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Conheça os caminhos do apóstolo Paulo em Malta – 25/12/2024 – Turismo
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Regiane Soares
Quando se pensa em um arquipélago, logo vêm à mente praias com águas cristalinas e paisagens deslumbrantes. E se essas ilhas forem no meio do mar Mediterrâneo, é muito provável encontrar penhascos, desfiladeiros, cavernas e uma certa dose de aventura. Malta é exatamente assim, mas não só isso. O menor país da União Europeia tem muita história para contar, o que torna o destino ainda mais atraente até mesmo no inverno.
Malta tem uma história tão antiga quanto o Velho Continente. Lá é possível visitar ruínas de templos que datam dos anos 5.000 a 3.500 a.C. e catacumbas construídas pelos fenícios, que dominaram a região a partir de 800 a.C. Mas foi em 60 d.C. que um acidente mudou para sempre o destino dos malteses: o naufrágio do apóstolo Paulo.
Considerado o apóstolo dos gentios (os que não eram judeus), ele havia saído de Creta para ser julgado em Roma, já que era um cidadão romano. Havia sido preso por pregar o evangelho de Jesus, considerado na época uma afronta à Lei de Moisés. No meio da viagem, o navio onde ele e outros prisioneiros estavam naufragou após passar por uma tempestade.
O naufrágio é relatado em detalhes na Bíblia, que afirma que o episódio aconteceu no arquipélago. “Uma vez em terra, descobrimos que a ilha se chamava Malta”, diz o início do capítulo 28 de Atos dos Apóstolos.
E é possível visitar e conhecer parte dessa história um tanto quanto ofuscada por outros lugares considerados sagrados pelo cristianismo, como Jerusalém.
A gruta onde Paulo ficou refugiado por três meses é um hoje um local de peregrinação que já recebeu visitas dos papas João Paulo 2º, Bento 16 e Francisco. Trata-se de uma pequena caverna natural no vilarejo de Rabat, na época o subúrbio de Mdina, então centro político e administrativo da ilha. Hoje a gruta é uma pequena capela, onde há uma imagem de são Paulo.
Em cima da gruta encontra-se a pequena igreja dedicada a Públio, então governador de Malta que se converteu ao cristianismo após Paulo curar seu pai de uma enfermidade. E, ao lado dela, dividindo a mesma fachada, a Basílica de São Paulo.
No mesmo complexo onde ficam a gruta, e a igreja e a basílica, também estão as chamadas catacumbas de são Paulo, que nada tem a ver com o apóstolo e remontam ao período dos fenícios. Mas inquieto como Paulo era, bem provável que ele também tenha andado por lá. O certo é que essas catacumbas, onde foram encontrados mais de mil corpos, foram usadas como abrigos antibombas durante a Segunda Guerra Mundial.
Outra boa pedida para a desvendar os vestígios deixados por Paulo em Malta é o local onde acredita-se que o navio naufragou. Apesar das poucas evidências arqueológicas sobre o acidente, consta que ele aconteceu em uma pequena formação rochosa desabitada ao noroeste da ilha principal, chamada de ilhota de São Paulo, também conhecida como Selmunett.
A ilhota fica a poucos minutos de barco ou de stand-up paddle para os mais aventureiros a partir de Mistra Bay, na baía de São Paulo. A praia rochosa com água cristalina compensa o esforço, além de ver mais de perto a estátua em homenagem ao apóstolo instalada em 1844.
Perto da ilhota, ainda na baía de São Paulo, há a fonte de Ghajn Razul, onde a tradição diz que o apóstolo e outros prisioneiros saciaram a sede ao chegar à praia após o naufrágio. A lenda local diz que quando Paulo tocou na rocha a água começou a jorrar. Mas não há nenhum relato bíblico ou arqueológico que confirme o feito.
Acredite-se ou não, a fonte está lá com uma imagem de Paulo e foi classificada como monumento nacional, além de constar na lista de Proteção de Antiguidades de Malta desde 1932.
Após o naufrágio, acredita-se que Paulo e demais prisioneiros foram levados para Mdina, a cidade fortificada a cerca de dez quilômetros da costa. Vale lembrar que neste período Malta pertencia ao Império Romano.
Segundo o relato bíblico, foi no local onde hoje encontra-se a Catedral Metropolitana de Malta, em Mdina, que o apóstolo se encontrou com Públio e ficou três dias na casa dele. Lá teria curado o pai de Públio, que sofria “de febre e disenteria”, um dos tantos milagres que fez em Malta.
A visita à Catedral Metropolitana é parada obrigatória em Mdina, conhecida como Cidade Silenciosa por ter pouco mais de 300 moradores. Dedicada a são Paulo, a catedral possui um belíssimo conjunto arquitetônico e o piso interior todo coberto de lápides coloridas em mármore.
E é embaixo dessas lápides, na cripta, onde foram encontrados vestígios de uma cidade romana fortificada, segundo descrições da própria catedral. Apesar de não comprovar que nesse local ficava a casa de Públio, o achado corrobora com a tradição local de que Paulo esteve ali.
Certamente Paulo passou por Mdina, mas não só lá. Outra forte tradição maltesa diz que o apóstolo teve seu primeiro encontro com Públio em São Paulo Milqi, ou São Paulo Bem-Vindo, que também possui vestígios arqueológicos de uma vila romana, além de antigas catacumbas datadas de 4.100 a 3.700 a.C. Atualmente o sítio arqueológico de São Paulo Milqi está fechado para visitação.
Passados quase 2.000 anos, a passagem de Paulo por Malta continua viva em Malta. Prova disso é o fato de 90% da população de cerca de 550 mil habitantes ser católica, além de ter 359 igrejas, que anualmente fazem festas aos seus respectivos santos padroeiros.
E entre tantas igrejas dedicadas ao apóstolo, a Igreja do Naufrágio de São Paulo, em Valetta, atual capital de Malta, é visita obrigatória. Concluída em meados de 1580, a igreja guarda uma parte de um osso do punho direito atribuído a São Paulo e um dos quatro pilares de mármore da mesa na qual o apóstolo foi decapitado em Roma em 64 d.C. As relíquias sagradas foram doadas pelo Papa Pio VII em 1818.
Mas se a ideia é aproveitar a festa paulina, o dia é 10 de fevereiro, quando a estátua de são Paulo é retirada da igreja e levada em procissão pela cidade. Mas não se prenda a datas. Malta tem festa o ano inteiro, já que as celebrações religiosas duram vários dias com direito a comidas típicas –como o pastizzi– e muitos fogos de artifício, outra paixão dos malteses.
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Briefing de guerra na Ucrânia: Biden critica o ataque ‘ultrajante’ da Rússia no dia de Natal à Ucrânia | Rússia
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25 de dezembro de 2024 Guardian staff and agencies
Joe Biden pediu ao departamento de defesa dos EUA que continue o seu aumento de entregas de armas à Ucrânia, descrevendo o ataque da Rússia no dia de Natal contra algumas cidades da Ucrânia e a sua infra-estrutura energética como “ultrajante”.. “O objetivo deste ataque ultrajante foi cortar o acesso do povo ucraniano ao calor e à eletricidade durante o inverno e pôr em risco a segurança da sua rede”, disse Biden. Desde a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia em 2022, Washington comprometeu 175 mil milhões de dólares em ajuda à Ucrânia.
A manhã de Natal na Ucrânia foi ofuscada por uma massivo ataque aéreo russo usando mísseis de cruzeiro para atingir infra-estruturas energéticas em todo o país, o que Volodymyr Zelenskyy condenou como “desumano”. “Hoje, Putin escolheu deliberadamente o Natal para atacar. O que poderia ser mais desumano? Mais de 70 mísseis, incluindo mísseis balísticos, e mais de uma centena de drones de ataque”, disse o presidente ucraniano no Telegram.
O ataque deixou meio milhão de pessoas na região de Kharkiv sem aquecimentoem temperaturas apenas alguns graus Celsius acima de zero, enquanto houve apagões na capital, Kiev, e em outros lugares. “O mal russo não destruirá a Ucrânia e não distorcerá o Natal”, disse Zelenskyy.
As defesas aéreas da Ucrânia derrubaram 59 dos 78 mísseis russos e 54 dos 102 drones lançado durante a noite e na manhã de quarta-feira, disseram os militares ucranianos.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também condenou o ataque russo lançado na rede energética da Ucrânia, que matou uma pessoa. “Condeno este ataque contínuo à infra-estrutura energética da Ucrânia”, disse Starmer. “Presto homenagem à resiliência do povo ucraniano e à liderança do Presidente Zelenskyy, face a novos ataques de drones e mísseis da máquina de guerra sangrenta e brutal de Putin, sem trégua, mesmo no Natal.”
A Roménia, membro da NATO, disse que não detectou nenhum míssil russo a passar pelo seu espaço aéreo com o objectivo de atingir a Ucrânia.conforme reivindicado por Kyiv. “As autoridades militares romenas foram informadas pelas autoridades militares ucranianas que, por volta das 7h30, um míssil das forças da Federação Russa, que teria impactado na região de Chernivtsi, na Ucrânia, teria sobrevoado o espaço aéreo da República da Moldávia e, durante cerca de dois minutos, também através do espaço aéreo da Roménia”, disse o Ministério da Defesa.
Um cargueiro russo que naufragou na terça-feira no Mar Mediterrâneo foi alvo de um “ato de terrorismo”, segundo o proprietário da embarcação. O Ursa Major afundou enquanto navegava em águas internacionais entre a Espanha e a Argélia, deixando dois tripulantes desaparecidos. O seu proprietário, Oboronlogistika – uma empresa afiliada ao Ministério da Defesa russo – descreveu o incidente como um “ato de terrorismo”, sem especificar quem poderia ser o responsável. O porta-voz da marinha ucraniana, Dmytro Pletenchuk, disse que a Rússia enfrenta “problemas sistémicos” na manutenção da sua frota, mas não deu nenhuma indicação de que Kiev estivesse envolvida no incidente.
A queda de destroços de um drone ucraniano abatido causou uma explosão e um incêndio fatal em um shopping center na cidade de Vladikavkaz na região da Ossétia do Norte da Rússia, disse o governador local na quarta-feira. Sergei Menyailo disse no Telegram que os sistemas de defesa aérea derrubaram o drone. Uma mulher teria sido morta dentro do shopping.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que a Austrália esteve em contato sobre a possível captura pelo exército russo de um australiano cidadão lutando com as forças ucranianas. Oscar Jenkins teria sido capturado por soldados russos enquanto lutava ao lado das forças ucranianas na região de Donbass. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, confirmou que diplomatas australianos estiveram em contato sobre a possível captura.
Volodymyr Zelenskyy telefonou para o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, onde agradeceu ao governo do Japão pela decisão de transferir mais 3 mil milhões de dólares garantidos por activos russos congelados. O líder ucraniano também agradeceu ao Japão pelo total de 12 mil milhões de dólares em ajuda humanitária e financeira fornecida à Ucrânia, de acordo com uma leitura da teleconferência de quarta-feira.
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Brasil sem poluição das águas – 25/12/2024 – Opinião
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25 de dezembro de 2024VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto)
O Brasil só será um país próspero com a despoluição dos nossos rios, lagos e praias. Infelizmente, estamos longe disso. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base 2022, mais de 90 milhões de pessoas, ou cerca de 45% da população brasileira, não têm acesso à rede de esgoto.
A falta de esgotamento sanitário é um caso de injustiça ambiental. As periferias de grande parte das cidades brasileiras, com esgoto bruto correndo a céu aberto, devem ser vistas como uma tragédia nacional. Sem saneamento, a população sofre. Números do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) indicam que, apenas no ano de 2020, o Brasil contabilizou mais de 200 mil internações causadas por doenças de veiculação hídrica —provenientes de água sem tratamento. Cólera, diarreia, leptospirose e hepatite A são apenas alguns exemplos dessas doenças. Despoluir as águas é também bom para a saúde.
Uma das metas do novo marco legal do saneamento é alcançar 90% de tratamento de esgoto até 2033. Temos feito avanços importantes. No Rio de Janeiro, a melhoria do tratamento de esgoto está recuperando a balneabilidade de praias que até recentemente eram impróprias para banho, como Botafogo. Em São Paulo, o rio Pinheiros iniciou um processo de recuperação muito positivo desde 2019. Isso já tem mudado a qualidade de vida dos moradores.
Entretanto, infelizmente, os investimentos, que deveriam ser de R$ 46 bilhões por ano estão na casa dos R$ 20 bilhões. Se continuarmos nesse ritmo, não alcançaremos a meta de universalização do saneamento para 2033. Dentre os gargalos para agilizar os investimentos merece destaque o licenciamento ambiental.
A construção de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) sofre com a morosidade do licenciamento ambiental. Em muitos casos, um processo de licenciamento ambiental chega a demorar mais de cinco anos. É urgente aumentar a eficiência e eficácia dos processos de licenciamento ambiental de ETEs. Esse é um tema sobre o qual a iniciativa Imagine Brasil —liderada pela Fundação Dom Cabral, com apoio do Instituto Trata Brasil e colaboração do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável da Presidência da República— tem se dedicado a investigar e propor soluções.
O aperfeiçoamento do licenciamento ambiental de ETEs não visa “abrir a porteira”. Ao contrário: é possível aumentar o rigor técnico e, ao mesmo tempo, diminuir a burocracia. Deve ser observado que uma usina de tratamento de efluentes traz um impacto ambiental positivo. Com a implantação de uma ETE, córrego, rio, lago ou águas marinhas têm a sua carga poluidora diminuída. Portanto, o licenciamento ambiental deveria ser menos burocrático e cartorial.
Para que esse aperfeiçoamento ocorra, é necessário alterar os processos de licenciamento ambiental. Incluir a localização das ETEs nos Planos Diretores municipais já seria um avanço. Isso permitiria eliminar a licença prévia. Além disso, a emissão das licenças de instalação e operação poderiam ser feitas de forma simultânea, uma vez que os parâmetros técnicos são essencialmente os mesmos.
Outra mudança importante é a licença para a outorga de lançamento dos efluentes nos corpos d’água, que deveria ser feita cinco anos após o início de operação, como é praticado na França e em outros países europeus. Isso possibilitaria a coleta de dados primários antes e após a operação da ETE, permitindo uma análise mais rigorosa da qualidade do curso d’água e suas variações anuais e sazonais.
Além disso, devem ser incluídas medidas para o fortalecimento institucional dos órgãos ambientais, programas de educação ambiental e investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. Atenção especial deve ser dada para o saneamento para produtores rurais, populações tradicionais e povos indígenas.
Essas propostas estão sendo debatidas com órgãos do governo federal, estados, municípios, empresas públicas e privadas do setor de saneamento, parlamentares, pesquisadores e organizações da sociedade civil. Esperamos que as propostas formuladas por meio dessa parceria interinstitucional contribuam para que a despoluição das águas impulsione a prosperidade social, econômica e ambiental do Brasil.
Virgílio Viana
Superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável)
José Carlos Carvalho
Ex-ministro do Meio Ambiente
José Cláudio Junqueira Ribeiro
Engenheiro civil sanitarista e professor)
Viviane Barreto
Diretora de Estratégia Internacional da Fundação Dom Cabral e coordenadora da Iniciativa Imagine Brasil
Adriano Stringhini
Advogado e professor
Luana Pretto
Presidente-executiva do Instituto Trata Brasil
TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Especialistas alertam sobre riscos à saúde mental após aumento no uso de cogumelos mágicos | Ciência
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25 de dezembro de 2024 Rachel Hall
MA popularidade dos cogumelos mágicos está a crescer rapidamente, desencadeando um “renascimento psicadélico” à medida que as pessoas se tornam mais interessadas nos seus benefícios para a saúde mental. Mas os especialistas alertaram que usá-los para fins recreativos corre o risco de causar mais danos do que benefícios.
Os ensaios que exploram a psilocibina como um tratamento inovador para problemas de saúde mental geraram uma proliferação de empresas e retiros psicadélicos em países onde são legais, enquanto mais pessoas compram a droga, que é de classe A no Reino Unido, no mercado oculto.
O mais recente Escritório de Estatísticas Nacionais dados mostra que a psilocibina foi a única droga ilegal que cresceu em popularidade em 2024, aumentando 37,5% para atingir 1,1% dos jovens dos 16 aos 59 anos, representando cerca de 300.000 pessoas e tornando a droga quase tão popular como o ecstasy.
Especialistas disseram que embora os ensaios clínicos mostrassem resultados promissores, evidências emergentes sugerem que as pessoas que tomam psilocibina fora desses ambientes podem sofrer danos, incluindo ansiedade, trauma, insônia, distorção visual contínua conhecida como Transtorno de Percepção Persistente de Alucinógenos (HPPD) e sentimentos de despersonalização.
Os médicos de clínica geral, psiquiatras e terapeutas não têm o conhecimento necessário para tratar esta situação e, ocasionalmente, diagnosticam mal pacientes com psicose ou mania, acrescentaram os especialistas.
Jules Evans, diretor do projeto de pesquisa acadêmica Challenging Psychedelic Experience, que visa melhorar o monitoramento de eventos adversos, entrevistou pessoas “em crises terríveis que dizem não ter consciência de que poderiam suportar dificuldades graves por dias, semanas, meses ou anos após ”, incluindo alguns que foram seccionados após discutirem experiências míticas com um psiquiatra.
“Há pessoas que ficam traumatizadas novamente por experiências psicodélicas muito desafiadoras ou ficam traumatizadas por terem viagens realmente ruins em ambientes abaixo do ideal”, disse ele.
A angústia pode ser agravada pelos treinadores de integração psicodélica de quem as pessoas procuram apoio, disse ele. “Eles têm uma certa visão de mundo dogmática onde todos os psicodélicos conhecem inteligências benevolentes que sempre sabem o que é bom para você – ouça os cogumelos, ouça a mamãe ayahuasca.”
Embora seja difícil estabelecer a prevalência de pessoas que enfrentam danos pós-psicodélicos, pesquisa recente descobriram que 8,9% dos entrevistados que usaram psicodélicos regularmente ao longo da vida relataram deficiências que duraram mais de um dia.
Ed Prideaux, que pesquisou os efeitos adversos após sofrer HPPD, disse anos depois que ainda vê um “brilho estranho”, papel de parede derretido e outras ilusões de ótica. Ele disse que “basicamente todo mundo” na comunidade psicodélica teve pelo menos uma experiência semelhante.
Embora circulassem mitos sobre os psicodélicos quando eles se tornaram populares pela última vez, em meados do século 20, Prideaux pensa casos como o piloto norte-americano Joseph Everson, que caiu um avião dois dias depois de ingerir cogumelos mágicos, sugerem que os flashbacks precisam de mais pesquisas.
Existem quatro clínicas na Europa que oferecem ajuda especializada. O mais estabelecido é Ambulanz psychedelische Substanzen, um ambulatório de psicodélicos no Charité, hospital universitário de Berlim, que oferece consultas online para clientes internacionais.
Tomislav Majić, um psiquiatra, criou a clínica em 2018 depois de observar que as pessoas tinham experiências ruins com médicos que não estavam familiarizados com os “efeitos, riscos e complicações específicos dos psicodélicos”. A maioria dos pacientes os utiliza como “automedicação para problemas de saúde mental” e precisa de apoio psicológico, embora alguns precisem de ajuda psiquiátrica, disse ele.
“Tem havido um aumento de problemas relacionados com a psilocibina e outras substâncias psicadélicas clássicas, muito provavelmente devido à popularidade crescente e à representação muitas vezes excessivamente entusiasmada destas substâncias nos meios de comunicação social e, em alguns casos, no discurso científico. Estatisticamente, tem havido um aumento de apresentações relacionadas com substâncias psicadélicas nos departamentos de emergência de alguns países”, disse ele.
A Psychedelic Experience Clinic tornou-se recentemente o primeiro serviço especializado do Reino Unido. O seu fundador, Timmy Davis, diretor de política psicadélica do Center for Evidence Based Drug Policy, observou, enquanto trabalhava em ensaios clínicos, uma falta de “prestação de cuidados pós-ensaio” e que os utilizadores recreativos procuravam apoio não estigmatizante.
“Algumas pessoas veem os psicodélicos como uma forma de lidar com problemas de saúde mental que realmente não entendem. Eles leem coisas como The Body Keeps the Score e aprendem sobre traumas e acabam pensando que a raiz do meu sofrimento é uma experiência traumática da infância. É uma noção bastante ingênua de saúde mental, e eles procuram retiros na Costa Rica ou na Jamaica, onde encontram facilitadores com as mesmas concepções ingênuas”, disse ele.
David Erritzoe, professor associado de pesquisa psicodélica no Imperial College London, disse que um “calcanhar de Aquiles” dos psicodélicos é que as experiências podem ser semelhantes a sonhos e parecerem extremamente reais, em parte porque as drogas aumentam a sugestionabilidade. As pessoas podem acreditar que trouxeram à tona uma “memória oculta” e concluir erroneamente que deveriam usá-la para “compreender a mim mesmo e aos meus relacionamentos e dificuldades”.
“Precisamos de mais estratégias para informar as pessoas sobre estes fenómenos e fornecer apoio quando isso acontece”, disse ele, acrescentando que o facto de o uso recreativo ser agora “extremamente popular” sugere que os profissionais de saúde devem receber orientação.
A psilocibina é relativamente segura do ponto de vista físico, sendo dores de cabeça e náuseas os efeitos colaterais mais comuns, mas acrescentou: “Pode haver muito material psicológico difícil, pode ser relacional, autobiográfico, onírico em formas simbólicas, elementos profundos de a psique – isso pode ser desafiador e, às vezes, até provocar ansiedade ou induzir medo.”
Os principais fatores de risco incluem ser jovem, ter pontuação alta em neuroticismo, estar despreparado e estar em um espaço que parece inseguro, disse ele.
Erritzoe disse que há um “exagero que não ajuda” em torno da psilocibina, incluindo a microdosagem, para a qual não há boas evidências além do efeito placebo. Mas ele está “muito otimista” quanto ao seu potencial terapêutico, com baixo risco de efeitos adversos em ensaios clínicos, porque aqui eles examinam os participantes e tomam muito cuidado com a configuração e a dosagem, enquanto os pesquisadores “tentam continuamente melhorar” os cuidados posteriores.
Mais dados são necessários antes que a psilocibina possa ser licenciada para uso médico, embora se os reguladores estiverem satisfeitos com sua segurança e eficácia, Erritzoe sugeriu que ela poderia se juntar à cetamina como tratamento psicodélico no Reino Unido dentro de três anos.
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