Renan Marra
O republicano Donald Trump foi o candidato à Presidência dos Estados Unidos mais votado na Carolina do Norte, o primeiro dos estados-pêndulo cujo resultado foi projetado, na madrugada desta quarta-feira (6), pela agência de notícias Associated Press.
Em pesquisas de intenção de voto, o republicano já aparecia numericamente à frente da democrata Kamala Harris no estado, embora os dois estivessem tecnicamente empatados. A votação confirmou uma disputa apertada: com 89% das urnas apuradas, Trump tinha angariado 51% dos votos, contra 48% de sua adversária.
A Carolina do Norte contabiliza 16 delegados para o Colégio Eleitoral. Os outros estados-pêndulo na disputa atual são Arizona (11 delegados), Geórgia (16), Pensilvânia (19), Michigan (15), Nevada (6) e Wisconsin (10), todos onde Kamala e Trump também apareciam tecnicamente empatados nas pesquisas.
A derrota de Kamala na Carolina do Norte evidencia a dificuldade que a campanha democrata teve para conquistar o apoio de eleitores negros. Por lá, esse grupo constitui 20% da população.
Pesquisas indicam que, na disputa atual, homens negros foram menos propensos a votar no Partido Democrata, que tradicionalmente conta com esse apoio. Não à toa a campanha democrata enviou o ex-presidente Barack Obama à Carolina do Norte, no mês passado, para um comício no qual ele atacou os republicanos importantes do estado.
Trump, por sua vez, passou a acenar ao eleitorado conservador não branco com um apelo masculino que tenta ecoar independentemente da raça. Apesar de ter tido uma minoria dos votos latinos (38%) e negros (apenas 8%) em 2020, diferentes levantamentos mostram que ele teve avanços entre homens nesses setores.
Há duas hipóteses centrais para isso: primeiro, expectativas por mudanças na polícia e na Justiça após o assassinato de George Floyd que não foram correspondidas. Depois, uma preocupação com a situação da economia e empregos em geral (embora as vagas estejam crescendo) e consequentemente com o aumento da imigração.
Kamala x Trump
De Washington, a correspondente da Folha informa o que importa sobre a eleição dos EUA
Em setembro, a poucos dias para o pleito, um escândalo envolvendo o candidato a governador da Carolina do Norte, pelo Partido Republicano, gerou preocupação para a campanha de Trump no estado. Na ocasião, a emissora CNN revelou publicações esdrúxulas feitas por Mark Robinson em sites pornográficos, incluindo quando disse ser “um nazista negro”.
Trump tentou se afastar de Robinson, mas o vice-governador não renunciou à corrida e esteve na cédula nesta terça —ele perdeu para o democrata Josh Stein. A rejeição de eleitores a Robinson, porém, não foi suficiente para convencê-los a votar em Kamala.