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Datafolha: 57% admitem que raça interfere na carreira – 22/11/2024 – Cotidiano

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Catarina Ferreira

Pesquisa feita pelo Datafolha aponta que 57% dos brasileiros discordam que brancos e negros tenham a mesma chance de serem bem-sucedidos no mercado de trabalho. Entre as pessoas pretas, o percentual de quem vê diferença na trajetória profissional de acordo com a cor da pele é de 66%, ante 57% entre pardos e 53% entre brancos.

A maioria da população aponta que a cor da pele muda a maneira como a sociedade trata as pessoas. Segundo o levantamento, 75% dizem não acreditam que brancos e negros sejam tratados da mesma maneira. Os números são parecidos entre pretos (79%), pardos (76%) e brancos (72%).

A pesquisa foi feita de 5 a 7 de novembro com 2.004 pessoas, em 113 municípios de todas as regiões do país. O nível de confiança dos números é de 95%, com margem de erro para o total da amostra de 2 pontos percentuais. Na divisão por cor, a margem de erro é de 5 pontos percentuais para pretos, 4 para brancos e 3 para pardos.

De maneira geral, o país está mais consciente dos efeitos do racismo e isso inclui o mercado de trabalho, afirma Márcio Macedo, professor da FGV Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV) e coordenador de diversidade da instituição.

Para ele, isso é um reflexo do esforço dos movimentos negros. Cita como exemplo a Lei de Cotas, que colocou mais pessoas negras nas universidades. Esses profissionais começam a integrar o mercado de trabalho e discutir mais ativamente pautas raciais, como a falta de representatividade e a necessidade de criar e implementar novas políticas públicas.

“Com isso, o mito da democracia racial, discurso que apresenta a sociedade brasileira como destituída de conflitos raciais, começa, de certa maneira, a ser desconstruído e confrontado.”

Ele diz que há um avanço que deve ser reconhecido, mas que ainda há um longo caminho pela frente. Isso porque pessoas pretas e pardas ainda carregam os piores índices no mercado de trabalho. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), brancos receberam em média R$ 20 por hora de trabalho em 2022, valor 61,4% maior do que pretos ou pardos (R$ 12,4).

A paridade de oportunidades oferecidas para negros e brancos ainda é uma realidade distante. Um estudo do ID-BR (Instituto Identidades do Brasil) concluiu que para alcançar esse equilíbrio nas empresas serão necessários 166 anos —a assinatura da Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão, foi em 1888, há 136 anos.

Apesar disso, os números do Datafolha indicam que a maior parte dos brasileiros (78%) acredita que o sucesso depende apenas do esforço pessoal e que a cor de pele não é um fator determinante para alcançá-lo. A afirmação que mais dividiu a população, segundo números do instituto, foi a ideia de que brancos e negros têm as mesmas chances de alcançar sucesso financeiro. Do total, 52% concordam e 47% que discordam.

Os entraves para o sucesso de pessoas negras no mercado de trabalho ainda são muitos mascarados pela crença de ser possível vencer as desigualdades pelo mérito, afirma a economista e pesquisadora de desigualdades raciais e políticas afirmativas Ariene Salgueiro. “A meritocracia e o mito da democracia racial são usados para dizer que temos chances iguais, mas quando vemos os números, isso não é real.”

Ela afirma também que os negros foram marginalizados e colocados para fora do mercado de trabalho formal por muito tempo após o fim da escravidão. Por isso, considera que o contexto social e histórico não pode ser esquecido.

Durante décadas, exemplifica, empresas exigiam em seus anúncios de emprego candidatos com “boa aparência”, uma ideia carregada de estigmas que excluíam características da população negra como o cabelo crespo.

Brancos e negros com as mesmas habilidades e competências exigidas por determinada área não ascendem da mesma maneira, afirma. “Como o mérito explica isso?”

Estar atenta a como as questões raciais podem influenciar a trajetória profissional foi essencial para Janine Rodrigues, 42, fundadora da Piraporiando Editora e Produtora, instituição focada na produção de conteúdos antirracistas para escolas, empresas e instituições públicas.

“Quando um profissional atende tudo aquilo que o mercado pede mas, mesmo assim, não consegue ascender como seus pares, ele pode adoecer por achar que há algo de errado com ele.”

A luta contra o racismo é fundamental, muitos profissionais ao não conseguirem se posicionar também sentem os efeitos da violência racial presente no cotidiano do mundo corporativo. Nem todos os negros deveriam se sentir obrigados a abraçar pautas raciais, diz, por elas terem relação direta na saúde mental. “A gente lidera essa pauta por não ter escolha.”



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Câmara de Curitiba rejeita honraria a Alexandre Nero – 12/03/2025 – Celebridades

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Câmara de Curitiba rejeita honraria a Alexandre Nero - 12/03/2025 - Celebridades

Maria Paula Giacomelli

São Paulo

Cotado para receber uma homenagem de Curitiba, Alexandre Nero teve declinada a honraria pela Câmara de sua cidade natal em plenário na terça-feira (12).

Se aceita, a proposta concederia a ele o título de Vulto Emérito, maior honraria concedida a uma pessoa nascida na capital do Paraná, pela trajetória profissional de Nero nas artes e na música.

Procurado pelo F5, ele não respondeu. A votação teve 7 votos a favor e 23 contra, e a autoria do projeto é de Giorgia Prates (PT). Ela afirmou que o ator é um artista exemplar e um dos “grandes nomes da dramaturgia, da música e da cultura brasileira.”

Um dos votos contrários foi de João Bettega (União), que exibiu um papel com um suposto tuíte do ator. “Alexandre Nero chamou inúmeros curitibanos de fascistas, então acredito que não seja oportuno os senhores desta Casa aprovarem um louvor a um ator que xinga Curitiba.”



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Como Alzheimer deixou ator Gene Hackman sozinho em seus últimos dias: ‘Era como se vivesse em um filme que se repetia’

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Como Alzheimer deixou ator Gene Hackman sozinho em seus últimos dias: 'Era como se vivesse em um filme que se repetia'

BBC

O ator Gene Hackman estava sozinho em sua casa, na cidade de Santa Fé, Novo México, nos EUA, quando faleceu.

A estrela de Hollywood, com duas estatuetas do Oscar, não fez uma única ligação e não havia se alimentado.

Aos 95 anos, ele estava com a saúde debilitada e sofria de um estágio avançado da doença de Alzheimer.

Médicos especialistas acreditam que é possível que o ator nem sequer tenha percebido que sua esposa havia morrido na casa onde moravam.

Caso tenha percebido, disseram especialistas à BBC, ele provavelmente passou por diversas fases de confusão e luto, tentando acordá-la antes que a doença causasse tanta desorientação ou sobrecarga emocional que o impedisse de agir.

As autoridades no Novo México afirmam que Betsy Arakawa, de 65 anos, morreu em decorrência de um vírus raro cerca de sete dias antes de Hackman falecer, em 18 de fevereiro, por causas naturais.

O casal, juntamente com um de seus cachorros, foi encontrado sem vida em sua residência em Santa Fé, depois que uma patrulha de segurança da vizinhança realizou uma inspeção de bem-estar e avistou seus corpos no chão por uma janela.

Inicialmente, as autoridades afirmaram que a descoberta trágica era “suficientemente suspeita” para justificar a abertura de uma investigação.

Os corpos foram encontrados em estado avançado de decomposição.

Arakawa estava no banheiro, com comprimidos espalhados ao redor. Hackman foi encontrado próximo à cozinha, com uma bengala e óculos escuros no chão, próximo ao seu corpo. Um dos três cães do casal também estava morto, em uma compartimento usado para transporte.

No entanto, a investigação policial não encontrou indícios de crime.

Em vez disso, o caso lançou luz sobre a dura realidade do Alzheimer — uma doença que danifica e destrói progressivamente as células do cérebro, comprometendo a memória e outras funções mentais importantes.

“Era como se ele vivesse em um filme que se repetia”, explicou à BBC Catherine V. Piersol, terapeuta ocupacional com décadas de experiência no cuidado de pessoas com demência, ao descrever como Hackman pode ter revivido, repetidamente, a perda da esposa.

Piersol apontou que pacientes com Alzheimer avançado, como era o caso do ator, vivem no presente, mas são incapazes de lembrar momentos do passado ou planejar o futuro e agir.

“Imagino que ele deve ter tentado acordá-la, sem sucesso. Mas depois pode ter se distraído com algo em outro cômodo, com um dos cachorros ou algo assim”, descreveu.

Depois, ele se daria conta novamente de que sua esposa estava caída no chão e voltaria a “reviver” a experiência.

Embora ninguém saiba exatamente como Hackman passou seus últimos dias de vida, a natureza sombria das possibilidades foi discutida por autoridades locais e pela médica legista do Estado.

Em uma coletiva de imprensa na semana passada, a doutora Heather Jarrell, chefe da perícia médica do Novo México, informou que Arakawa morreu em decorrência da síndrome pulmonar por hantavírus (SPHV), uma doença respiratória causada pela exposição a roedores infectados.

Hackman morreu em consequência de uma doença coronariana, com o Alzheimer como fator contribuinte.

Dado o estágio avançado do Alzheimer de Hackman, é “muito possível que ele não estivesse consciente de que ela [sua esposa] havia falecido”, afirmou a doutora Jarrell.

A autópsia indica que ele não havia comido recentemente, embora não houvesse sinais de desidratação.

As autoridades não encontraram evidências de que ele tenha entrado em contato com alguém após a morte da esposa, nem puderam determinar se ele tinha condições de cuidar de si mesmo.

Já a doutora Piersol explicou que pacientes com Alzheimer em estágio avançado não conseguem perceber sinais do ambiente, como luz e escuridão, o que dificulta a decisão sobre quando devem comer, dormir ou tomar banho.

“Esses [sinais] muitas vezes simplesmente deixam de estar disponíveis para pessoas nesse estágio da demência”, comentou.

Confusão e agitação

O médico Brendan Kelley, neurologista especializado em memória e cognição do Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas, explicou que Hackman também pode não ter conseguido ligar para as autoridades em busca de ajuda.

Ele disse que a doença de Alzheimer pode deixar os pacientes presos entre o desconforto emocional e a incapacidade de agir para resolvê-lo.

“Uma pessoa pode se sentir preocupada ou assustada, mas, ao mesmo tempo, não conseguir tomar as ações que você ou eu normalmente tomaríamos para aliviar essa ansiedade ou preocupação, como ligar para alguém ou sair para falar com um vizinho.”

Kelley indicou que pacientes com Alzheimer ainda experimentam emoções como tristeza e luto, e sentem necessidades físicas como fome e sede, mas têm mais dificuldade em identificar o que estão sentindo.

O especialista concluiu que pular refeições também pode aumentar os níveis de confusão e agitação.

A morte do casal e os detalhes alarmantes de Hackman vivendo na casa por uma semana após o falecimento da esposa impactaram a comunidade de Santa Fé, onde os dois moraram por mais de 20 anos.

“É absolutamente devastador”, disse Jeffery Gómez, morador antigo da cidade, que lembra de ver Hackman circulando pela região em diferentes veículos, sempre com um sorriso no rosto.

Sua companheira, Linda, contou que os detalhes foram um gatilho emocional, explicando que cuidou da mãe idosa que também tinha demência. “Mesmo com ajuda, é um fardo”, disse.

“Sabemos que Gene e a esposa eram pessoas muito reservadas, e ela provavelmente estava protegendo ele do público”, acrescentou. “Mas pensar que ela estava fazendo isso sozinha? É demais para carregar sozinha.”

Jeffery Gómez disse que tem dificuldade para entender como ninguém apareceu para ver como o casal estava durante tanto tempo.

“Parte meu coração saber que ele ficou sozinho por tanto tempo.”




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Só Vaquinha Boa: quase 4 anos transformando solidariedade em notícia boa; vídeo

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A cidade de Guaratinguetá, em São Paulo, ficou em 1° lugar no ranking das mais baratas do Brasil. - Foto: Reprodução/Unesp

“Aqui não é notícia quem mata, mas quem salva. Não quem rouba, mas quem é honesto. Não quem agride, mas aquele que faz boas ações. Não noticiamos tragédias, só casos com final feliz. Em vez de preconceito, damos histórias de superação.”

Rinaldo de Oliveira; Fundador do SóNotíciaBoa



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