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“Estamos lutando ao lado dos homens que lutaram contra nós ontem”

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“Estamos lutando ao lado dos homens que lutaram contra nós ontem”

Empoleirado no telhado de um edifício cuja grade foi destruída por uma bomba, Kamaleddine Al-Nour contempla as nuvens de fumaça negra subindo para o céu, acima dos subúrbios ao norte de Cartum. Ali, no distrito de Bahri onde nasceu, repercutem-se combates entre soldados das forças armadas do Sudão (FAS) – com quem O mundo obteve permissão para viajar ao país – e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF). O controlo da capital sudanesa está em jogo. Acompanhando o pôr do sol, mísseis caem sobre edifícios, obscurecendo o horizonte com uma nuvem escura.

Há três anos, nas barricadas montadas nas ruas de Bahri, este jovem revolucionário ateou fogo a pneus para protestar contra o golpe liderado conjuntamente pelos generais Abdel Fattah Abdelrahman Al-Bourhane e Mohammed Hamdan Dagloconhecido como “Hemetti”, em 25 de outubro de 2021. Ao destituir o governo civil, os dois oficiais, ainda aliados, puseram fim à transição democrática iniciada na sequência da revolução de 2019 contra o regime militar-islamista de Omar Al-Bashir.

Momentos depois do anúncio do golpe, foi anunciada uma greve geral nas fábricas e a desobediência civil encorajada a partir dos minaretes das mesquitas. Todas as gerações juntas, centenas de milhares de sudaneses saíram às ruas do país todas as semanas para bloquear o caminho a um novo regime militar. À frente da procissão, Kamaleddine Al-Nour e a sua família, o velho (literalmente “zangado”, em árabe), formou a ponta de lança das manifestações.

Recrutas alistados no exército, no distrito de Karari, em Omdurman (Sudão), 1º de novembro de 2024.

Mascarados, armados com escudos de chapa metálica e capacetes de construção, confrontaram os soldados da junta com pedras, que dispararam munições reais contra a multidão. Três anos depois, o velho têm cabelos curtos, usam uniformes cáqui e vagam pelas linhas de frente da capital sudanesa, com metralhadoras penduradas nos ombros. Desde o início da guerra entre a FAS de Al-Bourhane e a RSF de “Hemetti”, em 15 de abril de 2023, eles escolheram o seu lado. Estão a lutar ao lado do exército sudanês.

“Hoje enfrentamos uma guerra existencial. A RSF põe em perigo a unidade do Sudão. A guerra corre o risco de desintegrar a nossa sociedade e tudo o que nos é caro. Então pegamos em armas”justifica Kamaleddine Al-Nour, que ingressou nos campos de treinamento da FAS há alguns meses. “Nas manifestações ou no campo de batalha, há muito tempo que derramamos o nosso sangue pelo país. Defendemos nosso povo. Desta forma, a guerra é a continuação da revolução.ele diz.

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Revolução digital no Brasil: China promete internet quase de graça com 15 mil satélites e ameaça o domínio de Elon Musk

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SpaceSail promete internet barata e de alta qualidade no Brasil com 15 mil satélites até 2030, desafiando o domínio da Starlink. (Imagem: Reprodução/Canva)

O Brasil pode estar à beira de uma revolução tecnológica que promete abalar o domínio de gigantes internacionais da tecnologia.

Um acordo recente entre o governo brasileiro e uma empresa inovadora vinda da China está prometendo transformar o acesso à internet no país.

Uma revolução tecnológica com satélites e preços baixos

No dia 19 de novembro de 2024, o Ministério das Comunicações assinou um acordo inédito com a SpaceSail, empresa chinesa apelidada de “Starlink da China”.

Segundo informações divulgadas pelo governo, a companhia comprometeu-se a lançar 15 mil satélites em órbita baixa até 2030, com o início das operações no Brasil previsto para 2025.

— ARTIGO CONTINUA ABAIXO —

Com essa constelação de satélites, a SpaceSail promete oferecer internet de alta qualidade a preços acessíveis, especialmente para regiões remotas e áreas rurais.

Essa medida busca diminuir a dependência do Brasil em relação à Starlink, de Elon Musk, e fomentar uma maior concorrência no mercado nacional de internet via satélite.

De acordo com o Ministério das Comunicações, essa parceria representa uma oportunidade estratégica para levar conectividade a lugares onde ela ainda é um desafio logístico e financeiro.

Tecnologia avançada e estratégia agressiva

Hoje, a SpaceSail possui apenas 18 satélites em órbita, um número modesto se comparado aos cerca de 6 mil da Starlink.

No entanto, a empresa aposta em uma tecnologia avançada de satélites em órbita baixa (LEO). Esses satélites operam a aproximadamente 549 km da Terra, o que garante menor latência e maior eficiência na transmissão de dados.

Além disso, a SpaceSail utiliza uma estratégia agressiva de preços, historicamente comum em empresas chinesas. Segundo especialistas, essa abordagem é vista como essencial para conquistar espaço em um mercado dominado por uma única gigante.

“A entrada de um novo player aumenta a competitividade e beneficia diretamente o consumidor final, que ganha em preço e qualidade de serviço”, destacou Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks.

Antes de iniciar as operações, no entanto, a SpaceSail precisa atender às regulamentações exigidas pela Anatel e concluir a instalação de estações terrestres em território brasileiro.

Impactos econômicos e sociais da chegada da SpaceSail

A expansão da SpaceSail pode causar um impacto profundo em setores estratégicos como educação, agricultura e até mesmo no desenvolvimento urbano.

O uso de satélites de alta capacidade facilita o acesso à internet em escolas de áreas remotas, uma prioridade para o governo brasileiro, que busca firmar parcerias com a Telebras para potencializar o alcance da iniciativa.

Para comunidades isoladas, o projeto promete ser um divisor de águas. Regiões onde a conectividade é inexistente podem finalmente ter acesso a um serviço de internet mais barato e confiável.

O Brasil, por sua vez, também desempenha um papel importante nessa parceria. Desde 2020, a China estabeleceu como prioridade nacional a criação de infraestrutura para internet via satélite.

O país sul-americano, com seu vasto território e desafios logísticos, torna-se um laboratório ideal para a aplicação dessa tecnologia em larga escala.

Elon Musk em crise: um momento estratégico para a SpaceSail

A chegada da SpaceSail ocorre em meio a uma fase conturbada para Elon Musk no Brasil. Em agosto de 2024, o Supremo Tribunal Federal suspendeu temporariamente as operações da plataforma X (antigo Twitter), de propriedade do bilionário, devido à ausência de representação legal no país.

Além disso, contas da Starlink foram bloqueadas por inadimplência em multas relacionadas a esse caso, o que gerou críticas ao modelo de dependência tecnológica do Brasil em relação à empresa norte-americana.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também demonstrou publicamente sua insatisfação com Musk, relembrando o apoio do empresário a Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

Esse cenário turbulento abre espaço para que a SpaceSail ganhe força como alternativa viável e competitiva.

Um futuro mais conectado e acessível?

Com 45,9% do mercado brasileiro de internet via satélite dominado pela Starlink em julho de 2024, a entrada da SpaceSail promete movimentar o setor.

Além de criar uma competição saudável, espera-se que a iniciativa contribua para avanços tecnológicos, melhorias na qualidade dos serviços e redução nos preços.

Embora ambiciosa, a proposta da SpaceSail não está isenta de desafios. A necessidade de cumprir exigências regulatórias e implantar uma infraestrutura robusta são barreiras que precisarão ser superadas.

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O café perfeito para toda a vida, segundo avaliadora – 22/11/2024 – Café na Prensa

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O café perfeito para toda a vida, segundo avaliadora - 22/11/2024 - Café na Prensa

David Lucena

Um café ideal para tomar pelo resto da vida seria muito doce e encorpado, e teria notas de melaço, doce de leite e um toque frutado. Ao menos segundo a mestre em análise sensorial e avaliadora profissional de café Camila Arcanjo.

Arcanjo, que viaja com frequência para dar treinamentos e palestras, afirma que sua cafeteria preferida no mundo fica no Museu do Café, em Santos.

Esta é a seção “Um Café e Dois Dedos de Prosa”, na qual toda semana alguma personalidade –seja especialista ou mera apreciadora– responde cinco perguntas sobre a bebida.

Confira abaixo a entrevista com Arcanjo. Aliás, se você, leitor, pudesse indicar qualquer personalidade para participar desta seção, quem gostaria de ver por aqui?

Um café e dois dedos de prosa com… Camila Arcanjo

1. Se tivesse que escolher um café para tomar pelo resto da vida, como seria?

Um café com notas de melaço, doce de leite, um toque frutado de frutas desidratadas, como banana e ameixa, muito doce e muito encorpado.

2. O que não pode faltar na sua pausa para o café?

Uma boa conversa!

3. Qual sua cafeteria preferida no mundo?

Eu vou de Brasil, e não posso deixar de escolher do Museu do Café, em Santos, por toda a história que está naquele local.

4. O café do futuro será…

Um café que será produto de práticas sustentáveis desde a lavoura até a xícara, com justo valor agregado para paises produtores.

5. Se pudesse escolher qualquer pessoa, com quem gostaria de tomar um café e ter dois dedos de prosa?

Com Malala Yousafzai.

Acompanhe o Café na Prensa no Instagram @davidmclucena


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Crítica de Kim Deal: Ninguém te ama mais – uma estreia solo pela qual vale a pena esperar | Pop e rock

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Crítica de Kim Deal: Ninguém te ama mais – uma estreia solo pela qual vale a pena esperar | Pop e rock

Kitty Empire

UM década e mais em produção, o primeiro álbum solo de Kim Deal com seu próprio nome mais do que compensa a espera. Ninguém te ama mais destila os pontos fortes do músico cult americano – anteriormente flexionados nos Pixies e em suas próprias bandas, os Breeders e os Amps – em 11 faixas que abrangem tristeza, bons momentos e guitarras estridentes.

Os fãs podem se lembrar do soco comovente de Você é meu? de 2013, uma música que reflete o período em que o Alzheimer de sua mãe fez com que Deal se tornasse seu cuidador principal. Um corte triste e ansioso, Queria que eu fossedata do mesmo período, enquanto LP mais próximo Um bom momento empurrado – cuja abordagem divertida caminha para a ambivalência – encerrou a gravação em 2022.

Durante todo o tempo, a voz autoral de Deal permanece constante, seu pop melífluo muitas vezes prejudicado por interferências mais grosseiras. Mas há surpresas no final da carreira – nenhuma melhor do que os arranjos de cordas que chegam ao faixa título impecávelou os chifres que pontuam Costa. Deal sempre teve uma obsessão de audiófilo pelos detalhes e pelos espaços entre os instrumentos – uma simpatia compartilhada com o engenheiro-chefe do álbum, o falecido Steve Albini. Big Ben Beat traz batidas dançantes, contramelodias, feedback e o talento estranho de Deal para soar realista e indefinido ao mesmo tempo.



Leia Mais: The Guardian



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