Após a conclusão de trâmites legais, o haitiano Jacquenue Bousquet, que estava no Acre e ficou paraplégico após ser obrigado a se jogar da Ponte da Integração, que liga a cidade peruana de Iñapari a Assis Brasil, no Acre, em julho de 2021, conseguiu viajar de volta ao seu país no último domingo (5).
Por intermédio da Secretaria de Estado de Assistência Social, da Mulheres e dos Direitos Humanos (Seamd), o imigrante embarcou no domingo rumo ao Rio de Janeiro, para então retornar ao Haiti. O imigrante também recebeu o apoio da Associação dos Haitianos do Brasil, da ONG Marrom, Defensoria Pública da União, Polícia Federal e Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes do Rio de Janeiro (CRAI).
Recuperação
Bousquet aguardava a resolução de questões burocráticas desde 2021, enquanto se recuperava dos ferimentos causados pelo ocorrido na ponte. Ele foi instalado no abrigo que funcionava na Chácara Aliança, e, à época, a coordenadora do abrigo, Suzana Rocha, explicou que ele não era mais acompanhado por médicos, mas ainda caminhava com dificuldade.
“O quadro dele atualmente é estável. Ficou com dificuldade de se locomover, pois precisa usar sempre o andador. Ele sempre está em contato com a família por telefone”, disse.
Incidente na fronteira
Jacquenue foi um exemplo da grave crise migratória que ocorreu na fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia, com o fechamento de passagens por conta da pandemia de Covid-19. Ele chegou Assis Brasil no dia 10 de julho de 2021 com três companheiros para passar para o lado peruano e seguir viagem até o Chile. E, assim como tantos outros imigrantes, eles tentaram fazer o percurso por rotas alternativas por meio de coiotes, já que a ponte estava fechada pelo Peru.
Ele relatou ainda que na noite do dia 14 de julho, os policiais o teriam levado até a ponte e após muita pressão, ele pulou e caiu em uma área de mata. O imigrante foi resgatado 10 dias após o incidente, quando foi avistado por moradores, e transferido para o pronto-socorro na capital acreana.