NOSSAS REDES

MUNDO

Engenheira comanda ‘Tatuzão’ no metrô de São Paulo – 19/10/2024 – Cotidiano

PUBLICADO

em

Engenheira comanda 'Tatuzão' no metrô de São Paulo - 19/10/2024 - Cotidiano

Vitória Macedo

Em áreas predominantemente masculinas, como a engenharia, muitas mulheres se tornam pioneiras. É o caso de Sherry Romanholi, 27, a primeira da América Latina responsável por pilotar um tatuzão —apelido da tuneladora shield que abre espaço na expansão da linha 2-verde do metrô de São Paulo.

A máquina gigante de escavação subterrânea possui uma roda de corte de 11,66 metros de diâmetro e 100 metros de comprimento, sendo a maior da América Latina. Ela também leva o nome de uma das principais escritoras brasileiras, Cora Coralina —aliás, todas as tuneladoras têm nomes de mulheres. Para Sherry, é um desafio e uma surpresa feliz.

A intimidade da engenheira com a máquina é antiga. Antes de pilotá-la, Sherry trabalhava na área de logística e acompanhou o transporte das peças e ferramentas do tatuzão da China para o Brasil. Surgiu então a oportunidade de ela ir para a construção civil e fazer parte da obra, primeiro na inspeção de qualidade, depois comandando a escavação. O aprendizado para comandar o maquinário, vem acontecendo na prática há sete meses.

“Foi a melhor coisa da minha vida. É muito gostoso”, afirma Sherry com brilho nos olhos. Ela sempre ansiou por colocar o pé em um canteiro de obra profissionalmente. O gosto vem de família: desde criança, acompanhava o pai, técnico de planejamento, por canteiros de obras, o que a fez escolher engenharia.

O trabalho no dia a dia não é fácil. Sherry precisa ter atenção às centenas de botões da máquina e aos seis monitores que mostram a rosa de corte, gráficos e mapas. “O desafio é entender cada processo da máquina. Você precisa não só enxergá-la de dentro, mas tentar ter uma visão de como é lá na frente, o que ela pode causar, qual é o modo que ela está escavando, qual é o tipo de material que ela está retirando. Então esse é o grande desafio, ter um equilíbrio”, afirma.

O tatuzão escava e, ao mesmo tempo, retira o material à sua frente, além de montar o túnel, colocando os anéis. É a máquina mais avançada, escavando cerca de 15 metros por dia. A obra, na qual Sherry está há dois anos, conectará a estação Vila Prudente à Penha pelo metrô e está prevista para ser entregue em 2026. São 150 trabalhadores divididos em três turnos, funcionando 24h. Além dela, outros dois homens também comandam a máquina.

Antes de se tornar pioneira, Sherry enfrentou dificuldades na época da faculdade para conseguir um estágio. Ela conta que, em um momento, cansou de enviar currículos e passou a bater de porta em porta nas construções. Como estudava na região da Anália Franco, via muitos prédios sendo construídos e resolveu tentar a sorte. Sua mãe até lhe deu uma bota de segurança para ajudar, mas inicialmente nada deu certo. Com o tempo, as coisas foram acontecendo. “Eu tive que ter muita paciência”, diz. Apesar dos momentos difíceis, nunca pensou em desistir e diz que hoje em dia é gratificante.

Isso aconteceu graças ao apoio familiar que recebeu, uma vez que ficou incerta quando escolheu a profissão. “Quando eu entrei na engenharia, eu falei: ‘gente, o que que eu tô fazendo aqui?'”. Mas Sherry teve o apoio da mãe, que a incentivou. “Eu me apaixonei pela engenharia”, afirma. “Conforme você vai fazendo as suas coisas, semeando, as coisas vão acontecendo. Por isso é que tem que ter muita paciência e coragem. Porque se a gente tiver, a gente aguenta cada coisa”.

Em obra, Sherry afirma que nunca se sentiu desrespeitada e nem teve que deixar sua feminilidade de lado. No dia em que conversou com a Folha, ela estava maquiada, mas no dia a dia a realidade é diferente. Com o calor e a poeira da obra, fica de cabelo amarrado e usa uma blusa mais fresca, não camisa. “Mas minha unha tem que estar feita”, diz.

Reconhece, porém, a área masculina na qual trabalha. “Sempre falaram que a engenharia é muito masculina. Só que por que não posso caminhar junto? Por que a gente não pode ocupar um lugar que só homem está?”, diz.

Com o passar dos anos, ela afirma que vê cada vez mais mulheres em canteiros de obra. “Cada vez mais esse leque está abrindo para nós”, afirma. “Eu acredito que todo mundo é capaz e precisa de uma oportunidade. Tem espaço para todo mundo, isso é muito bom. Está sendo bom agora e acredito que futuramente vai ser muito melhor.”

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital grátis





Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Scholz defende venda de armas à Turquia após negociações com Erdogan – DW – 19/10/2024

PUBLICADO

em

Scholz defende venda de armas à Turquia após negociações com Erdogan – DW – 19/10/2024

Chanceler alemão Olaf Scholz defendeu no sábado um grande aumento nas exportações de defesa para a Turquia, citando a adesão de ambos os países à aliança da NATO como uma das razões.

A chanceler fez os comentários em Istambul, depois de conversa com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

“A Turquia é membro da OTAN e é por isso que sempre tomamos decisões de que haverá entregas concretas. Isso é natural”, disse Scholz em entrevista coletiva conjunta, após a reunião dos dois líderes.

A partir de números de um dígito há alguns anos, Alemanha aprovou mais de 100 milhões de euros (108,7 milhões de dólares) em exportações militares para a Turquia até agora este ano.

Um jato Eurofighter alemão decola de uma base militar na Romênia, em 5 de dezembro de 2023
A Turquia está interessada em comprar jatos de combate Eurofighter, fabricados por um consórcio da Alemanha, Grã-Bretanha, Itália e EspanhaImagem: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture aliança

Turquia busca acordo para jato Eurofighter

Dirigindo-se aos repórteres, Erdogan agradeceu a Scholz pelos seus esforços para suspender as restrições alemãs às vendas de defesa à Turquia, nomeadamente o desejo de Ancara de comprar 40 Eurofighter Typhoons.

Scholz parecia aberto à possível entrega dos jatos de combate, dizendo que as negociações entre o Reino Unido e a Turquia estão em andamento.

A questão é algo “que se desenvolverá ainda mais, mas que agora está sendo impulsionado a partir daí”, disse a chanceler.

Os Eurofighter Typhoons são construídos por um consórcio de quatro países que agrupa Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha e Itália.

No ano passado, Ancara disse que estava interessada em adquirir jatos Eurofighter, mas as negociações não progrediram, em grande parte devido à oposição de Berlim à A posição da Turquia sobre o conflito de Gaza.

Visões conflitantes sobre a guerra em Gaza

Erdogan é um crítico feroz da campanha militar de Israel em Gaza e no Líbano, enquanto Berlim defendeu o direito de Israel à autodefesa, que ambos os líderes reiteraram durante a sua conferência de imprensa.

“Esperamos que todos os actores políticos tomem a iniciativa e ponham fim às políticas agressivas de Israel”, disse Erdogan, denunciando “o genocídio levado a cabo por Israel nos territórios palestinianos e os ataques no Líbano”.

Scholz, por sua vez, disse que a Alemanha “não considera… que a acusação de genocídio seja legítima e justificada”, e depois apelou a um cessar-fogo e à libertação dos reféns detidos pelo Hamas.

O presidente Recep Tayyip Erdogan (R) ouve o chanceler alemão Olaf Scholz (L) discursar aos repórteres após suas palestras no Gabinete Presidencial de Dolmabahçe. Istambul, Turquia, em 19 de outubro de 2024
Os líderes alemães e turcos têm grandes diferenças sobre a guerra em GazaImagem: Ozan Kose/AFP/Getty Images

O que aconteceu com as exportações militares alemãs para a Turquia?

A Turquia era um grande importador de armas alemãs, mas as licenças de exportação foram cortadas significativamente por Berlim após um golpe fracassado contra o governo de Erdogan e uma repressão à oposição, juntamente com a ofensiva terrestre dos militares turcos no norte da Síria em 2016.

Depois de ter recuperado ao longo de vários anos, o governo alemão aprovou este ano 103 milhões de euros (112 milhões de dólares) em exportações militares para a Turquia, segundo dados oficiais.

As exportações são as maiores desde 2011 e incluem a entrega de 28 torpedos e 101 mísseis guiados, disse o governo em resposta a uma pergunta parlamentar do populista de esquerda. Aliança Sahra Wagenknecht (BSW).

O espelho O semanário informou na semana passada que a Alemanha autorizou recentemente grandes entregas de armas a Ancara, incluindo mísseis antiaéreos no valor de várias centenas de milhões de euros.

Scholz-Erodgan discutem migração para a Europa

Os dois líderes também discutiram o migração questão, com Scholz agradecendo a Erdogan pelos esforços da Turquia para ajudar a combater a migração para a Europa.

Ele disse que a Alemanha continuará a apoiar Ancara com o influxo de migrantes vindos da Síria.

Erdogan disse que há atualmente cerca de 3,5 milhões de refugiados sírios na Turquia e que Ancara os rejeitaria.

Berlim, entretanto, tem procurado o apoio de Ancara na questão da deportação de certos migrantes ilegais.

Os cidadãos turcos constituem o terceiro maior grupo de requerentes de asilo na Alemanha, depois dos sírios e dos afegãos.

No primeiro semestre de 2024, 441 pessoas de origem turca foram deportadas da Alemanha para a Turquia, segundo dados oficiais alemães.

No final de Setembro, mais de 15 mil cidadãos turcos foram obrigados a abandonar o país.

mm/wd (AFP, dpa)



Leia Mais: Dw

Continue lendo

MUNDO

United States Grand Prix: Times, stats, predictions

PUBLICADO

em

Copy Link

Formula 1 arrives in Austin, Texas this week boasting a tense battle for the title with just six races remaining.

Red Bull trail in the constructors’ standings while Max Verstappen’s lead in the driver’s championship after his runaway start to the season has been reduced to just 52 points by McLaren’s Lando Norris.

The excitement resumes this weekend at Circuit of the Americas. Have Red Bull regained performance over the break or have McLaren further capitalised on their development success?

This weekend’s weather will be hot, dry and settled with highs of 28 and 29 degrees celsius across the weekend and partial cloud coverage.

Latest news

McLaren boss Zak Brown warned on Friday of “massive consequences” if champions Red Bull were found to have breached Formula 1 rules on adjusting car set-ups during closed ‘parc ferme’ conditions. Red Bull will make changes to their car after the FIA issued a statement to all teams outlawing such devices.

Carlos Sainz sees Austin as a true measure of Ferrari’s pace.

Verstappen hinted his protest over FIA news conferences will continue after not hearing from the governing body in the three weeks since the last race.

The U.S. Grand Prix saw a spike in ticket sales once Verstappen stopped winning, according to Austin circuit boss Bobby Epstein.

The heir to Hamilton’s throne: Andrea Kimi Antonelli is F1’s next big thing.

United States Grand Prix preview | Listen to the latest episode of ESPN’s F1 podcast Unlapped.

Circuit stats and history

America’s history with F1 dates back to the sport’s origin in 1950 when Indianapolis hosted the event between 1950-1960. In1959, Sebring hosted the first United States Grand Prix, and since then the race has been held at five other circuits.

Circuit of the Americas (COTA) took over as host in 2012 when the track was opened by Mario Andretti, following four years of F1 absence in the U.S..

During F1’s popularity in the eighties in the era of Ayrton Senna, Alain Prost and Niki Lauda, the U.S. hosted additional grands prix including Long Beach from 1976 until the early-eighties, as well as Dallas, Las Vegas and Detroit around the same period.

Now the U.S. has Miami, Austin and Las Vegas on the calendar.

COTA is a varied circuit with straights, esses through to sector two, and a series of hair-pins ins sector three. The high-speed corners takes some inspiration from Silverstone and Hockenheim.

Laps: 56 laps of 5.5km. Total distance 308.4km

Lap record: 1:36.169 Charles Leclerc (2019)

Most wins (COTA): Hamilton (2012, 2014-2017) has the most wins with five. Of the current grid, Verstappen (2021-2023) and Valtteri Bottas (2019) have both won here.

Most poles (COTA): Hamilton (2016-2018) with three. Of the current grid, Bottas (2019), Verstappen (2021), Carlos Sainz (2022), Charles Leclerc (2023) have all been on pole here.

What happened last year?

Verstappen secured his 15th win of the season and the 50th of his F1 career after fighting back from sixth on the grid to take victory. Hamilton finished 2.2 seconds behind, but was later disqualified from the race in breach of technical regulations, with Norris moving up to second, and Sainz in third.

Who’s going to win?

Top teams, including Red Bull and McLaren, are expected to bring upgrades to the Circuit of the Americas, which could shift the competitive landscape at the U.S. Grand Prix. Nevertheless, for the last 10 races McLaren has had the most consistent performance among the top four teams, making Norris the favourite to win again following his victory at the last round in Singapore.

How to watch the GP

Watch on ESPNEWS and ESPN+ (U.S. only) — view the schedule.

Live broadcast coverage in the U.K. is on Sky Sports F1 and BBC Radio 5 Live.

For news, analysis and updates, follow the coverage with ESPN’s F1 team Nate Saunders and Laurence Edmondson in Austin and on social media.

Friday
Free practice one: 18:30-19:30 BST
Sprint qualifying: 22:30-23:14 BST

Saturday
Sprint race: 19:00-20:00 BST
Qualifying: 23:00-00:00 BST

Sunday
Race starts: 20:00 BST.

How the championships look

Norris trails Verstappen by 52 points in the drivers’ championship with three wins to the Dutchman’s seven this year. Boosted by Oscar Piastri’s two race wins, McLaren lead the constructors’ championship by 41 points, just two wins behind Red Bull’s seven.

Standings | Calendar | Teams



Leia Mais

Continue lendo

MUNDO

Beatles – 19/10/2024 – Antonio Prata

PUBLICADO

em

Beatles - 19/10/2024 - Antonio Prata

“Falo em palestras que uma missão plausível para os artistas é fazer com que as pessoas apreciem, ao menos um pouquinho, o fato de estarem vivas”, disse o escritor Kurt Vonnegut. “Então me perguntam se sei de artistas que conseguiram. Eu respondo: ‘Os Beatles conseguiram'”.

Quando os Beatles lançaram o primeiro single, “Love Me Do”, em 5 de outubro de 1962, minha mãe tinha 9 anos, a idade do meu filho mais novo, Daniel. Quando fizeram o primeiro show nos EUA, disparando a beatlepandemia, minha mãe tinha 11 anos, a idade da minha filha mais velha, Olivia. Quando eu nasci, em 1977, tinham terminado já fazia quase uma década. E na última quarta Paul McCartney conseguiu fazer com que eu, a Olivia e o Daniel cantássemos, em uníssono, a mesma música prensada naquele vinil, exatos 62 anos e 11 dias atrás.

“Mágica” é dessas palavras esgarçadas pelo abuso e mau uso, como “lúdico” ou “potente”. Desconfio que seja por isso que João Gilberto, ao gravar “Me chama”, do Lobão, omitiu o verso “mágica no absurdo”. (Na versão banquinho e violão, só as “lágrimas no escuro” é que nem sempre eram vistas). Qual outro termo usar, no entanto, para explicar que determinados acordes e versos, encadeados em determinadas sequências, sigam fazendo sentido a tantas gerações através das décadas, por todos os continentes?

O mundo mudou demais de 1962 pra cá. Não nos cansamos de discutir as diferenças entre baby boomers, geração X, millennials, zennials e sei lá quem veio depois. Mudaram as relações amorosas, a forma de encarar o trabalho, as famílias, as amizades. Mas bota “Blackbird” pra tocar e por alguma razão misteriosa, em cérebros tão distintos: chuva de serotonina.

Quem tem filhos pequenos, sabe. Aos três, quatro anos de idade, entre “Galinha Pintadinha“, “Cocoricó”, “Palavra Cantada”, “Tiquequê”, as crianças começam a gostar de “Yellow Submarine”, “Day Tripper”, “Here Comes The Sun”. Esta última, aliás, a Olivia suou para aprender no piano, dois anos depois de ter desistido do instrumento, pra uma apresentação da escola. Em outros anos teve apresentação de bossa nova, de “Saltimbancos”, de clássicos do samba. Ela nunca se envolveu. Aí entram Lennon & McCartney e a “mágica” acontece.

Em “I’ve Got a Feeling”, John Lennon apareceu gigante nos telões e fez um dueto, diretamente da laje dos estúdios da Apple, em 1969, com Paul, em 2024, no Allianz Parque, coração das Perdizes, onde meus filhos foram concebidos. Em vez de “Here Comes the Sun”, o que veio foi chuva de lágrimas sob os meus olhos. Um furacão Milton emocional que, meia semana depois, ainda deixa destroços de sua passagem.

Confesso que os dias correntes estão propícios a tais precipitações. O apocalipse climático bafejando na nossa nuca. Guerras por todo lado. Violência país adentro. Bufões despontando como líderes. Um medo danado do mundo que deixarei pros meus filhos. Aí vem o Paul, e, depois de tudo, termina o show com o último verso da última música gravada pelos quatro Beatles, em estúdio: “And in the end, the love you take is equal to the love you make”. Não sei se acredito. Nem se me trouxe, exatamente, esperança. Mas me fez apreciar, junto ao Daniel e à Olivia (mais do que um pouquinho), o fato de estarmos vivos.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.



Leia Mais: Folha

Continue lendo

MAIS LIDAS