POLÍTICA
Durante 40 minutos, deputados negaram a realidade das bombas e morte

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6 meses atrásem
José Casado
– Deus está vendo, hein! – disse sorrindo o deputado Marcelo Crivella, eleito pelo Republicanos do Rio, ao passar por Chico Alencar, do Psol fluminense.
O relógio do plenário da Câmara marcava 19h24m. Estava em votação uma proposta de emenda à Constituição ampliando a imunidade tributária das igrejas, a um custo estimado em quatro bilhões de reais ao ano para os cofres públicos. O projeto é resultado da parceria de Crivella, pastor da Universal, com José Airton Cirilo, militante católico eleito pelo PT do Ceará.
Alencar revidou a ironia no microfone: – É isso mesmo: Deus está vendo. E Deus não é mercador, como sabemos… – prosseguiu listando as isenções fiscais dadas às igrejas, uma a cada legislatura nas últimas três décadas e meia. Há 550 mil templos espalhados pelo país, segundo o IBGE.
O deputado-pastor, Sóstenes Cavalcanti, do PL do Rio, comandava a sessão. Foi interrompido às 20h09m: – A imprensa está noticiando que uma pessoa com explosivos se aproximou da entrada do STF – disse a deputada Sâmia Bomfim, do Psol de São Paulo. – Uma explosão foi ouvida de dentro do prédio, que foi evacuado. Polícia Militar e bombeiros confirmaram a morte de uma pessoa… Estamos, evidentemente, numa situação de muito risco, de muito perigo. Eu, honestamente, não me sinto nem um pouco segura de continuar neste recinto sabendo que, do lado de fora, há bombas sendo explodidas…
Tumulto no plenário. Sentindo-se sob risco iminente, a deputada sugeria a suspensão da sessão, mas a bancada religiosa insistia em votação rápida, “para honrar nossos antepassados”, argumentava Crivella.
– Está tudo em perfeita segurança – anunciou o deputado-pastor Otoni de Paula, do MDB do Rio. – Quem continuar aqui dentro vai estar seguro. Então, eu recomendo à deputada Sâmia que vote como quer votar e aí, depois, espere um pouquinho e saia, vai sair com bastante segurança…
Meia hora depois, a polícia já havia cercado a Praça dos Três Poderes. Destroços de explosões se espalhavam no entorno asfaltado do Congresso. A chuva encharcava um corpo estendido no chão de pedras portuguesas diante da escultura “Justiça” de Alfredo Cheschiatti, na entrada do Supremo Tribunal Federal. Alarmado, Lula recebia chefes da Polícia Federal e do serviço secreto no Palácio da Alvorada. Cercada por policiais, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, confirmava o atentado com morte no centro do poder.
No plenário, porém, a bancada religiosa insistia na votação. – Eu estou atento a todos os fatos – argumentou Sóstenes Cavalcanti, justificando o prosseguimento da sessão. – Parece que não há óbito…
– Mas bombas estão sendo explodidas no entorno – comentou Sâmia Bomfim.
– Temos de ter informação precisa. Este plenário não se pauta pela imprensa – retrucou Sóstenes.
Aumentou o tumulto. E a emergência de segurança coletiva virou disputa política, com laivos de psicopatia.
– Veja como a Esquerda, o PSOL, odeia as igrejas – gritou Marcos Pollon, do PL do Mato Grosso do Sul. – Cambada de herege! Querem a destruição das igrejas. Temam ao Deus verdadeiro, cambada de demônios! Vocês se levantam contra a igreja, e não prosperarão. Vocês se levantam contra os fetos, contra os bebês, e não prosperarão.
– Será que temos que votar esse projeto a qualquer custo neste momento? Pelo amor de Deus! – protestou Glauber Braga, do Psol do Rio.
– A informação que tenho do chefe da Segurança é que não há esse estardalhaço todo do lado de fora – persistiu Sóstenes.
– O maior risco aqui é a extrema esquerda – provocou Evandro Gonçalves, do PL do Rio Grande do Norte, que costuma se apresentar a bordo de uma farda de policial militar.
Chico Alencar apelou: – Gente, um pouquinho de serenidade aqui.
Lenildo Mendes, do PL do Pará, cortou: – Se a Esquerda está insegura, é só ir para casa… O Brasil não aguenta pagar tanto imposto para a esquerdalha ficar dando pitaco aqui não.
O relógio marcava 40 minutos desde a primeira informação. Às 20h48, Sóstenes anunciou: – Eu acabo de receber a confirmação do óbito, agora. Então, por conta disso, eu vou suspender a sessão para que seja averiguado.
Maria Goreth, do PDT do Amapá, alertou: – Senhor presidente, não podemos sair, está tudo fechado.
– Está suspensa? Eu não sei… – Sóstenes, na presidência, vazava perplexidade. – Então, quero propor um minuto de silêncio, já que foi confirmado o óbito e, após isso, nós suspendemos a sessão. Os seguranças da Casa estão em todos os acessos, para garantir a nossa saída com segurança daqui até os nossos lares…
Peritos em bombas avançavam na varredura dos corredores e gabinetes da Câmara. A polícia já identificara o morto numa das explosões: Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França em Rio do Sul, cidade de 70 mil habitantes no Vale do Itajaí, Santa Catarina. Mês passado ele disputou uma vaga de vereador pelo PL. Saiu das urnas derrotado, com apenas 98 votos. Anunciou a viagem a Brasília em redes sociais, com o objetivo de iniciar uma “revolução”.
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POLÍTICA
CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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1 semana atrásem
5 de maio de 2025
Marcela Rahal
Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.
Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.
Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.
O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.
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POLÍTICA
Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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1 semana atrásem
5 de maio de 2025
Ludmilla de Lima
Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.
Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano.
A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.
A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.
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POLÍTICA
Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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1 semana atrásem
5 de maio de 2025
Matheus Leitão
A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.
Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.
Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.
“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.
A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.
“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana.
A seguir as cenas dos próximos capítulos…
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