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Complexo da Maré corre risco de ser engolido pelo mar – 21/10/2024 – Ambiente

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Jorge Abreu

Martinelli Santana, 50, já perdeu a conta de quantas vezes passou mal por causa do calor durante o trabalho. Sua rotina é preparar quentinhas na cozinha montada em um trailer na comunidade de Nova Holanda, no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.

O que a cozinheira sente na pele está também documentado por especialistas: Nova Holanda entre as favelas mais afetadas pelas ilhas de calor na Maré, segundo estudo.

Trabalhar à beira de um fogão nas horas de temperaturas mais altas do dia, dentro de uma estrutura de ferro, não é uma tarefa fácil, conta Santana. Mas não pode parar.

A venda das refeições é a principal fonte de renda da casa, onde mora com o filho caçula, de 13 anos, e o marido, que sofre com problemas na coluna que o impedem de voltar a trabalhar em obras.

“Eu incho toda por causa do calor. Aqui dentro [do trailer], eu já cheguei a passar muito mal”, descreve.

Além do calor excessivo e dos problemas de saúde que ele traz, as chuvas são uma preocupação para o presente e o futuro do Complexo da Maré, aponta estudo que analisou os riscos e as vulnerabilidades climáticas do conjunto de favelas, onde moram 140 mil pessoas, divididas em cerca de 38 mil domicílios.

O trabalho, realizado pela WayCarbon, empresa de soluções voltadas para transição econômica de baixo carbono, em parceria com a ONG Redes da Maré, foi lançado no final de 2023, contendo uma série de alertas para a região.

As precipitações, embora aliviem o calor, geram inundações na Maré —e esse cenário tende a piorar com as mudanças climáticas. Em grande volume, as chuvas levam a transbordamento de rios, córregos, canais, lagos e açudes, o que aumenta também as chances de proliferação de doenças pelas águas contaminadas por esgoto.

Outra preocupação indicada no estudo é o aumento do nível do mar, principalmente na área mais baixa da Maré, onde as casas ficam perto do litoral. Até 2050, a costa corre risco de sofrer grandes danos e até ficar submersa, em razão da elevação dos oceanos gerada pelo derretimento das geleiras.

Nova Holanda, que tem densidade populacional classificada como “muito alta”, é também um dos locais mais sujeitos a inundações. Corre o risco de até desaparecer do mapa com o aumento gradual do nível do mar, conforme a análise.

Diferentemente de outras favelas localizadas em grandes morros, o Complexo da Maré é formado por 16 comunidades às margens da baía de Guanabara, entre as três principais vias de circulação da cidade: avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela.

A ocupação na Maré começou em meados do século 20, em área de manguezal, com moradores que se instalaram em palafitas, e se consolidou entre os anos 1940 e 2000, por moradia espontânea e programas habitacionais.

Para enfrentar esse quadro de riscos, os especialistas propõem medidas de adaptação. Algumas das sugestões são a recuperação dos manguezais na região, a implementação de áreas verdes nos tetos das casas e a pintura das moradias com cores que refletem a luz do sol.

“A retirada do manguezal impede que aconteça aquele amortecimento natural da entrada de água dentro do continente. Então a restauração seria uma importante medida de adaptação”, exemplifica Melina Amoni, gerente de risco climático e adaptação na WayCarbon.

“O Complexo da Maré pode utilizar essas informações [do estudo] para cobrar ações de política pública”, diz também, enfatizando que outras favelas do Brasil precisam de análises de risco diante da crise climática.

Maurício Dutra, 35, coordenador do eixo de direitos urbanos e socioambientais da Redes da Maré, destaca que o complexo tem temperaturas de 2°C a 6°C acima do registrado em outras regiões da capital fluminense.

As condições de moradia, diz, agravam o problema. “No Conjunto Tijolinho, as casas, basicamente, têm uma medida de 3 por 10 [metros], são coladas uma ao lado da outra sem nenhum tipo de ventilação”, afirma, citando um dos conjuntos habitacionais da região.

Moradora do Conjunto Esperança, a universitária Jéssica Jardim, 26, que é agente climática na Redes da Maré, lembra que o complexo enfrenta ainda problemas de segurança energética, o que impede boa parte dos domicílios de utilizarem medidas de adaptação que são comuns em outros locais da cidade, como o ar-condicionado.

Procurado pela Folha para comentar os riscos apontados no relatório, o governo do Rio de Janeiro diz que mantém um comitê de chuvas que opera 24 horas, monitorando e respondendo a efeitos climáticos.

A gestão de Cláudio Castro (PL) afirma também que mapeia áreas suscetíveis a inundações e compartilha dados com municípios, que recebem capacitações para desastres, além de manter sistema de alerta de cheias.

Entre as ações de enfrentamento, o estado destaca o Plano Estadual de Adaptação às Mudanças Climáticas e o Rio Inclusivo e Sustentável. No Parque União, na Maré, a gestão afirma ter removido 2.800 m³ de sedimentos e também ter dado formação em educação ambiental a mais de cem alunos.

Também procurada, a Prefeitura do Rio diz, em nota, que prioriza a prevenção de desastres climáticos e implementou o Protocolo de Calor, com cinco níveis de alerta. Nessa frente, a cidade ganhou dois radares meteorológicos e rede de pluviômetros.

O município cita ainda as ações do Centro de Operações Rio para a prevenção de deslizamentos. Em agosto, foi criado um Comitê de Estudos Científicos Sobre a Elevação dos Mares.

A prefeitura registra também as ações da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), na limpeza do Complexo da Maré, que também recebe o Programa Cada Favela uma Floresta, que restaura áreas degradadas.

O projeto Excluídos do Clima é uma parceria com a Fundação Ford.



Leia Mais: Folha

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‘Mulher’ significa fêmea biológica sob lei – DW – 16/04/2025

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'Mulher' significa fêmea biológica sob lei - DW - 16/04/2025

A Suprema Corte do Reino Unido decidiu na quarta -feira que o Reino Unido A lei de igualdades define uma mulher como um indivíduo nascido biologicamente feminino.

“Os termos ‘mulher’ e ‘sexo’ na Lei da Igualdade se referem a uma mulher biológica”, disse o juiz da Suprema Corte, Patrick Hodge.

Cinco juízes supremos aprovaram por unanimidade o julgamento.

A decisão afirma que um Pessoa transgênero Com um certificado de reconhecimento de gênero (GRC), identificando -os como feminino não é considerado uma mulher sob a lei de igualdade do Reino Unido.

O caso se originou de uma lei escocesa de 2018 que exige 50% de representação feminina em conselhos públicos, que incluía mulheres trans em sua definição de mulheres.

Esta é uma notícia de última hora. Atualize para mais atualizações …



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O que Meloni da Itália pode alcançar em sua viagem aos EUA? – DW – 16/04/2025

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O que Meloni da Itália pode alcançar em sua viagem aos EUA? - DW - 16/04/2025

A direita Primeira Ministra Italiana Giorgia Meloni estará em Washington na quinta -feira para uma reunião com Presidente dos EUA Donald Trump. As agências de notícias concordam que a visita se concentrará particularmente na disputa tarifária entre os Estados Unidos e o União Europeia.

As tensões diminuíram um pouco desde que a viagem foi anunciada pela primeira vez. A UE fez uma pausa em tarifas de retaliação em aço e alumínio depois Donald Trump anunciou uma suspensão de 90 dias de 20% de tarifas na UE.

O presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, disse que a suspensão das tarifas é para dar uma chance às negociações com os EUA.

Meloni quer falar de tarifas

Apesar do atual detido, Teresa Coratella, vice -chefe do escritório de Relações Exteriores (ECFR) em Roma, antecipa que o principal objetivo de Meloni ainda é negociar tarifas.

Coratella, assim como Leo Goretti, do Instituto Italiano de Assuntos Internacionais (IAI), esperam que Meloni tente usar seu aparente bom relacionamento com Donald Trump para encontrar uma solução para o Conflito tarifário da UE -US.

Meloni foi o único chefe europeu de governo a participar da inauguração de Trump em janeiro. No início daquele mês, quando Meloni Visitou Trump em sua propriedade Mar-A-Lagoele a elogiou como uma “mulher fantástica”. Nos últimos meses, as fontes italianas costumam enfatizar que o governo italiano quer atuar como uma “ponte” entre os EUA e a UE.

Donald Trump e Giorgia Meloni falam informalmente, em uma sala ornamentada com uma árvore de Natal iluminada ao fundo. Eles estão de lado para a câmera, e a mão esquerda está no ombro direito dela.
Meloni e Trump têm um bom relacionamento: ela era a única Chefe de Governo da UE convidada para sua inauguração de 2025Imagem: Filippo Attili/Palazzo Chigi Press Office/AFP

Qual é a abordagem de Meloni?

Antes de sua viagem, Giorgia Meloni disse aos líderes empresariais que apoiava uma proposta da Comissão Europeia por zero tarifas entre os EUA e a UE. A Agência de Notícias da Reuters, citando um discurso, disse que aderiria a essa posição em sua visita a Washington.

O presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, costumava endossar um contrato tarifário zero para zero entre a UE e nós, mais recentemente em um post sobre X na semana passada.

No entanto, Leo Goretti, chefe do programa de política externa italiana do IAI, chama a abordagem de Meloni para os EUA de “aposta”.

“No entanto, ideologicamente próximo (Meloni) pode ser de Trump, ela não pode se alinhar com os EUA contra Bruxelas”, disse Goretti.

Itáliaacrescentou, não pode se dar ao luxo de se afastar da UE, especialmente não economicamente.

Giorgia Meloni, que chefia o partido de direita Fratelli D’Italia (irmãos da Itália), está sob pressão dos interesses econômicos domésticos.

Em 2024, a Itália teve um excedente de quase 40 bilhões de euros (US $ 45,5 bilhões) em comércio de mercadorias com os EUA-o terceiro maior da UE, depois da Alemanha e da Irlanda. Um total de 10% de todas as exportações italianas vão para os EUA.

Mas o mercado dos EUA ainda é muito menos importante para a economia italiana do que o mercado único da UE, enfatizou Goretti.

UE suspende tarifas de retaliação por 90 dias

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Meloni fala pela UE?

Bruxelas enfatizou repetidamente que a negociação de tarifas é fundamentalmente de responsabilidade da Comissão Europeia.

A porta -voz da UE, Arianna Podesta, disse que, à luz da próxima viagem, houve contato nos últimos dias entre o presidente da Comissão da UE, von der Leyen e o primeiro -ministro italiano Meloni. Uma comunicação adicional é planejada antes da partida de Meloni, e Podesta descreveu seu alcance como “muito bem -vindo e coordenado”.

O comissário comercial da UE, Maros Sefcovic, também visitou Washington nesta semana. Após a reunião, Sefcovic enfatizou que a UE estava disposta a trabalhar em direção a um “acordo justo“Incluindo a oferta de tarifas zero sobre bens industriais. Ele observou em um post em X que esse acordo exigiria um” esforço conjunto significativo de ambos os lados “.

O que Meloni pode alcançar?

Leo Goretti acredita que, para a UE, muito dependerá de como Meloni se posiciona em Washington. Ele ressalta que ela vacila entre defender a política zero-tarifária e criticar a UE.

Se ela seguir a linha zero-tarifária, isso será bem recebido em Bruxelas e por outros Estados-Membros.

Se, por outro lado, ela critica a UE e mudar o foco da discussão para questões internas, como burocracia excessiva e regulação excessiva, ela enviará um sinal negativo para Bruxelas.

Giorgia Meloni, uma mulher loira em um terno bege pálido, anda entre as bandeiras de vários países da UE, sorrindo.
Se Meloni se alinhar muito com Trump, isso causará problemas para ela dentro da UE Imagem: AFP via Getty Images

Goretti é cético sobre se Meloni alcançará algum resultado concreto em Washington, mas ele acredita que um resultado possível pode ser uma declaração apontando para um mercado transatlântico comum.

Isso pode incluir o alinhamento contra desafios comuns, como os colocados pela China.

A cientista política Teresa Coratella é ainda mais cética.

Meloni não tem mandato oficial da Comissão da UE, disse ela, e pensa que a França em particular não está feliz com a visita.

Coratella acha que é provável que a viagem de Meloni seja cuidadosamente encenada e apresentada publicamente como uma grande demonstração de alinhamento com Trump.

Isso, no entanto, tornaria a posição de Meloni na UE mais difícil, disse Coratella.

Este artigo foi originalmente escrito em alemão.



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Doutor de Berlim acusado de 15 acusações de assassinato – DW – 16/04/2025

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Doutor de Berlim acusado de 15 acusações de assassinato - DW - 16/04/2025

Promotores em Berlim acusou um médico de 15 acusações de assassinato na quarta -feira, alegando que ele administrou doses letais de medicação a pacientes com cuidados paliativos.

O médico de 40 anos, que trabalhou na equipe de cuidados paliativos de um serviço de enfermagem, teria atuado por malícia e outros motivos básicos.

O que sabemos sobre o caso?

De acordo com o escritório do promotor público, o médico teria matado um total de 15 pacientes cuidados pelo Serviço de Enfermagem entre setembro de 2021 e julho de 2024.

O homem supostamente administrou um medicamento de indução anestésico e, em seguida, um relaxante muscular para seus pacientes sem necessidade médica ou seu conhecimento e consentimento. Dizia -se que o último levou à paralisia dos músculos respiratórios, resultando em parada respiratória e morte em poucos minutos.

Em alguns casos, o suspeito supostamente incendiaram as casas de suas vítimas para encobrir suas ações.

As vítimas teriam entre 56 e 94 anos.

O acusado está sob custódia desde agosto de 2024 e ainda não comentou as acusações.

Durante o curso da investigação, o escritório do promotor público também ordenou exumações com investigações ainda em andamento em alguns casos.

O homem inicialmente suspendeu de quatro mortes no ano passado, depois que ele supostamente incendiou as casas das vítimas.

O número de mortos ainda poderia aumentar, mesmo depois que os investigadores descobriram mais vítimas possíveis que remontam a 2021.

Esta história está se desenvolvendo e será atualizada …

Editado por: Zac Crellin



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