Descrita pelo New York Times como as “eleições do TikTok“, a corrida presidencial americana vai muito além das urnas e da propaganda eleitoral tradicional. Apostando no eleitorado jovem, a atual vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris e o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump também travam uma disputa nas redes sociais, via memes.
O remix das músicas “365” e “360” do álbum “brat”, da Charli XCX, com a risada de Kamala e sua famosa frase “you think you just fell out of a coconut tree?” (você acha que caiu de um coqueiro?) ganhou tanta repercussão que a campanha da democrata adotou oficialmente o verde limão característico do álbum. Na plataforma da Bytedance, são 50,7 mil vídeos com a hashtag #coconuttree.
Internautas remixam músicas com as falas dos presidenciáveis, recortam pedaços de entrevistas e de discursos em comícios, inventam danças e usam a criatividade para se vestir —e agir— como os candidatos. Esse é o caso de Kiera (@kiera.In), estudante universitária com 114,5 mil seguidores e 12,8 milhões de likes no TikTok.
Em um quarto de paredes brancas e deitada na cama, Kiera posa com um roupão rosa e óculos de sol enquanto reencena falas do ex-presidente, interpretando-as com os trejeitos de uma menina adolescente. Para ela, algumas falas de Trump poderiam ter sido ditas por Regina George, a personagem popular e mimada do filme “Meninas Malvadas”.
“A política americana está virando uma eleição do grêmio de ensino médio”, diz em um dos vídeos.
Em tom de deboche e encenando futilidade, a tiktoker escolhe falas de Trump e as tira do contexto para ressignificá-las em cenários como “Trump quando a mãe a acorda para ir para a escola”:
Nos comentários, um internauta comenta que ela conseguiu transformar Trump em um ícone da geração Z, enquanto outro pede que ela pare de fazer os vídeos porque está começando a gostar do candidato republicano.
Trump tentando convencer o professor de que a lição de casa feita de madrugada está boa:
A estratégia nas redes sociais de Trump conversa bem mais com um eleitorado masculino, apelando para o nicho chamado “manosfera”, aparecendo em vídeos com criadores de conteúdo como Jake e Logan Paul — ex-influenciadores que viraram lutadores de boxe e de luta-livre. Além disso, vídeos postados na conta de sua campanha focam em críticas à Kamala Harris.
O conteúdo produzido pela campanha da democrata, por outro lado, ressoa mais entre mulheres. Quanto mais jovens, mais essa divisão de gênero reflete na intenção de voto: mulheres jovens votam mais em Kamala, enquanto os homens jovens preferem Trump.
Com vídeos que se assemelham aos fancams — vídeos curtos de famosos feitos pelos fãs —, Kamala utiliza a linguagem da geração Z e embarca em trends do TikTok, com áudios virais e formatos já conhecidos pelos internautas.
Ambos os candidatos mantêm duas contas no TikTok, uma pessoal e a outra de suas respectivas campanhas: @kamalahq (5,1 milhões de seguidores) e @teamtrump (4,1 milhões). Mesmo com essa vantagem, a conta pessoal de Kamala (6,7 milhões) perde para a de Trump, que acumula 12,7 milhões.
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