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Demidov, a maior descoberta do teatro mundial desde Stanislavski – 12/01/2025 – Opinião

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Dionisio Neto

Se você, teatrólogo, ator ou não, já ouviu falar de Nikolai Demidov, você é tão raro quanto ele. Desde Stanislavski, de quem ele era assistente, ele é a maior descoberta do teatro mundial que você não conhece.

O diretor, ator, professor e psiquiatra teve seus livros proibidos na Rússia até os anos 1950, perto do ano de sua morte. Só foi traduzido, e ainda assim não completamente, para o inglês no início deste século. É uma relíquia que começa a ser descoberta.

O próprio mestre russo dizia que ele era o único aluno que compreendia seu sistema. Tanto que criou seu próprio método, na contramão complementar ao dele. Stanislavski falava de ação, tarefas; Demidov fala de passividade, embrião, percepção, calma criativa, leitura sensorialmente táctil, consciência bifurcada e fundamentalmente liberdade —física e psicológica.

Não há “erro” nem marcações. Há vida criativa pulsando em todos as suas dimensões. Stanislavski é música erudita, Demidov é jazz.

Ele também era adepto das técnicas orientais, assim como Antunes Filho, que não o conheceu mas sempre nos dizia: “O personagem não quer falar”. Sem saber, ele estava falando indiretamente de um dos fundamentos do método ainda desconhecido. Tenho certeza de que se ele o conhecesse teria seu método como disciplina do seu Centro de Pesquisas Teatrais.

Zé Celso também não o conhecia; eu fui o primeiro a falar dele para o saudoso diretor, em uma live em plena pandemia.

Dos métodos e sistemas ocidentais, tenho conhecimento de todos e posso dizer com absoluta tranquilidade que o de Demidov é o mais simples e mais eficiente.

Eu o conheci em 2018, através de vídeos do jovem teatrólogo mineiro Diogo Rezende, que está traduzindo diretamente do russo seus cinco livros. Ele também criou o Centro de Estudos Demidov no WhatsApp, que conta com mais de 200 atores de todo o Brasil.

A publicação de sua tradução é mais do que urgente e necessária.

Demidov deu nome simples às mais complexas questões da arte da atuação, que desde que o primeiro sistema foi criado por seu mestre continuam exatamente as mesmas. Ele criou um fascinante exercício para o treinamento das liberdades —os “ètudes”— e classificou os atores em emocionais, racionais, imitativos e os melhores, afetivos. Somos às vezes um, às vezes outro, às vezes um misto de todos.

Os livros dele são surpreendentes como um tesouro escondido por muito tempo, uma civilização inteira escondida embaixo da terra e que agora, aos poucos, começa a ser descoberta. Os benefícios que ele traz às artes cênicas mundiais são ilimitados. A mecanicidade, a artificialidade que invade o palco desde sempre —e que sempre foi combatida em busca da verdade da vida no palco e nas telas—, com seu método ganha organicidade, humanidade. Será que é a vacina contra a canastrice crônica?

Antes de conhecer seu método, eu pensava ser um ator stanislavskiano. Depois que estudei por décadas com a mestra do Lee Strasberg Institute, de Nova York, a diretora Lucia Segall, passei a ser um ator do Método.

Agora, sem dúvida, sou um ator demidoviano. Sua metodologia começa aos poucos a ser difundida no Brasil e no mundo. Os resultados transformadores do seu método são visíveis em atores profissionais ou não. Ele nos abre as portas do inconsciente e nos convida a mergulhar.

Demidov me libertou. Liberdade! Liberdade!

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Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.



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Por que semáforos de SP apagam após chuvas? – 14/03/2025 – Cotidiano

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Por que semáforos de SP apagam após chuvas? - 14/03/2025 - Cotidiano

São Paulo ainda tinha 42 semáforos apagados na manhã desta quinta (13). Eles haviam sido afetados pelas fortes chuvas do dia anterior.

Ocorre que grande parte do sistema de sinalização de trânsito na cidade funciona com energia elétrica. Se o abastecimento é interrompido, tudo para.

Além das oscilações na rede, a fiação exposta e descargas elétricas também podem causar falhas semafóricas, explica a prefeitura. Quando há algum problema, a solução é utilizar geradores.

A gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma ter adquirido 100 exemplares para utilizar nos semáforos com falta de energia. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) é a responsável pelo acionamento e o acompanhamento operacional para o uso desses dispositivos em campo.

Segundo especialistas, não existe sistema de sinalização que não precise da rede elétrica, mas há opções que funcionam melhor em caso de apagões. O sistema viário principal da cidade de São Paulo —com a avenida Paulista e a ligação Leste Oeste, por exemplo—é um deles.

O especialista em mobilidade Sergio Ejzenberg diz que o complexo possui semáforos com baterias e nobreaks nos cruzamentos. Ou seja, se a luz cair, os sinais seguem operantes.

Foi na Austrália, porém, onde surgiu a mais eficiente sinalização para locais com problemas no abastecimento elétrico: o Sydney Coordinated Adaptive Traffic System (Sistema de Tráfego Adaptável Coordenado de Sydney, em português), abreviado SCATS.

O engenheiro de tráfego Paulo Bacaltchuck, que morou no país da Oceania, explica que a tecnologia funciona via fibra ótica enterrada, o que diminui a chance de problemas.

Dentre outros avanços, o SCATS usa sensores para regular automaticamente a velocidade de abertura ou fechamento dos semáforos. Se há mais veículos, fica aberto por mais tempo. Se há mais pedestres, fecha por mais tempo.

Além de massificado em seu país de origem, o sistema foi exportado para cidades como Xangai, na China, Nova Jersey, nos Estados Unidos, Dublin, na Irlanda, e Teerã, no Irã.



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Decisão de Schumer de votar no projeto de financiamento republicano A ‘enorme tapa na cara’, diz AOC – a política dos EUA ao vivo | Notícias dos EUA

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Amy Sedghi

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A UE tem os recursos para responder às ameaças tarifárias de Trump, diz o chefe do banco central francês

O União Europeia tem os recursos para responder ao presidente Donald TrumpAs ameaças de cobrar mais tarifas na União Europeia, Banco Central Francês governador e Banco Central Europeu (BCE) membro do conselho François Villeroy de galhau disse na sexta -feira.

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A crescente violência do Sudão do Sul em “ambiente regional polarizado” | Al Jazeera

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Alan Boswell, do grupo internacional de crise, descompacta a crescente violência do Sudão do Sul, que está por trás disso, e o que vem a seguir.

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