POLÍTICA
Esquenta a briga no Maranhão entre o governador e…

PUBLICADO
18 horas atrásem

Valmar Hupsel Filho
Até 2015, o Maranhão era terra da família Sarney. A hegemonia do clã foi desbancada pela ascensão de Flávio Dino, que governou o estado por dois mandatos. Na campanha eleitoral de 2022, deixou o cargo para concorrer ao senado (acabou sendo vitorioso), e o vice Carlos Brandão (PSB), que assumiu em seu lugar, venceu no mesmo ano o pleito estadual, sempre com apoio de Dino. Mesmo depois de ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, ele continua sendo uma força presente na política local, que vive agora um clima de conflito devido ao racha entre os dois ex-aliados. Os apoiadores do ministro, os “dinistas”, vivem agora em pé de guerra com os aliados do governador, os “brandonistas”. A cisão tem causado reflexos nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Tribunal de Contas, e podem influenciar na eleição de 2026 no estado.
Novos capítulos ocorridos na semana passada elevaram o tom da cizânia. Com uma canetada no STF, Dino suspendeu o processo de escolha de um membro do Tribunal de Contas do Estado por considerar que faltavam clareza e regras “constitucionais, seguras e estáveis”. Quem pleiteia a vaga é um advogado indicado por Brandão. Foi a segunda vez que o ministro suspendeu a mesma indicação. Em março de 2024, ele concedeu liminar para suspender o processo e, desde então, a vaga não foi preenchida. Antes disso, o mesmo advogado havia sido indicado por Brandão para uma vaga de desembargador. Desta vez, no entanto, o veto foi do próprio TJ do Maranhão.
Aliados de Brandão veem influência de Dino em outras decisões de ministros do Supremo, como Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, sobre processos no Maranhão. Em dezembro passado, Dias Toffoli suspendeu regra que estabelecia foro privilegiado para diretores da Assembleia Legislativa do estado — prerrogativa que beneficiava o irmão do governador, Marcus Brandão. No mesmo mês, Moraes suspendeu a nomeação de Marcus para o cargo de diretor de Relações Institucionais da Assembleia. Dias depois da decisão, o governador nomeou o irmão como secretário extraordinário de Assuntos Legislativos do estado. E Moraes deu nova decisão proibindo a nomeação de Marcus para cargo público em qualquer um dos Três Poderes do estado, sob o argumento de que se trata de nepotismo cruzado. Todos os processos têm algo em comum: foram movidos pelo Solidariedade, que utilizou sua prerrogativa constitucional de encaminhar os temas diretamente ao STF. No estado, a legenda é presidida por Flávia Alves, irmã do deputado estadual Othelino Neto, que lidera a oposição ao governo na Assembleia. Othelino é casado com Ana Paula Lobato, senadora que herdou o mandato quando Dino foi para o Supremo.
O ministro e o governador eram aliados antigos. Formaram a mesma chapa em 2014, quando Dino foi eleito governador e Brandão, vice. O racha entre os dois grupos, relatam aliados de ambos os lados, começou a partir do segundo mandato. Os “dinistas” dizem que o ministro rompeu com o antigo afilhado depois que ele teria iniciado um desmonte de políticas públicas de seu governo. “Brandão não cumpriu acordos”, diz o deputado Othelino Neto (Solidariedade). Além disso, acusam o governador de fazer uma série de nomeações de parentes para cargos estratégicos no Executivo estadual, no que chamam de uma reedição do modus operandi adotado pela família Sarney. Os adversários mapearam ao menos quinze nomeações de parentes na gestão de Brandão — parte delas foi suspensa por decisão de Moraes.

Já os brandonistas afirmam que Dino quer manter a influência sobre o governo do Maranhão e tem se incomodado com a substituição de seus aliados em cargos relevantes do Executivo estadual. “Dino não quer que Brandão tenha voo próprio”, afirma o deputado Dr. Yglésio (PRTB). No âmbito da Justiça local, o governador tem ampliado seu poder na corte que julga as contas do Poder Executivo. O atual presidente do TCE-MA é Daniel Brandão, sobrinho do governador. Ele poderá indicar outros três nomes para a corte — todas as vagas foram abertas após antecipação de aposentadoria dos titulares. Em oito anos, Dino indicou apenas um conselheiro.
O racha tem potencial de influenciar a eleição em 2026. Pelo acordo firmado quando “dinistas” e “brandonistas” andavam de mãos dadas, o governador deixaria o cargo em abril do ano que vem para concorrer ao Senado, num movimento semelhante ao que Dino fez em 2022. Assim, o vice, Felipe Camarão (PT), que é ligado a Dino e do mesmo partido do presidente Lula, assumiria no lugar e tentaria a reeleição. Brandão, no entanto, já dá sinais de que pretende ficar no cargo até o final do ano, o que dificultaria os planos do vice. Tudo indica que a briga no Maranhão só está começando.
Publicado em VEJA de 21 de fevereiro de 2025, edição nº 2932
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
POLÍTICA
As graves acusações contra um deputado do Maranhão…

PUBLICADO
2 horas atrásem
21 de fevereiro de 2025
Ricardo Ferraz
Desde que tomou posse como ministro do Supremo Tribunal Federal, há um ano, Flávio Dino tem se destacado por tratar de assuntos de primeira grandeza na pauta nacional, como cabe a um ministro da mais alta corte do Judiciário. Raro magistrado com traquejo para costuras políticas, ele tem demonstrado habilidade ao lidar com o espinhoso tema das emendas do Orçamento, exigindo que a distribuição de dinheiro público por senadores e deputados cumpra o mínimo de transparência.
Dino, contudo, nem sempre tem julgado temas de tamanha envergadura. Elevado a um dos cargos mais importantes e poderosos da República, o ex-governador do Maranhão tem demonstrado certo ímpeto em seguir dando as cartas em seu estado natal. Na disputa particular que travam com o atual ocupante do Palácio dos Leões, Carlos Brandão (PSB), seus aliados têm judicializado picuinhas políticas e arrastado a contenda para dentro do STF.
Ex-correligionários, Dino e Brandão constituíram uma vitoriosa aliança, que garantiu três mandatos sucessivos no estado. O primeiro se elegeu em 2014 e 2018, tendo o segundo como vice na chapa, que chegou ao poder quatro anos mais tarde. Tudo conforme regiam os acordos políticos. Mas, quando Brandão tentou voar com as próprias asas, ameaçando romper um acordo em torno da sucessão no estado em 2026, a coalizão rachou. Os sinais inequívocos da briga foram confirmados na festança de casamento que o ministro do Supremo promoveu em São Luís, em que o governador não foi convidado.
A briga, porém, extrapolou os convescotes palacianos e foi parar no Judiciário. Os “dinistas”, como são chamados os políticos fieis à administração anterior, moveram cinco processos contra o atual governo: dois acusam Brandão de nepotismo, outros dois contestam a nomeação de um aliado ao Tribunal de Contas do Estado e um quinto tenta reverter a eleição à presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), atualmente ocupada por Iracema Vale (PSB) pessoa de confiança do governador.
Todos os processos têm algo em comum: foram movidos pelo Solidariedade, que utilizou a prerrogativa constitucional reservada aos partidos de encaminhar os temas diretamente ao STF, driblando as instâncias inferiores. No estado, a legenda é presidida por Flávia Alves, irmã de Othelino Neto, deputado estadual e dinista de quatro costados. A proximidade entre ele e Dino é tanta que Othelino é casado com Ana Paula Lobato, a suplente que assumiu a vaga do ministro do STF no Senado, após sua nomeação.
Em setembro do ano passado, o deputado concorreu à presidência da Alema, em uma disputa concorridíssima, que terminou empatada (21 votos para ele, 21 para Iracema). Sendo mais novo que a adversária, ficou de fora do cargo, conforme determina o regimento interno da Casa, que agora é contestado na Suprema Corte. O episódio fez as desavenças escalarem, até que um aliado de Brandão apresentou um pedido de cassação de Othelino, alegando quebra de decoro por atos do passado, cometidos fora do exercício do mandato. O conteúdo é bombástico.
O documento recupera um inquérito policial de 2009, época em que o deputado ocupava o cargo de secretário de meio ambiente do Maranhão, no governo de Jackson Lago . Ele foi acusado de fraudar o sistema de fiscalização do órgão para conceder licenças ambientais na exploração de madeira. Também teria movimentado 500 milhões de reais em propinas. As suspeitas são graves o suficiente para uma denúncia, mas não param por aí. No curso das investigações, testemunhas relataram que ele teria atropelado e matado um homem com um carro oficial do órgão. Depois, teria agido para acobertar os fatos. Em um outro relato pouco detalhado, uma das pessoas ouvidas o coloca sob suspeita da morte de uma adolescente em um motel. Procurado por VEJA, o deputado chamou de “invenções” as acusações, disse que não é investigado e enviou um documento emitido pela secretaria de segurança pública afirmando que nada consta no arquivo do ógão em seu nome.
Levado ao júri, o processo por corrupção passiva, peculato e formação de quadrilha foi arquivado, após a defesa de Othelino ingressar com um habeas corpus. O registro dos motivos para o arquivamento não foi encontrado nas gavetas do Tribunal de Justiça e as graves acusações realizadas no inquérito não motivaram novas frentes de investigação. “É inexplicável que a polícia não tenha averiguado esses fatos, apesar de eles terem sido oficialmente declarados”, diz Marcos Lobo, advogado responsável pela representação contra o deputado na Alema. A reclamação foi movida por José Inácio, primeiro suplente, que assumiria o cargo, caso Othelino deixasse a assembleia.
No STF, a Procuradoria-Geral da República se manifestou contra a revisão do resultado da eleição na assembleia, um processo a cargo de Carmem Lúcia. Já a ação de nepotismo, cuja relatoria cabe a Alexandre de Moraes, foi parcialmente atendida, com a demissão de diversas pessoas indicadas por Brandão. O litígio envolvendo a nomeação de conselheiro para o TCE caiu justamente nas mãos de Dino, que não se declarou impedido — conforme a lei, uma prerrogativa pessoal de cada magistrado — e ainda não decidiu sobre o caso. Procurada por VEJA, a assessoria do ministro informou que ele não irá comentar o assunto.
Na quarta-feira 19, o Ministério Público estadual requisitou Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor) que fosse instaurado inquérito policial reabrindo a investigação por corrupção contra Othelino. Pelo visto, a briga entre a faixa de governador e a toga do Supremo ainda terá muitos capítulos adiante.
NOTA DO EDITOR: A primeira versão desta reportagem informava erroneamente que Othelino Neto foi secretário de meio ambiente durante gestão de Flávio Dino, não havendo, portanto, qualquer relação entre a investigação por corrupção e a gestão do ex-governador. O texto foi devidamente corrigido.
Relacionado
POLÍTICA
Defesa do X diz ao Supremo que vai pagar multa de…

PUBLICADO
3 horas atrásem
21 de fevereiro de 2025
Da Redação
A defesa da rede social X informou nesta sexta-feira, 21, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que vai fazer o pagamento da multa de R$ 8,1 milhões aplicada pelo ministro Alexandre de Moraes.
No documento enviado ao ministro, os advogados afirmaram que para a realização do pagamento é necessário o desbloqueio de R$ 7,2 milhões que estão depositados em conta do Banco do Brasil. De acordo com o X, com a liberação do valor, a quantia restante de 817,8 mil será paga pela empresa, e o saldo da dívida será quitado.
“Considerando que o valor de R$ 7.282.135,14 permanece bloqueado, o X Brasil, respeitosamente requer a imediata transferência de tal montante para sua conta bancária, para que possa viabilizar o pagamento da multa imposta nestes autos, com o consequente depósito apenas do saldo remanescente”, solicitou a defesa.
Moraes determinou nesta quinta-feira, 20, o pagamento da multa no processo no qual a rede social é acusada de deixar de retirar do ar o perfil do blogueiro Allan dos Santos após a divulgação de conversas falsas atribuídas a uma jornalista.
A conta foi suspensa, mas os dados cadastrais do perfil não foram enviados ao STF porque o X informou que não guarda os dados. A empresa recorreu da decisão, mas os recursos foram rejeitados pelo ministro.
A decisão de Moraes ocorre no momento em que o grupo de mídia do presidente dos Estados Unidos , Donald Trump, e a rede social Rumble, que foi suspensa no Brasil, recorrem à Justiça norte-americana para acusar o ministro de “censurar” as plataformas e suspender contas de usuários.
(Agência Brasil)
Relacionado
POLÍTICA
Silveira reafirma a deputados apoio à retomada das…

PUBLICADO
4 horas atrásem
21 de fevereiro de 2025
Nicholas Shores
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comprometeu-se a encontrar uma solução para o imbróglio em torno da usina nuclear de Angra 3 “o mais breve possível”, afirmou o deputado Julio Lopes (PP-RJ) depois de reunião com o integrante do governo Lula.
Na última terça, os ministérios da Casa Civil e da Fazenda pediram um novo adiamento da decisão sobre a tarifa de energia da central sob o argumento de esperar o STF julgar a ação do presidente Lula sobre a participação da União no conselho da Eletrobras.
O processo será determinante para a administração da antiga estatal definir se continuará investida na Eletronuclear, responsável pelas usinas em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. Um novo julgamento está marcado para o dia 6 de março no Supremo.
Com a posição das pastas de Rui Costa e Fernando Haddad, ficou vencido, mais uma vez, o voto de Alexandre Silveira, favorável à retomada das obras e conclusão de Angra 3, ao custo de 21 bilhões de reais.
Presidente da Frente Parlamentar de Energia Nuclear, o deputado Julio Lopes disse que vai buscar reuniões com Costa e Haddad para pedir a aceleração da decisão do CNPE sobre a usina.
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
- MUNDO3 dias ago
As universidades dos EUA têm como alvo estudantes pró-palestinos com suspensões, proibições do campus | Donald Trump News
- POLÍTICA3 dias ago
Alexandre de Moraes pode sofrer sua principal derrota
- MUNDO3 dias ago
Nikolas vê Tarcísio como mais forte da direita para 2026 – 19/02/2025 – Poder
- MUNDO2 dias ago
A Microsoft revela o chip que diz que pode trazer computação quântica dentro de anos | Computação
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login