – Foto: María Magdalena Arréllaga



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MAIS LIDAS