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Diferenças no cérebro de pessoas viciadas em bets – 19/11/2024 – Equilíbrio e Saúde

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André Biernath

Uma vontade irresistível de arriscar. Uma certeza de que, dessa vez, a sorte vai sorrir. Uma falta de controle sobre gastos. Uma ausência de preocupação sobre as dívidas acumuladas.

Essas são algumas frases que podem descrever o que se passa com uma pessoa com dependência em apostas, como as bets —algo que é descrito nos manuais de medicina como transtorno do jogo.

A Associação Americana de Psiquiatria diz que esse quadro é marcado por “um padrão de apostas repetidas e contínuas, apesar do ato gerar vários problemas na vida do indivíduo”.

A entidade lembra que o problema vai além, e afeta também a família do paciente e toda a sociedade.

Mas o que acontece na cabeça de um indivíduo que é acometido pelo transtorno do jogo? Por que algumas pessoas que fazem apostas desenvolvem esse distúrbio —e outras não? E o que está disponível para ajudar a lidar com esse vício?

A BBC News Brasil ouviu especialistas e detalha a seguir as respostas para essas e outras perguntas relacionadas a essa doença.

Um mergulho no cérebro do apostador compulsivo

O psiquiatra Lucas Spanemberg, pesquisador do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), destaca que a dependência em fazer apostas apresenta uma raiz parecida a de outros vícios, como aqueles relacionados às substâncias (álcool, nicotina, cocaína…) e aos comportamentos (como sexo, alimentação, compras etc.).

“A gente tem uma área no cérebro chamada sistema límbico, em que uma série de estruturas interconectadas formam um circuito de recompensa. Elas são responsáveis por trazer uma sensação de gratificação”, detalha o médico, que também é professor da Escola de Medicina da PUC-RS.

Qualquer coisa que nos traga prazer —a atividade sexual, comer um alimento que gostamos muito, estar próximo de pessoas queridas, etc. —provoca a liberação do neurotransmissor dopamina nesse circuito.

“E esse mecanismo é muito importante para a nossa sobrevivência e evolução como indivíduo e espécie”, observa Spanemberg.

O problema é que existem substâncias e comportamentos que despejam uma quantidade muito maior da dopamina neste sistema do cérebro.

“Há certos fatores que entram no circuito de recompensa e pervertem toda essa experiência”, aponta o psiquiatra.

“Vamos supor que, numa situação prazerosa normal, a dopamina é liberada numa intensidade 10. Quando estamos diante de um elemento aditivo, essa intensidade sobe para 100″, compara ele.

De acordo com o psiquiatra, essa diferença “inaugura um parâmetro diferente de satisfação química no cérebro”, que “distorce a cognição” e “traz uma sensação de que é necessário repetir esse comportamento”.

“Aos poucos, a pessoa deixa de fazer coisas que seriam gratificantes e trariam uma escala de satisfação química normal para o cérebro, para algo que é aditivo e traz muito mais dopamina para esse circuito”, pontua Spanemberg.

Área do cérebro responsável por resolução de problemas tem atividade reduzida

O médico Vinícius Andrade, da Comissão de Adicções da Associação Brasileira de Psiquiatria, lembra que outras regiões do cérebro além do sistema límbico estão envolvidas no transtorno do jogo.

“Podemos citar áreas do córtex pré-frontal, que fica perto da testa, e é responsável pela tomada de decisões e resolução de problemas”, diz o especialista, que também é médico assistente do Ambulatório de Transtornos de Impulso da Universidade de São Paulo (USP).

“Em estudos que avaliam indivíduos com transtorno do jogo, foi observada também uma redução na conectividade de áreas como o córtex medial orbitofrontal, o striatum e o córtex cingulado anterior”, detalha ele.

Alguns trabalhos também citam alterações na amígdala, que está relacionada com a regulação do estresse.

Na prática, todas essas diferenças dificultam a tomada de decisões razoáveis ou conscientes —como, por exemplo, gastar ou não muito dinheiro em apostas que envolvem um alto grau de incerteza sobre eventuais ganhos futuros.

Temos, então, um cenário danoso por diversos caminhos: por um lado, há um enorme despejo de dopamina nos sistemas de recompensa, algo que é literalmente viciante; por outro, ocorre uma “bagunça” nos circuitos neuronais que deveriam tomar decisões racionais e ponderadas (como não gastar o dinheiro do aluguel ou das contas em apostas, por exemplo).

Mas será que esses efeitos são os mesmos diante de todas as modalidades de jogos —da aposta feita numa casa lotérica ao cassino e o joguinho instalado no celular?

Segundo os especialistas, a questão aqui está relacionada à disponibilidade.

Enquanto no caso da loteria é preciso se deslocar até um outro local, os aplicativos de aposta estão “grudados” na pessoa o tempo todo, já que o smartphone virou um apetrecho essencial.

“Antigamente, a pessoa tinha que ir até um local para poder jogar. Agora, ela é bombardeada o tempo todo com possibilidades de ganho e recompensa. Isso muda tanto o tempo de exposição quanto a intensidade com que isso acontece”, avalia Andrade.

“Além disso, sabemos que essas empresas de tecnologia coletam dados do usuário, o que aprimora as ferramentas para ampliar cada vez mais o estímulo e prender a atenção”, complementa ele.

Por que algumas pessoas desenvolvem o transtorno do jogo —e outras não?

Uma revisão de artigos publicada em 2019 na revista Nature Reviews e assinada por especialistas da Universidade Yale, nos EUA, e outras instituições americanas, canadenses e australianas, calcula que o transtorno do jogo afeta entre 0,4 e 0,6% da população.

O número varia consideravelmente de acordo com o local em que levantamentos do tipo são feitos. Em Hong Kong, essa porcentagem fica em 1,8%, enquanto na Austrália pode chegar a 2%.

Em linhas gerais, os especialistas e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) concordam que o distúrbio afeta ao redor de uma a cada 100 pessoas.

Mas e dentro do universo de indivíduos que fazem apostas com regularidade? Há uma tendência de o transtorno do jogo ser mais frequente neste grupo?

A resposta é sim. O médico Hermano Tavares, coordenador do Ambulatório do Jogo Patológico e do Programa de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, lembra de um trabalho feito há uma década, que mostrou que 12 a 15% dos brasileiros apostam regularmente.

Na visão dele, esse número deve ter aumentado recentemente, com a liberação das bets e a maior disponibilidade desses serviços em aplicativos de celular.

“Das pessoas que jogam regularmente, em torno de 15% desenvolvem dificuldades com o jogo”, calcula Tavares.

“Ou seja, de sete pessoas que gostam de fazer uma fezinha de vez em quando, uma desenvolve esse tipo de problema”, detalha o especialista.

O psiquiatra destaca que essa é uma taxa média, pois o nível de adição pode variar de acordo com o tipo de jogo.

“Um jogo como o do tigrinho ou do aviãozinho é mais aliciante, então essa porcentagem tende a ser maior. Já uma aposta de loteria é algo mais protegido, porque o indivíduo faz a aposta e demora uma semana para ter acesso ao resultado”, compara ele.

Por trás do desenvolvimento do transtorno do jogo, há uma predisposição genética —embora não tenham sido identificados genes específicos por trás do problema —e também uma série de fatores ambientais.

Além da modalidade de jogo e o tipo de aposta, questões como idade e a presença de outras doenças psiquiátricas podem influenciar por aqui.

“Uma exposição mais precoce, antes dos 18 anos, quando o sujeito ainda não possui um freio inibitório bem desenvolvido no cérebro, é um importante fator de vulnerabilidade”, destaca Spanemberg.

“Pessoas que já têm um outro transtorno, como uma depressão, por exemplo, também apresentam maior risco de desenvolver dependência”, acrescenta ele.

O especialista pondera que todos esses elementos —genética, idade, doenças psiquiátricas, entre outros —não determinam se alguém vai necessariamente ter um problema relacionado ao jogo.

Mas eles aumentam a probabilidade de “desenvolver um comportamento pernicioso, danoso e patológico”, segundo o psiquiatra.

O que define o transtorno do jogo

A Associação Americana de Psiquiatria explica que uma pessoa pode ser diagnosticada com o transtorno do jogo quando tem pelo menos quatro sintomas da lista a seguir:

Pensamentos frequentes sobre apostas (como relembrar apostas no passado ou planejar apostas futuras);

Necessidade de apostar, com aumento na quantia gasta para alcançar o mesmo nível de excitação;

Esforços repetidos e frustrados para controlar, diminuir ou parar de apostar;

Inquietação ou irritabilidade ao tentar reduzir ou parar de jogar;

Ver o jogo como uma tentativa de escapar de problemas ou do estresse;

Após perder dinheiro ou algo de valor com apostas, sentir a necessidade de continuar no jogo para “se vingar” —algo também conhecido como “perseguir” as próprias perdas para superá-las;

Após perder dinheiro ou algo de valor com apostas, sentir a necessidade de continuar no jogo para “empatar” —ou seja, recuperar aquilo que perdeu;

Jogar quando sentir algum tipo de angústia;

Mentir para esconder o quanto está envolvido com jogos de azar;

Perder oportunidades importantes relacionadas com a vida pessoal e profissional por causa do jogo;

Contar com a ajuda de outras pessoas para lidar com problemas financeiros causados pelo jogo.

Andrade chama a atenção para a importância do apoio da família e de amigos nesse processo de diagnóstico.

“Quando a gente fala de jogo, algo muito comum é o indivíduo mentir e mascarar as perdas ou a quantidade de vezes que aposta”, observa o médico.

“Ao mesmo tempo, ele tem uma grande vontade de jogar, num comportamento de fissura muito intenso. É como se você estivesse com fome e não pudesse comer”, compara ele.

O psiquiatra aponta que, se o paciente não conta com esse apoio de todos que o cercam, a busca por uma ajuda profissional acontece muito tardiamente.

“E isso gera um enorme prejuízo econômico e familiar”, lamenta Andrade.

Como tratar o transtorno do jogo

Feito o diagnóstico, é possível lançar mão de uma série de medidas para lidar com a dependência.

“A abordagem depende muito das características do paciente”, diz Spanemberg.

“A maioria deles possui algum outro transtorno psiquiátrico associado, como uma depressão, que também precisa de tratamento”, acrescenta ele.

“O jogo muitas vezes é uma estratégia, um subterfúgio para lidar com um sentimento negativo que está relacionado com outro distúrbio”, reforça Spanemberg.

Ao tratar a doença de base (como depressão ou ansiedade, por exemplo), a tendência é aliviar esses sentimentos negativos —e, por consequência, diminuir aos poucos a necessidade de fazer apostas.

Em linhas gerais, o transtorno do jogo pode ser trabalhado na terapia cognitivo-comportamental, um tipo de psicoterapia em que o paciente e o profissional de saúde avaliam e discutem comportamentos e pensamentos, para que eles possam ser modificados com o passar do tempo.

“Também há a entrevista motivacional, uma abordagem usada para entender o estágio de consciência que o indivíduo está em relação à dependência. Ele pode se encontrar numa fase de negação do problema ou contemplar o que está vivendo. Há também aqueles que já estão na etapa de ação, de trabalhar para sair daquela situação”, complementa Spanemberg.

Em alguns casos, os médicos podem também prescrever medicações.

“Sabemos que remédios da classe dos antagonistas opioides podem ajudar a segurar aquele comportamento típico da aposta”, cita Andrade.

O psiquiatra também lembra dos grupos de apoio. “No Brasil, temos os Jogadores Anônimos e o Gaming Addicts, que fazem um trabalho muito bom”, sugere ele.

Transtorno de jogo: a demanda por tratamento vai aumentar?

Diante da popularidade das bets —que, por exemplo, hoje patrocinam a maioria dos clubes de futebol da Série A do Campeonato Brasileiro —, existe um temor em termos de saúde pública sobre o aumento de casos de transtorno do jogo.

Entre os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, essa preocupação é clara.

“Precisamos discutir não apenas as repercussões sociais do jogo, mas também todas as questões de saúde mental”, concorda Spanemberg.

Tavares lembra que, em meados dos anos 1990, o Brasil viveu a febre dos bingos e das máquinas caça-níquel.

“Em 1996, os casos começaram a chegar lá no Instituto de Psiquiatria da USP. Eu era professor auxiliar e ouvi uma primeira pessoa dizer que gastava todo dinheiro nos bingos, se arrependia, ficava péssimo e depois tentava recuperar”, lembra ele.

“Resolvi transformar esse e outros relatos no meu objeto de estudo. Em 1998, após terminar meu doutorado, abri o Ambulatório de Jogo, onde fazia longas entrevistas com jogadores compulsivos e oferecia tratamento a eles.”

Com o passar do tempo, o serviço foi formalizado e precisou ser ampliado.

“A depender da época, chegamos a ter entre 5 a 10 profissionais contratados e outros 60 a 70 voluntários no ambulatório. No auge, contamos com cerca de 80 colaboradores”, estima Tavares.

Essa demanda foi reduzida com o fechamento dos bingos, em meados de 2004. Mesmo assim, ela nunca chegou a cessar.

Mais recentemente, de 2018 em diante, com a inundação das bets e outros jogos onlines no Brasil, a procura pelos serviços do ambulatório voltou a subir.

“Com a nossa estrutura atual, conseguimos atender 80 casos novos por ano, além de acompanhar outros 160 pacientes que fazem um seguimento por cerca de dois anos”, informa o psiquiatra.

“Mas diante de um fenômeno como esse que vivemos agora, ficamos com o triplo de pacientes na fila de espera.”

“É claro que esses números não retratam a realidade do Brasil, são apenas gotinhas num oceano muito maior”, avalia o especialista.

Para Tavares, o aumento do acesso às apostas está relacionado a uma demanda na frequência do transtorno do jogo entre a população —e será necessário criar um aparato no Sistema Único de Saúde (SUS) para absorver essa demanda de pacientes.

“O jogo sempre existiu e sempre vai existir. O que varia é a forma como se regulamenta esse setor”, avalia o médico.

“Podemos permitir uma maior ou menor penetração deles na sociedade. Se proibimos tudo, isso diminui a demanda por tratamento, embora sempre exista o mercado ilegal.”

“Agora, caso o jogo seja liberado por uma questão de equilíbrio das contas fiscais e economia, será necessário fazer um investimento equivalente na saúde pública. Isso precisa virar uma política de Estado”, opina ele.

“Se esse investimento não acontecer, o tiro sai pela culatra. A arrecadação com eventuais impostos não será suficiente para tapar o buraco do adoecimento mental e das mazelas financeiras relacionadas ao jogo”, conclui o psiquiatra.



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Sonda da polícia alemã 4 suspeitos de adolescentes sobre ameaças escolares – DW – 12/04/2025

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Sonda da polícia alemã 4 suspeitos de adolescentes sobre ameaças escolares - DW - 12/04/2025

Polícia em Alemanha disse na sexta -feira que identificaram quatro suspeitos adolescentes durante as investigações sobre e -mails ameaçadores que forçaram o fechamento das escolas na semana passada.

Acredita-se que um jovem de 15 anos de Berlim enviou um e-mail que forçou aulas na Escola Secundária Max Planck, na cidade de Duisburg, a ser cancelada na quinta-feira.

Três outros adolescentes com idades entre 16 e 17 anos que moram em Duisburg também estão sob investigação, informou a polícia de Duisburg em comunicado.

O que a polícia disse sobre a investigação?

Não ficou claro como os três estavam envolvidos no e -mail ameaçador.

A polícia disse no comunicado que os três suspeitos de Duisburg foram identificados depois que a casa e o telefone do suspeito de Berlim foram revistados.

De acordo com a agência de notícias alemãs DPA, a polícia acredita que os adolescentes de Duisburg queriam impedir que um exame ocorra em sua escola.

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20 escolas secundárias em Duisburg foram fechadas na semana passada como precaução (arquivo: 7 de abril de 2025)Imagem: Christoph Reichwein/DPA/Picture Alliance

Probel de polícia com conexão com e -mails ameaçadores anteriores

O fechamento de quinta -feira veio depois E-mails contendo ameaças racistas e conteúdo extremista de direita levaram a 20 escolas em Duisburg sendo fechado na segunda-feiraque forçou o ensino pessoal para que quase 18.000 alunos fossem cancelados.

A polícia também está investigando se os quatro adolescentes também estavam envolvidos nos e -mails enviados no fim de semana.

“Investigações sobre até que ponto os suspeitos estão conectados às outras cartas ameaçadoras estão em andamento”, afirmou o comunicado.

Herbert Reul, o ministro do Interior do Estado de North-Rhine Westphalia, onde Duisburg está localizado, elogiou a rápida resposta da polícia.

“A polícia fez todas as paradas em pouco tempo e usou todos os meios técnicos à sua disposição para determinar os antecedentes dos suspeitos dos e -mails ameaçadores de Duisburg”, disse Reul.

“Tais e -mails ameaçadores não são uma questão trivial”, acrescentou.

Extremismo de direita em ascensão

Os fechamentos da escola vêm como o movimento de extrema direita Na Alemanha, continua a ganhar força.

Nas eleições federais no início deste ano, o partido Alternative for Alemanha (AFD) ganhou mais votos por um grupo extremo direito desde a Segunda Guerra Mundial e agora é o maior partido da oposição do Bundestag.

Lutando contra o extremismo na escola

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Editado por: Wesley Dockery



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Museus familiares da Alemanha-DW-04/07/2025

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Museus familiares da Alemanha-DW-04/07/2025

É o primeiro dia real da primavera em Düsseldorf. Mesmo que seja tentador passar a tarde ao sol, a visita guiada à exposição “Mamãe. De Maria a Merkel“No Kunstpalast está totalmente reservado.

Este não é um passeio comum.

É chamado de “Arte With Baby” e é concebido exclusivamente para pais com bebês. Os participantes são fáceis de detectar: ​​estão empurrando carrinhos de bebê, carregando estilos de bebê ou amamentação durante o passeio.

Os bebês são indesejados em museus?

“Você já esteve em um passeio como este?” pergunta a historiadora de arte Bettina Zippel, que está liderando o grupo através do exposição hoje. “Não, sempre foi totalmente reservado”, responde uma mãe. Os outros imediatamente concordam. Deve haver mais passeios como este, dizem eles. Muitos reservaram isso com um mês de antecedência; Alguns até viajaram de outras cidades para participar.

O passeio foi oferecido no Kunstpalast Düsseldorf há 10 anos. Foi iniciado pela historiadora de arte Carola Werhahn, que já estava familiarizada com o conceito de sua cidade natal, Colônia.

Quando ela morava lá, ela levou sua filha recém-nascida em tais passeios no Museu Ludwig e no Museu Wallraf-Richartz-e acabou liderando um pouco. Quando se mudou para Düsseldorf, ela também estabeleceu o formato lá.

“Eu acho ótimo quando, como uma nova mãe, você pode fazer algo pela sua mente”, diz Werhahn.

A historiadora de arte Carola Werhahn sorri ao lado de uma exposição de museus.
Historiadora de arte Carola WerhahnImagem: Privat

Passeios como esse existem não apenas nas cidades alemãs, mas em todo o mundo, de Orange County a São Paulo e Viena. Eles são prova de que, para muitas mães, isso parece um espaço seguro de que precisam.

O tema da exposição de hoje, apropriadamente, é (não) maternidade. Uma néon “Mama” brilha em letras maiúsculas laranja em um fundo rosa acima da entrada. O título do programa, “Mama. De Maria a Merkel“Dicas sobre a diversidade das 120 exposições.

Existem muitos aspectos na maternidade e diz respeito a todos; Afinal, todo mundo tem uma mãe. A exposição, com curadoria de Linda Conze, Westrey Page e Anna Christina Schütz, aborda o trabalho de assistência, abortoo desejo não realizado de ter filhos, relacionamentos mãe-filho e estereótipos.

Uma mãe com o bebê em uma funda passa por uma foto de uma manifestação com alguém segurando uma placa que diz 'Hallo Mutti'.
Enquanto ela era chanceler, Angela Merkel foi apelidada de ‘Mutti’ – o líder materno dos alemãesImage: Djamilia Prange de Oliveira/DW

Amiga grávida da Barbie Midge

Um exemplo: como parte de sua série de “família feliz”, Barbie O fabricante Mattel lançou uma versão grávida do amigo da Barbie Midge. Mas em 2002, “Midge grávida” foi retirado das prateleiras das lojas. Muitos clientes reclamaram que ela parecia uma mãe solteira e que o brinquedo estava glorificando a gravidez na adolescência.

A Mattel lançou uma nova versão de Midge, agora vestindo um anel no dedo. Seu marido, Allan, e o filho, Ryan, também foram incluídos no pacote. O conjunto de brinquedos “Happy Family” agora está em exibição no Kunstpalast Düsseldorf e serve como um lembrete de quão difícil é se afastar dos modelos familiares tradicionais.

Uma boneca grávida em um pacote com acessórios diferentes.
Amiga grávida da Barbie, Midge, recebeu um anel de casamento e um marido após reclamações de clientesImage: Djamilia Prange de Oliveira/DW

Isso também é evidente através das participantes exclusivamente femininas da turnê; Nenhum pai participou daquele dia. Mas as mães presentes estavam particularmente entusiasmadas com as exposições menos tradicionais. Por exemplo, aqueles que abordam o aborto, famílias estranhas e diversasou amamentação em espaços públicos.

E por falar em amamentação: o passeio também demonstra claramente a atitude ambivalente da sociedade em relação às mães e crianças em espaços públicos. “Está relaxado porque você sabe que não está perturbando ninguém”, diz Julia, por exemplo, com seu recém-nascido com cabelos ruivos em seus braços. Outra mãe concorda, dizendo que não entraria em uma exposição com seu bebê, temendo que ela pudesse perturbar outros amantes da arte.

Amamentação como um indicador de aceitação social

Ainda não há evidências científicas sobre a extensão em que as mães com bebês se sentem indesejáveis ​​nos espaços públicos. Mas as pesquisas sobre a amamentação em público fornecem algumas dicas.

De acordo com um 2022 estudar publicado no diário acadêmico alemão Boletim de Saúde Federalembora mais e mais mães na Alemanha agora estejam amamentando em espaços públicos, cerca de 40% das mulheres pesquisadas relataram ter experimentado reações mistas enquanto amamentam seu bebê – a aparência principalmente desaprovadora. Cerca de um quarto dessas mulheres também tiveram que lidar com críticas ou até insultos.

A amamentação em público não é explicitamente permitida por lei na Alemanha, ao contrário da Grã -Bretanha ou da Austrália, por exemplo.

Mulheres e bebês se reuniram em um espaço de exposição.
Os manuais em ‘como ser uma boa mãe’ abundamImage: Djamilia Prange de Oliveira/DW

Outra exposição demonstra que ainda se espera que as mães se submetam a inúmeras expectativas sociais: uma estante de 4 metros de altura cheia de “manuais para mães” e manuais na maternidade. Talvez alguns pais possam ser despertados para deixar através deles também.

Este artigo foi originalmente escrito em alemão.



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Novo governo alemão para abolir o caminho da cidadania de três anos-DW-04/10/2025

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Novo governo alemão para abolir o caminho da cidadania de três anos-DW-04/10/2025

O próximo governo alemão que consiste no conservador União Democrática Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU) aliança e a esquerda central Partido Social Democrata (SPD) Abolirá um caminho acelerado de três anos para a cidadania para imigrantes “bem integrados”, de acordo com as partes ‘ Acordo de Coalizão lançado esta semana.

Não há mais naturalização ‘turbo’ após empurrão conservador

Aquele caminho de três anos para a cidadania tornou -se disponível para os candidatos em junho passadoapós a coalizão de retenção anterior do SPD, o ambientalista verduras e focados nos negócios Partido Democrata Livre passou a reforma sobre naturalização alemã.

A opção de três anos exige que os candidatos não apenas possuam um nível avançado de C1 de alemão, mas também de mostrar outras realizações de forte integração na sociedade alemã, como trabalho voluntário ou altas realizações no trabalho ou em seus estudos.

A CDU conservadora e seu partido irmã da Baviera, a CSU, costumavam criticar o caminho de três anos, chamando-o de naturalização de “turbo”. Alguns críticos conservadores afirmam que três anos de residência na Alemanha são muito curtos para receber a nacionalidade alemã.

No entanto, os imigrantes ainda poderão solicitar a cidadania alemã após 5 anos de residência contínua no país e um nível intermediário de alemão B1, de acordo com a reforma do ano passado. Além disso, a dupla cidadania ainda será permitida.

Três perspectivas: o que significa cidadania alemã?

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Cidadania dupla aqui para ficar

Antes da reforma do ano passado, a dupla cidadania entre a Alemanha e um Estado membro da UE não era em grande parte permitida. Desde que a reforma entrou em vigor, as aplicações de naturalização para a cidadania alemã aumentaram, com a grande comunidade turca da Alemanha se interessando.

Embora conservadores como o líder da CDU e provavelmente o próximo chanceler alemão Friedrich Merz criticaram a idéia de dupla cidadania, parece que eles se comprometiam com o assunto durante as negociações da coalizão com o SPD.

Migração qualificada para a Alemanha: navegar nos desafios

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Revogar a cidadania de duplos nacionais não está mais em consideração

A próxima coalizão alemã também não buscará a idéia de retirar a cidadania alemã de pessoas naturalizadas que são cidadãos duplos.

Antes, as partes estavam interessadas em explorar a idéia de se a cidadania alemã pode ser revogado De cidadãos naturalizados caracterizados como apoiadores terroristas, anti -semitas ou extremistas que “pedem a abolição da ordem básica livre e democrática”.

Essa idéia, apresentada pela CDU/CSU, foi criticada pelo SPD como o que significa que a cidadania alemã “valeria menos” para os nacionais duplos. A proposta também foi condenada por migrante Associações na Alemanha.

Em vez disso, o acordo de coalizão para o próximo governo disse que as partes examinarão possíveis mudanças para expulsar aqueles que “pedem a abolição da ordem básica livre e democrática”, mas isso se aplicaria a não cidadãos e não aos nacionais duplos.

Editado por: Louis Oelofse



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