Lorena Pacheco conseguiu finalmente alugar um apartamento, graças a um sorteio da prefeitura de Madri —fato que evidencia o drama da crise da habitação vivido pela Espanha e sua capital.
Ao ganhar, ela sentiu “muito felicidade”, como se estivesse fora da realidade, confessa a auxiliar de enfermagem de 30 anos, que acompanhou o sorteio ao vivo nas redes sociais.
Um empregado da prefeitura anunciou que o sorteio eletrônico havia selecionado seu nome ao lado de outros 63 felizardos, entre as 44 mil pessoas que sonhavam com uma moradia social no bairro de Villa de Vallecas, ao sul da capital espanhola.
Durante dois anos, antes de conseguir esse apartamento por um aluguel de 550 euros (R$ 3.328), a jovem não parou de ver anúncios para conseguir ir morar com seu namorado. Até agora, os dois tiveram que viver separados na casa de seus pais.
“Depender da sorte para poder se tornar independente (…) é uma realidade que vivemos nesse país”, lamenta o namorado de Pacheco, Sergio Encinas, 31.
“É muito triste, ter um trabalho, estar trabalhando 40 horas por semana”, mas “com teu salário não conseguir viver por conta própria“, disse o vendedor, que ganha 1.200 euros (R$ 7.500) mensais.
O aumento dos aluguéis em Madri, que cresceu 82% em uma década, segundo o portal imobiliário de referência Idealista, tornou os imóveis inacessíveis para muitas famílias.
Já entre as moradias sociais, o número é muito restrito: em 2024, Madri contava com 9.200 moradias de aluguel social para uma cidade de 3,4 milhões de habitantes, um dos números mais baixos da UE (União Europeia).
A cidade, governada pela direita, tem como objetivo chegar em 15 mil moradias sociais até 2027. Paris, por exemplo, conta com 260.750 moradias sociais para 2,1 milhão de habitantes e Berlim com 100 mil para 3,4 milhões de moradores.
Para alocar as escassas moradas, a cada trimestre a cidade de Madri sorteia entre 50 e 200 apartamentos entre pessoas que podem participar do programa em função de sua situação financeira.
“De todas essas casas, mais de 80% foram destinadas a jovens menores de 35 anos e famílias com filhos menores de idade”, diz à AFP Álvaro González, responsável de Habitação da prefeitura de Madri.
“Esses novos inquilinos nunca pagarão mais do que 30% de sua renda mensal pelo apartamento”, afirma ele.
Mas o sorteio atende a apenas 1% da demanda. “Temos um déficit habitacional na Espanha de mais de 600 mil casas. Cerca de 120 mil novas casas estão sendo criadas todos os anos e apenas 90 mil casas estão sendo construídas”, resume o porta-voz do Idealista, Francisco Iñareta, que inclui moradias privadas e sociais.
A escassez de moradias, o aumento dos aluguéis e o aumento dos apartamentos para turistas mergulharam o país em uma crise sem precedentes. A crise também levou as autoridades a tentar extinguir os alugueis de curto prazo, como os oferecidos por plataformas como Airbnb.
Em Madri, Barcelona e Valência, milhares de pessoas se manifestam frequentemente para exigir soluções. Nessas três cidades, os aluguéis estão subindo 20% ao ano, de acordo com o Idealista.
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login