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Entrevista com o senso comum – 03/02/2025 – Luiz Felipe Pondé
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3 horas atrásem
Em 1976, a escritora Anne Rice lançou um livro que foi um grande best-seller, “Entrevista com o Vampiro”, que virou um filme com Tom Cruise e Brad Pitt.
Essa lembrança me levou a fazer uma entrevista com alguém que muita gente acha que está sugando o sangue da democracia, o desconhecido senso comum. Para a elite intelectual do mundo, essa entidade estranha habita as noites escuras da ignorância. O objetivo é eliminá-lo da face da Terra, pois ele é uma ameaça à racionalidade política herdeira das luzes. O senso comum é a sombra da modernidade iluminista.
Nossa conversa durou cerca de três horas, mas vou transcrever aqui só alguns momentos. Convidei-o para tomar um vinho, mas, ele não bebe vinho, nem entende nada de vinho. Mas devemos reconhecer que ele não sofre do mal dos inteligentinhos —que não curte cheiro de povo— que é ser afetado no que concerne a vinhos. Conselho: não fale de vinhos, beba em silêncio.
A primeira coisa que perguntei foi o que ele considerava o mais importante na sua vida. A resposta foi “minha família, que meus filhos não usem drogas e Deus”. Venhamos e convenhamos, uma resposta assaz estranha para nós da elite. E continuou: “que meus pais tenham sido pessoas honradas e que nunca eu tenha tido ladrões na família”. Quer coisa mais pequeno-burguesa do que querer pensar que seus pais tenham sido pessoas “honradas”? O que vem a ser isso, exatamente?
Perguntado sobre qual a causa que ele apontaria como razão para alguém virar criminoso, respondeu: “Tem gente que nasce assim, não presta”. Movido por longos anos de apelo à desigualdade social como causa da criminalidade, tentei encurralá-lo: o senhor não acha que a pobreza é a causa principal da criminalidade? Visivelmente ofendido —nunca pensei que uma pergunta “técnica” como essa ofendesse alguém— “minha família sempre foi pobre, e nunca teve nem um ladrão sequer, ladrão é ladrão porque não presta!”.
Engatei numa questão quente e relacionada ao tema aqui lembrado: você é a favor da saidinha?
“Esse governo adora bandido, esse povo dos direitos humanos adora bandido, essa saidinha é uma desculpa para soltar bandido na rua; se esse governo tivesse que escolher entre os bandidos e as pessoas honradas —lá vem essa estranha palavra de novo—, ele escolheria que o bandido ficasse livre e que matasse o trabalhador.” Perguntei na lata: o que você pensa da Polícia Militar? “Necessária. Ruim com eles, pior sem eles.”
O que o senso comum pensaria se o Brasil fosse invadido por imigrantes ilegais que tomassem o trabalho dele ganhando menos? “Que o governo mandasse eles de volta de onde vieram; aqui é minha casa.”
Vamos ver o que ele disse sobre educação dos filhos. Perguntei a ele sobre o que pensava de uma professora dar aulas para seus filhos adolescentes sobre a existência de uma diversidade de gêneros muito maior do que mulher e homem. “Iria à escola brigar com a professora! Ela está querendo fazer do meu filho gay e da minha filha lésbica? A humanidade está dividida em mulher e homem, só um tarado pedófilo pode falar dessas coisas para crianças na escola! Que ninguém se meta no sexo dos meus filhos.”
Continuei no assunto. O que você acharia de a escola levar seus filhos para conhecer a vida na favela? “Esta escola quer levar meus filhos para o meio do crime?”
Avancei: e o casamento de pessoas do mesmo sexo? “Um absurdo! Casamento é entre homem e mulher e pronto.”
Querendo aprofundar ainda mais essa homofobia do senso comum, fui adiante: e adoção de crianças por casais do mesmo sexo? “Um crime! Essa criança, coitada, não vai saber fazer a diferença entre o certo e o errado.”
Buscando o xeque-mate no assunto: você não acha que você é muito homofóbico? Não pense que o senso comum não conhece palavras da moda. Resposta direta: “Não tenho medo de nada, só acho que cada um é cada um e que esse povo tenta fazer todo mundo ficar igual a eles, para dominar o mundo; para todo lugar que você olha, só tem artista da Globo e jornalista dizendo que gay é lindo e que pessoas normais são ruins”.
Sim, ele usou “pessoas normais”. Continuei: você não tem medo de ser processado por falar “pessoas normais”? “Não, porque vivemos numa democracia, e numa democracia o povo tem o direito de falar o que quiser e votar em quem quiser.” Pensei comigo: pobre senso comum, como pode ser tão ingênuo no século 21?
E o que você acha que seria um mundo ideal? “Um mundo em que não roubassem meu celular, não me matassem na rua e sem corrupção.” Que falta de imaginação! Esse senso comum é mesmo uma ameaça à democracia.
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Novo sonda deputados de outros partidos sobre filiação – 03/02/2025 – Painel
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13 minutos atrásem
3 de fevereiro de 2025O Partido Novo abriu conversas com diversos deputados federais com o objetivo de filiá-los até a eleição de 2026.
Houve contatos, entre outros, com Filipe Martins (PL-TO), Marcos Pollon (PL-MS), Lucas Redecker (PSDB-RS) e Delegado Palumbo (MDB-SP).
A ideia seria que eles migrassem para a legenda na janela de transferência partidária, em março do ano que vem, ou antes disso, caso tenham autorização de seus partidos atuais.
O Novo colocou como prioridade para 2026 eleger uma bancada expressiva na Câmara, e assim cumprir a cláusula de barreira.
Como mostrou o Painel, também há um esforço para aumentar a bancada de senadores. Uma sondagem já foi feita a Marcos Pontes (PL-SP).
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Locais de energia de incêndio russo após um ataque de drones ucranianos
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18 minutos atrásem
3 de fevereiro de 2025Na Rússia, os Bombeiros em chamas após um ataque a drones ucranianos
Vários locais de energia pegaram fogo na Rússia após um ataque de dezenas de drones – O Ministério da Defesa da Rússia disse que havia destruído 70 da noite de domingo a segunda -feira – de acordo com as autoridades e a mídia. A Kyiv intensificou seus ataques aéreos contra a energia russa e as instalações militares nos últimos meses, uma campanha descrita como uma resposta justa ao bombardeio incessante da Rússia contra suas cidades e sua rede de energia.
Segundo a mídia local, o incêndio se declarou em uma grande estação de tratamento a gás da gazprom gigante de gás russa em Astrakhan. A Ucrânia confirmou o ataque a esses locais de energia, sem reivindicá -los.
“Mais uma vez, algo impressiona a refinaria de petróleo de Volgogrado”Assim, e écrit Sur Telegram Andriy Kovalenko, À frente do Centro para a luta contra a desinformação, um governo de comunicação do governo. “A fábrica de processamento de gás em Astrakhan foi atacada”ele continuou, enfatizando que, segundo Kiev, dois locais importantes para fornecer e financiar o exército russo.
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Rightwinger Bart de Wever jurou como primeiro -ministro belga | Bélgica
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22 minutos atrásem
3 de fevereiro de 2025 Agence France-Presse in Brussels
O conservador Bart De Wever foi empossado como o novo primeiro-ministro da Bélgica, depois de fazer um acordo de coalizão difícil que move o país para a direita.
O acordo, atacado na sexta-feira, após sete meses de negociações, torna o primeiro nacionalista da Flandres de língua holandesa a ser nomeada Premier Belga.
O homem de 54 anos, que nos últimos anos recuou nos pedidos de Flandres se tornar um país independente, prestou juramento ao rei Philippe, em uma cerimônia no Palácio Real de Bruxelas.
A partir daí, esperava -se que ele fosse direto para uma reunião de líderes da UE a alguns quarteirões de distância para negociações sobre as relações de defesa e transatlântico.
Dividida entre comunidades de língua francesa e holandesa e com um sistema político altamente complexo, a Bélgica tem um registro não invejável de discussões dolorosas da coalizão-atingindo 541 dias em 2010-11.
Desta vez, cinco grupos procuraram criar uma coalizão após as eleições de junho que não produziram uma maioria clara-com negociações lideradas pelo N-VA conservador de De Wever, que reivindicou mais assentos.
O novo governo reúne três partidos da Flandres de língua holandesa: o N-VA de De Wever, os centristas-democratas cristãos e o Vooruit de esquerda (em diante). Inclui dois da Wallonia de língua francesa: o Centrist Les se envolve e o movimento reformista do centro-direita. Juntos, eles têm uma maioria de 81 lugares no parlamento de 150 lugares da Bélgica.
As negociações da coalizão atingiram um muro durante o verão por causa da questão de preencher o déficit orçamentário do país – 4,4% do produto interno bruto em 2023. A Bélgica é um dos sete países da União Europeia que enfrentam ações disciplinares para executar um déficit acima de 3% do PIB, em violação das regras fiscais do bloco.
Dever, o prefeito de Antuérpia desde 2013, pressionou por cortes em benefícios sociais e reformas de pensões que já despertaram oposição dos sindicatos.
Ele ameaçou jogar a toalha se nenhum acordo de coalizão fosse alcançado na sexta -feira. Um acordo foi atingido com horas para ir após uma sessão de maratona de 60 horas para resolver as diferenças em um programa de 800 páginas.
O N-VA de De Wever fazia parte de uma coalizão governante de direita entre 2014 e 2018. Ele assume o comando de Alexander de Croo, cuja coalizão de sete partes levou 493 dias para emergir em 2019-20.
De Croo permaneceu como líder do zelador após as eleições de junho.
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