NOSSAS REDES

MUNDO

Em casa de cegos, organização é a lei – 14/10/2024 – Haja Vista

PUBLICADO

em

Filipe Oliveira

Em três dias, descobri quatro formas de usar a cafeteira elétrica do modo errado.

Da primeira vez, não percebi que havia derrubado a cestinha que serve como filtro no chão e coloquei o pó direto no plástico da máquina. Tomamos um café saboroso, mas arenoso.

Da segunda, esqueci de tirar a tampa furadinha do copo que recebe a bebida. Metade do café escorreu sob a bancada.

Minha terceira tentativa frustrada não criou tanto problema. Enchi o copo de água e esqueci de despejá-la na máquina. Em vez disso, coloquei o copo cheio no suporte por onde cairia o café pronto e liguei o aparelho. Fui tomar meu café quentinho e bebi um gole de água gelada.

Na última, porém, o trauma foi maior. Esqueci de fechar a tampa da máquina antes de acioná-la. Saí da cozinha. A água ferveu e foi esguichada para todos os lados.

Eu poderia falar também de copos e pratos quebrados, comida queimada, fruta esquecida em cima da mesa e estragada e muitos outros motivos que poderiam ter levado ao fim desse projeto de morar junto com minha noiva, também cega.

Mas nem só de louça quebrada e cozinha suja se faz a união de duas pessoas com deficiência visual. Quando coloco a camiseta preta no cesto de roupas brancas da lavanderia, ela respira fundo e repete dez vezes para si mesma que tudo é questão de aprendizado e paciência.

Nunca morei sozinho e tive sempre por perto pessoas que enxergavam, prontas para ajudar nas tarefas da casa. Mesmo quando quis aprender a lavar um banheiro ou passar uma camiseta, também faltava aos meus familiares expertise para ensinar cumprir essas tarefas sem precisar dos olhos.

Agora, em casa com duas pessoas cegas, as tarefas são divididas e a organização é a lei.

Como não vemos, saber onde tudo está é o mais importante para não perdermos tempo procurando com as mãos escova de cabelo, casaco ou carregador de celular o dia inteiro em meio ao caos.

Na geladeira, cada prateleira tem uma função. Há lugar pra frios e manteiga, para bebidas e frutas. Cada tipo de roupa fica em um canto do armário, com espaços reservados para camiseta e camisa de fazer esporte, de trabalhar e de sair.

Também preciso estimular mais os sentidos, em especial o tato e o olfato. Afinal, se não for pegando e sentindo o cheiro, posso não saber se um pote contém açúcar, sal, farinha ou aveia.

Talvez seja particularidade daqui de casa, mas meu tato também precisa ser desenvolvido para que não fique nenhum grão de pó ou gota d’água sobre a pia após lavar a louça, nível de limpeza ao qual não estava acostumado. Geralmente consigo aprovação após a terceira inspeção dela, mais experiente e acostumada a morar só há mais tempo.

Para aquilo em que as mãos ou o olfato não são suficientes, a tecnologia vem solucionando muitos desafios da vida independente de pessoas cegas. Aplicativos como Seeing Ai ou Be My Eyes permitem ler rótulos de produtos e também identificar as cores de objetos, inclusive ajudando na hora de combinar a roupa para sair.

Mesmo com todos esses desafios, a convivência é harmoniosa. Inclusive as trombadas no corredor ou na sala dos primeiros dias terminaram. Tal qual atletas de futebol de cegos, aqui é regra sempre avisar antes de atravessar a casa, que já sentimos ser nosso lar e onde já passo um café delicioso todas as manhãs.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Método inspirador de professora incentiva alunos com deficiência a lerem com prazer; vídeo

PUBLICADO

em

No estudo, publicado na revista científica Icarus, o cientista brasileiro Rafael Ribeiro de Sousa, em colaboração com cientistas dos EUA e França, aponta influência do eventual Planeta-9 na formação de cometas. - Foto: Unesp

Com o quadro repleto de palavras e doces ao lado delas, essa professora de Goiás criou um método de leitura inspirador para incentivar alunos com deficiência: quem lê corretamente a palavra indicada ganha o doce correspondente. Eles aprendem e se divertem ao mesmo tempo.

A cena, compartilhada pela psicopedagoga Gisele, de Goiás, já foi vista por mais de 200 mil pessoas, desde que foi postada, em fevereiro. O método criativo e com muito afeto é simples e deu super certo.

“Escolhe uma palavra pra você ler”, pede ela a um dos alunos da turma. “C-O-P-O”, responde o garoto. Com a resposta certa, ele pega o doce colado ao lado da palavra, no quadro, e sai feliz da vida. Esse é o poder do conhecimento, né?

Incentivar a leitura

Segundo a professora e psicopedagoga, o método não é sobre doces, é algo maior.

“A proposta dessa atividade é incentivar o gosto pela leitura. Os alunos leem e ganham um brinde. Eles amam essas atividades”, disse.

E o resultado é incrível. Todos que foram ao quadro conseguiram acertar as respectivas palavras. Um dos mais animados era Lucas, que queria acertar tudo! Depois de acertar uma delas, o jovem chegou até a fazer uma dancinha. O conhecimento abre portas!

Leia mais notícia boa

Atividade para Páscoa

Para esta Páscoa, Gisele preparou uma aula especial para os estudantes.

No quadro ela projetou várias imagens tradicionais da data como a uva, o pão, o sino e a cruz.

Os jovens tinham que pegar, em uma mesa em frente ao quadro, as palavras escritas em um papel e colá-las no quadro.

“André, procure onde está a palavra pão e cola lá no quadro”, pede a professora.

Quando André acerta, ela comemora. “Isso, parabéns Dedé!”.

Inclusão de verdade

Para os seguidores da professora, isso é inclusão de verdade.

“Se todas as escolas fizessem a inclusão de verdade as crianças com necessidade especiais teriam oportunidade na vida”, disse uma seguidora da professora.

Outro destacou o significado do trabalho de Gisele:

“Trabalhar com essas pessoas tem que ter muito amor e carinho, eles são pessoas maravilhosas.”

Veja a professora e seu método de leitura para alunos com deficiência:



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Cientista brasileiro pode ter descoberto nono planeta do sistema solar

PUBLICADO

em

A professora Gisele, de Goiás, criou um método incrível para incentivar a leitura de alunos com deficiência. Quem acerta ganha um doce. - Foto: @cantinhodainclusao/Instagram

Uma pesquisa conduzida por um cientista brasileiro reacendeu a esperança de confirmar a existência do misterioso nono planeta. Rafael Ribeiro de Sousa, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Guaratinguetá, utilizou simulações que reproduziram a história do Sistema Solar ao longo de 4,5 bilhões de anos para a descoberta.

Com isso, a equipe chegou ao resultado de que a presença do Planeta 9 faz sentido e ajuda a explicar a forma e o comportamento das regiões onde nascem os cometas. “Descobrimos que houve um match, uma coincidência. Nossas simulações foram consistentes com as observações das órbitas dos cometas”, disse ele em entrevista à Universidade.

No estudo, publicado na revista científica Icarus, Rafael, em colaboração com cientistas dos Estados Unidos e França, aponta influência do eventual Planeta-9 na formação de cometas.

Enigma do 9

A ideia de um nono planeta surgiu ainda no século 19. Na época, astrônomos queriam entender perturbações nas órbitas de Urano e Netuno.

Com a descoberta de Plutão em 1930, cientistas acharam que o mistério havia sido resolvido. Mas, logo ficou claro que o planeta era pequeno demais para causar grande influência gravitacional.

Desde então, os cientistas voltaram a pensar na existência de um planeta muito maior, localizado em uma órbita de 600 vezes mais distante do que a Terra em relação ao Sol.

Leia mais notícia boa

A novidade

A pesquisa da Unesp focou no comportamento dos cometas que saem da região do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort.

Ao simular o Sistema Solar com a presença do Planeta 9, Rafael observou como o astro afetaria as órbitas dos cometas.

O modelo bateu com a realidade: as simulações produziram com precisão a órbita de quatro cometas reais, todas com mais de 10 km de diâmetro e trajetória definidas.

Quase lá

O Planeta 9, segundo estudos, seria escuro, gelado e bem distante. O fato dele refletir pouca luz acaba o tornando invisível aos telescópios atuais.

A notícia boa é que a simulação indicou características mais específicas, como a massa (7,5 vezes a da Terra) e a região exata onde ele pode estar.

O próximo passo é estudar os cometas de longo período, que levam milhares de anos para completar uma volta ao Sol.

Um grande aliado na busca vai ser o novo Observatório Vera Rubin, no Chile.

O mistério do Planeta-9, com a publicação da pesquisa da Unesp, ganha novos contornos. - Foto: Unesp O mistério do Planeta-9, com a publicação da pesquisa da Unesp, ganha novos contornos. – Foto: Unesp



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Paul Watson: Interpol suspende Alerta Vermelho contra ativista de baleias após pressão

PUBLICADO

em

O empresário Tonny Robbins, dos EUA, lançou um desafio mundial para doar 100 bilhões de refeições para quem sente fome. Já conseguiu 30 bilhões. Veja como. - Foto:100billionmeals.org

Após intensa luta, o ativista Paul Watson teve o Alerta Vermelho, emitido pelo Japão, suspenso da lista da Interpol. Sim, ele está livre! Essa é uma vitória do meio-ambiente e em defesa das baleias, que ele tenta proteger há anos.

Paul é fundador da organização Sea Shepherd, reconhecida mundialmente por lutar pela preservação dos oceanos e da vida marinha. A decisão da Interpol foi publicada no dia 8 de abril e representa uma reviravolta. Até pouco tempo, Paul estava preso na Groenlândia e ameaçava ser extraditado.

Com a suspensão do alerta, o ativista volta a ter liberdade de circulação e já tem palestra confirmada na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre os Oceanos, em junho, na França. “A suspensão é uma mensagem clara: a justiça internacional não deve ser usada como ferramenta política contra defensores do meio ambiente”, disse Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil.

Liberdade chegou

Após a emissão do mandado japonês, Watson foi preso em julho do ano passado. Aqui no Brasil, artistas fizeram campanha pela libertação de Watson, como mostrou o Só Notícia Boa.

Em dezembro, depois de cinco meses preso, foi libertado quando a Dinamarca recusou a extradição ao apontar falhas no pedido dos asiáticos. A suspensão do Alerta não foi à toa.

A Comissão de Controle dos Arquivos da Interpol apontou várias Inconsciências, entre elas a desproporcionalidade das acusações e o risco à integridade física de Paul. A decisão também reconheceu que o caso tem contornos políticos, o que contraria as regras da Instituição internacional.

Leia mais notícia boa

Mobilização internacional

A campanha pela libertação de Paul Watson contou com grande participação da Sea Shepherd Brasil e ganhou força nas redes sociais e imprensa.

Na época, o Palácio do Planalto se envolveu e o presidente Lula (PT) enviou uma carta oficial à primeira-ministra da Dinamarca pedindo que a extradição fosse negada.

A resposta do governo dinamarquês veio. Paul foi libertado pouco antes da audiência final que decidiria o destino dele.

Símbolo da luta

Paul não é apenas um ativista. O homem já se tornou um símbolo quando se trata da defesa do meio-ambiente.

Fundador da Sea, o canadense se tornou referência na luta contra a caça ilegal de baleias e outras práticas que ameaçam os ecossistemas marinhos.

Justiça feita!

Paul foi preso em 21 de julho de 2024 na Groelândia. - Foto: Sea Shepherd Paul foi preso em 21 de julho de 2024 na Groelândia e libertado em dezembro do ano passado, mas estava na lista da Interpol. – Foto: Sea Shepherd



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MAIS LIDAS