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Como policiais do Quênia patrulham um Haiti tomado pelas gangues – 12/10/2024 – Mundo

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Como policiais do Quênia patrulham um Haiti tomado pelas gangues - 12/10/2024 - Mundo

Frances Robles

Se os carros queimados, as escolas crivadas de balas, os edifícios demolidos e as ruas desoladas no centro de Porto Príncipe não fossem evidência suficiente das coisas terríveis que aconteceram aqui, alguém deixou um sinal ainda mais tenebroso: crânios no meio da rua.

Uma caveira humana fincada em um bastão com outra no chão ao lado, em frente a um escritório do governo, aparentemente foi colocada como uma mensagem ameaçadora de membros de gangues para os policiais quenianos e haitianos que tentam restaurar a ordem no Haiti: “Cuidado, nós dominamos estas ruas”.

Um policial queniano vestindo colete à prova de balas e capacete e patrulhando em um veículo blindado americano tirou uma foto com seu celular, enquanto outro manobrava o veículo ao redor dos crânios.

Eu, junto com um fotógrafo do New York Times, participei de uma patrulha por Porto Príncipe, a capital do Haiti, com uma missão de segurança multinacional liderada pelo Quênia implantada no país. Durante essas seis horas de patrulha, os quenianos foram em grande parte ignorados pelas pessoas na rua e ocasionalmente provocados; o veículo foi baleado uma vez.

A patrulha ofereceu um vislumbre dos enormes desafios que a força queniana enfrenta ao tentar retomar o controle de Porto Príncipe de grupos armados que desmantelaram a vida no país, matando indiscriminadamente, estuprando mulheres, incendiando bairros e deixando centenas de milhares famintos e em abrigos improvisados.

A rota percorrida pelos agentes revelou muitos edifícios que a polícia demoliu para tentar eliminar esconderijos de gangues.

Os agentes também viajaram até o porto de Porto Príncipe —o principal canal para alimentos, remédios e outras mercadorias para o Haiti— sempre alertas para potenciais atiradores escondidos nos telhados.

No porto, trabalhadores estavam colocando mercadorias em uma balsa para uma nova rota marítima para transportar itens para as províncias por água, evitando os redutos de gangues em terra.

Os agentes, cujos supervisores não foram autorizados a dar entrevistas, disseram que recentemente intensificaram suas operações em um esforço para pressionar as gangues em várias frentes.

Um dia depois, um trabalhador portuário foi baleado e ferido.

Nesse mesmo dia, os quenianos se envolveram em um tiroteio com membros de gangues em motocicletas e encontraram os caminhos para o porto bloqueados.

“O que me surpreendeu tanto quando cheguei aqui é como as gangues ousam atacar em plena luz do dia”, disse Godfrey Otunge, o comandante queniano da força policial multinacional, em uma entrevista. “Como isso pode acontecer?”

Desde que os primeiros agentes quenianos chegaram em junho, as autoridades falam em avanços importantes à medida que a vida em alguns bairros lentamente retorna ao normal.

O aeroporto de Porto Príncipe foi reaberto depois que as gangues foram removidas de seu perímetro. Muitos vendedores ambulantes estão de volta ao trabalho, e as gangues também foram expulsas do principal hospital público da capital.

Mas os agentes quenianos estão em grande desvantagem numérica, e as gangues fortemente armadas permanecem firmemente entrincheiradas em muitas partes de Porto Príncipe. Grandes áreas continuam sendo zonas proibidas, incluindo o centro da cidade e a área ao redor da Embaixada dos EUA. As gangues não controlam mais o hospital público, mas ele está em ruínas e não foi reaberto.

Grupos criminosos também expandiram seu controle fora da capital, tomando três estradas principais que ligam Porto Príncipe a outras partes do país e sitiando cidades e vilarejos menores que a força internacional não tem recursos para alcançar.

Na semana passada, uma gangue no Vale do Artibonite, na parte central do país, atacou uma cidade, deixando 88 pessoas mortas, incluindo 10 membros de gangues.

Mais de 700.000 pessoas que fugiram de suas casas durante uma onda de violência no último ano e meio ainda não conseguem retornar. Metade da população do país —cerca de 5,4 milhões de pessoas— luta para se alimentar todos os dias, e pelo menos 6.000 pessoas vivendo em acampamentos precários enfrentam fome, de acordo com uma análise divulgada recentemente por um grupo de especialistas globais.

O Haiti tem sido assolado por níveis surpreendentes de violência de gangues por mais de três anos, desde que o último presidente eleito do país, Jovenel Moïse, foi assassinado.

Muitas pessoas que fugiram da violência passaram a residir em escolas públicas e prédios do governo. Quase 3.700 pessoas foram mortas este ano, segundo as Nações Unidas.

As estradas bloqueadas que levam para dentro e fora de Porto Príncipe tornam “quase impossível” para a polícia intervir a tempo quando as gangues atacam novos locais fora da área metropolitana, disse o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille, em uma reunião em Nova York no mês passado.

Mas a força liderada pelo Quênia é pequena. Se o plano original era o envio de 2.500 agentes, a força conta hoje com pouco mais de 400. Do outro lado, especialistas estimam que até 15.000 pessoas são membros de 200 gangues haitianas.

A missão de US$ 600 milhões foi aprovada pelas Nações Unidas, mas é em grande parte financiada e organizada pelos Estados Unidos. Ela depende de contribuições voluntárias e, até agora, recebeu US$ 369 milhões dos Estados Unidos e US$ 85 milhões de outras nações.

O governo Biden anunciou recentemente uma alocação de ajuda separada —US$ 160 milhões— para a Polícia Nacional do Haiti.

O ministro das Relações Exteriores do Quênia, Musalia W. Mudavadi, disse na reunião do mês passado em Nova York que 400 agentes só poderiam ser eficazes até certo ponto, deixando claro que as capacidades da força estavam prejudicadas.

O governo Biden está tentando transformar o envio dos policiais quenianos em uma missão oficial de manutenção da paz da ONU, o que exigiria que os estados membros contribuíssem com dinheiro e pessoal.

Transformar o envio queniano em uma missão de manutenção da paz pode ser a única maneira de libertar o Haiti do domínio das gangues e permitir a realização de eleições para escolher um novo presidente, disseram especialistas.

As operações de manutenção da paz da ONU têm uma longa e complicada história no Haiti, repleta de abusos sexuais e saneamento precário que trouxe cólera ao país e causou milhares de mortes.

Mas, apesar dos problemas passados, o chefe do conselho presidencial de transição do Haiti, que é responsável por definir as eleições, instou as Nações Unidas a retornarem.

“Estou convencido de que essa mudança de status, ao reconhecer que os erros do passado não podem ser repetidos, garantiria o pleno sucesso da missão”, disse o presidente interino do Haiti, Edgard Leblanc Fils, à Assembleia Geral da ONU no mês passado.

Carlos Hercule, ministro da Justiça do Haiti, disse que estava se sentindo impaciente porque muitos policiais haitianos deixaram o país, acrescentando que o Haiti precisava de um destacamento reforçado em breve.

Otunge, ex-diretor de operações de segurança da Polícia do Quênia que participou de missões de paz no Sudão do Sul e na Somália, pediu paciência.

Ele não vai parar, disse, até que o Haiti “recupere sua glória.”

“Eu não posso falhar com o povo haitiano”, disse Otunge. “Nunca falhei, e não estou pronto para falhar no Haiti.”





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Antonio Cicero viu tragédia em Armando Freitas Filho – 28/12/2024 – Ilustríssima

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Antonio Cicero viu tragédia em Armando Freitas Filho - 28/12/2024 - Ilustríssima

Gustavo Zeitel

[RESUMO] Livros póstumos dos poetas Antonio Cicero e Armando Freitas Filho, recém-lançados, sintetizam estilo e pensamento dos dois autores, bastante diferentes entre si, mas ambos pilares da poesia brasileira contemporânea.

Morto um poeta, parece difícil explicitar como sua ausência impactaria a coletividade no século 21. Mesmo os teóricos já decidiram que um poema vale por si: entre o primeiro e o último verso, forma-se um acontecimento sem finalidade. Seguindo a lógica, não precisaríamos de poesia para viver, seria lícito afirmar.

Contudo, as mortes de Antonio Cicero, aos 79 anos, e de Armando Freitas Filho, aos 84, que ocorreram no intervalo de um mês, entre setembro e outubro, provam o contrário e ainda permanecem, entre seus leitores, como um luto indecifrável, cuja dimensão se recusa a ser mensurada por meios objetivos.

A leitura de “Respiro”, último livro de Armando, e de “O Eterno Agora”, coletânea de ensaios escrita por Cicero, que chegam postumamente às livrarias, representa o enfrentamento ao vazio, originado pela interrupção abrupta de duas obras norteadoras do ofício poético em nosso país. Tão diferentes entre si, Armando e Cicero tornaram-se pilares da poesia contemporânea brasileira, estabelecendo projetos singulares, em diálogo com a tradição modernista.

No caso de Cicero, “O Eterno Agora” ressalta seu trabalho como filósofo, que ele mesmo tentava manter apartado da escrita literária. Num primeiro momento, os textos foram apresentados em conferências, organizadas pelo jornalista e também filósofo Adauto Novaes. Em especial, Cicero dedica três ensaios a uma investigação sobre a natureza da poesia, tema que perseguiu durante toda a vida.

Em “A Poesia Entre o Silêncio e a Prosa do Mundo”, ele discorre sobre o conceito de linguagem do entendimento, criado pelo filósofo alemão Hegel, para opor dois usos distintos da língua. A linguagem do entendimento está alicerçada na razão humana e tem a finalidade específica de diferenciar as coisas, dado que, nas palavras de Hegel, “a atividade de separação é a força e o trabalho do nosso entendimento”.

O mundo, afinal, apresenta-se ao ser humano como uma grande indistinção a ser organizada pela racionalidade. Ocorre que, na poesia, prevalece outro objetivo. Embora o poeta não possa recusar a faculdade do entendimento, sua função é subverter a linguagem utilitária, promovendo um deslocamento entre as palavras e os respectivos significados dicionarizados.

Assim, o autor deve provocar uma nova realidade semântica, em que a apreensão estética se sobreponha ao utilitarismo, numa desorganização da linguagem. Não à toa, Hegel pensa um poema como um “organismo intrinsecamente infinito”, que se desdobra em múltiplos sentidos.

Tampouco a revelação da verdade deve orientar a escrita poética, como Cicero observa em “Homero e a Essência da Poesia”. É sabido que, na Antiguidade Clássica, os aedos —os poetas cantores da Grécia Antiga— invocavam as musas para rememorar os acontecimentos e entoá-los. Para o senso comum, o poema épico seria a reconstituição da história de um povo, e o aedo, o guardião de tal passado.

Traçando uma genealogia das musas, Cicero relativiza a leitura tradicional ao sugerir que a relação entre a memória e a imaginação é inextricável. Prevaleceria, em última instância, a liberdade do fazer poético e o sentido de invenção artística.

“A beleza do poema épico —sua qualidade estética— prova a origem divina do poema, e a origem divina do poema confere relativa liberdade —autonomia— à poesia, logo ao poeta, liberdade para cantar […] sem nenhuma consideração para com a verdade, a ética ou a utilidade”, escreve.

O autor também analisa a criação literária, em “Poesia e Preguiça”. Rejeitado pela sociedade de livre mercado, o ócio aparece como um requisito à escrita de poemas, tanto mais agora, quando o tempo livre tem se comprimido de tal forma, que perturba a atenção à leitura e ao estudo extensivo.

Dialogando com o filósofo Henri Bergson, Cicero caracteriza a preguiça do poeta como a recusa do tempo espacializado, o tempo do trabalho convencional. Não se trata, porém, de uma recusa do trabalho. O autor deve suspender o tempo do relógio, adentrando um vazio para ter a “liberação de passado, de futuro e da consciência presente”. Só assim, em dias limpos, seu ofício pode ser exercitado. Afinal, a escrita de um poema tem duração vertiginosa, podendo levar dias ou anos.

Se a poesia se define pela subversão da linguagem prática para o estabelecimento de uma dimensão estética, a morte de um poeta significa perder a liberdade de imaginar uma realidade outra, que não o presente cotidiano. Por isso, a interrupção da fala de um poeta limita as possibilidades de ver o mundo.

Como dizia o francês Jacques Roubaud, lemos um poema com a voz aural, a voz “para dentro”: fazemos das palavras do outro as nossas, unimos a nossa voz à do autor, numa imersão ativa no texto. A morte de um poeta nos silencia. E todo silenciamento é uma violência.

Em “O Eterno Agora”, nada escapa ao pensamento do autor, que exercita o seu conhecido estilo lógico de escrita e se mostra atento ao avanço da biotecnologia (“O Ser Humano e o Pós-Humano”), ao conceito de modernidade (“A Sedução Relativa”) e ao crescente conservadorismo no mundo (“Os Diretos Humanos vs. O Neofascismo”).

Cicero encontrou, na mitologia grega, seu referencial civilizatório, embora no livro transpareça, sobretudo, um certo iluminismo, a mesma postura libertária e racional que caracterizou sua vida e obra até a decisão de fazer eutanásia, na Suíça, quando já padecia dos sintomas do Alzheimer.

É bem verdade que Cicero pode ser visto como um autor de múltiplas faces. Só o letrista tem duas. Nos anos 1980, com sua irmã, a cantora Marina Lima, adotou uma dicção direta, correspondente à música pop. Na década seguinte, seu trabalho se redimensionaria, nas parcerias com Adriana Calcanhotto, quando as diferenças entre poema e letra de música foram anuladas.

Há ainda o autor dos livros “Guardar” (1996), “A Cidade e os Livros” (2002) e “Porventura” (2012). Neles, a dicção clássica impera, avalizada pelo domínio das formas fixas. Não raro, os temas mitológicos fundem-se à paisagem carioca, aproximando a discussão existencial ao leitor.

Já o ensaísta mostrou interesse na obra de seus contemporâneos, inclusive na de Armando Freitas Filho. Embora não fossem íntimos, os poetas sempre se encontravam em eventos literários e mantiveram uma relação cordial. Há sete anos, figurava, na coletânea “A Poesia e a Crítica”, o ensaio “A Poesia de Armando Freitas Filho e a Apreensão Trágica do Mundo”.

Nele, Cicero compara as tragédias de Shakespeare à temática dominante na obra de Armando, cujo sujeito lírico se assemelha ao herói trágico, que “afirma verdades profundas sobre o caráter patético, ridículo, terrível e/ou absurdo da própria condição humana”.

Tal paradigma está presente no recém-lançado “Respiro”, último livro do autor, morto por uma conjunção de problemas de saúde. Enquanto “O Eterno Agora” dimensiona as perdas, “Respiro” investiga a morte. De início, leiamos o poema “Imóvel”:

Entre vida e morte nada.

Tédio. Não atravesso o mar

Nem o rio.

Nem ninguém me leva

para nenhuma aventura

de viagem ao limite do horizonte.

Também o barco

e a sua vela sem vento

não se livra da âncora.

O substantivo inaugural do segundo verso, “tédio”, seguido por ponto final, anula a antítese anterior formada por “vida” e “morte”. No que se restringe à temática, o sentimento de tédio se mostrará soberano nos versos seguintes.

Adiante, o marasmo concretiza-se na imagem da vela sem vento, e o poema finda com a tragicidade figurada pela âncora. Tal é o peso da existência, feito barco que não singra, parado contra o mar. Não aprendemos a morrer, é certo, mas a imobilidade é uma forma de preparação para o desaparecimento.

Muito além da condição física do corpo, subsiste, nos poemas de “Respiro”, a sensação de que as coisas passam, enquanto permanecemos no mesmo lugar, reféns da arbitrariedade do tempo. Em geral, observa-se que a imobilidade torna-se vetor criativo da obra literária, na medida em que permite ao autor a recusa do cotidiano monocórdico, escrutinando-a ou exteriorizando seu processo criativo a outras imagens.

Inerte, o poeta aprofunda temas recorrentes em seus livros: a escrita de um poema, a paisagem do Rio de Janeiro e a própria casa, esmiuçada em “Móvel Imóvel”, obra em que até a “placa de borracha preta/ que impedia a máquina de escrever/ Olivetti Letter 22 deslizar no tampo” é investigada, como se, prevendo a tragicidade da existência, o eu lírico se apegasse a rastros de vida.

Sob o aspecto formal, é notável a escrita de poemas de uma estrofe, com um só período e sucessivos “enjambementes” —grosso modo, a continuação de um verso no outro, advinda de uma cesura sintática. E, ao contrário de Cicero, Armando aventurou-se, com maior frequência, pelo verso livre.

Em obras recentes, também passou a construir poemas a partir de referências culturais, numa atitude crítica. Escrevia o que se apresentava ao cotidiano: uma tela, um filme, outro poema. Embora diluída, a tendência reaparece em “Vencer e Sofrer”.

Borges foi perdendo

a visão. Os olhos

foram se fechando

decorados e lidos

com ajuda e amor.


Nelson Freire

de repente caiu

para sempre e resolveu

não ouvir mais

a sua perfeição

no teclado imóvel.

Em primeiro lugar, o paralelo criado entre o escritor argentino Jorge Luis Borges e do pianista brasileiro Nelson Freire denota a exteriorização da apreensão trágica do eu lírico, identificada pelo filósofo, projetada em dois personagens. Tal paralelo é construído por duas estrofes, uma para cada artista, mas com um número desigual da versos —a primeira com cinco e a segunda com seis.

Ressalta-se o “enjambement” entre os versos iniciais. O eu lírico dramatiza a cegueira de Borges ao deslocar o complemento do verbo (“a visão”) até o segundo verso. Do mesmo modo, a ênfase na ação prolongada em “perdendo” e “foram se fechando” enfatiza a dolorosa cegueira do autor de “Ficções”.

Mas a queda, que provocou a depressão de Nelson Freire, não comporta gerundismos, apenas o pretérito perfeito (“de repente caiu”). A imagem poética, no entanto, consiste na subversão temporal de um evento episódico numa queda “para sempre”. Por fim, há uma menção à imobilidade: o piano vazio concretiza a união do pensamento trágico à atitude crítica. Em suma “Vencer e Sofrer” é um poema exemplar do autor, na medida em que conjuga esmero construtivo à riqueza inventiva.

Ninguém deu uma contribuição tão efetiva à poesia contemporânea quanto Armando Freitas Filho, um homem gago, franzino e cheio de medos e manias. As comidas não podiam ser coloridas, e os jogos do Fluminense tinham dupla narração: a do locutor da TV e a da onipresente Cristina Barreto, sua mulher.

Ela repassava os lances para o poeta, que concebia uma partida de futebol como uma tragédia em potencial. Hipocondríaco, já apresentava uma personalidade grave, que não raro redundava em momentos cômicos. O próprio “Respiro” é dedicado ao “Drama”, assim, com “D” maiúsculo.

Armando ressaltava a sua escrita trifásica: primeiro à mão, depois na máquina de escrever e só então no computador. Nos últimos anos, sua casa na Urca, na zona sul carioca, tornou-se o ponto de encontro de jovens poetas, a maioria mulheres, que renovariam a cena, com seus 30 anos. Laura Liuzzi, Bruna Beber e Alice Sant’Anna foram algumas das escritoras que se reuniam naquela casa para tomar algumas lições.

Na juventude, Armando integrou a Instauração Práxis, movimento em reação à poesia concreta. Melhor amigo de Ana Cristina Cesar, esteve, nos anos 1970, à margem da geração marginal, optando por dialogar com João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, inclusive tête-à-tête. No futuro, seria o guardião do acervo de sua melhor amiga.

Em 1986, teve o livro “3×4” premiado com o Jabuti. Catorze anos depois, ganharia o Alphonsus de Guimarães, com “Fio Terra”. Ao lançar “Arremate”, na ocasião do seu aniversário de 80 anos, garantiu ser aquele o seu último livro, numa tentativa vã de domesticar a qualidade trágica do destino.

Com a publicação de “Respiro”, a morte surge em desprendimento de tudo, como se só restassem as imagens dos objetos, passando em carrossel, aptas a serem raptadas pelo poeta. É o que diz “Contar”: “Todos os dias são contados. Só não sei ao certo/ a quanto contam, a quantas manhãs/ e noites faltam ainda no céu.”

Armando veria manhãs, tardes e noites se embaralharem na passagem do tempo, refletida na natureza, onde tudo nasce, cresce e morre, numa indiferença orgânica e essencial a existência humana. Mesmo sem o poeta, os dias recomeçariam “Zero Bala”, com a força vital da poesia, “organismo intrinsecamente infinito”. “A vida tem um vigor/ que o corpo não comporta/ por mais que se prepare./ No mesmo passo, a natureza caminha para o zero/ como o seu fruto principal.”





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Briefing de guerra da Ucrânia: a Rússia deve dar uma explicação mais clara sobre a queda do avião da Azerbaijan Airlines, diz Zelenskyy | Ucrânia

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Briefing de guerra da Ucrânia: a Rússia deve dar uma explicação mais clara sobre a queda do avião da Azerbaijan Airlines, diz Zelenskyy | Ucrânia

Guardian staff and agencies

  • O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, apelou à Rússia para fornecer uma explicação mais clara sobre a queda do avião da Azerbaijan Airlines ao expressar condolências ao seu homólogo azeri. “A principal prioridade agora é uma investigação completa para fornecer respostas a todas as perguntas sobre o que realmente aconteceu. A Rússia deve fornecer explicações claras e parar de espalhar desinformação”, disse Zelenskyy no X após a ligação com Ilham Aliyev. Na sexta-feira, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA tinham visto “indicações iniciais” de que a Rússia poderia ter sido responsável pelo acidente que matou 38 pessoas. O presidente russo, Vladimir Putin, pediu desculpas no sábado ao líder do Azerbaijão pelo que o Kremlin chamou de “incidente trágico ocorrido no espaço aéreo russo”. Embora o comunicado do Kremlin não diga que a Rússia abateu o avião, afirmou que os sistemas de defesa aérea russos estavam activos na altura, repelindo os ataques de drones ucranianos.

  • Um ataque ucraniano a um depósito de drones Shahed de longo alcance na região russa de Oryol “reduziu significativamente” a capacidade de Moscou de lançar ataques em massa de drones, disse Kiev. O Estado-Maior militar da Ucrânia disse em comunicado no Telegram no sábado que sua força aérea realizou o ataque na quinta-feira. “Como resultado do ataque, um depósito para armazenamento, manutenção e reparo de drones kamikaze Shahed, feito de diversas estruturas de concreto protegidas, foi destruído. Esta operação militar reduziu significativamente o potencial do inimigo em termos de realização de ataques aéreos de drones de ataque à infra-estrutura civil da Ucrânia”, afirmou. A Força Aérea da Ucrânia disse no sábado que derrubou 15 dos 16 drones lançados pela Rússia durante a noite, com o outro desaparecendo dos radares.

  • A Gazprom da Rússia anunciou no sábado que irá suspender o fornecimento de gás ao vizinho da Ucrânia, a Moldávia, a partir de 1 de Janeiro, devido a uma disputa de dívida. A cessação do fornecimento de gás irá interromper o fornecimento à central eléctrica de Kuciurgan, na região separatista pró-Rússia da Transnístria, uma faixa de terra entre a Moldávia e a Ucrânia. A usina abastece uma parte significativa da Moldávia propriamente dita. O primeiro-ministro do país, Dorin Recean, acusou a Rússia de usar “a energia como arma política”. Disse que o seu governo não reconhece a dívida citada pela Gazprom, que foi “invalidada por uma auditoria internacional”. No início deste mês, o parlamento da Moldávia votou a favor da imposição do estado de emergência no sector energético devido aos receios de que a Rússia pudesse deixar o país sem energia suficiente neste Inverno. Vários países da Europa Oriental estão a preparar-se para o fim do fornecimento de gás russo, uma vez que Kiev bloqueará o fluxo de gás russo através do seu território dentro de vários dias.

  • O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse no sábado que respondeu a um novo pacote de sanções da UE expandindo significativamente uma lista de funcionários da UE e de estados membros da UE proibidos de entrar na Rússia. A UE impôs na segunda-feira um 15º pacote de sanções contra a Rússia, incluindo medidas mais duras contra entidades chinesas e mais navios da chamada frota sombra de Moscovo. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse em um comunicado que respondeu adicionando mais “representantes anônimos de agências de segurança, organizações estatais e comerciais de países da UE e cidadãos de estados membros da UE responsáveis ​​por fornecer ajuda militar a Kiev” à sua lista de parada.

  • A polícia finlandesa deslocou no sábado um navio ligado à Rússia detido por suspeitas de ter sabotado um cabo de energia submarino entre a Finlândia e a Estónia para ajudar nas suas investigações. Desde quinta-feira, As autoridades finlandesas estão investigando o petroleiro Eagle Sque transportava petróleo russo, no âmbito de uma investigação sobre a “sabotagem agravada” do cabo submarino Estlink 2 no Mar Báltico. A desconexão desse cabo no dia de Natal foi o mais recente de uma série de incidentes que as autoridades ocidentais acreditam serem atos de sabotagem ligados à invasão da Ucrânia pela Rússia. A polícia finlandesa disse que o navio-tanque com bandeira das Ilhas Cook foi transferido sob escolta no sábado da costa para um ancoradouro interno 40 km a leste de Helsinque porque “o novo local oferece uma melhor opção para a execução de medidas de investigação”.



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    Chade vota nas primeiras eleições parlamentares em mais de uma década: O que saber | Notícias Eleitorais

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    Chade vota nas primeiras eleições parlamentares em mais de uma década: O que saber | Notícias Eleitorais

    Os chadianos votam nas eleições parlamentares, regionais e municipais pela primeira vez em mais de uma década, dando continuidade ao esforço do antigo governo militar que se tornou civil para colocar o país centro-africano num caminho democrático. Mas os membros do partido da oposição estão céticos.

    Autoridades em N’djamena dizem que a votação de domingo encerrará formalmente um “período de transição” de três anos que se seguiu à morte em 2021 do líder de longa data Idriss Deby Itno e à tomada forçada do poder por seu filho, Mahamat Idriss Debyque foi confirmado como presidente do país após eleições em maio.

    No entanto, muitos partidos da oposição estão a boicotar as eleições, chamando-as de “mascarada” e acusando o governo do Movimento de Salvação Patriótica (MPS) de tentar legitimar o que chamam de dinastia política.

    O Chade, um dos países mais pobres de África, é o primeiro de uma série de estados golpistas no Sahel para realizar eleições como prometido, mesmo que as eleições fossem severamente atrasadas. O país conhece golpes de estado ou governos repressivos e é governado pela família Deby desde 1991.

    A votação de domingo ocorre no meio de uma série de desafios de segurança: a guerra do Sudão está a decorrer ao longo da fronteira oriental; o grupo armado Boko Haram está a atacar locais de segurança em torno do Lago Chade; e N’Djamena quebrou recentemente um pacto militar com o antigo mestre colonial e forte aliado, a França.

    Grupos de direitos humanos dizem que sem a participação total da oposição, as eleições provavelmente não serão justas.

    “Será difícil realizar eleições credíveis sem inclusão”, disse Isa Sanusi, diretora da Amnistia Internacional na vizinha Nigéria, à Al Jazeera. “O facto de alguns estarem a boicotar as eleições mostra que deve haver uma revisão do processo e do sistema para garantir que sejam proporcionadas condições de concorrência equitativas para acomodar todos os chadianos.”

    Aqui está o que você precisa saber sobre as eleições parlamentares e por que os primeiros passos do país em direção à democracia são controversos:

    Um apoiante do Movimento de Salvação Patriótica (MPS) agita uma bandeira do partido enquanto participa num comício político, em N’Djamena, em 2021 (Arquivo: Marco Longari/AP)

    Como os eleitores irão eleger?

    • Cerca de 8,3 milhões de eleitores registados dos 18 milhões de habitantes do país votarão em legisladores no parlamento de 188 assentos do país. Os partidos precisam de 95 assentos para obter a maioria.
    • Mais de 100 partidos políticos apresentaram cerca de 1.100 candidatos às eleições parlamentares. Os vencedores são eleitos por um método de primeira escolha ou por maioria de mais da metade, dependendo do tamanho do eleitorado.
    • Os eleitores também escolherão governos regionais e locais em 22 regiões e na capital, N’Djamena.
    • O Partido dos Transformers, bem como dezenas de outros partidos da oposição, estão a boicotar as eleições, argumentando que o voto não será livre nem justo.

    Por que não houve eleições parlamentares em mais de uma década?

    As eleições parlamentares foram realizadas pela última vez em 2011. Embora o mandato dos legisladores devesse terminar em 2015, o governo adiou indefinidamente as eleições, alegando que não havia fundos para organizar as eleições.

    Embora o país sem litoral seja um produtor de petróleo, ocupa o quarto lugar no último lugar no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas devido a anos de actividade económica estagnada e condições climáticas adversas.

    Apesar do clamor dos membros da oposição para a realização imediata das eleições, o antigo Presidente Deby continuou a adiá-las. Em 2019, a recém-criada Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) prometeu finalmente realizar eleições em 2020. No entanto, a pandemia de COVID-19 perturbou esses planos.

    Após a morte do seu pai às mãos dos rebeldes, em Maio de 2021, o general Mahamat Idriss Deby, 40 anos, tomou o poder, apesar dos apelos ruidosos à realização de eleições por parte dos partidos da oposição. Os militares dissolveram o parlamento e criaram um Conselho Militar de Transição com duração de um ano, chefiado por Deby. Em Outubro de 2022, o líder decepcionou muitos chadianos ao prolongar o período de transição até 2024. Milhares, especialmente jovens, saíram às ruas em protesto, mas as forças de segurança abriram fogo contra eles, matando mais de 100 pessoas.

    Succes Masra, o jovem líder do Partido dos Transformadores, da oposição, esteve na vanguarda dos protestos. Masra fugiu para os Estados Unidos após os assassinatos.

    Mahamat Deby fala no palco da campanha
    Mahamat Idriss Deby discursa em um estádio no distrito de Dombao, em Moundou, Chade, em abril de 2024 (Arquivo: Joris Bolomey/AFP)

    Houve outras eleições?

    Sim, as autoridades realizaram um referendo bem sucedido em Dezembro de 2023 que apoiou uma nova constituição e, com efeito, novas eleições.

    Em maio deste ano, Deby conquistou a vitória em eleições presidenciais controversasem meio a alegações de que seu partido fraudou a votação com a ajuda da Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE).

    Os críticos também acusaram Deby de assassinar candidatos da oposição antes das eleições. As forças de segurança do Chade mataram Yaya Dillo, primo de Deby e um dos principais membros da oposição do Partido Socialista Sem Fronteiras (PSF), em Fevereiro. Ele era amplamente visto como o maior desafiante do presidente na época.

    As autoridades alegaram que Dillo liderou um ataque mortal à sede da agência de inteligência do país em 28 de fevereiro, mas Dillo negou as acusações. Dillo foi morto num tiroteio no dia seguinte, juntamente com vários outros membros do PSF. Muitos membros ainda estão detidos na famosa prisão de segurança máxima de Koro Toro, segundo a Amnistia Internacional. Organizações como a Human Rights Watch documentaram em 2022 como os funcionários penitenciários torturaram e assassinaram manifestantes detidos nas instalações.

    Deby obteve 61,3 por cento dos votos, para raiva dos grupos de oposição que alegaram que as eleições foram fraudadas. Grupos internacionais de direitos humanos, como a Federação Internacional para os Direitos Humanos, afirmaram que as eleições presidenciais “não foram credíveis, nem livres, nem democráticas”.

    O presidente ficou bem à frente de seu maior oponente, o candidato Masra, do Partido dos Transformers, que ficou em segundo lugar com 18,5% dos votos. Masra regressou ao país em Janeiro deste ano, na sequência de um acordo de paz, e foi nomeado primeiro-ministro, no que muitos consideraram uma tentativa de Deby de conquistar os membros da oposição. As tensões voltaram, porém, quando os dois se enfrentaram nas eleições. Masra renunciou ao cargo de primeiro-ministro e desde então voltou a liderar a oposição.

    Quais partidos estão concorrendo nesta eleição?

    Movimento de Salvação Patriótica (MPS): Liderado pelo especialista agrícola e antigo primeiro-ministro Haroun Kabadi, que actualmente dirige o Conselho de Transição, o MPS é o partido do governo. Foi fundado pelo ex-presidente Deby Itno e o atual presidente Deny é um “presidente honorário”. O MPS controla o parlamento desde 1996. Antes da criação do Conselho de Transição em 2021, o partido fazia parte de um governo de coligação com os aliados Rally para a Democracia e o Progresso (RDP) e o Rally Nacional para a Democracia e o Progresso (RNDP) e controlava 134 parlamentos. assentos.

    União Nacional para a Democracia e Renovação (UNDR): Liderada pelo político Saleh Kebzabo, foi uma das principais coligações da oposição contra o governo do antigo presidente Deby Itno. O atual presidente nomeou Kebzabo como primeiro-ministro de 2022-2024. O partido controlava 10 cadeiras até 2021.

    Reunião Nacional dos Democratas Chadianos (RNDT): Outrora aliado numa coligação governamental com o MPS, o RNDT é amplamente visto como um grupo de “semi-oposição”. É liderado pelo ex-primeiro-ministro Albert Pahimi Padacke (2021-2022). Padacke competiu nas eleições presidenciais de maio e obteve 16,9% dos votos. A RNDT controlou oito assentos no parlamento até 2021.

    Suces Masra fala em um comício de campanha
    Succes Masra faz um discurso durante uma reunião de campanha antes das eleições presidenciais de abril de 2024 (Arquivo: Joris Bolomey/AFP)

    Porque é que alguns partidos da oposição boicotam as eleições parlamentares?

    Alguns partidos da oposição, incluindo os Transformers de Masra, o Grupo de Cooperação de Actores Políticos (GCAP) e mais de 10 outros, não participam na votação em protesto e têm distribuído panfletos às pessoas para as encorajar a não votar.

    Os partidos acusam o governo de Deby de repressão e autocracia e dizem que os membros da oposição já “perderam antecipadamente”.

    Masra, que ficou em segundo lugar na votação presidencial, disse à agência de notícias AFP que “participar nas eleições legislativas nas condições atuais é participar no apartheid legislativo”.

    Alguns partidos, como o Partido dos Democratas do Chade, alegaram estar a impedir os membros do MPS de realizarem campanhas, estabelecendo barreiras nos seus redutos.

    As autoridades rejeitaram as alegações. O Ministro das Infraestruturas, Aziz Mahamat Saleh, disse aos jornalistas que as eleições permitirão ao MPS no poder e ao Presidente Deby alcançar a maioria necessária “para traduzir o seu programa político em realidade”.

    Por que os jornalistas chadianos estão protestando?

    Entretanto, jornalistas online criticaram esta semana a proibição de 4 de Dezembro que impede os jornais online de transmitirem conteúdos audiovisuais relacionados com as eleições e em geral. As autoridades também suspenderam as transmissões interativas que envolviam ligações telefônicas.

    A Alta Autoridade de Mídia e Audiovisual (HAMA) do país, que emitiu as restrições, alega que as publicações online repassam vídeos sem a permissão dos produtores de conteúdo, em violação das leis de conteúdo. No passado, a HAMA acusou jornalistas online de publicarem informações “não verificáveis” sobre o Presidente Deby.

    Uma decisão da Suprema Corte em 20 de dezembro ordenou que a proibição de conteúdo fosse suspensa imediatamente. No entanto, a HAMA ainda não implementou a decisão. Falando na televisão estatal na terça-feira, o presidente da HAMA, Abderrahmane Barka, disse que a ordem estava em conformidade com a lei do Chade sobre compartilhamento de conteúdo, mas não afirmou se a agência respeitaria a decisão.

    Cerca de 40 publicações da mídia estão em greve. Na terça-feira, muitos repórteres saíram às ruas em N’djamena para protestar contra a decisão, acusando a HAMA e o governo do MPS de tentarem silenciar a comunicação social online antes das eleições. As restrições, disseram, também os impedem de publicar conteúdos audiovisuais criados localmente.

    Grupos de direitos humanos criticaram a proibição. “Como entidade reguladora, a missão da HAMA é regular o espaço mediático e não restringi-lo preventivamente”, disse Sadibou Marong, director da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para a África Subsariana, num comunicado.

    “A diferença é pequena, mas essencial para garantir a liberdade de imprensa no Chade. Se a distribuição de conteúdo sem o consentimento do seu produtor for proibida, a RSF pede à HAMA que altere a sua decisão, não proibindo os meios de comunicação online de transmitir e produzir o seu próprio conteúdo audiovisual.”

    O que vem a seguir?

    Analistas dizem que o MPS parece destinado a obter a maioria no parlamento, essencialmente consolidando o domínio de décadas do partido, bem como fortalecendo o controlo da família Deby no poder.

    Em grandes comícios em N’Djamena durante o fim de semana, os políticos do MPS distribuíram bonés, porta-chaves e outras lembranças pintadas nas cores azul e amarela do partido a milhares de apoiantes.

    No entanto, os grupos de defesa dos direitos humanos apelam às autoridades para que garantam um voto inclusivo. “As autoridades no Chade têm o dever não só de garantir que as eleições sejam livres e justas, mas também de garantir que sejam inclusivas”, afirmou Sanusi, da Amnistia Internacional.

    Entretanto, os boicotadores da oposição comprometeram-se a monitorizar de forma independente a votação e a reportar provas de violações ao Tribunal Africano com sede na Tanzânia, que tem jurisdição nos estados membros da União Africana, a fim de conseguir que o tribunal anule a votação.



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