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Como prevenir desastres como o de Capitólio 

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Os riscos naturais associados a movimentos gravitacionais de massa são eventos destrutivos e relativamente frequentes no Brasil, vitimando pessoas todos os anos em diferentes regiões do país. Milhares de áreas com atrativos turísticos no Brasil apresentam riscos associados a processos geológicos, sejam em Unidades de Conservação, em especial parques nacionais, estaduais e municipais; praias, trilhas e outros contextos de turismo em áreas naturais. Muitas dessas áreas turísticas não possuem planos de manejo ou possuem de forma incompleta. 

A lei que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – Lei Federal nº 9.985/00, define a elaboração de planos de manejo, mas não contempla de forma clara uma avaliação focada para a gestão dos referidos riscos, mesmo nos estudos do meio físico.  O acidente recente que aconteceu no reservatório de Furnas em Capitólio (MG), no dia 8 de janeiro, fazendo 10 vítimas fatais, mostra a urgência de incluir na Lei 12.608/2012, que estabelece a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC, dispositivos legais mais claros e específicos para o mapeamento e prevenção de riscos em áreas turísticas, dentro da Gestão de Riscos e Desastres que este dispositivo legal cobra dos municípios e outros atores federativos.



O processo ocorrido em Capitólio foi um movimento de massa do tipo tombamento de bloco, que aconteceu devido a zonas de fraquezas que facilitaram com que a rocha se desprendesse. Além das chuvas que são causadoras desses movimentos, a variação do nível de água, que muitos reservatórios brasileiros têm sofrido nos últimos anos, aceleram os processos erosivos e de movimentos de massa.

Segundo Fábio Reis, geólogo e presidente da Federação Brasileira de Geólogos (FEBRAGEO), o Brasil necessita urgentemente incluir na lei do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil uma regulamentação que envolve análise de risco, identificação, mapeamento e medidas de prevenção em áreas turísticas. Estados, municípios, parques nacionais e empreendimentos turísticos precisam dar uma atenção especial a esses pontos para que acidentes com o de Capitólio não voltem a acontecer, levando em consideração os riscos geológicos, não somente o escorregamento e o tombamento de blocos, mas também todos os outros processos geológicos e hidrológicos. “A melhor forma de prevenir situações como a de Capitólio é pela realização de mapeamento das áreas de risco, com a indicação das áreas de risco iminente e alto, onde são priorizadas ações de controle e contenção, como, por exemplo, o desmonte controlado de blocos em risco de queda ou a implantação de técnicas de estabilização da encosta, que são geralmente usadas na Geotecnia”, afirma.

Outro ponto a destacar é a importância que em reservatórios, como no caso de Furnas, as concessionárias sejam obrigadas, como condicionante da licença de operação, a realizar o monitoramento geológico-geotécnico não somente no barramento, mas também de todo seu reservatório, pois, podem ocorrer processos geológicos que venham a afetar a qualidade do reservatório e até a integridade da barragem. Além de programas de treinamento das equipes de defesa civil municipais para identificar situações de riscos geológicos em reservatórios.

O geólogo Ronaldo Malheiros Figueira, diretor da FEBRAGEO, reforça que ações permanentes focadas em políticas públicas de proteção e defesa civil, já estabelecidas legalmente dentro da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil,  diminuirá o risco de acidentes em áreas de atrativos turísticos e relembra outras tragédias recentes que poderiam ter sido evitadas, dentro de um processo permanente de gestão de riscos e desastres,  a partir de análises geológica-geotécnica das áreas, como os deslizamentos de encostas e solapamento de margem de córregos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, enchentes e inundações,  desabamento do teto em uma caverna em São Paulo e a queda de uma falésia na praia de Pipa, no Rio Grande do Norte.  

Segundo Figueira, a FEBRAGEO já está discutindo uma proposta junto aos deputados em relação a áreas turísticas, com a adoção de um processo de gestão de riscos e desastres focados para as realidades destas áreas e que se iniciam a partir do mapeamento e análise dos riscos dentro de um olhar diferente das áreas urbanas, pois a realidade e a situação dessas áreas diferem das áreas urbanas. “É preciso que haja recursos públicos destinados devidamente para o fortalecimento de políticas públicas com interfaces principalmente nas geociências. O governo federal precisa realizar mais investimentos de mapeamento, prevenção e controle de riscos naturais no Brasil, que ano a ano vem sofrendo cortes incompreensíveis e na necessidade de ruptura da descontinuidade destas políticas que precisam tornar-se “políticas de estado” e de caráter permanente”, afirma.

Com valorização da Geodiversidade e do Geoturismo pela população brasileira nos últimos anos, especialmente pelo surgimento de vários projetos de Geoparques no país, é provável que haja um aumento do turismo nessas áreas, necessitando ainda mais, que seja implantada uma política pública específica para mapeamento e prevenção de riscos em áreas turísticas, proporcionando assim um turismo seguro para quem visita essas regiões. Neste contexto, torna-se urgente que os órgãos responsáveis pelas políticas públicas de ordenamento da atividade turística e de gestão das unidades de conservação abram um processo de discussão para revisão de suas normativas e instrumentos de gestão, onde desde já a FEBRAGEO se coloca à disposição para contribuir na consolidação destas políticas.

Texto: Radharani Kuhn – Comunicação FEBRAGEO

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Poluição do ar na capital do AC está seis vezes acima do aceitável pela OMS, apontam sensores

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Plataforma que reúne dados de sensores em todo o estado mostra que os índices se mantêm acima do considerado preocupante, e exposição acima de 24 horas traz riscos. Número de queimadas para o mês de julho foi o maior em oito anos, e bombeiros atenderam mais de 2 mil ocorrências naquele mês.

Foto: Capital acreana está com muita fumaça na manhã desta quinta-feira (15), apontam sensores — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica.

Segundo dados da plataforma Purple Air, que reúne dados de sensores instalados em todo o estado, as medições se mantêm acima do considerado preocupante na maioria das cidades do Acre. Ainda de acordo com o monitoramento, o índice em Rio Branco chegou a 99 µg/m3 na manhã desta quinta-feira (15).

🚨 Conforme o monitoramento, índices acima de 250 µg/m3 são classificados como alerta para emergência em saúde, com probabilidade de afetar toda a população em 24h de exposição.

A exposição à poluição atual acima de 24h traz riscos ao público em geral e os grupos sensíveis podem sofrer efeitos mais graves para a saúde.

De acordo com o site Purple Air, de 55-150µg/m³ público em geral pode sofrer efeitos à saúde após 24 horas de exposição. Os grupos sensíveis, podem sofrer efeitos mais graves para a saúde.

Com o medidor instalado no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac), a capital acreana oscilou durante toda a manhã desta quinta, entre 67 e 99 µg/m3. Ambos os índices estão muito acima do aceitável, oferecendo riscos à população vulnerável pela exposição acima de 24h.

Até as 10h desta quinta, a cidade de Brasiléia também apresentava um número muito acima do considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com 88 microgramas de partículas por metro cúbico (µg/m3). A OMS considera aceitável 15 µg/m3.

Outros municípios aparecem com poluição acima do aceitável: Cruzeiro do Sul (32µg/m3), Porto Acre (56µg/m3), Santa Rosa do Purus (22µg/m3), Assis Brasil (59µg/m3), Sena Madureira (55), Brasiléia e Epitaciolândia (24) e Manoel Urbano (56). Os demais municípios não constam com monitoramento na plataforma.

Os índices constatados pela plataforma são atualizados em tempo real e alteram com o passar das horas.

O professor Willian Flores, da Universidade Federal do Acre (Ufac), doutor em Ciências de Florestas Tropicais que a média para esta quinta está acima de 60µg/m3. “Considerando a média das últimas 24 horas, está em 61µg/m3, o que é um valor bem alto, bem acima do que recomenda a Organização Mundial de Saúde”, comenta.

O professor explica que o período seco e a cultura de queimadas na região norte, contribuem para a piora na qualidade do ar. “Existe na Amazônia um cultura de queima da biomassa, e geralmente você tem efeitos de limpeza que acontece nos quintais, dentro da própria cidade. Quando a gente chega nessa época, a gente tem um efeito que é regional, nós temos queimadas na Amazônia inteira, e os ventos fazem uma homogeneização dessa fumaça e isso cobre praticamente a Amazônia. Tem uma imagem de ontem que há várias colunas de fumaça vindo do sul do Pará, de Rondônia e as queimadas locais contribuem para esse efeito que você está vendo, para esse valor que está sendo diagnosticado pelo sensor em termos de material particular”, afirma ele.

 

Focos de incêndio aumentaram quase 200% em relação ao ano passado no Acre

Com o aumento das queimadas, a população fica exposta a poluentes por períodos prolongados, e é exatamente isso que traz efeitos à saúde. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corporação atendeu 2.227 ocorrências relacionadas a focos de calor no último mês, sendo o maior índice nos últimos três anos.

“Já percebemos que crianças e idosos são fortemente afetados. As pessoas que fazem tratamento de saúde já começam a não ter uma resposta adequada a esses tratamentos. Então, mesmo jovens passam a se sentir mais cansados nesse período, mesmo sem estar sob uma condição de esforço físico. Isso é reflexo justamente dessa poluição atmosférica”, ressaltou em entrevista à Rede Amazônica Acre.

Capital acreana está coberta de fumaça nesta quinta-feira (15) — Foto: Vitória Guimarães/Rede Amazônica

Capital acreana está coberta de fumaça nesta quinta-feira (15) — Foto: Vitória Guimarães/Rede Amazônica

Queimadas em julho

O Acre teve o maior número de queimadas no mês de julho em oito anos com 544 focos detectados até o dia 30 de julho, de acordo com o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O mês acumula a maior quantidade de queimadas no ano.

Os registros do ano, entre janeiro e o dia 30 de julho, somam 10% do total de 2023, já que no ano passado foram 6.562 focos detectados.

Com o índice, o estado é o 15º em todo o país e o 6º da região Norte, na frente apenas do Amapá. O número também é a terceira maior marca da série histórica iniciada em 1998.

Em 2023, o mês de julho acumulou 212 focos de queimadas no Acre. Ou seja, o estado teve um aumento de 156% no mês em um ano.

O índice preocupa principalmente por conta da tendência de aumento que o levantamento mostra a partir do mês de agosto.

No monitoramento do Inpe, em 19 dos 25 anos pesquisados, a quantidade de queimadas ficou acima de 1 mil focos no oitavo mês do ano. Em 2023, o número ficou em 1.388 naquele mês.

De junho a julho, o número de queimadas também teve aumento. Nos últimos 30 dias, o salto foi de 438%, saindo de 101 focos.

Naquele mês, o Acre também registrou aumento em relação ao ano anterior, já que em junho de 2022 foram 31 focos registrados.

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Seca: cenário deve permanecer crítico nos próximos 3 meses e AC cria comitê para tomada decisões

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Comitê, liderado pela Secretaria de Governo, e se reúne para analisar dados e tomar decisões. Algumas comunidades estãos endo abastecidas com carros-pipas.

Capa: Rio Juruá em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre — Foto: Alexandre Noronha/Sema.

Após decretar situação de emergência por conta do período de estiagem no dia 6 de outubro, considerando o volume de chuvas no primeiro semestre do ano, que foi inferior à média, o governo do Acre criou um comitê para a tomada de decisões. A medida baseia em levantamentos que apontam uma estiagem prolongada nos meses de outubro, novembro e dezembro. Nesse sábado (7), o comitê se reuniu para traçar medidas a serem tomadas e falar das previsões para o estado.



“Essa crise hídrica que o estado vivencia neste momento de estiagem vem prejudicando comunidades como um todo. A gente reuniu esse comitê para avaliar os impactos e tomar as medidas necessárias para ajudar as comunidades, principalmente àquelas que estão às margens de nossas bacias devido à seca que tem prejudicado o dia a dessas pessoas. Toda equipe está reunida levantando, se baseando nos dados e tomando as medidas necessárias para que a gente reduza os impactos nesse período”, explica o secretário do governo, Alysson Bestene.

Ele destaca ainda que o decreto de emergência vai reforçar o acesso a recursos federais para a tomada de decisões.

A secretária de Estado do Meio Ambiente do Acre (Sema), Julie Messias, destacou que foi montado uma sala de situação da região Norte, já que a seca tem castigado também outros estado. As reuniões ocorrem, segundo ela, para levantamento e análise de dados.

Seca severa deve se estender por mais três meses, diz Sema — Foto: Alexandre Noronha/Sema

Seca severa deve se estender por mais três meses, diz Sema — Foto: Alexandre Noronha/Sema

“A previsão é que o período de seca e anomalia de temperatura se estendam pelos próximos meses e isso é preocupante. Por isso, também apelo à população que entenda esse momento. A gente vinha acompanhando essa situação, mas para você decretar estado de emergência, a gente precisa de um refinamento maior desses dados”, pontua.

Cenário preocupante

O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, diz que todos os modelos climatológicos mostram um cenário preocupante e, por isso, o Estado tenta se antecipar para amenizar alguns impactos.

“Todos os modelos climatológicos mostram um quadro crítico para os próximos três meses. No dia 7 de outubro no ano passado, a cota do Rio Acre estava em 2,22 metros, mas agora tem se mostrado abaixo dos dois metros. As previsões mostram que a quantidade de chuva vai ser bem abaixo da média”, alerta.

O coordenador também destaca que, assim como Rio Branco, outros municípios estão sendo abastecidos com carros-pipas e a preocupação também é relacionadas às comunidades indígenas e cidades isoladas do estado.

Morte de peixes

O Instituto do Meio Ambiente do Acre no Vale do Juruá segue investigando as causas da morte de diversos peixes no Rio Amônia, que deságua no Rio Juruá, em frente ao município de Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre.

Ylza Lima, chefe da Sala de Situação de Situação do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), disse que material foi coletado no rio e um laudo deve confirmar qual foi a causa da morte dos peixes, mas tudo indica que tenha sido em decorrência das altas temperaturas.

“O ponto de captação do abastecimento da água de Marechal Thaumaturgo fica no rio Amônia, então fizemos essa vistoria com essa preocupação. Fizemos a coleta da qualidade da água, então nos próximos dias a gente pretende emitir uma nota técnica com o laudo técnico da amostra da qualidade da água coletada nos pontos que a gente fez essa vistoria. Então, a primeiro momento, em relatos com os moradores que relatam o que ocorreu, neste dia estava muito quente e a temperatura da água estava muito elevada. Muitos relatam que no dia não conseguiram nem entrar na água devido à temperatura da água”, explica.

Colaborou Eldérico Silva, da Rede Amazônica Acre.

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ONG internacional reúne voluntários para ação de retirada de lixo de rios no interior do AC

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Ação começou no Rio de Janeiro e vai chegar ao Acre nesta quarta-feira (20) — Foto: Rodrigo Fonseca/Ocean Conservancy

Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, como é conhecida a ação, ocorre simultaneamente em 150 países. Em 2023, três estados brasileiros recebem a ação, sendo Rio de Janeiro, Amazonas, e o Acre.

Capa: Ação começou no Rio de Janeiro e vai chegar ao Acre nesta quarta-feira (20) — Foto: Rodrigo Fonseca/Ocean Conservancy.

Uma ação da ONG internacional Ocean Conservancy, que atua na defesa de rios e oceanos em todo o planeta, vai reunir voluntários para coleta de lixo no território indígena Nukini, em Mâncio Lima, no interior do Acre, na quarta-feira (20). A ação faz parte do Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, que ocorre simultaneamente em 150 países desde 1997.

A ação sempre ocorre no terceiro sábado do mês de setembro. Neste ano, três estados brasileiros foram escolhidos, sendo Rio de Janeiro, onde a ação teve início nesse sábado (16), seguido por Amazonas e Acre.

A ação voluntária conta com a participação de funcionários de uma multinacional que patrocina o evento, organizações governamentais e não governamentais parceiras, além de moradores das comunidades indígenas e ribeirinhas.

“Nosso objetivo é, além de retirar da natureza os resíduos produzidos pelo homem, conscientizar sobre um grande problema do mundo moderno: o lixo no mar e vias fluviais”, ressalta a coordenadora de Estado da Ocean Conservancy, Katia Kalinowski.

De acordo com a ONG, o material coletado é catalogado para a confecção de fichas pela Ocean Conservancy, que vai analisar e enviar o conteúdo à Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ainda segundo a Ocean Conservancy, os resíduos são descartados em local adequado após a análise, e o objetivo da campanha é um dos esforços para manter o Tratado Marpol, do qual o Brasil é signatário, e estabelece regras para a eliminação da poluição marinha.

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