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Conselho vota resolução sobre aborto legal para crianças e adolescentes em meio a mobilização bolsonarista; entenda
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O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) vota, na próxima segunda-feira, uma resolução que define diretrizes para o aborto legal em crianças e adolescentes. A iminência da votação, porém, gerou uma reação de parlamentares bolsonaristas. O documento tem como objetivo garantir atendimento humanizado às vítimas com direito ao procedimento, conforme previsto pela legislação brasileira: gravidez decorrente de violência sexual, risco de vida à gestante e quando o feto apresenta anencefalia.
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A resolução, obtida pelo GLOBO, destaca que, identificada a situação de aborto legal e manifestada a vontade de interromper a gravidez, a criança ou adolescente deverá ser encaminhada aos serviços de saúde pelo órgão do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA) para realizar o aborto. “É um direito humano de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, estando diretamente relacionado à proteção de seus direitos à saúde, à vida e à integridade física e psicológica”, diz a minuta.
Nas redes sociais, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que vai protocolar uma indicação para que a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, rejeite a resolução, ameaçando entrar com um mandado de segurança caso ela seja aprovada. Já a deputada Julia Zanatta (PL-SC) apresentou um projeto para alterar a lei que cria o Conanda, proibindo-o de discutir o tema do aborto em crianças e adolescentes. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO), por sua vez, apresentou moção de repúdio contra o conselho. Os três parlamentares estão entre os principais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso.
Em 2021, de acordo com o DataSUS, 17.456 bebês nasceram de meninas com menos de 14 anos — em 2023, o número foi de 13.909. Além da violência sexual, as consequências de uma gravidez precoce são graves. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), complicações na gestação e no parto são a segunda principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos.
A conselheira Maria das Neves, representante da União Brasileira de Mulheres no Conselho Nacional de Direitos Humanos, enfatizou a gravidade dos dados sobre estupro contra crianças e adolescentes.
— Os elevados índices de estupro contra as crianças deve indignar e preocupar toda sociedade. Criança não é mãe, e estuprador não é pai. Obrigar uma criança, vítima de estupro, a levar uma gravidez fruto de um crime brutal é tortura — afirma.
Agressores são familiares ou conhecidos
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 revelam que o país registrou 83.988 estupros, uma média de um a cada seis minutos. A maioria das vítimas são meninas menores de 13 anos, sendo que 84,7% dos agressores são familiares ou conhecidos.
O documento em análise também propõe diretrizes para evitar a revitimização de crianças e adolescentes, garantindo que a “manifestação de vontade” da gestante seja priorizada, mesmo nos casos de divergência dos pais. Caso a presença dos responsáveis represente risco de “danos físicos, mentais ou sociais”, e se ela tiver capacidade para tomar a decisão, o profissional deve garantir o processo de escuta e que quaisquer outros “tratamentos, devidamente consentidos, sejam realizados sem impedimento”.
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— Nem todos os responsáveis legais das vítimas que podem acessar o aborto legal estarão preocupados com a integridade da criança. Por vezes, eles estão mais preocupados em proteger o familiar que agrediu a vítima. Em outros casos, o responsável legal pode estar tão impactado e traumatizado com a violência que não consegue discernir que o que deve ser garantido é que a vítima tenha o seu direito à infância e à adolescência garantido — explica a conselheira Romi Bencke, do Conselho Nacional de Direitos Humanos
No caso em que os responsáveis estiverem presentes e divergirem, eles também devem ser acolhidos, mas priorizando o desejo manifestado pela menor de idade. Se a divergência persistir, a recomendação é acionar a Defensoria Pública ou o Ministério Público.
“O exercício regular do poder familiar deve assegurar que crianças e adolescentes não sejam expostos a riscos à sua saúde física, mental e social, e os responsáveis legais devem ser informados sobre a importância de priorizar o melhor interesse da criança e da adolescente”, detalha o documento.
A votação da resolução ocorre após casos recentes que chamaram atenção nacional. Em 2023, uma criança de 10 anos, estuprada pelo tio, precisou entrar escondida em um hospital para realizar o aborto legal devido ao assédio de grupos contrários. Já em julho deste ano, uma menina de 13 anos foi impedida pela Justiça de interromper a gravidez depois que o pai fez um acordo com o estuprador.
O texto também especifica a necessidade de uma escuta especializada das vítimas de violência sexual de forma a não culpabilizá-la ou criminalizá-la, “garantindo-se uma abordagem respeitosa e sensível à proteção de seus direitos, com o objetivo de proporcionar um ambiente seguro em que a criança ou adolescente possa se expressar livremente”.
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— Devemos garantir que essas meninas se sintam seguras e confortáveis para pedir ajuda, principalmente quando a violência é praticada por familiar ou por pessoas do seu círculo de convivência — diz a defensora pública Tatiana Fortes, do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) de São Paulo.
Estudos interrompidos por conta da gravidez
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), de 2019 a 2023, 23,1% das mulheres entre 14 e 29 anos interromperam os estudos devido à gravidez, sendo que a evasão escolar entre adolescentes que se tornam mães atinge 47%, contra 5% entre aquelas sem filhos.
“A gravidez em idades precoces restringe as oportunidades e capacidades sociais, econômicas e políticas de crianças e adolescentes, como o direito à educação, limitando sua qualidade de vida e suas possibilidades de integrar, acompanhar e reagir positivamente em meio ao corpo social. Dessa forma, a gravidez na fase inicial de desenvolvimento fisiológico e psicossocial está diretamente ligada à pauperização, à evasão escolar e à interrupção do projeto de vida de meninas e jovens”, informa a resolução.
A conselheira Luisa de Marilac, também do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, alerta para os principais desafios que orbitam a discussão sobre o aborto:
— Um dos grandes desafios é que o princípio democrático da laicidade do Estado seja reconhecido como inegociável. Infelizmente, a laicidade tem sido distorcida em nosso país. Junto com o direito à liberdade religiosa, utiliza-se a laicidade para dizer que não cabe ao Estado intervir nas religiões. Até aí, tudo bem. No entanto, há uma mão dupla na relação entre Estado e religiões, pois não cabe às religiões impor seus dogmas ao conjunto da sociedade. O que rege nosso país é a Constituição, não doutrinas e dogmas de um único grupo religioso. O acesso ao aborto legal e seguro para crianças e adolescentes historicamente tem sido impedido por estes grupos doutrinários e dogmáticos. Direito conquistado não pode ser negociado.
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O Conanda é um colegiado formado por 14 integrantes da sociedade civil e 14 integrantes do governo. Ele é o órgão deliberativo máximo em políticas de proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil e é o responsável por fiscalizar e regulamentar políticas públicas conforme o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente).
*Estagiário sob supervisão de Luã Marinatto
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São Paulo tem manhã com maior trânsito no ano – 03/02/2025 – Cotidiano
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3 de fevereiro de 2025 Francisco Lima Neto
Com chuva constante e a volta às aulas na rede estadual de ensino, a cidade de São Paulo registrou, às 8h, 698 km de lentidão, de acordo com dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) —a manhã com o maior trânsito registrado no ano.
O maior congestionamento de 2025 havia sido registrado na manhã da última quinta (30), quando foram contabilizados 350 km de lentidão pela CET.
Em razão da chuva persistente, houve diversos pontos de alagamento na capital.
A marginal Tietê, entre a madrugada e a manhã desta segunda, teve alagamentos na região da altura da ponte das Bandeiras – Senador Romeu Tuma, no sentido Castelo Branco e na região da ponte Attilio Fontana.
A cidade ainda tem três pontos de alagamentos ativos, de acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da Prefeitura de São Paulo. São dois transitáveis: na avenida do Estado, próximo à rua João Teodoro, na região central; e outro na rua Américo Sugai, em São Miguel Paulista, na zona leste. O ponto intransitável está na avenida das Nações Unidas, no Butantã, na zona oeste.
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Cientistas criam adesivo para reparar insuficiência cardíaca; inovador
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3 de fevereiro de 2025Um adesivo para pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca terem mais de qualidade de vida. Ele foi criado por cientistas da Alemanha para reparar corações danificados. O adesivo, publicado na revista científica Nature, já foi implantado em 15 pessoas – entre homens e mulheres de idades distintas.
Os adesivos são implantáveis no músculo cardíaco e ajudam nos movimentos, segundo os pesquisadores do Centro Médico Universitário de Göttingen. A inovação deve beneficiar mais de 64 milhões de pessoas no mundo, que apresentam algum tipo de insuficiência. Problema que causa cansaço, ataques cardíacos, pressão alta e doença arterial coronária.
O professor Ingo Kutschka, coautor do trabalho do Centro Médico Universitário de Göttingen, comemorou: “Agora temos, pela primeira vez, um transplante biológico desenvolvido em laboratório disponível, que tem o potencial de estabilizar e fortalecer o músculo cardíaco.”
Como funciona
Para o chamado implante biológico, eles criam o curativo feito de células retiradas do sangue e “reprogramadas” para atuar como células-tronco, que podem se desenvolver em qualquer tipo de célula do corpo.
Essas células são transformadas em outras do músculo cardíaco e do tecido conjuntivo e, posteriormente incorporadas em um gel de colágeno e cultivadas em um molde feito sob medida.
Em seguida, são feitos os adesivos em formatos hexagonais e fixados, em matrizes, a uma membrana. Para humanos, essa membrana tem cerca de 5 cm por 10 cm de tamanho. Os efeitos demoram de três a seis meses para aparecerem.
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Otimismo com os efeitos
Para o professor Wolfram-Hubertus Zimmermann, outro autor do estudo, o músculo nos adesivos tinha as características de um coração com apenas 4 a 8 anos de idade.
“Estamos implantando músculos jovens em pacientes com insuficiência cardíaca”, disse The Guardian.
Segundo os cientistas, os adesivos também vão contribuir para quem tem diagnóstico de tumores ou de batimentos cardíacos irregulares.
Publicação científica
Em um artigo publicado na revista Nature , os pesquisadores relatam que os testes foram feitos com macacos rhesus saudáveis, não encontrando evidências de batimentos cardíacos irregulares, formação de tumores ou mortes ou doenças relacionadas aos adesivos.
A equipe também testou os adesivos em macacos com uma doença semelhante à insuficiência cardíaca crônica. Os animais apresentaram sinais de melhora da função cardíaca, como uma maior capacidade da parede cardíaca de se contrair.
Os pesquisadores então aplicaram a abordagem a uma mulher, de 46 anos, com insuficiência cardíaca avançada. Neste caso, os adesivos foram feitos de células humanas retiradas de um doador e foram suturados no coração pulsante da paciente com cirurgia minimamente invasiva.
Três meses depois, o paciente – que permaneceu estável – recebeu um transplante de coração, permitindo que a equipe analisasse o coração removido. Os pesquisadores descobriram que os adesivos sobreviveram e um suprimento de sangue se desenvolveu.
Resultados demoram
A equipe diz que leva de três a seis meses para que os efeitos terapêuticos dos adesivos sejam vistos, o que significa que eles não seriam adequados para todos os pacientes. No entanto, 15 pacientes já receberam os adesivos.
O professor Sian Harding, do Imperial College London, descreveu a pesquisa como um estudo inovador, mas disse que mais trabalho era necessário, principalmente porque as células do músculo cardíaco no adesivo não amadureceram completamente e o estabelecimento do fluxo sanguíneo foi lento.
A professora Ipsita Roy, da Universidade de Sheffield, também elogiou o estudo, observando que a cirurgia envolvida seria menos invasiva do que um transplante de coração.
Os adesivos já foram implantados, em fase de testes, em 15 pessoas. Os efeitos demoram de três a seis meses. Foto: Freepik
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A presidência palestina denuncia uma “limpeza étnica” cometida por Israel na Cisjordânia
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3 de fevereiro de 2025Mandy Damari, mãe da velha refém Emily Damari, de fato postada em x, sexta -feira, uma mensagem na qual ela afirma que “O Hamas é dono de Emily nas instalações da UNRWA e recusou a tarefa a tratamentos médicos depois de atirar duas vezes”. “É um milagre que ela sobreviveu”ela acrescenta. Não podemos verificar essas informações.
A jovem foi seqüestrada pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no Kibutz de Kfar Aza e fez parte do primeiro grupo de três reféns lançados após 471 dias de cativeiro, em 19 de janeiro, como parte da primeira fase do acordo Candiders em Gaza.
Em um comunicado de imprensa também publicado em X, Philippe Lazzarini, o comissário geral da UNRWA, estimou que “As alegações de que os reféns foram detidos nas instalações da UNRWA são profundamente perturbadores e chocantes. Nós levamos essas alegações muito a sério ”. “Temos em várias ocasiões que investigações independentes serão realizadas sobre qualquer alegação credível de uso abusivo e desprezo pelas instalações da ONU por ativistas armados palestinos, incluindo o Hamas”ele continua.
Antes de adicionar isso “A UNRWA foi forçada a deixar todas as suas instalações no norte da Strip Gaza, incluindo a cidade de Gaza, em 13 de outubro de 2023 e tem, desde então, sem controle sobre eles”.
Israel acusa a agência de ser infiltrado pelo Hamas, principalmente em Gaza. As autoridades garantiram que mais de mil funcionários, dos 13.000 em UNRWA no Enclave, teriam um vínculo com o Hamas e a Jihad Islâmica, antes de entregar, em julho, uma lista de 108 pessoas. Uma pesquisa da ONU, divulgada em agosto, foi avaliada o número de funcionários em questão. O Knesset, no entanto, votou em uma grande maioria, em outubro de 2024, a proibição de atividades da UNRWA em Jerusalém Oriental, uma área ocupada desde 1967. Uma proibição de força em 30 de janeiro.
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