Já aconteceu comigo e deve ter acontecido com você também: a gente quer ou precisa jantar fora numa segunda-feira e não encontra um diacho de um restaurante aberto.
A razão disso é a tal da escala de trabalho 6×1, cuja extinção é discutida no Congresso, com um elemento extra de perversidade para funcionários de bares e restaurantes.
Como o filé do movimento é aos sábados e domingos, segunda-feira é o dia que costuma sobrar para essa galera tirar folga.
Quando o debate sobre o fim do esquema 6×1 ganhou corpo, representantes patronais se apressaram em defender sua manutenção. A declaração mais enfática veio da Abrasel, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.
“Não vejo chance de uma ideia estapafúrdia dessas prosperar”, disse Paulo Solmucci Júnior, presidente-executivo da entidade.
Como as redes não perdoam, a resposta veio em forma de fotos de capas antigas de jornal –que previam colapso econômico decorrente da Lei Áurea e da adoção do 13º salário no Brasil.
E tome um argumento cínico para justificar o regime brutal: é a vida que esses trabalhadores escolheram. A rotina em bares e restaurantes é sabidamente pesada.
Cozinhas são quentes e apertadas. Cozinheiros e garçons trabalham em pé o dia todo. Há risco real de queimaduras, quedas e acidentes com facas.
A tal jornada de 44 horas quase sempre fica na ficção, pois há buracos a preencher e abacaxis a descascar. E ainda temos o assédio moral –corriqueiro nesses ambientes.
Esta é uma vida que ninguém escolhe ter. É a vida que muita gente tolera na esperança de mudar para melhor, com o perdão da obviedade.
Em pressão para comover a opinião pública, inventam-se contos de terror para os frequentadores de restaurantes.
Tudo vai encarecer. O atendimento vai piorar. Os horários de funcionamento vão ficar mais restritos. Devolvo a palavra ao Paulo da Abrasel:
“Todo mundo quer bar e restaurante disponível a semana inteira, e querem a custo baixo. Aí você vê as pessoas querendo inviabilizar para o consumidor.”
Peço a você, que me lê, um pequeno exame de consciência. O que é mais importante? Um restaurante aberto 24/7 ou permitir uma rotina digna para quem trabalha no setor?
Antecipando-me à hecatombe, proponho a seguir uma receita inspirada num sanduíche muito famoso em São Paulo, de uma boteco que nunca fecha –e que, segundo os vaticínios mais sombrios, passará a funcionar nos horários do Senado Federal caso caia a escala 6×1 de trabalho.
SANDUBA DE PORCO
- Rendimento: 2 sanduíches
- Dificuldade: fácil
- Tempo de preparo: 70 a 90 minutos
Ingredientes
- 1 pimentão vermelho, inteiro
- 1 cebola roxa, inteira e com casca
- 2 tomates, cortados ao meio
- 3 dentes de alho, inteiros e com casca
- 2 bifes de porco (copa lombo ou lombo)
- Sal e pimenta-do-reino ao gosto
- 2 pães de sua preferência
Modo de fazer
- Aqueça o forno ou a airfryer a 200 ºC.
- Coloque o pimentão, a cebola, o tomate e o alho para assar. Deixe o tomate e o alho por 30 minutos; o pimentão e a cebola por 1 hora. Reserve até esfriar.
- Tempere os bifes com sal e pimenta e grelhe no ponto desejado.
- Descasque os vegetais e pique-os grosseiramente para fazer um molho pedaçudo. Tempere com sal e pimenta.
- Monte os sanduíches com o pão, com o molho por cima da carne.
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