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Estudo aponta erros graves do governo brasileiro no combate à pandemia de Covid-19

Um estudo publicado na revista científica Science nesta quarta-feira (15) aponta erros do governo brasileiro na resposta à pandemia de Covid-19. Segundo os pesquisadores, o fracasso do combate ao vírus foi uma combinação perigosa de inação e falhas, como o uso de tratamentos sem eficácia comprovada e a falta de coordenação nacional entre os diferentes níveis de governo.

“No Brasil, a resposta federal foi uma combinação perigosa de inação e erros, incluindo a promoção da cloroquina como tratamento, apesar da falta de evidências científicas”, dizem os pesquisadores.



A pesquisa aponta que o fracasso em combater o vírus vai facilitar o surgimento de novas variantes, isolar ainda mais o Brasil como uma ameaça à saúde global e “levar a uma crise humanitária completamente evitável”.

A pesquisadora Márcia Castro, professora da escola de políticas públicas da Universidade Harvard, que participou do estudo, falou sobre como a falta de alinhamento político prejudicou o combate da pandemia no Brasil.

“Fica muito claro que em um contexto de extrema desigualdade social é absolutamente fundamental que a ação seja coordenada. E no caso do Brasil, seguindo o pacto da saúde que foi estabelecido com o SUS. A ação precisa ser coordenada de tal forma que municípios possam implementar um plano nacional, com apoio do estado e do governo federal” – Márcia Castro, pesquisadora.

O estudo cita cinco motivos para a propagação do vírus nos estados brasileiros:

– O Brasil é grande e desigual, com disparidades em quantidade e qualidade de recursos de saúde (por exemplo, leitos hospitalares, médicos) e renda

– Uma densa rede urbana que conecta e influencia os municípios por meio de transporte, serviços e negócios não foi totalmente interrompida durante picos de casos ou mortes

– O alinhamento político entre governadores e presidente teve um papel no momento e na intensidade das medidas de distanciamento e a polarização politizou a pandemia com consequências para a adesão às ações de controle

– O SARS-CoV-2 estava circulando sem detecção no Brasil por mais de um mês, resultado da falta de vigilância genômica bem estruturada

– As cidades impuseram e relaxaram medidas em diferentes momentos, com base em critérios distintos, facilitando a propagação do vírus

Os pesquisadores fazem um apelo e pedem ações de medidas para tentar frear o vírus. “Sem contenção imediata, medidas coordenadas de vigilância epidemiológica e genômica e um esforço para vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível, a propagação da P.1 provavelmente vai emular o padrão mostrado aqui [no estudo], levando a uma perda de vidas inimaginável”.

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