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Donald Trump sonha com um braço armado para um novo regime – 19/10/2024 – Bruno Boghossian

Donald Trump sonha com um braço armado para o regime que deseja inaugurar se vencer as eleições. Nos últimos dias, o republicano transformou o delírio autoritário em peça de propaganda. Apontou que pretende chamar agentes de elite para “caçar, prender e deportar” imigrantes e sugeriu o uso de militares contra adversários políticos.

Nesta corrida para voltar ao poder, Trump tem se mostrado mais confortável em recorrer à xenofobia e ao ódio político, banhados em teorias da conspiração e alarmes de pânico social. A novidade da reta final da campanha é sua desenvoltura na defesa do direcionamento do monopólio estatal da força contra alvos escolhidos por um presidente.

O último truque do republicano inclui a promessa de combater um “inimigo interno”, expressão que ele repetiu ao longo da semana para se referir a rivais democratas. Numa nação como os EUA, marcada pela aplicação severa do conceito de segurança nacional, Trump pisca para uma doutrina baseada na ampliação do arbítrio por razões políticas.

O ex-presidente conta com a simpatia de muitos eleitores e alguma dose de cinismo para espalhar suas ideias, de maneira aberta ou dissimulada. Diz que vai deportar integrantes de gangues violentas, mas gosta de se referir a imigrantes, de maneira geral, como criminosos. Classifica os tais inimigos internos como “lunáticos de extrema esquerda”, mas inclui na cesta políticos nada extremistas, como Nancy Pelosi.

A retórica de Trump ressoa em ambientes eleitorais, institucionais e radicais. Começa como um apelo à raiva e ao medo de um eleitor convencido de que seu voto é imprescindível para derrotar uma ameaça grave; passa pela aposta na contaminação de aparelhos de segurança e militares; e soa como uma convocação às milícias armadas que existem em determinados estados.

Trump tenta emoldurar a perseguição a adversários como uma espécie de revanche contra um sistema responsável por investigá-lo, processá-lo e condená-lo. O argumento, infame e dissimulado, deixa claro que o republicano está interessado em reivindicar plenos poderes, além de usar a presidência como uma ferramenta de vingança particular.


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