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Criminosos podem estar comprando armas legalmente em lojas – 20/01/2025 – Cotidiano

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O postulado “bandido não compra armas em lojas” tem sido amplamente difundido nas redes sociais de alguns parlamentares e de grupos pró-armas. O objetivo de sua disseminação seria evitar que armamentos e munições fossem enquadrados no imposto seletivo proposto na reforma tributária.

Também conhecida como “imposto do pecado”, a taxação extra incidirá em produtos considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente. Revólveres, pistolas e fuzis, portanto, se enquadrariam perfeitamente na definição.

Mas a premissa não se ampara em dados empíricos. Ao contrário do que afirmam os defensores do armamentismo, é bem provável que sim, criminosos podem e devem estar comprando seus arsenais em lojas comuns. É notório que o mercado ilegal de armas é abastecido pelo mercado legal.

Segundo estudiosos do tema, como Rachel J. Stohl e Suzette Grillot no livro “The International Arms Trade”, entre as formas mais comuns de desvios de armas estão o acesso facilitado à compra e, principalmente, a fiscalização ineficiente. E esse é um dos principais problemas registrados. Da mesma forma, quanto mais armas disponíveis, mais possibilidades de roubos, furtos e fraudes.

Se, portanto, a flexibilização facilitou a aquisição de armas por criminosos no mercado legal, então parece lógico que o tráfico internacional de armas de fogo para o Brasil diminuiria. E isso realmente aconteceu.

Pesquisa realizada com dados de apreensões de armas no Brasil pela Polícia Federal, entre 2019-2022, mostra que o tráfico internacional de armas diminuiu. Especialmente no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Ambos os estados fazem fronteira com o Paraguai, que ocupa o primeiro lugar no índex de tráfico de armas nas Américas, ao lado da Jamaica. Não por acaso, o país vizinho é a principal origem das armas traficadas para o Brasil.

Flexibilização do acesso

A partir de 2019, o governo de Jair Bolsonaro (PL) passou a flexibilizar o acesso legal a armas de fogo. Por meio de mais de trinta atos normativos, o então presidente descaracterizou o Estatuto do Desarmamento, que valia desde 2003. Quatro categorias do setor tiveram alíquotas de impostos reduzidas ou zeradas.

Um das medidas mais criticadas foi a retirada do imposto de exportação de armas brasileiras para países da América do Sul, Central e Caribe. A sobretaxação foi implantada em 2000 com o objetivo de evitar a “triangulação”. Ou seja, não permitir que as armas voltassem ao Brasil ilegalmente através das fronteiras.

Outra das medidas tomadas pelo governo Bolsonaro foi a autorização da compra de arsenais por parte da categoria dos CACs, sigla para caçadores, atiradores desportivos e colecionadores. Com a entrada em vigor do decreto presidencial 9.846/2019, a validade do registro passou de cinco para dez anos e o limite de aquisição de armas mais do que o dobro.

Antes das novas medidas, os atiradores desportivos desfrutavam do direito de adquirir 16 armas de fogo. Depois, passaram a poder comprar até 60 armas. Os caçadores passaram de 12 para 30 armas. E os colecionadores, por sua vez, possuíam permissão de obter uma arma de cada modelo de uso permitido. Agora, eles têm o direito de comprar cinco de cada e cinco de cada modelo de uso restrito. Para a aquisição de quantidades maiores do que as estabelecidas, os CACs ainda poderiam solicitar novas autorizações.

Com a flexibilização do acesso a armas, observou-se uma série de fraudes nos últimos anos, como a compra de armas legais em lojas por laranjas e por criminosos ligados ao PCC, mesmo condenados em primeira instância. Além, de desvios por meio de furtos, que podem ter sido encenados para que armas encomendadas fossem simplesmente repassadas para a criminalidade.

Com acesso tão fácil a vários tipos e modelos no mercado legal numa das centenas de lojas que abriram no país nos últimos anos, o tráfico internacional de armas pode ter se tornado um negócio bem menos vantajoso.

Diminuição do tráfico internacional

Na análise dos dados fornecidos pela Polícia Federal, observou-se uma queda no total de armas apreendidas no país, sob qualquer tipificação, em 2019 e 2020, em comparação com os anos imediatamente anteriores. Quando observado o conjunto dos quatro anos do governo Bolsonaro, de 2019 a 2022, as apreensões totais diminuíram 13,8% e as apreensões pelo artigo 18 do Estatuto do Desarmamento despencaram 42,2% em relação ao mesmo período anterior.

O artigo 18 trata da importação, exportação e favorecimento da entrada ou saída do território nacional de armas de fogo sem que haja a autorização de autoridade competente.

Ao separar as apreensões por tipificação no Paraná, o estado que registra o maior número de apreensões por tráfico internacional, a queda se mostra ainda mais acentuada. Mas, o que chama a atenção é o aumento, a partir de 2020, dos registros de “outras tipificações” nas apreensões de armas. Como essas outras tipificações não são indicadas pela PF, não é possível pressupor qual seria o motivo desse incremento.

As demais tipificações do Estatuto do Desarmamento, por outro lado, vêm diminuindo como as que se relacionam com crimes como porte de arma de fogo de uso restrito (art. 16), posse irregular (art. 12), porte ilegal de arma de uso permitido (art. 14), venda e aquisição (art. 17).

Os estados do Paraná e de Mato Grosso do Sul, que dividem mais de 1.300 km de fronteira com o Paraguai, registraram quedas significativas no volume de armamentos apreendidos. Os dois estados somados representaram 54% do total geral de armas apreendidas entre 2013 e 2022.

No Paraná, 2022 foi o ano que registrou o menor número de armas apreendidas pelo artigo 18 na série histórica de 2013 a 2022, seguido de 2015 e 2016. A soma dos quatro anos do governo Bolsonaro também demonstra que houve uma queda em relação ao mesmo período anterior.

O mesmo pode ser visto no Mato Grosso do Sul, que também registrou quedas significativas na comparação entre os dois períodos de quatro anos. O menor número de apreensões pelo artigo 18 no estado foram registradas nos anos de 2020, 2022 e 2015.

É importante notar que 2020 foi o ano em que ocorreu a parte mais aguda da pandemia e a circulação de veículos diminuiu. As fronteiras terrestres foram fechadas. A ponte da Amizade, entre o Brasil e o Paraguai, a via internacional mais movimentada da América do Sul, permitiu somente o trânsito de caminhões de carga, entre março e outubro de 2020. Enquanto no período mais agudo da pandemia houve uma diminuição na apreensão de armas em comparação com o ano anterior, o contrário ocorreu em relação às drogas. Em 2020 houve um aumento de 68% nas apreensões de maconha, por exemplo.

Os dados são bastante claros. Da mesma forma, também se mostra bastante evidente a distância entre o discurso armamentista e a realidade.

Este texto foi publicado no The Conversation. Clique aqui para ler a versão original



Leia Mais: Folha

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Gigante dos ovos dos EUA lucra em meio à gripe aviária – 10/03/2025 – Mercado

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Gigante dos ovos dos EUA lucra em meio à gripe aviária - 10/03/2025 - Mercado

Taylor Nicole Rogers, Patrick Temple-West

A família que controla o maior vendedor de ovos dos EUA está buscando lucrar em meio a uma crise de gripe aviária que elevou os preços a níveis recordes.

As quatro filhas e o genro do fundador da Cal-Maine Foods, Fred R Adams Jr, chegaram a um acordo com a empresa para converter suas ações com supervoto em ações comuns, renunciando ao controle antes de uma “potencial diversificação de seus portfólios financeiros individuais”, de acordo com um documento de valores mobiliários da empresa.

A participação da família na Cal-Maine é mantida por meio de uma empresa de fachada chamada Daughters LLC. No fechamento de sexta-feira (28), a participação está avaliada em quase US$ 532 milhões (cerca de R$ 3,1 bilhões), incluindo US$ 434 milhões (R$ 2,5 bilhões) em ações com supervoto e outros US$ 98 milhões (R$ 578,2 milhões) em ações comuns.

Ao mesmo tempo, a Cal-Maine, com sede em Ridgeland, Mississippi, anunciou que realizará um programa de recompra de ações de US$ 500 milhões (R$ 2,9 bilhões), o primeiro em duas décadas, e revelou que poderia usar a iniciativa para “recomprar algumas das ações comuns dos membros da família” à medida que vendessem suas participações.

A transação pareceu facilitar o processo para a família reduzir ou vender toda a sua participação, disse Ben Silverman, vice-presidente de pesquisa da VerityData. “Não é incomum uma empresa recomprar ações de um grande acionista”, acrescentou.

Representantes da empresa recusaram múltiplos pedidos de comentário.

Os preços dos ovos nos EUA atingiram US$ 8,58 (R$ 50,62) por dúzia nos mercados atacadistas esta semana em meio a um grave surto de gripe aviária, um aumento de 70% em relação aos níveis do ano anterior, de acordo com um serviço de informações de preços de commodities Expana. O surto levou os agricultores a abater 100 milhões de galinhas, perus e galinhas poedeiras nos EUA desde 2022, segundo o departamento de agricultura dos EUA, criando uma escassez de ovos que especialistas preveem manter os preços próximos aos níveis recordes por meses.

Em meio à crise, a Cal-Maine Foods relatou no mês passado US$ 356 milhões (R$ 2,1 bilhões) em lucros brutos trimestrais em relação ao ano anterior, um aumento de quatro vezes.

Adolphus “Dolph” Baker, genro de Adams e presidente do conselho da Cal-Maine, disse em um comunicado que as decisões da família de abrir mão do controle da empresa “são decisões pessoais tomadas em conexão com nossos próprios esforços de planejamento financeiro e patrimonial”.

Adams, conhecido pelos amigos como “The Big Chicken” de acordo com seu obituário em um jornal local, era um jogador de futebol americano de 1,93 m que atuava como ponta ofensiva e defensiva em seu time de colégio. Após a faculdade e uma breve carreira em vendas de ração, ele fundou a Cal-Maine Foods em 1957, alugando terras fora de Jackson, Mississippi, para iniciar sua primeira fazenda.

Quando ele morreu em 2020, a empresa havia se tornado a produtora de um em cada dez ovos fornecidos nos EUA. Suas quatro filhas —Luanne Adams, psicóloga e membro do conselho do Washington Ballet; Nancy Adams Briggs, da Virgínia; Laurel Adams Krodel, do Tennessee; e Dinnette “Dea Dea” Adams Baker, do Mississippi— controlam a empresa desde então. Dolph Baker é marido de Dea Dea.

As ações com supervoto têm o mesmo valor que as ações comuns, mas possuem 10 vezes os direitos de voto. O acordo reduziria o poder de voto da família de 53,2% para 12%.

As ações subiram 56% no ano passado, atingindo um recorde em janeiro e fechando a US$ 90,39 na sexta-feira.

Advogados de pequenos agricultores acusaram a Cal-Maine de limitar o fornecimento de ovos nos EUA. A empresa estava entre um grupo de produtores de ovos considerados responsáveis por manipulação de preços em 2023 e foi condenada a pagar US$ 53 milhões (R$ 313 milhões) em danos a fabricantes de alimentos, incluindo Kraft Foods, General Mills e Nestlé. A Cal-Maine e os outros produtores de ovos entraram com documentos judiciais buscando um novo julgamento e contestando a sentença.

“Os produtores de ovos dominantes —particularmente a Cal-Maine Foods— aproveitaram a crise para aumentar os preços, acumular lucros recordes e consolidar o poder de mercado”, escreveu o grupo de defesa Farm Action em uma carta à Comissão Federal de Comércio e ao Departamento de Justiça. “A lenta recuperação no tamanho do rebanho, apesar dos preços historicamente altos, sugere ainda mais esforços coordenados para restringir a oferta e manter os preços inflacionados.”

Os EUA anunciaram um esforço de US$ 1 bilhão (R$ 5,9 bilhões) nesta semana para conter a gripe aviária e reduzir os preços dos ovos, incluindo a importação de ovos de outros países e a redução das exportações para mitigar a escassez.



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Música cura: faz bem contra dores e ansiedade, confirmam cientistas

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A cirurgia feita por pesquisadores de Londres, conseguiu trazer de volta o paladar e olfato de pacientes que tiveram Covid prolongada. - Foto: Danny Lawson

O poder da música vai além do que se pensava. Duas pesquisas comprovaram que a música tem benefícios terapêuticos no corpo: ela pode ajudar contra dores e ansiedade também.

Segundo um estudo realizado pela Universidade McGill, no Canadá, a musicoterapia pode diminuir significativamente a percepção da dor quando o ritmo se alinha ao batimento natural de uma pessoa.

Já outra pesquisa da Universidade Anglia Ruskin, na Inglaterra, demonstrou que canções podem ajudar no tratamento de pessoas com demência, aliviando sintomas como agitação e sofrimento. Os dados foram compilados pelo Correio Braziliense.

Alívio para dor e ansiedade

O estudo da universidade canadense trouxe descobertas impressionantes. Durante os testes, 60 participantes foram expostos a pequenas dores enquanto ouviam música em diferentes ritmos.

Aqueles que escutavam canções compatíveis com seu ritmo interno, ao final do processo, relatam menor dor.

Segundo os cientistas, isso acontece porque o cérebro parece ser “enganado” e desvia o foco do desconforto para o prazer proporcionado pela música.

Estudos também indicaram que a música reduz os níveis de cortisol, o famoso hormônio do estresse. Assim, é possível controlar a ansiedade e melhorar a qualidade de novo. Dá play aí!

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Benefício para idosos

O impacto da musicoterapia também se estendeu à saúde mental dos idosos.

Na Universidade Anglia Ruskin, os profissionais descobriram que a música é positiva para pacientes com demência. A explicação está em como as canções ativam as redes cerebrais associadas à memória e às emoções.

O benefício é maior ajuda se as músicas são familiares, por exemplo aquelas da juventude dos pacientes.

Além de estimular a cognição e promover uma conexão emocional com o passado, as composições também geraram sentimentos de segurança.

Música e crianças

E não para por aí. Se para adultos e idosos a música já tem um papel fundamental, para as crianças ela também vem para somar.

Estudos da Universidade de Artes de Helsinque, na Finlândia, mostram que o canto é uma ferramenta incrível para desenvolver a confiança dos pequenos.

A pesquisa apontou que as crianças podem utilizar o canto como forma de criar espaços onde tenham mais autonomia e se sintam mais seguras.

O estudo também revelou que cantar com os amigos incentiva a interação social e o desenvolvimento emocional desde a infância.

E não são só adultos e idosos não. Os benefícios também valem para crianças! - Foto: Associated Press E não são só adultos e idosos não. Os benefícios também valem para crianças! – Foto: Associated Press



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Manchester United sob pressão para permanecer na Europa, admite Christian Eriksen | Manchester United

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Manchester United sob pressão para permanecer na Europa, admite Christian Eriksen | Manchester United

Jamie Jackson

Christian Eriksen admitiu que há “pressão maciça” Manchester United vencer o Real Sociedad na quinta -feira, a fim de manter viva a esperança de jogar futebol europeu na próxima temporada.

O United entra na segunda mão da Liga Europa, em Old Trafford, com o empate pronto para 1-1 Jogo da semana passada no estádio Anoeta. Depois Domingo de 1 a 1 de empate com o Arsenal Na Premier League United, é 14º em 34 pontos, 11 atrás da Aston Villa no sétimo – o último lugar que pode ganhar um local de conferência na Europa, dependendo de quem vence as Copas Domésticas. O United está fora de ambos.

“É enorme (o jogo contra o Sociedad), conhecemos a pressão, sabemos a situação em que estamos na liga”, disse Eriksen. “Para entrar na Europa na próxima temporada, temos que vencer muitos jogos na liga ou passar pela Liga Europa, então sabemos que há muita pressão nesse jogo. Mas também vem por estar neste clube. Você joga por troféus, então temos que jogar bem para passar. ”

“É onde eles (United, na Europa) pertencem, mas também não pertencemos à metade inferior da Premier League”, acrescentou o Dane. “Vamos tentar fazer o possível para levantar a liga, não estamos em uma posição em que queremos estar. Queremos ser mais altos. Estamos no United, então temos que ser mais altos. Mas, no final, a bola ainda está rolando em campo, então precisamos nos concentrar no futebol e olhar para a mesa, esperançosamente, no final da temporada, quando acabamos mais altos. ”

Rasmus Højlund não conseguiu marcar contra o Arsenal, uma 20ª aparição consecutiva sem fazê-lo para o atacante de 22 anos, que tem apenas sete gols em 37 jogos pelo United durante toda a temporada, sua última vinda Contra Viktoria Plzenna Liga Europa, três meses atrás.

Eriksen defendeu seu compatriota, apoiando -o para se tornar bom para o United. “Há muitos jogadores em campo, inclusive eu, que deve marcar mais alguns gols, não é ele. Mas ele é um atacante, ele vive pelos objetivos e tenta marcar gols ”, disse o jogador de 33 anos. “Ele está nessas situações (com as chances de hoje), agora é sobre a crença de marcar, mas ele é um cara trabalhador que tenta o seu melhor e quer o seu melhor para o time. Em algum momento, ele clicará e irá para o outro lado. ”



Leia Mais: The Guardian

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