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Coppola e Goethe arriscaram tudo em últimas obras-primas – 09/11/2024 – Ilustríssima

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Coppola e Goethe arriscaram tudo em últimas obras-primas - 09/11/2024 - Ilustríssima

Martim Vasques da Cunha

[RESUMO] O que o poeta alemão Goethe (1749-1832) tem a ver com o cineasta americano Francis Ford Coppola? Autor aponta uma série de semelhanças, além do fato de o diretor de “O Poderoso Chefão” ter se inspirado em livro do escritor para um de seus filmes. Ambos eram transgressores, fascinados por magia e ocultismo, criaram grandes obras ainda jovens e, na velhice, arriscaram tudo, para espanto do público, na criação do trabalho síntese de suas vidas.

Em um ensaio arrebatador sobre “Fausto – Parte 2”, Otto Maria Carpeaux narra que Goethe demorou 60 anos para entregar (postumamente) o desfecho da sua obra-prima.

Segundo os relatos da imprensa contemporânea, o cineasta Francis Ford Coppola demorou cerca de quatro décadas para finalmente lançar nas telas o seu tão esperado filme “Megalópolis”.

Goethe deixou sua marca em outras obras célebres, comoOs Sofrimentos do Jovem Werther” (1774) e “Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister” (1796). Coppola se tornou um mito cinematográfico ao produzir quatro obras-primas seguidas na década de 1970: os dois primeiros “O Poderoso Chefão” (1972 e 1974), o drama “A Conversação” (1974) e o épico de guerra “Apocalypse Now” (1979).

Por coincidência, Coppola também é um obcecado por Goethe. Assim como o escritor alemão, tentou criar a sua Weimar particular ao bolar, por três vezes, o seu estúdio American Zoetrope (e faliu sempre de modo triunfal).

Não só isso: Coppola se inspirou em Goethe —em particular, no romance “As Afinidades Eletivas” (1809)— para escrever o roteiro de “O Fundo do Coração” (1981), outra de suas obras-primas, mas desta vez fracassada, porque nem a crítica, nem o público entenderam a visão do cineasta.

O mesmo acontece agora com o lançamento de “Megalópolis”. Em geral, quem odiou o filme, odiou pelas razões erradas. Quem gostou, também gostou pelas razões erradas.

Apesar de ser classificado como um diretor de “obras clássicas”, na verdade Coppola é o mais transgressor dos cineastas de Hollywood. Sua estética não é careta; pelo contrário, é extremamente alucinatória, chegando ao ponto do mau gosto e da artificialidade. Na visão dele, o cinema serve para celebrar duas coisas: a magia e (hélas!) o casamento.

Não à toa, o nome do seu estúdio é Zoetrope, o termo técnico para “lanterna mágica” em grego. Ora, as origens do cinema estão aí. Portanto, para Coppola, a magia é o verdadeiro assunto de todos os seus filmes.

Para Goethe, a literatura era também um ato de encantamento. Não por acaso, durante toda a sua vida foi um obcecado pela “doutrina das cores”, ao insistir que Isaac Newton só tinha entendido parte da revolução da óptica. Outro que se revelou fascinado por essa mesma doutrina foi o cinematografista italiano Vittorio Storaro, que, vejam só, filmou com Coppola justamente “O Fundo do Coração”, inspirado nas ideias do poeta alemão.

Cada personagem de Coppola e Goethe são magos, sujeitos que precisam praticar, tanto dentro como fora deles, a descida aos infernos para que, de lá, extraiam a pedra filosofal que finalmente regenerará a sociedade. Em alguns casos, a empreitada dá certo; em outros, ela dá muito errado.

Como são autores que vivem dentro do período moderno, Coppola e Goethe sabem que este tipo de empreendimento tem grandes chances de ser uma tragédia. Por isso, passaram o resto das suas longas vidas encontrando uma forma de salvar o mago que tanto admiravam (e que, no fundo, alegam também representar).

Goethe fez isso com a segunda parte de “Fausto”; Coppola praticou o mesmo truque com “Megalópolis”.

E, novamente, ninguém entendeu. A imprensa e os influenciadores da internet chamaram o filme de ruim, de feio, de cringe, de bizarro, de chato —enfim, de tudo aquilo que não se pode classificar como “bom”, de acordo com o nosso gosto supostamente tão inovador.

Em resposta a tudo isso, Coppola agiu como Goethe: de forma olímpica. Vendeu seu longa como qualquer grande vendedor faria. Escuta as alegações dos críticos e do público com aquela condescendência de quem sabe que ninguém captou a sua artimanha.

O senso comum afirma que “Megalópolis” é sobre a Roma Antiga, sobre utopia, sobre arquitetura, da mesma forma que, no passado, dizia que “Fausto – Parte 2” era uma peça de teatro sobre o intelectual que faz um pacto com o diabo.

Na verdade, ambos os artistas usam esses motes apenas como pretextos.

Em “Megalópolis”, o personagem interpretado por Adam Driver, César Catilina, não é apenas um arquiteto, um artista, um “grande homem”. É um mago. Manipula o tempo. Manobra um elemento supranatural, semelhante aos metais da alquimia medieval, chamado “megalon”. Com ele, consegue reconstruir cidades, vidas, por vezes driblar até a própria morte.

Mas César é um mago que se corrompeu. Assim como Fausto, ele fez seu pacto diabólico (consumado com a morte trágica da esposa). Para isso, precisa se recompor. Consegue por meio do encontro com Julia, a filha de seu rival político, Frank Cícero, que, aqui, não é apenas um prefeito conservador, mas também o elemento de estabilidade que toda cidade precisa para sobreviver a qualquer tipo de catástrofe.

Cícero é um homem bom. Gosta da família, sobretudo da filha, a quem ensinou os clássicos. Mas também cometeu seus pecados para se manter no topo das elites. Mentiu, trapaceou.

César não é igualmente uma flor que se cheira. Deflorou uma vestal virgem (que depois descobriu-se que não era tão virgem assim). Desprezou a própria mãe no momento de maior triunfo (nada mais, nada menos quando recebeu o Prêmio Nobel).

Quanto a Julia, ela está gostosamente mergulhada no lodo moral da cidade decadente onde é rainha. Cheira um pó. Beija as primas de forma lasciva. Paquera os seguranças. Mas tem curiosidade por conhecimento. E mais: ela é a única que testemunhou a habilidade mágica de César Catilina de suspender os efeitos do tempo.

É a partir daí que Coppola constrói o enredo do filme. É bom repetir: “Megalópolis” não é sobre utopia urbanística. É sobre o encontro de duas pessoas, César e Julia, que formarão um casamento alquímico que transformará a Nova Roma onde vivem na Nova Jerusalém onde todos querem viver.

Este tipo de imaginação —ocultista, por assim dizer— não é novidade para Coppola. A trilogia do “Chefão” é uma iniciação satânica de Michael Corleone. “Apocalipse Now” versa sobre a morte do rei como forma de regenerar uma sociedade estéril e contaminada por guerras inúteis (os EUA na época do Vietnã).

“Drácula de Bram Stoker” (1992) se passa na Romênia, capital do esoterismo europeu. “Velha Juventude” (2007) é baseado em um romance de Mircea Eliade, um dos papas na disciplina da história das religiões (e adepto ferrenho do simbolismo alquímico).

A mesma coisa se pode dizer de Goethe. Em Weimar seu apelido era “o alquimista”. Leu o que pôde sobre demonologia em sua juventude. Os romances, poemas e novelas que escreveu são povoados por espectros de desejo, de cobiça, de dinheiro.

Sim, de dinheiro. O vil metal era uma das grandes preocupações do escritor alemão —assim como do cineasta americano.

Em “Fausto – Parte 2”, há o famoso trecho em que o bruxo pede a um governante que tire o lastro do ouro para que a moeda alemã se transforme finalmente em “mero papel”. Isso seria a magia em seu ápice. Na década de 1970, Richard Nixon teria a mesma atitude com o dólar. Coincidência ou não, o nosso atual sistema financeiro é baseado nesta abstração elevada ao cubo.

Pouco depois, Coppola pedia falência pela segunda vez porque “O Fundo do Coração” foi um gigantesco fracasso de bilheteria.

Goethe nunca foi à falência porque tinha Karl August, o duque de Weimar, como seu mecenas. O resultado prático foi que ele nunca dizia claramente o que pensava. Tinha o comportamento de um cortesão.

Durante os 60 anos em que se comportou assim, escreveu “Fausto”. A primeira parte foi lançada em 1806, e todo mundo adorou, mas pelos motivos errados. Já a segunda, publicação póstuma em 1832, foi igualmente incompreendida, mas também odiada.

Coppola nunca teve mecenas nenhum. Foi obrigado a fazer filmes de encomenda para pagar suas contas com os bancos. Sempre disse o que realmente pensava. Afinal, não é um cortesão. Brigou com produtores para fazer as coisas ao seu modo. Foi assim quando filmou “Cotton Club” (1984), a terceira parte do “Chefão” (1990), “Drácula” e até mesmo um filme que até hoje ninguém gosta (pelos motivos errados): “Jack” (1996).

O longa conta a história de um garoto cujo corpo cresce numa velocidade muito mais rápida do que a habitual de todas as pessoas. É interpretado por Robin Williams, em modo infantiloide. Parece trama de filme da Disney, mas, na verdade, é Coppola comentando sobre outro tópico da alquimia: a criança perfeita, o “puer aeternus”, o equivalente à pureza final que ocorre na pesquisa do mago.

Uma década antes de “Jack”, Coppola passou pelo trauma que ninguém gostaria de experimentar: perder um filho. Gian-Carlo, seu provável sucessor, morreu em um medonho acidente de barco. Já Goethe viu seus cincos filhos morrerem, inclusive August, o único que chegou à idade adulta.

A soma de todos esses medos criou, na obra de cada um deles, o “estilo tardio” que definiu os anos derradeiros de suas vidas. Goethe concentrou tudo o que sabia em “Fausto – Parte 2”; para Coppola, o resultado foi “Megalópolis”.

Eles também sabiam que o público não entenderia o que estava em jogo. Goethe se recolheu covardemente e deixou que a obra falasse por si só, depois da sua morte. Assim, todo mundo ficou escandalizado quando o alquimista de Weimar se exibiu como um criptocatólico que só pensava na redenção da alma, com o intermédio da Virgem Maria, em um ambiente encharcado de protestantismo e de maçonaria iluminista.

Coppola foi para a linha oposta. Investiu US$ 140 milhões, cerca de R$ 820 milhões, do próprio bolso (vendeu uma parte do seu bem-sucedido negócio de vinhos) e resolveu bancar “Megalópolis” para ter controle absoluto. Foi sua solução contra o dinheiro que falsificava a magia. Deu literalmente a cara a tapa. Tudo isso aos 85 anos.

E, novamente, todo mundo ficou escandalizado quando se soube que o cineasta dos grandes épicos do passado é, na verdade, uma criança grande (e perfeita) que usa o cinema como uma gigantesca “fábula” (o subtítulo irônico e esclarecedor de “Megalópolis”) para recuperar o prumo das nossas existências.

Como diria um outro mago, desta vez supremo: quem tenha ouvidos para ouvir que ouça (ou, no nosso exemplo cinematográfico: quem tenha olhos para ver que veja).

Hoje, sabemos que Goethe venceu a posteridade, com a segunda parte de “Fausto”. Quanto tempo ainda teremos para reconhecer que Francis Ford Coppola precisa ser celebrado pelos motivos corretos?





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Revisão de gastos mexe com abono salarial e pensão de militares

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Equipe econômica sinaliza economia de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026 pelo pacote; anúncio enfrenta calendário apertado

O governo federal espera mexer com uma série de despesas no pacote que visa a reduzir os gastos públicos. Os planos incluem mudanças nas regras do salário mínimo, no abono salarial e na pensão dos militares.

A equipe econômica sinalizou para o Congresso que a economia com as iniciativas deve ser de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026.

Leia no quadro abaixo um resumo do que está na mesa do governo Lula:

Apesar da vontade da equipe econômica, ainda há desafios para o anúncio do pacote. Ministros se encontraram diversas vezes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Houve discordância na Esplanada sobre o pacote, além de uma preocupação sobre o custo político de eventuais ações, que podem prejudicar a popularidade do governo.

Nomes ligados ao Partido dos Trabalhadores também resistem à revisão. Dizem que o governo precisa arcar com os custo dos benefícios e também temem um impacto na popularidade de Lula.

Uma formalização deve ficar para depois da cúpula do G20, que aperta o calendário junto com o feriado de Consciência Negra na 4ª feira (20.nov).

SALÁRIO MÍNIMO

A ideia para o salário mínimo é limitar o reajuste da remuneração para até 2,5% acima da inflação. O cálculo é feito desta forma:

  • salário mínimo atual + (salário mínimo atual x inflação) = correção pela inflação;
  • correção pela inflação + (correção pela inflação x limitador) = valor do salário mínimo seguinte.

Ainda é um patamar considerado elevado, mas pode ajudar a frear o aumento das despesas atreladas ao salário. Teria um impacto potencial de aproximadamente R$ 40 bilhões se começasse a valer em 2025.

O governo Lula se comprometeu a ajustar sempre pela variação do PIB (Produto Interno Bruto) dos 2 anos anteriores. 

A economia nos gastos do governo seria observada porque muitos benefícios sociais estão atrelados ao salário mínimo. Ou seja, quanto maior for o reajuste, mais despesas. 

Em números absolutos, cada R$ 1 a mais no salário mínimo eleva os desembolsos públicos em R$ 391,8 milhões. Os números constam no projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025.

PENSÃO DOS MILITARES

O governo estuda acabar com a pensão dos familiares de militares expulsos do Exército, a chamada “morte ficta”. Essa foi uma das medidas colocadas na mesa durante a reunião entre os ministérios da Fazenda e da Defesa sobre o tema.

A ideia inicial era deixar o órgão responsável pelas Forças Armadas intocado, mas Lula pediu que a equipe econômica se reunisse com os militares para debater sobre o assunto. 

O encontro foi realizado em 13 de outubro e contou com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e José Múcio (Defesa). Ambos levaram técnicos para debater o assunto e deixaram os profissionais à disposição para conversas futuras.

“Colocaram as equipes técnicas à disposição aqui do Tesouro Nacional, que está capitaneando pela Fazenda o debate com eles. Vamos ver se conseguimos, em tempo hábil, incluir mais algumas medidas no conjunto daquelas já pactuadas”, declarou Haddad a jornalistas no dia da reunião.

“MORTE FICTA”

A “morte ficta” é quando militares são considerados inaptos para o serviço e são expulsos. Na prática, são considerados como mortos, mas seus familiares mantêm os benefícios e recebem o salário. O “morto ficto” surgiu com a aprovação da lei 3.765, de 1960, que trata de pensões dos militares. Um fardado expulso segue com o soldo porque durante o período em que estava na ativa parte de seu salário era recolhida para custear o benefício.

A “morte ficta” consome um valor pequeno por ano: R$ 25 milhões. A cifra foi divulgada em junho de 2024, quando as Forças Armadas responderam a um pedido de acesso à informação. Não faria grande diferença no pacote de corte de gastos que Lula vai apresentar, que precisa ser na cada das dezenas de bilhões de reais.

ABONO SALARIAL

O governo quer limitar o recebimento do benefício só para quem recebe até 1 salário mínimo e meio. Atualmente, o direito ao dinheiro vale para quem tem até duas remunerações.

As despesas com o abono salarial aumentaram nos últimos anos. Passaram de R$ 25,9 bilhões em 2023 para R$ 28 bilhões em 2024. A expectativa do governo é que atinja mais de R$ 30 bilhões em 2025, segundo o projeto de Orçamento enviado ao Congresso.

Veja abaixo a evolução da cifra:

O abono é uma espécie de 14º salário. Tem valor de 1 salário mínimo (é pago proporcionalmente a quem não trabalhou o ano inteiro).

BPC

O governo já anunciou um pente-fino no BPC (Benefício de Prestação Continuada) em 2024. O movimento deve seguir, inclusive com regras mais rígidas para ter acesso.

O BPC paga 1 salário mínimo por mês a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda.  Os repasses somaram R$ 88 bilhões em 2023, ao considerar a inflação. Houve um aumento de 51% na dotação em relação a 10 anos atrás.

As despesas com o benefício somaram R$ 75,8 bilhões em 2024 até julho. Um limitador no salário mínimo também ajuda a frear o crescimento dessa cifra.

REVISÃO DE GASTOS

Os ministros investiram em um discurso sobre a revisão das despesas desde junho. Mas poucas medidas estruturantes e concretas foram apresentadas. Há dúvidas sobre o que será feito efetivamente e o mercado tem pressionado a equipe econômica.

O governo se comprometeu a equilibrar as contas públicas em 2024. O objetivo é que os gastos sejam iguais às receitas –espera-se um deficit zero. Na prática, é necessário aumentar a arrecadação e diminuir despesas. Entretanto, pouco foi feito pelo lado da 2ª opção.

O time de Lula aguardou o fim do período eleitoral para anunciar as propostas. Agentes do mercado financeiro esperam um pacote robusto para diminuir a expansão das despesas obrigatórias.



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Seminário da Folha debate política industrial no Brasil – 21/11/2024 – Seminários Folha

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Seminário da Folha debate política industrial no Brasil - 21/11/2024 - Seminários Folha

A Folha promove no dia 26 de novembro o seminário Política Industrial para o Brasil, que debaterá possíveis caminhos para aumentar a produtividade no setor e incentivar projetos de pesquisa e inovação. Com patrocínio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o evento acontece a partir das 10h, no auditório do jornal em São Paulo, e será transmitido ao vivo pelo YouTube.

A abertura do seminário será feita pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.

Na primeira mesa, especialistas discutirão propostas do Plano Nova Indústria Brasil (NIB) relacionadas à produtividade, como financiamentos à qualificação de pequenas empresas, créditos para ampliar a cobertura de banda larga no Brasil e incentivos à aquisição de equipamentos.

Lançado em janeiro deste ano pelo governo federal, o NIB prevê metas até 2033 ligadas aos seguintes setores: agroindústria; complexo industrial de saúde; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade; transformação digital; bioeconomia; e tecnologia de defesa.

Participarão do debate Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e Armando Castelar, professor da FGV-Rio e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

O segundo painel terá como foco medidas do NIB voltadas a impulsionar a pesquisa e a inovação no país. Estarão presentes Telmo Ghiorzi, presidente-executivo da Abespetro (Associação Brasileira de Empresas de Bens e Serviços de Petróleo), Martha Penna, vice-presidente global de inovação da Eurofarma, e Thomas Victor Conti, professor do Insper e do Instituto de Direito Público (IDP).

A mediação das mesas será feita pelo colunista da Folha Vinicius Torres Freire. Além da transmissão ao vivo, será possível acompanhar o evento presencialmente. As inscrições, gratuitas e limitadas, devem ser feitas por este link. Interessados em participar com perguntas poderão enviá-las por WhatsApp para o número 11 99648-3478.

Confira abaixo os palestrantes confirmados e mais detalhes do evento.

Política Industrial para o Brasil

Data e horário: 26 de novembro (terça-feira), das 10h às 12h50

Inscrições para participar presencialmente: pelo Sympla, neste link

Mediação: Vinicius Torres Freire

Patrocínio: BNDES

Palestrantes:

  • Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
  • Aloizio Mercadante, presidente do BNDES;
  • Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas);
  • Armando Castelar Pinheiro, professor da FGV-Rio e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da FGV
  • Telmo Ghiorzi, presidente-executivo da Abespetro (Associação Brasileira de Empresas de Bens e Serviços de Petróleo);
  • Thomas Victor Conti, professor do Insper e do Instituto de Direito Público (IDP) e sócio da AED Consulting (consultoria especializada em análise econômica do direito do Brasil);
  • Martha Penna, vice-presidente global de inovação da Eurofarma.



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Tiro contra tropa foi único fato que chamou atenção do Exército no G20

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Tiro contra tropa foi único fato que chamou atenção do Exército no G20

Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil

Tiros disparados perto de uma favela e que forçaram militares das Forças Armadas a buscar abrigo foram o único fato que chamou a atenção do Exército durante o esquema especial de segurança para o G20, no Rio de Janeiro. A avaliação foi feita nesta quinta-feira (21) pelo general de brigada Lucio Alves de Souza, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Leste (CML).

O fato aconteceu na Linha Amarela, via expressa que liga as zonas norte e oeste do Rio de Janeiro, no domingo (17), véspera dos dois dias de reunião da cúpula do G20. Uma tropa parou para socorrer um veículo no acostamento, na altura da favela da Cidade de Deus, quando foi surpreendida por disparos de arma de fogo.

“Quando você está com tropa na rua em um ambiente de segurança pública do Rio de Janeiro, que nós todos conhecemos, estava dentro do nosso escopo imaginar que talvez acontecesse isso, e aconteceu”, disse o general Souza. “Esse foi o único fato que chamou a atenção”, acrescentou.

“Eu não chamo de ataque. Houve um disparo de arma de fogo, e não se tem certeza se foi em direção à tropa ou não”, ponderou.

Não houve feridos. Segundo o general, a tropa se abrigou e logo recebeu reforço da Polícia Militar (PM). Segundo ele, o apoio operacional demonstra a integração entre forças de segurança. “Se eu estivesse lá no local daqueles militares, eu gostaria demais que chegasse outra tropa para me reforçar, porque um disparo não escolhe farda, vai atingir qualquer farda”.

A Cidade de Deus fica na zona oeste do Rio de Janeiro, a cerca de 1 hora de carro da zona sul, onde se hospedaram a maioria das delegações estrangeiras, e um pouco mais distante ainda do Museu de Arte Moderna, onde aconteceram os encontros de cúpula.

O Comando Militar do Leste, representação do Exército nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, informou também que não foi encontrada nenhuma ameaça terrorista no período em que a cidade recebeu dezenas de chefes de Estado e de governo, além de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). O G20 reúne as principais economias do mundo, além das uniões Europeia e Africana.

Para o general, comandante da Operação Conjunto, batizada de Corcovado, uma referência ao nome do morro onde fica a estátua do Cristo Redentor, a operação mereceu “nota dez”.

“O evento ocorreu conforme havíamos planejado. O grande objeto era prover a segurança dos chefes de Estado. Esse objetivo foi alcançado”, declarou.

Terrorismo

O general Souza disse que o planejamento de segurança já previa ações antiterroristas mesmo antes do caso do homem que se explodiu em Brasília, na noite do dia 13.

“No planejamento de um grande evento, sempre está o terrorismo. Isso foi feito na Olimpíada [2016], na Copa do Mundo [2014], e esses protocolos que já deram certo foram replicados”, explicou, acrescentando que foram feitas diversas varreduras antiexplosivo e de materiais químicos, biológicos, radioativos e nucleares. “Essas varreduras permitem que a gente consiga mitigar essas possibilidades”.

Ele acrescentou que foram feitas ações de conscientização entre funcionários de hotéis e no metrô, por exemplo.

“Equipes vão nos hotéis para ministrar palestras, indicar os funcionários sobre o que eles têm que ter atenção”.

O comandante da Operação Corcovado garantiu que as revistas a populares no Parque do Flamengo, onde fica o MAM, já estavam previstas, ou seja, não foi uma decisão reforçada após a explosão na capital federal.

Operação da PF

O general Lucio Souza afirmou que a operação deflagrada na terça-feira (19) pela Polícia Federal (PF) para prender militares do Exército suspeitos de participação do plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes não afetou a Operação Corcovado.

“Não estava no nosso planejamento, obviamente. Nosso foco estava totalmente no G20. Foi mais um fato”, respondeu após ser questionado pela Agência Brasil.

Segundo o Exército, nenhum dos militares presos participaram da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), por ocasião da Cúpula do G20. A GLO é uma autorização do governo federal para que as Forças Armadas tenham poder de polícia em determinadas ocasiões, como foi durante a realização do G20 no Rio de Janeiro. 

Balanço

Cerca de 22,3 mil militares das Forças Armadas participaram da GLO no G20, sendo 18,5 mil do Exército, 2,1 mil da Marinha e 1,6 mil da Aeronáutica. Entre os equipamentos à disposição, estavam 32 veículos blindados, 18 lanchas militares, cinco navios, sete helicópteros, nove aviões, 26 mísseis, 199 motos e quatro equipamentos antidrones.

Na divisão de tarefas com as polícias estadual e federal, coube às Forças Armadas ações como segurança de vias terrestres e de 27 locais de hospedagens, proteção de infraestruturas críticas, de áreas marítimas e costeiras, escolta de autoridades, segurança cibernética e defesa aeroespacial.

De todas as 388 escoltas realizadas para o G20, que somam mais de 5 mil quilômetros, as Forças Armadas responderam por 94.

O general Lucio Souza elogiou a decisão do Ministério de Portos e Aeroportos de fechar o Aeroporto Santos Dumont, vizinho ao MAM.

“O fechamento do aeroporto foi fundamental”, afirmou o general. “Tinha dois aspectos: um eram aeronaves pousando e decolando tão próximo ali do MAM. Depois do evento do [atentado nos Estados Unidos] 11 de Setembro, ficou a lição. A outra questão seria o fluxo de pessoas na região do aeroporto. Impactaria na movimentação dos batedores, porque aquela área era de estacionamento deles e dos comboios”, explicou.

O general considera que um grande legado da operação conjunta com as forças estaduais e PF é a “integração e a confiança institucional entre todos”. Segundo ele, houve uma “consolidação dessa relação de confiança”. 

O chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Leste esclareceu que, apesar da ação considerada bem-sucedida, os limites constitucionais impedem que as Forças Armadas realizem ações de segurança pública fora da GLO.

“Quando nós somos empregados, precisa desse decreto de GLO. A Constituição é o que nos baliza”, disse, acrescentando que um elemento essencial para o sucesso do esquema de segurança foi a população carioca.

“O carioca, como sempre, recebeu muito bem os visitantes e entendeu que as medidas que foram tomadas nesse evento eram necessárias para que a gente pudesse ter um evento seguro, tranquilo e reforçasse a capacidade do Rio de Janeiro de fazer esse grandes eventos”.



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