Danielle Brant
A discussão sobre autorização de pesquisa de exploração de petróleo na Bacia Foz do Amazonas é totalmente contraditória com a COP30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que o país sediará em novembro, afirma o climatologista Carlos Nobre.
Nesta quarta-feira (12), o presidente Lula (PT) criticou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) pela demora na análise do pedido da Petrobras para estudar a viabilidade técnica e econômica da exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
Nobre lembra que o próprio Lula, na cúpula de chefes de Estado do G20, propôs aos países desenvolvidos antecipar as metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 e que isso exige que não haja nenhuma nova exploração de petróleo em nenhum lugar do mundo.
“O presidente Lula foi muito correto. Até para zerar as emissões de 2050 não faria sentido novas explorações de petróleo, carvão e gás natural”, afirma. Além disso, argumenta, a discussão sobre autorizar pesquisas para estudar viabilidade de técnica e econômica da exploração de petróleo na Foz do Amazonas entra em conflito com a COP30 que Belém sediará em novembro.
“Com cada emergência climática que nós estamos vivendo, esse 1,5 grau [em 2024 de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais], toda a explosão dos eventos extremos, ela [COP] vai ter que ser muito mais ambiciosa”, afirma.
“A COP30 vai ser a mais importante. A COP 27, 28 e 29, COP do petróleo, não aconteceu nada”, continua, ressaltando que, na COP28, os países com economia baseada em petróleo e combustíveis fósseis indicaram uma transição energética, mas de forma lenta.
“Agora a COP30 vai ter que bater o martelo, não pode ser a COP do petróleo. Então se começar a discutir muito novas explorações de petróleo, ela vira a quarta COP do petróleo. Isso é um crime”, critica.
“E também não pode ser a copa do agro, porque tem muito setor do agro brasileiro que quer transformar essa primeira copa do agro, no sentido de continuar a defender as emissões que vem dos desmatamentos e da agropecuária. Não pode ser nem a quarta copa do petróleo e nem a primeira copa do o agro da história.”
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