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“Em Gaza, não espero nada de Kamala Harris”

“Em Gaza, não espero nada de Kamala Harris”

Na noite de 5 de Novembro e nas noites seguintes, enquanto o mundo descobrirá quem, Donald Trump ou Kamala Harris, se mudará para a Casa Branca em Janeiro de 2025, Joe Sacco não estará ansioso em frente à sua televisão. Porque seja qual for o resultado, não mudará nada que o impeça de dormir: o apoio constante dos Estados Unidos a Israel na guerra em curso há um ano em Gaza.

Joe Sacco é um americano nada pacífico, atormentado por conflitos e erupções de violência em ambos os lados do globo, quando tantos dos seus compatriotas estão desinteressados. Quando o encontramos, no final de setembro, nos escritórios parisienses da Gallimard, empresa-mãe da sua editora Futuropolis, ele acabava de sair do avião, exausto da longa viagem de Portland (Oregon, na Costa Oeste) em para participar do Festival América, em Vincennes (Val-de-Marne), e participar do lançamento de seu novo trabalho gráfico. Sua bagagem é ridiculamente pequena e sua camisa não tem vincos. Antes de nos responder, ele só pede uma coisa: cinco minutos para escovar os dentes. O homem é organizado, focado e trabalhador. A sua estadia em França será produtiva do primeiro ao último dia.

Israel ainda não tinha desencadeado hostilidades no Líbano, mas as bombas israelitas continuaram a cair na faixa costeira palestiniana, matando mais de 41 mil pessoas em menos de um ano, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, e juristas internacionais falaram cada vez mais abertamente da existência de um possível “genocídio” – um debate que permanece por resolver neste momento. Diante desta situação, poderia Joe Sacco permanecer em silêncio? “Um amigo de Gaza me ligou e me pediu para fazer ouvir a voz palestina”, ele diz. É difícil para alguém tão rápido estabelecer responsabilidades para fugir das suas. Pelo contrário, consiste em escavá-lo, puxar o fio, até que a bola se desfaça completamente.

Um breve grito do coração

Quem, em última análise, é o verdadeiro culpado? O Hamas, que lançou ataques mortais contra Israel em 7 de outubro de 2023? O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu? Presidente americano Joe Biden? Ou ele próprio, Joe Sacco, um contribuinte honesto que, ao pagar os seus impostos, contribui decisivamente para a morte das crianças de Gaza?

O resultado de suas reflexões de pesadelo são trinta e duas páginas. Onde, normalmente, Joe Sacco pesa, contextualiza ao extremo, recolhe o ponto de vista de cada parte, verifica, confronta, Guerra em Gaza aparece como um breve grito do coração. Não é uma investigação nem um relatório, mas um panfleto. Seu alvo é um idoso a poucos meses de se aposentar: Joe Biden, que, na época da publicação do livro, ainda não havia desistido de concorrer a um segundo mandato.

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